segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Wicca, Bruxaria, Umbanda, Quimbanda e Candomblé:

Do Livro: O LIVRO COMPLETO DE WICCA E BRUXARIA Desvendando os Segredos dos Antigos Rituais, Feitiços, Bênçãos e Objetos Sagrados , De: Marian Singer , Editora: MADRAS

A Wicca este entre os sistemas religiosos de mais rápido crescimento nos Estados Unidos, sendo reconhecida até mesmo pelo seu exército. Da mesma maneira, a Bruxaria é uma prática/metodologia crescente em que a magia (manipulação de energia) representa um papel fundamental. Note as importantes diferenças entre Wicca e Bruxaria. Embora relacionadas e com práticas similares, as crenças por trás delas são frequentemente diferentes. Para simplificar, lembre-se de que Wicca é uma religião, enquanto a Bruxaria é uma metodologia. Wiccans geralmente praticam a Bruxaria, mas as bruxas podem não partilhar necessariamente das crenças wiccans e não se consideraram como tal. Tenha em mente que em Wicca e Bruxaria estão compreendidas muitas fés e práticas baseadas em experiências, moldadas intimamente pelos indivíduos seguindo os Caminhos que escolheram, Isso significa que nenhum livro pode ser a “autoridade final” acerca de Wicca e Bruxaria. Há muito campo livre para improviso, empréstimo de outras culturas e Caminhos e personalização dessas práticas. Na verdade, a habilidade para transformar-se e adaptar-se à terra, à sociedade e à individualidade de cada pessoa está entre as pedras fundamentais das ecléticas Bruxaria e Wicca, assim como de muitas tradições neopagãs. Ter a opção de adaptar costumes e heranças não significa que eles devem ser jogados fora com a proverbial água do banho. Algumas bruxas e alguns wiccans seguem apenas sistemas antigos ou familiares com regras e ritos específicos. Elas honraram a tradição, acreditando que seu poder vem do uso e do aperfeiçoamento de geração em geração. Todavia, mesmo as mais restritas dentre as tradições mágicas têm espaço para a espontaneidade e a ingenuidade em dados momentos.
Eis alguns estereótipos comuns: As bruxas comem bebês e são satanistas. / As bruxas são seres imaginários que vendem suas almas ao diabo em troca de poderes especiais. Essa imagem folclórica foi difundida por religiões maiores. / As bruxas são seres humanos com habilidades psíquicas. (Esta afirmação pode ou não ser verdadeira. Pessoas com poderes psíquicos podem ser bruxas, mas nem todas as bruxas têm poderes psíquicos. / As bruxas são feiticeiras. (Este termo é exato de um ponto de vista antropológico). / As bruxas são adoradoras modernas de antigos Deuses e Deusas que também praticam alguma forma de magia (esta descrição é bastante acurada para wiccans, mas nem sempre para bruxas(os)).
É hora de começar a pensar em bruxas e wiccans de um novo modo – como pessoas que simplesmente vivem suas vidas de um modo mágico.
O termo mago(a) é apropriado tanto para bruxas(os) como para wiccans. Se voltarmos ao tempo de Zoroastro, na Antiga Pérsia, os sacerdotes a quem ele ensinava eram chamados “magi”; eles consideravam a astrologia uma arte. Dependendo do ambiente cultural, “mago” era usado para descrever pessoas adeptas à astrologia, feitiçaria e outras artes mágicas.
Assim como qualquer movimento espiritual ou religioso, Wicca e Bruxaria dividem alguns conceitos principais, mas incorporam várias escolas e tradições de magia que são distintas e únicas. Apesar da cara feia que as religiões concorrentes tentaram atribuir às bruxas, a herança dessas pessoas é ajudar e curar indivíduos e comunidades. Sim, algumas(uns) usaram seus conhecimentos e suas habilidades para a destruição, mas a história indica que esses(as) eram minoria.
“wicce”, o termo anglo-saxão, que significa “aquele que pratica a feitiçaria”, é a raiz das palavras “bruxa (witch, em inglês) e Wicca. No princípio, o termo era aplicado igualmente para homens e mulheres sábios, especialmente os que tinham ofício de herbanários (também chamado por vezes “artes hábeis”). Após as cruzadas, porém, o termo foi aplicado principalmente a mulheres e tinha conotações negativas. A maioria das bruxas(os) aprendeu sua arte como parte de uma tradição de família na qual elas eram cuidadosamente treinadas. Aldeias e cidades, da mesma forma, tinham suas pessoas hábeis que o povo procurava para todos os tipos de ajuda – desde o crescimento da colheita até a cura de um coração partido. Em troca de tais serviços, a(o) bruxa(o) podia receber uma galinha, uma medida de grão ou qualquer outro produto (O sistema de escambo ainda vive e prospera na Bruxaria). As(os) bruxas(os) aprenderam que suas habilidades são apenas isso: um ofício. Era raro ver qualquer ideia ética ou religiosa envolvida, a não ser que viesse de influências familiares ou culturais ou fosse imposta pelo próprio senso de certo e errado do indivíduo. Elas(es) não precisam acreditar em seres divinos para usar a magia. Não têm necessariamente um código ou tradição ao qual aderir, a menos que seja ditado por costume familiar.
Escritores como Gerald Gardner e Sir James Frazier recebem normalmente o crédito por ter cunhado o termo “wiccan” e dado o pontapé inicial ao movimento nos anos de 1950.  Embora os métodos e as ferramentas dos wiccans sejam frequentemente os mesmos das bruxas, as ideias acerca dos quais eles trabalham são diferentes. A principal variação é que a Wicca é considerada religião, com rituais e códigos morais específicos similares àqueles de outras fés do mundo. Outra diferença é que muitos wiccans seguem um Deus ou uma Deusa específico e honram diversas deidades. Esses seres ou personagens podem ser escolhidos pelo indivíduo ou ditados por um grupo, uma tradição de magia ou um padrão cultural. Nesse caso, o wiccan olha para o Divino como um copiloto na busca espiritual e um companheiro para guiar efetivamente e em segurança a energia mágica. Diversas figuras divinas aparecem como favoritas na comunidade wiccan. Entre elas estão:
APOLO ( Grécia e Roma )
BRÍGIDA ( Europa Céltica )
DAGDA ( Irlanda )
DIANA ( Roma )
HÉCATE ( Grécia )
HERNE ( Europa Céltica )
ISHTAR ( Oriente Médio )
ÍSIS ( Egito )
PÃ ( Grécia )
RÁ ( Egito )

Uma outra diferença é que as bruxas podem ou não se importar com os resultados potenciais de um feitiço ou ritual, enquanto os wiccans são ligados à Lei Tríplice. Ou seja, a maneira que como wiccans e bruxas(os) veem a causa e o efeito de sua magia é diferente. Não significa que elas(es) não respeitem o poder mágico nem que não tenham ética.
A Lei Tríplice: Harmoniza-se com o conceito de carma. A lei afirma, basicamente, que o que quer que você faça, quaisquer energias que você “ponha para fora”, retorna a você triplicada nesta vida ou na próxima.
Uma coisa que bruxas(os) e wiccans têm em comum, porém, é que ambos se aproximam da magia de modos muito pessoais – modos que podem ser incrivelmente complexos ou muito simples. Wiccans de cozinha e bruxas(os) de quintal, por exemplo, contam muito com a magia pragmática, sem complicação, originada em grande parte no folclore e na superstição. Bruxas(os) de quintal tradicionalmente não pertencem a um coven. Praticantes solitárias(os) eles(es) dependem de autodidaxia, discernimento, criatividade e intuição como seus sinalizadores. Podem ser autodidatas, raramente sendo iniciadas(os) com outras pessoas. Similarmente a xamãs de aldeia e pessoas hábeis, elas(es) fazem feitiços e poções para as necessidades diárias.
Nos tempos antigos, as pessoas não tinham tempo livre para criar feitiços e rituais complexos, de forma que contos de velhas viúvas, ditados e superstições eram seguidos com tremendo respeito e confiança. A magia da(o) bruxa(o) de quintal dependia de ter fé em tais crenças e praticá-las resolutamente (com vontade, com intenção).
Outros praticam a magia com mais reflexos ritualísticos, buscando inspiração na Cabala (misticismo e magia judaicos) e outros movimentos místicos e espirituais. As(os) bruxas(os) ritualísticas(os) olham para todos os aspectos de um feitiço ou trabalho como parte de um grande quebra-cabeças. Cada peça deve estar no lugar certo para que tudo funcione como deve. Por exemplo, a fase astrológica da Lua deve estar de acordo com a tarefa, e cada parte do trabalho deve ser cuidadosamente planejada para levar a energia a um objetivo desejado. Uma grande maioria de tais trabalhos é utilizada há muito tempo e é honrada como parte da tradição da qual a(o) bruxa(o) se originou.
Há bruxas(os) más que usam seu conhecimento e seu poder para ganho pessoal e desejos danosos? Sim, claro que há, assim como há “maus” cristãos, “maus” muçulmanos e assim por diante. Pessoas são pessoas. Se você sacudir qualquer árvore figurativa forte o suficiente, é bem provável que uma ou duas maças estragadas caiam. Assim é a natureza humana. A parte boa é que as maças estragadas são a exceção, e não a regra.

Tanto as bruxas como os wiccans veem a magia como eticamente neutra, assim como a tomada elétrica é neutra. A magia é feita da energia vital existente em todas as coisas. Essa energia é, então, transformada e dirigida pela bruxa com um objetivo. Assim, e a forma de a pessoa usar a magia que faz com que ela seja branca, negra ou cinza. Adicionalmente a percepção de cada pessoa do que constitui o branco, o preto e o cinza não é sempre a mesma. Definir qualquer coisa em termos concretos é quase impossível.

Para onde as bruxas vão quando morrem? Muitas delas acreditam que suas almas vão para a Terra do Verão, um lugar de descanso antes da reencarnação em um novo corpo, em um círculo progressivo de nascimento, vida, morte e renascimento. Em busca de novas percepções ou ideias, as bruxas frequentemente olham para outras culturas em que a crença na reencarnação existiu por muito tempo. Gnósticos, hindus, budistas, cabalistas e druidas creem que a alma humana não é limitada a um invólucro mortal; Após a morte do corpo, essa alma é levada a uma outra dimensão onde espera para renascer e reiniciar o processo de aprendizado. A Cristandade tem o paraíso. O Budismo tem o Nirvana. Algumas tribos africanas dizem que a alma vai para o ventre da terra para esperar o renascimento. Na China, diz-se que os espíritos dos mortos esperam no submundo (que não é o inferno, mas simplesmente um lugar para os espíritos). Os hindus acreditam que o espírito espera para renascer nas estrelas.
A visão de mundo da minoria das bruxas tem similaridades notáveis com a dos seguidores de um caminho xamânico. Como os chamãs, elas veem a Terra como uma sala e aula viva, palpitante, que devem honrar e proteger. Cada vivente neste mundo tem um espírito, um padrão de energia exclusivo, incluindo o próprio planeta. Como resultado, as bruxas tendem a pensar globalmente, na natureza e no universo cósmico. A palavra “xamã” vem de uma das seguintes fontes: em Tunquso-Manchuriano, a palavra “saman” significa simplesmente “aquele que sabe”. Em sânscrito, o termo “sranaba” era usado para descrever um asceta que dependia dos espíritos para informação, conhecimento e guia.

O corpo da(o) bruxa(o) constrói sua alma. Uma vez que a maioria delas acredita em reencarnação, seu tempo neste planeta é usado para aprender e aplicar princípios espirituais para eventualmente interromper o ciclo de reencarnação e retorno à origem. As bruxas olham a Terra, suas criaturas e seus elementos como seus professores, com o poder de refletir o plano e o padrão divino que se estendem por todo o Universo. Tendo isso em mente, a maior parte das bruxas se empenha em tramar sua magia e viver sua vida dentro das leis naturais, trabalhando em parceria com o planeta em vez de guerrear com ele. A maioria das(os) bruxas(os) é muito propensa(o) a proteger regiões ameaçadas e a vida selvagem, sabendo que a perda de qualquer uma delas não apenas eliminaria uma maravilhosa oportunidade de aprendizado, mas também seria um crime contra Gaia (um nome para o espírito da Terra; na mitologia Grega; Deusa da Terra). Além disso, muitas(os) bruxas(os) doam seu dinheiro ou seu tempo para causas ecológicas na esperança de educar e inspirar outras pessoas a fazer o mesmo. A administração deste planeta não consiste apenas em doações e esforços de reciclagem, estende-se também às práticas de magia. As(os) bruxas(os) frequentemente enviam energia positiva a partir de feitiços e rituais. A energia pode ser dirigida para proteger um ambiente ou uma espécie em particular ou enviada, como um bálsamo curativo, para todo o mundo. Talvez isso soe grandioso, mas a magia é limitada apenas pela percepção do praticante quanto ao que pode ou não atingir. Não há razão para que a energia mágica não possa abranger o mundo inteiro, como um abraço gigante. “A cada passo que damos, andamos sobre solo sagrado”, cantam muitas(os) bruxas(os).

É impossível separar as histórias da magia e da Bruxaria. Embora nem toda magia possa ser chamada de Bruxaria, todas as bruxas praticam a magia de uma forma ou de outra. Na aurora da raça humana quando as pessoas começaram a compreender a ideia de causa e efeito, começaram sua busca incessante por razões para tudo o que ocorria no mundo. Assim, se o vento derrubasse uma árvore e ferisse alguém, o vento seria caracterizado como “raivoso” e considerado um espírito que deveria ser acalmado. Dessa maneira, quase todos os aspectos da natureza foram antropomorfizados e os primeiros vestígios do pensamento mágico nasceram. Enquanto as civilizações se desenvolviam, cada uma trouxe um novo rosto e um novo tom às ideias mágicas. A mais comum delas era que o Universo é uma teia feita de todos os tipos de cabos e conexões invisíveis. Se os humanos pudessem aprender a influenciar uma dessas conexões, poderiam afetar toda a teia. A princípio, essas tentativas de influenciar o mundo eram muito simples: uma ação para um resultado. Por exemplo, para amarrar um espírito raivoso, uma pessoa deveria fazer um nó em um pedaço de fio ou corda. Se a ação funcionasse, era usada novamente e, eventualmente, uma tradição se criava.
Wicca e Bruxaria modernas partiram do costume de delegar a autoridade mágica a uns poucos escolhidos. Hoje em dia, todos são bem-vindos a explorar esses Caminhos e processos, não apenas uma pequena elite. Os poucos indivíduos selecionados que eram delegados na tarefa de influenciar o Universo, eram elevados a uma posição de autoridade em sua comunidade. Encontramos tais pessoas em diversas culturas e sob vários nomes – xamã, sacerdote, mago ou bruxa -, e elas realizam as mesmas funções básicas, embora o significado simbólico de suas ações dependa geralmente de sua cultura particular e do contexto de sua época. Tentativas secundárias de influenciar o destino se tornaram mais elaboradas e incluíam rituais para tentar coagir os ancestrais, espíritos poderosos ou deuses à ação. Mais uma vez a comunidade colocaria algumas poucas pessoas veneradas em funções tão sagradas. Eis alguns títulos de praticantes de magia pelo mundo:
A BA´ALATH OB – Senhora dos Talismãs (Hebreu)
CYRABDERIS – Feiticeiro (Espanhol do México)
KASHAP -  Mago e feiticeiro (Hebreu)
MAGOS – Pessoa sábia (Grego)
MALEFICUS -  Bruxa diabólica (Latim)
STREGA – Bruxa, originalmente com conotação negativa (Italiano)
VOLVAS – Feiticeira (Norueguês)

A Bruxaria na Europa:

A história é imperfeita e, por vezes, enevoada por agendas sociais, pessoais ou políticas; assim, o estudo da história da magia não é uma tarefa fácil. Para traçar o curso dos eventos até a Wicca e a Bruxaria modernas, comecemos por examinar as primeiras manifestações da Bruxaria na Europa. A primeira visão, que a maioria da comunidade mágica rejeitou, é que as bruxas nunca existiram realmente. A Bruxaria foi simplesmente uma invenção das autoridades da Igreja, usada especificamente para ganhar poder e força. A segunda visão é que a Bruxaria se desenvolveu a partir dos cultos de fertilidade europeus que enfatizavam uma Deusa como deidade central. Embora esse conceito tenha algum mérito, os historiadores ainda têm que substanciá-lo com provas escritas. A terceira visão é que a ideia de Bruxaria é uma convenção social. Quando as pessoas não podiam explicar um acontecimento, culpavam uma bruxa. Essa perspectiva, tradicionalmente, não admite a existência real de bruxas, mas as vê como parte de uma superstição. Finalmente, há a teoria mais acurada que descreve como a bruxaria se desenvolveu gradualmente a partir de uma grande variedade de práticas e costumes. Muitos desses costumes têm raiz no Paganismo, no Misticismo hebreu e no folclore grego de feitiçaria, e muitos deles continuaram no Cristianismo – vestígios de tradições mágicas e pagãs são frequentemente vistos na Igreja primitiva e alguns perduram até hoje.
Santa Brígida era originalmente uma Deusa europeia tão acreditada pelo povo que a Igreja adaptou sua história e a canonizou. Esse é um excelente exemplo de crenças e simbolismos pagãos que a Igreja primitiva tomou emprestado e incorporou à sua tradição.
Não é senão após o séc. III, o período de conversão de Roma ao Cristianismo, que qualquer escrito substancial a respeito da Bruxaria pode ser encontrado. A vasta maioria desses escritos, os mais recentes dos quais datam do séc. XVIII mostra as(os) bruxas(os) sob uma luz bastante negativa.
Apesar das conexões obvias da Igreja com o Paganismo, os primeiros cristãos faziam tudo o que estava a seu alcance para desencorajar os antigos costumes. Livros de penitência da Idade Média frequentemente falam de punições apropriadas para pessoas pegas praticando a magia. Por exemplo, uma mãe vista pondo a filha no telhado para curar o enjoo era condenada a uma penitência de sete anos (a penitência consistia geralmente em um tipo de jejum ou qualquer outra restrição). A Bruxaria foi também influenciada pelos mitos que viajaram de uma cultura a outra. As lendas de Diana, a Deusa romana honrada por muitas(os) bruxas(os) como patrona, por exemplo, integrava uma mistura de sabedoria celta e teutônica. O que é mais importante aqui não é tanto a mistura de costumes, nesse fato, mas a comunicação envolvida. Um grande número de tradições mágicas foi mantido por gerações pelo ensino oral. Por volta dos séculos VIII e IX, as leis a respeito da Bruxaria se tornaram muito mais fortes. Por exemplo, Carlos Magno tornou o sacrifício humano um crime punido com a morte. Outras leis, porém, começaram a minar os costumes e as tradições das pessoas comuns. Por exemplo, em 743, o Sínodo de Roma declarou ser crime fazer oferendas a espíritos. Em 829, o Sínodo de Paris baixou um decreto proclamando que a Igreja não mais toleraria encantamentos e idolatria. Por volta do ano 900, estudiosos cristãos haviam dedicado muito tempo e esforço descrevendo como as mulheres eram supostamente desviadas pelo diabo. Esses eventos ajudaram a preparar a cena para as fogueiras da Inquisição. A insistência da comunidade wiccan moderna sobre o aspecto da Deusa como deidade é uma reação a 2 mil anos de presença cristã, quando apenas aspectos masculinos do Divino eram reconhecidos na Europa.
A Inquisição:
Entre 1100 e 1300, a imagem da(o) bruxa(o) continuou a ser transformada em criatura diabólica que desprezava tudo o que era sagrado, comia crianças e realizava orgias selvagens para seduzir inocentes. Histórias de feiticeiros que pediam a suplicantes que renunciassem a Cristo ou à igreja como pagamento por seus serviços corriam soltas. “A Tragical History of Dr. Faustus”, de Christophe Marlowe, publicada em 1604, recontava uma história de um filósofo que vendia sua alma ao diabo e usava de magia em sua busca pela satisfação sensual. Os contos e as acusações odiosas atribuídos às bruxas não tinham nada de novo. Acusações similares apareceram quando os romanos e os cristãos primeiro se confrontaram e quando os sírios lutaram contra os judeus. Com efeito, todo grupo quer que suas crenças sejam a “verdadeira” religião. Membros da comunidade intelectual falaram a respeito dos males da Bruxaria em uma linguagem floreada, educada; os pregadores disseminaram tais ideias entre as pessoas comuns. De fato, a Igreja acusou tudo o que era magia de heresia. A Bruxaria se tornou um crime contra Deus e a Igreja, com exceção da Inglaterra, onde era vista como uma violação civil. A partir do séc. XII, tanto a lei clerical quanto a lei mundana endureceram quanto à Bruxaria. As punições incluíam a fogueira e a excomunhão, assim como o enforcamento. Ainda pior era o processo da Inquisição, que torturava as pessoas para arrancar delas a “verdade”, ou seja, para “encorajá-las” a admitir o que quer que o inquisidor desejasse. No processo, acuar alguém de Bruxaria tornou-se conveniência burocrática; os índices de acusação cresceram e estava pronta a cena para a caça às(os) bruxas(os).
“É o destino comum de novas crenças começar como heresias e terminar como superstições.” – Thomas Henry Huxley (1825-1895), biólogo inglês.
A louca mania das bruxas apertou o passo durante o período da Reforma. Os líderes intelectuais desse movimento religioso, que procurava reformar as práticas cristãs na Europa e rejeitar a Igreja Católica como única cristandade verdadeira, não sentiam necessidade daquilo que viam como fofocas supersticiosas de Bruxaria e não ofereceram proteção aos acusados. Enquanto isso, o público se debatia nas novas ideias religiosas e, em sua confusão, desejava projetar seus desejos e culpas em qualquer um que diferisse de suas opiniões e tradições. Era o ambiente perfeito para a perseguição em massa – católicos matavam protestantes, protestantes matavam católicos e ambos matavam bruxas(os). As sanções legais contra a Bruxaria se tornaram ainda mais duras que antes e os meios pelos quais as autoridades obtinham confissões se tornaram ainda mais melévolos. A face folclórica simples da pessoa sábia ou do curandeiro estava agora oculta sob um véu de maldade e segredo. A maioria dos praticantes dos antigos métodos esconderia seus pensamentos e práticas até que a atmosfera mudasse (não necessariamente durante sua vida). Enquanto isso, a noção de Bruxaria como uma prática “diabólica” se espalhou da Europa Central para a Escócia, Espanha, França, Alemanha, Suíça e Itália, chegando a alcançar a Escandinávia no séc. XVII. Entre 1317 e 1319, o papa João XXII autorizou uma corte religiosa, conhecida como Inquisição, a agir contra feiticeiros e todas as pessoas que houvessem feito um pacto com o diabo. Milhares de acusações vieram e o infame “Malleus Maleficarum” (O Martelo das bruxas), publicado em 1486 por Heinrich Institoris como um guia para inquisidores, pôs mais combustível nas fogueiras da honradez cristã. As pessoas devotas que torturavam indivíduos inocentes acreditavam que, se a pessoa não fosse culpada, Deus certamente interviria. Claro que Ele nunca o fez e cada confissão e cada morte davam ao inquisidor mais poder. A atmosfera na Inglaterra, porém, era diferente. Como Henrique VIII se separara da Igreja Católica para formar a Igreja da Inglaterra, a Inquisição nunca ocorreu. Os julgamentos por Bruxaria eram estritamente civis e houve poucos casos de penas de morte. Em parte, isso pode ter sido influência de John Dee, um feiticeiro de algum renome, que era consultado regularmente pela rainha Elizabeth I. Até que James I se tornasse rei da Inglaterra, realmente não se viram críticas fortes contra pessoas hábeis nem qualquer tipo de caça às bruxas.
As caças então continuaram até o início de 1700, quando o estatuto das bruxas foi finalmente revogado. É difícil saber com certeza o que causou a diminuição da febre. Em parte, a opinião pública certamente ajudou. As pessoas se cansaram da violência. O número de indivíduos acusados sentenciados como bruxas na Europa declinou bastante, para o alívio de todos. A última execução registrada ocorreu na Alemanha, em 1775.

A Bruxaria na América:

A mania de Bruxaria não parece ter atingido a costa americana até meados do séc. XV, tendo seu ponto máximo nos julgamentos das bruxas de Salém. Esse foi um exemplo maravilhoso de como um momento inocente se transforma em tragédia. Algumas meninas haviam experimentado métodos de adivinhação, mas se assustaram a começaram a fingir que haviam sido enfeitiçadas. Acusaram mulheres específicas (de quem elas não gostavam) de lhes ter feito mal com Bruxaria. Confessar-se culpado das acusações frequentemente poupava a vida da pessoa, mas aquelas que não admitiam ser bruxas eram executadas. Dezoito pessoas foram enforcadas junto com alguns gatos e cachorros. Além disso, um homem foi apedrejado até a morte, embora aparentemente a intenção não fosse mata-lo, mas assustá-lo para que confessasse. Um número entre quatro e dezessete pessoas morreram na prisão (as fontes desse ponto não são confiáveis). Historiadores acreditam que, mesmo que alguns poucos desses acusados possam ter feito parte de uma sociedade secreta, não há nenhuma evidência de que uma maioria deles tivesse qualquer associação com a Bruxaria Diabólica.

O Renascimento Moderno da Bruxaria:

Ao longo dos séculos, as bruxas gradualmente perderam sua posição como mulheres de aldeia e foram banidas para as margens da sociedade. A Bruxaria como serviço comunitário tornou-se uma verdade tácita, desconhecida. As pessoas hábeis ainda praticavam suas artes? Sim, mas silenciosamente e com muito cuidado, à sombra da nova visão mundial de que a Bruxaria não passava de superstição. Esse status quo continuou até o século XIX, quando a comunidade intelectual começou a considerar a Bruxaria sob uma nova luz. Os intelectuais começaram a ver a Bruxaria como uma religião natural, que nada tinha a ver com satã. Esse retrato romântico, completado com um profundo respeito pela natureza, reviveu o interesse no Ofício. As(os) bruxas(os) haviam sido incompreendidas(os), malditas(os) e feridas(os). Mas agora eram elevadas(os) a um novo tipo de mitologia. Pessoas conhecidas, como Sir Walter Scott afirmavam que a Bruxaria era real e que devia suas origens a tradições pré-cristãs do povo comum. O interesse do público pelo oculto começou novamente a crescer. Grupos como a Ordem Rosacruz, a Ordo Templis Orientis (OTO) e a Ordem Hermética da Aurora Dourada floresceram, todos focados nas artes ocultas. Suas fileiras incluíam gente notável, como W. B. Yeats e Bram Stoker. Esses grupos e outros semelhantes traduziram textos cabalísticos cheios de feitiços, conhecimentos herbáceos e outros processos mágicos. Na ocasião desse renascimento, Aleister Crowley e Gerard Gardner vieram à frente com novas ideias, e a antiga imagem da Bruxaria Diabólica foi posta de lado. A nova geração da Bruxaria nascia. Embora algumas das práticas de Aleister Crowley tenham sido criticadas por serem desnecessariamente chocantes ou feitas para provocar rebuliço no público, sua definição de magia permanece uma das melhores já dadas. Crowley disse: “    Magia é a Ciência e a Arte de causar mudanças conforme a vontade”.
Nos anos 70, práticas de magia, especialmente magia popular, ainda podem ser vistas em todo mundo (de fato, é bastante certo dizer que as tradições populares nunca tiveram o mesmo destino da Bruxaria e da Feitiçaria). A América passou pelo movimento Hippie e experimentou o crescimento de um novo tipo de individualismo. É tempo de uma nova geração de bruxas sair do armário das vassouras. Enquanto muitos ainda associam Bruxaria a feitos diabólicos e a confundem com Satanismo, mais pessoas estão encarando a Bruxaria sob as luzes fornecidas pelo renascimento romântico. Praticantes de Buxaria ou Wicca acreditam que habilidades mágicas e psíquicas estão disponíveis a qualquer um com tempo e inclinação para aprender.
O livro de Gerald Gardner, “A Bruxaria Hoje”, é bastante conhecido e discutido; Alex Sanders estabeleceu a tradição alexandrina de Wicca; bruxas Diânicas, que são ligadas ao movimento feminista, entram em cena; a Declaração da Deusa está ativa. Dezenas de pequenos covens e grupos de estudo são formados em todo o país. Em 1979, Starhawk escreve “Spiral Dance”, que figura na lista de livros essenciais para as bruxas. Cada vez mais organizações mágicas de diferentes tradições começam a nascer pelo mundo. Embora não haja números oficiais, estimativas baseadas em subscrições anuais e propaganda boca-a-boca mostram mais de 10 mil bruxas praticantes por volta de 1980. Nos calcanhares desse crescimento, um novo grupo de líderes emergiu. Esses líderes são pessoas como você – pessoas brilhantes e amistosas como Marion Weinstein, que começou a ensinar a magia positiva e a realizar peças de teatro a respeito de bruxas; Isaac Bonewits, que veio nos ensinar sobre nossa herança e nos fornecer um guia prático para vivermos a magia; e Scott Cunningham, que dividiu métodos práticos de Bruxaria com o público (o Apêndice A contém uma lista mais completa de líderes contemporâneos de bruxaria e Wicca). Igrejas wiccans reconhecidas surgiram pelo pais e cursos por correspondência estão disponíveis aqueles que querem aprender magia séria fora de uma estrutura grupal. Hoje, se você visitar o amazon.com e procurar por títulos sobre práticas de magia, incluindo Wicca, Bruxaria, Paganismo e o oculto, você vai ter de se embrenhar em mais de 1.500 catálogos – isso apenas de livros. Alguns deles vendem mais d 1000 cópias por mês – mesmo após muitos anos de catálogo. E se você incluir nessa busca os CD´s, DVD´s, filmes e programas de TV a dimensão da coisa fica ainda maior.

Tendo examinado melhor a história da Bruxaria, você pode entender melhor a diversidade de crenças e tradições na Wicca e na Bruxaria modernas. Algumas(uns) bruxas(os), por exemplo, se encontram em covens de treze; outras(os) têm grupos maiores ou menores. Algumas(uns) especificam que os encontros têm de ocorrer em círculos de 2,70 m; outras simplesmente se reúnem em volta de uma fogueira ou altar. Algumas(uns) bruxas(os) são pagãs(ãos) (honram muito deuses e deusas); outras(os) são monoteístas (acreditando na existência de uma só deidade); e algumas(uns0 são agnósticas(os) (não acreditam em nenhuma figura de deus). Essa diversidade de crenças e práticas é o que faz a descrição da Wicca e da Bruxaria modernas muito difícil. Quem pode dizer o que todas(os) as(os) bruxas(os) fazem ou em que acreditam? Mesmo assim, há alguns princípios gerais que podem ser aplicados à maior parte dos praticantes de Wicca e Bruxaria. Talvez a conexão mais universal entre todas(os) as(os) bruxas(os) modernas(os) seja a apreciação da natureza. O mundo natural é uma fonte sem fim de metáforas e símbolos que se relacionam com nossas vidas diárias de diversas maneiras. Como seus ancestrais, as bruxas procuram um guia nesses símbolos (e uma fonte de poder, uma vez que toda vida contém energia sobre a qual podem agir com sua magia). Uma segunda visão semiuniversal na Wicca e na Bruxaria modernas é a busca pelo autoaperfeiçoamento. As(os) bruxas(os) modernas(os) querem melhorar a qualidade de suas vidas e a das vidas daqueles que elas encontram durante seus estudos e artes. Elas(es) veem cada pessoa como sagrada. Logo, suas práticas elevam o potencial humano e fornecem suporte psicológico. O poder do pensamento positivo é algo que não pode ser subestimado. Um terceiro item é a atmosfera geral da Bruxaria, que não é uma prática amarga. As(os) bruxas(os) celebram a vida e o riso e, em geral, consideram o bom humor como o alimento da alma. Em quarto lugar, as(os) bruxas(os) modernas(os) não veem suas artes ou habilidades como “sobrenaturais”. De fato, seu ofício é um modo totalmente natural de direcionar a energia dentro e ao redor do ser. As ferramentas que usam são simplesmente um meio para o fim. A única diferença entre as pessoas em termos de como a magia se manifesta é exatamente o tipo de magia que elas escolhem praticar e como se adaptam com sua própria força de vontade e seu objetivo. A última, e talvez a mais importante, conexão entre bruxas(os) e wiccans é que eles reconhecem sua responsabilidade por sua vida e magia. Raramente um(a) bruxo(a)  ou um wiccan vai culpar um espírito ou o destino por seus infortúnios. Os wiccans se consideram cocriadores junto com a divindade. Veem o potencial latente em todas as coisas e põem esse potencial para trabalhar para transformar a realidade. Não, essa não é exatamente a Bruxaria ou o Paganismo de nossos ancestrais. Nem a Bruxaria de livros de histórias ou filmes. Em vez disso, essa Bruxaria é algo muito novo, mas com raízes longas e emaranhadas.


(continua...)



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O LIVRO ESSENCIAL DE UMBANDA (De: Ademir Barbosa Júnior, EDITORA: UNIVERSO DOS LIVROS)



HIERARQUIA


A hierarquia na Umbanda não é tão escalonada como, por exemplo, no Candomblé. Sob a responsabilidade dos Dirigentes Espirituais (Babás e Pai-pequeno e/ou Mãe-pequena), estão os médiuns de incorporação, os Ogãs e cambones. Alguns filhos têm funções bem específicas (como os seguranças de canto e porta, os quais, hierarquicamente, estão abaixo do Pai-pequeno e/ou da Mãe-pequena), sem que haja gradações hierárquicas entre eles, mas sim coordenação de responsabilidade.

O(a) Babá é o(a) Dirigente Espiritual. O termo se refere tanto ao Pai quanto à Mãe da casa, embora, originalmente, no Canbomblé, Babalorixá (também empregado em algumas casas de Umbanda) se referisse aos homens, enquanto Ialorixá, às mulheres.

Popularmente também se usa o vocábulo “Babalaô”, ainda que, em sua origem e no contexto dos cultos de Nação, Babalaô seja especificamente o sacerdote de Ifá.

Assim como há casas de Candomblé cuja direção espiritual é confiada a um Ogã, há templos de Umbanda onde o Dirigente Espiritual não é um médium de incorporação. Em ambos os casos, o Dirigente é secundado por um médium rodante.

A direção espiritual da casa é confiada a alguém pela própria Espiritualidade, não bastando os cursos de formação em Teologia de Umbanda, ou mesmo graduação nessa área. Por determinação da Espiritualidade, um filho de fé pode ser designado a participar de um processo de iniciação para o sacerdócio (geralmente mais breve que do que no Candomblé), com preparação específica (recolhimento, obrigações e outros), ou então o guia de frente (no caso de um filho que pertença ou não à Umbanda, mas tenha mediunidade ostensiva e compromisso espiritual com a Umbanda nesta encarnação) assume a preparação desse filho para a abertura de uma casa, podendo ou não indicá-lo para um processo de preparação com outro(a) Babá.

Na direção espiritual da casa, conta-se ainda com o Pai-pequeno e/ou com a Mãe-pequena, auxiliares diretos do(a) Babá e, em sua ausência, substitutos.

O Ogã na Umbanda relaciona-se à curimba, dedicando-se ao toque e ao canto. Muitas das atribuições dos Ogãs nos Cultos de Nação são atribuídas na Umbanda aos cambones.

Muitos Ogãs, desde crianças, demonstram incrível habilidade para o toque, aperfeiçoando o dom no dia a dia do terreiro. Contudo, também existem cursos especializados para todos aqueles, homens e mulheres, que desejem aprender a tocar e cantar pontos de Umbanda, podendo ou não atuar num terreiro.

O Ogã é um médium de sustentação, de firmeza durante os rituais, atento ao mandamento da gira, a fim de, por meio do toque e do canto, manter a vibração necessária e desejada. Em algumas casas, o Ogã também é médium de incorporação, dedicando-se a ambas as atividades (em especial nas casas em que existam poucos médiuns), ou à curimba, incorporando apenas em determinadas ocasiões.

Cambone é o médium de firmeza encarregado de, dentre várias funções, auxiliar os médiuns e a Espiritualidade incorporada, bem como fazer anotações, cuidar de detalhes da organização do terreiro, dar explicações e assistência aos consulentes. Pode ou não incorporar. Alguns cambones são médiuns de desenvolvimento que auxiliam nos cuidados da gira. Geralmente há um cambone-chefe em cada terreiro.

Em linhas gerais, é o médium que incorpora Orixás, Guias e Guardiões, os quais se acoplam à estrutura espiritual do aparelho ou cavalo, de modo a servirem de seu corpo físico para os trabalhos espirituais. Os médiuns rodantes, quanto à incorporação, podem ser inconscientes, conscientes ou semi-conscientes.

O desenvolvimento mediúnico desses médiuns (como de todos os outros) deve ser bastante disciplinado, orientado e supervisionado pelos Guias-chefes, bem como pelos Dirigentes Espirituais.

Há casas de Umbanda em que há, conforme os dons mediúnicos e suas responsabilidades, os chamados Ogãs de frente (com responsabilidades de segurança de gira, dentre outras funções), Ogã de corte (não necessariamente para sacrifício ritual, mas também para preparo de comidas de Santo) e outros.



ESTRUTURA


O TERREIRO

Nome genérico de um templo ou de uma tenda de Umbanda, também conhecido como congá.



PONTOS VIBRACIONAIS

Pontos-chave do templo, contribuindo para sua segurança e para sua vibração. Note-se que nem sempre um ponto chamado de casa é realmente uma construção desse quilate, porém um pequeno ou grande espaço estabelecido conforme a estrutura física do terreiro.



ASSENTAMENTO

Elementos da natureza (ex.: pedra) e objetos (ex.: moedas) que abrigam a força dinâmica de uma divindade. São consagrados e alojados em continentes (ex.: louça) e locais específicos.



FIRMEZA

Cada firmeza é uma forma de segurança nos rituais de Umbanda, conforme suas Leis. Acender uma vela, por exemplo, representa, significa e aciona muito mais energias do que possa parecer. Com uma firmeza, estreita-se a relação com os Orixás, Guias, Entidades, Guardiões e outros, além de proporcionar a eles campo de atuação mais específico. A firmeza não deve ser uma atitude mecânica, mas plena de fé, amor, devoção e consciência do que se está fazendo.



TRONQUEIRA

Trata-se de local de firmeza, logo à entrada do terreiro, para o Exu guardião da casa, mais conhecido como Exu da Porteira, pois seu nome verdadeiro só é conhecido pela alta hierarquia do terreiro.



ASSENTAMENTO DE OGUM DE RONDA

O assentamento de Ogum de Ronda é feito com o intuito de manter fora do terreiro energias deletérias, influências espirituais negativas. Em algumas casas também é chamado de tronqueira; em outras, com ela se confunde.



CASA DOS EXUS

Local dos assentamentos dos Exus dos médiuns, bem como de entregas, oferendas.



CASA DE OBALUAÊ

Local do assentamento de Obaluaê.



CRUZEIRO DAS ALMAS

Local para reverenciar e oferendar os Pretos-Velhos e acender velas para as almas. Há casas onde também se saúda Obaluaê, acendendo-lhe velas, no Cruzeiro das Almas.



QUARTINHA DE OXALÁ

Localizada acima da porta, ao lado do local se acendem velas para os anjos da guarda. Ponto de atração das energias de Oxalá, irradiadas para todos que aí passarem.



CASA DO CABOCLO

Local onde se homenageia o Caboclo fundador da casa, bem como onde se acendem velas para os Caboclos.



COZINHA

Local para o preparo de pratos ritualísticos e mesmo para cuidados gerais da casa. Alguns terreiros não dispõem de cozinha, sendo utilizada a da casa do Dirigente Espiritual ou de algum médium. Em linhas gerais, o uso ritualístico da cozinha pressupõe o mesmo respeito, o mesmo cuidado de outras cerimônias de Umbanda, como as giras, as entregas e outros: roupas apropriadas, padrão de pensamento específico e centramento necessário etc. Além disso, os médiuns devem ser cruzados para a cozinha e/ou estarem autorizados a nela trabalhar.



CENTRO DO TERREIRO

Uma das principais colunas energéticas do terreiro é seu centro (chão).



ARIAXÉ

Ao centro do terreiro, no alto. Trata-se de outra das colunas energéticas do terreiro.



CONGÁ

O altar em si, onde ficam imagens dos Orixás, seus otás (pedras especialmente preparadas e consagradas), suas oferendas, objetos litúrgicos e outros. Em algumas regiões, congá é também sinônimo de terreiro.



CASA DOS ORIXÁS

Local onde se mantém os assentamentos dos Orixás dos médiuns, bem como, por vezes, lhe são entregues oferendas.



PARA-RAIO

Local (sob o congá) para descarga de energias negativas que ocorram durante as sessões. O para-raio é composto de diversos elementos protegidos e encimados por uma barra de aço que perpassa uma tábua com ponto riscado de descarga. Numa casa em que, por exemplo, se usam bastões para limpeza de aura, os mesmos são descarregados no para-raio.



ATABAQUE E CORO

Em espaço previamente destinado ficam os atabaques, bem como o coro, o que se denomina de curimba (toque e canto). Embora todos os envolvidos na gira (médiuns da casa e assistência) sejam convidados a cantar os pontos, o papel do coro é fundamental para que se mantenha a vibração desejada.



ASSISTÊNCIA

A assistência é composta por pessoas que, regular ou esporadicamente, frequentam as giras. Podem ou não ser umbandistas. Algumas dessas pessoas costumam contribuir com doações para a manutenção do terreiro, festas, atividades assistenciais, etc. Para o bom andamento dos trabalhos, é muito importante que as pessoas da assistência mantenham o silêncio e o padrão de pensamento elevado, a despeito dos problemas pelos quais estejam passando. O mesmo vale para a participação nas preces e nos pontos cantados (voz e palmas). Com a assistência presente, vêm ao terreiro espíritos que tenham autorização para tanto: desencarnados, doentes em fase terminal, pessoas em desdobramento no momento do sono e outros. Todos são amorosamente atendidos e tratados pela Espiritualidade. Os espíritos que desejam apenas perturbar são barrados na entrada da casa e, conforme o caso, encaminhados para tratamento. Geralmente a assistência fica de frente para o altar. Entre ele e a assistência. Fica o corpo mediúnico da casa. Quem faz o tratamento numa casa de Umbanda não precisa necessariamente tornar-se umbandista: as portas estão sempre abertas a todos que desejam frequentar as giras, os tratamentos espirituais, as festas. A Umbanda não faz proselitismo. A decisão de se tornar umbandista e filiar-se a determinada casa é pessoal e atende, também, à identificação ou não dos Orixás com a casa em questão.

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LITURGIA




GIRAS


As giras são os trabalhos ritualísticos mais conhecidos de Umbanda. Variações à parte, costumam ter mais ou menos a mesma estrutura:

Firmeza para Exu;

Abertura;

Defumação;

Preces e saudações;

Atendimentos e/ou consultas e trabalhos propriamente ditos;

Encerramento

Geralmente todos esses momentos são acompanhados de pontos cantados (com ou sem o uso de palmas e atabaques, dependendo da orientação de cada terreiro).

Conhecidas também como sessões de caridade, as giras são pautadas pela alegria e pela conjugação entre respeito e informalidade, afinal, tanto a Espiritualidade quanto médiuns e consulentes literalmente se sentem em casa. Na maioria das giras, dentre as várias preces, costuma-se fazer a Prece das Cáritas, bem como cantar o Hino da Umbanda.




DEFUMAÇÕES


Uma das mais conhecidas formas de limpeza energética feitas na Umbanda, a defumação ocorre não apenas no início dos trabalhos (especialmente das giras), mas em outros locais e circunstâncias onde se fizer necessária.

As maneiras de se defumar um terreiro ou outro local variam (em casa ou local de trabalho, por exemplo, fazendo ou não um percurso em X em cada cômodo). Contudo, no caso de residência ou comércio, prevalece o hábito de se defumar dos fundos para a porta de entrada (limpeza) e da porta de entrada para os fundos (energização).




SACUDIMENTOS

Ritual de limpeza espiritual com o intuito de expulsar energias negativas de pessoa ou ambiente. Para tanto, empregam-se folhas fortes que são batidas na pessoa ou no ambiente (“surra”), pólvora queimada no local em que se realiza o ritual e, em algumas casas, comidas e aves em contato com a pessoa ou o ambiente, os quais serão posteriormente oferecidos aos Eguns (as aves soltas, vivas). O ritual é completado com banho, no caso de pessoa, e com a defumação do corpo ou do local do sacudimento.




TOQUES


Os atabaques mais conhecidos são, por influência dos Cultos de Nação, o Rum (maior e som mais grave), o Rumpi (que corresponde ao Rum) e o Lê (que acompanha o Rumpi). Contudo, na maioria das casas de Umbanda, há um tipo padrão de atabaque, e não essas variações.

São muito importantes, constituindo um dos fundamentos do Culto aos Orixás. Formatos, confecção, materiais e modos de tocar variam de acordo com as diversas Nações de Candomblé. Entretanto, tanto no Candomblé quanto na Umbanda, a hierarquia possui características mais ou menos semelhantes, sendo o Alabê o chefe dos Ogãs, isto é, músicos responsáveis pelo toque e pelo canto (curimba).

Cercados de cuidados especiais e respeito, na Umbanda os atabaques podem também ser tocados por mulheres, o que é bastante raro nos Cultos de Nação. Mesmo que na Umbanda alguns Ogãs também incorporem, quando estão tocando são médiuns de firmeza, grandes responsáveis pela vibração da gira.

Toques Mais Comuns para os Orixás:

Oxalá = bate-folha, cabula, ijexá

Ogum = barravento, cabula, congo de ouro, ijexá, muxicongo

Xangô = barravento, cabula, congo de ouro, ijexá, muxicongo

Oxóssi = barravento, cabula, congo de ouro, ijexá, muxicongo

Omolu = barravento, cabula, congo de ouro, ijexá, muxicongo

Logun-Edé = barravento, ijexá

Ossaim = barravento, cabula, congo, samba angola

Oxumaré = cabula, congo, ijexá

Oxum = cabula, congo, ijexá

Iansã = agerrê, barravento, cabula, congo de ouro, ijexá

Tempo= barravento, cabula, congo de ouro, ijexá

Iemanjá = cabula, ijexá

Nanã = cabula, congo, ijexá




PONTOS CANTADOS


Com diversas funções, os pontos cantados impregnam o ambiente de determinadas energias enquanto o libera de outras, representam imagens e traduzem sentimentos ligados a cada vibração, variando de Orixá para Orixá, Linha para Linha, circunstância para circunstância etc. Aliados ao toque e às palmas, o ponto cantado é um fundamento bastante importante na Umbanda e em seus rituais.

Em linhas gerais, dividem-se em pontos de raiz (trazidos pela Espiritualidade) e terrenos (elaborados pelos encarnados e apresentados à Espiritualidade, que os ratifica).

Há pontos cantados que migraram para a Música Popular Brasileira (MPB) e canções de MPB que são utilizados como pontos cantados em muitos templos.

Finalidade dos Pontos Cantados:

Pontos de abertura e de fechamento de trabalhos = Cantados no início e no final das sessões.

Pontos de boas-vindas = Cantados em saudação aos dirigentes de outras casas presentes em uma sessão, convidando-os para, caso desejem, ficarem junto ao corpo mediúnico.

Pontos de chegada e de despedida = Cantados para incorporações e desincorporações.

Pontos de consagração do congá = Cantados em homenagem aos Orixás e aos Guias responsáveis pela direção da casa.

Pontos de cruzemento de linhas e/ou falanges = Cantados para atrair mais de uma vibração ao mesmo tempo, a fim trabalharem conjuntamente.

Pontos de cruzamento de terreiro = Cantados quando o terreiro está sendo cruzado para início de sessão.

Pontos de defumação = Cantados durante a defumação.

Pontos contra demandas = Cantados quando, em incorporação, Guias e Guardiões acharem necessário.

Pontos de descarrego = Cantados quando são feitos descarregos.

Pontos de doutrinação = Cantados para encaminhar um espírito sofredor.

Pontos de firmeza = Cantados para fortalecer trabalho sendo feito.

Ponto de fluidificação = Cantados durante os passes ou quando algum elemento está sendo energizado.

Pontos de homenagem = Cantado para homenagear Orixás, Guias e Guardiões.

Pontos de segurança ou proteção = Cantados antes do trabalho (e antes dos pontos de firmeza) para proteger a corrente contra más influências.

Pontos de vibração = Cantados para atrair a vibração de determinado Orixá, Guia ou Guardião.



PONTOS RISCADOS


Muito mais do que meio de identificação de Orixás, Guias e Guardiões, os pontos riscados constituem fundamento de Umbanda, sendo instrumentos de trabalhos, riscados com pemba (giz), bordados em tecidos, etc. Funcionam como chaves, meios de comunicação entre os planos, proteção, tendo ainda, diversas outras funções, tanto no plano dos encarnados quanto no da Espiritualidade.

O ponto riscado de um determinado Caboclo Pena Branca, por exemplo, embora tenha elementos comuns, poderá diferir de outro Caboclo Pena Branca.

Elementos Comuns para diversos Orixás:

Iansã = Raio, taça

Ibejis = Brinquedos em geral, bonecos, carrinhos, pirulitos, etc.

Iemanjá = Âncora, estrelas, ondas, etc.

Nanã = Chave, ibiri

Obaluaê = Cruzeiro das almas

Ogum = Bandeira usada pelos cavaleiros, espada, instrumento de combate, lança

Oxalá = Representações da luz

Oxóssi = Arco e Flecha

Oxum = Coração, lua, etc.

Xangô = Machado

Exus e Pombogiras = Tridente




ERVAS


Fundamentais nos rituais de Umbanda para banhos, defumações, chás e outros, as ervas devem ser utilizadas com orientação da Espiritualidade e do Dirigente Espiritual.


Não apenas os nomes das ervas variam de região para região, de casa para casa, mas também as maneiras de selecioná-las, substituí-las, manipulá-las e prepará-las. Daí a necessidade de orientação e direcionamento para seu uso ritualístico.




BANHOS


A água, enquanto elemento de terapêutica espiritual, é empregada em diversas tradições espirituais e/ou religiosas. Na Umbanda, em poucas palavras, pode-se dizer que a indicação de banhos, as suas formas de preparo, sua ritualística, os cuidados, a coleta ou a compra de folhas, dentre tantos outros aspectos, deem ser orientados pela Espiritualidade e/ou pela Direção Espiritual de uma casa. As variações são muitas, contudo, procuram atender a formas específicas de trabalhos, bem como aos fundamentos da Umbanda.

Abaixo, um quadro sintético dos tipos mais comuns de banhos empregados na Umbanda:

Banhos de descarga/descarrego = Servem para livrar a pessoa de energias deletérias, de modo a reequilibrá-la. Pode ser de ervas ou de sal grosso, podendo, ainda, serem acrescidos outros elementos.

Banho de descarga com ervas = Para esse banho, são recomendadas ervas de acordo com cada necessidade. Após o banho as ervas devem ser recolhidas e despachadas na natureza ou em água corrente. Depois dele, aconselha-se um banho de energização.

Banho de sal grosso = Banho de limpeza energética, do pescoço para baixo,depois do qual devem ser feitos banhos de energização, a fim de se equilibrarem as energias (visto que, além de retirar as energias negativas, também se descarregam as positivas). Alguns o substituem pelo próprio banho de mar.

Banhos de energização = Ativam as energias dos Orixás e Guias, afinando-as com as daquele que toma os banhos. Melhoram, portanto, a sintonia com a Espiritualidade, ativam e revitalizam funções psíquicas, melhoram a incorporação, etc.

Amaci = Banho mais comum, da cabeça aos pés, ou só de cabeça, orientado por Entidades ou pelo Guia-chefe do Dirigente Espiritual. Existem também amacis periódicos para o corpo mediúnico, que ritualisticamente o toma.

Banho natural de cachoeira = Possui a mesma função dos banhos de mar, porém em água doce. O choque provocado pela queda d´água limpa e energiza. Melhor ainda quando feito em cachoeiras próximas das matas e sob o sol.

Banho natural de chuva = Promovendo limpeza de grande força, é associado ao Orixá Nanã.

Banho natural de mar = Muito bom para descarregos e energização, em especial sob a vibração de Iemanjá.

Banho de pipoca = Na vibração de Obaluaê.




BEBIDAS


Orixás, Guias e Guardiões têm bebidas próprias, algumas delas alcoólicas.

O álcool serve de verdadeiro combustível para a magia, além de limpar e descarregar, seja organismos ou pontos de pemba ou pólora, por exemplo. Ingerido sem a influência do animismo, permanece em quantidade reduzida no organismo do médium e mesmo do consulente.

Por diversas circunstâncias, tais como disciplina, para médiuns menores de idade e/ou que não consumam álcool ou lhes tenham intolerância, seus Orixás, Guias e Guardiões não consumirão álcool.

Em algumas casas, o álcool é utilizado apenas em oferendas ou deixado próximo ao médium incorporado.




FUMO


A função primeira do fumo é defumar (por isso, exceções à parte, a maioria dos Guias e Guardiões não tragam: enchem a boca de fumaça, expelindo-a no ar, sobre o consulente, uma foto etc.). Por essa razão, se o terreiro for defumado e for mantido aceso algum defumador durante os trabalhos, há Guias e Guardiões que nem se utilizam do fumo. O mesmo vale quando o médium não é fumante ou não aprecia cigarros, charutos e outros.

Cada Orixá, Linha, Guia ou Guardião que se utiliza do fumo tem características próprias, entretanto, o cigarro parece ser um elemento comum para todos, embora muitas casas não os tenha mais permitido, em virtude das substâncias viciantes, aceitando apenas charutos, charutinhos, cachimbos e palheiros (cigarros de palha), conforme cada Entidade ou Linha.

O fumo desagrega energias deletérias e é fonte de energias positivas, atuando em pessoas, ambientes e outros.




UNIFORMES


Direita = A roupa branca representa Oxalá, a pureza. Geralmente as casas adotam uniformes, para que seus membros não se vistam cada qual de uma forma diferente: calças e camisas brancas para homens e saias, calças e camisas brancas para mulheres. Algumas casas apresentam outros elementos que definem a hierarquia da casa, em especial Babá, Pai-pequeno ou Mãe-pequena, Seguranças de canto e porta (Torso, tecido diferenciado, etc.). Existem também casas que optam por homenagear diretamente seu Orixá patrono por meio do uniforme. Dessa forma, num templo cujo Orixá chefe é
Ogum têm-se médiuns com calça branca e camisa vermelha. Os pés podem estar descalços por humildade, contato com o solo ou com folhas. Ou calçados, geralmente por proteção energética ou em razão de padrão de vestimenta da casa.

Esquerda = Para os Exus, calça e camisa. Para as Pombogiras, saia e camisa. As cores utilizadas são preto e vermelho, ou apenas preto. A maioria das casas, assim como no caso da roupa da Direita, utiliza-se de uniforme, a fim de não haver exageros, personalismos, inadequações para o ambiente etc.




GUIAS


Também conhecidas como fios de contas, colares de santo ou cordões de santo, as guias são preparadas pelo Dirigente Espiritual, ou por auxiliares e cruzadas. Há uma grande variabilidade de materiais utilizados para as guias, bem como em sua composição (números, cores etc.) conforme a casa, os Orixás e Guias a que são consagradas. Uma das guias mais comuns é a de proteção, na cor do Orixá de cabeça, ou branca, de Oxalá, podendo ser usada por dentro da roupa ou por fora, conforme orientação específica de cada casa. Também há guias de Esquerda.

Ao longo de seu desenvolvimento na Umbanda, um médium terá diversas guias, as quais devem ser bem cuidadas, limpas e lavadas periodicamente conforme orientação da Espiritualidade e do Dirigente Espiritual. Quando uma guia se quebra, deve-se tentar recuperar o maior número possível de contas para que seja remontada e novamente consagrada ou cruzada.

As guias também identificam os Orixás (em especial o Eledá) dos médiuns. São utilizadas nas giras, em diversos trabalhos, comemorações e outros.

O brajá, outra guia comum na Umbanda, é um colar de longos fios montados de dois em dois, em pares opostos, para serem usados a tiracolo e cruzando o peito e as costas. Simboliza a inter-relação do direito com o esquerdo, do masculino com o feminino, do passado e do presente.

Dirigentes Espirituais costumam usar uma espécie de brajá, com as cores de seu Orixá de Cabeça, de búzios ou com as cores de seu Guia de Cabeça (Caboclo ou Preto-Velho).




VELAS


O fogo e a vela estão presentes em rituais de diersas tradições espirituais e/ou religiosas. O mesmo acontece com a Umbanda, para a qual a vela acesa constitui-se num ponto de convergência da atenção dos médiuns, consulentes e outros. A vela reforça a energia, a conexão, o desejo, além de fomentar a energia da vida (ígnea).

Ajuda a dissipar energias deletérias e, portanto abre espaço para que as energias positivas se instaurem e/ou permaneçam no ambiente.

O material “ideal” de uma vela é a cera de abelha, pois trás em si os quatro elementos: o fogo (chama), a terra e a água (a própria cera) e o ar (aquecido). Há diversos formatos, materiais, tamanhos, decorações adicionais e outros. Além disso, por exemplo, na ritualística de cada terreiro, é possível encontrar orientações para que as velas sejam acesas com fósforos ou isqueiros. Variações à parte, o uso de velas é bastante importante nos fundamentos e nas práticas umbandistas.

Cores Mais Comuns na Umbanda:

Oxalá = Branca

Iemanjá = Azul claro

Oxum = Azul Royal

Iansã = Amarela

Obá = Vermelha ou magenta

Xangô = Marrom

Ogum = Vermelha

Oxóssi = Verde

Ossaim = Verde e branca

Obaluaê = Amarela ou preta e branca

Pretos-Velhos = Preta e branca

Crianças = Rosa e/ou azul

Caboclos = Verde

Boiadeiros = Amarela

Marinheiros = Azul claro

Baianos = Amarela

Ciganos = Azul claro ou rosa para Santa Sara; Pode haver variações.

Exus = Preta e vermelha

Pombogiras = Preta e vermelha

A vela branca pode substituir as demais.




OBRIGAÇÕES


Cada vez mais se consideram as obrigações não apenas como um compromisso, mas, literalmente, como uma maneira de dizer obrigado(a).

Em linhas gerais, as obrigações se constituem em oferendas feitas para, dentre outros, agradecer, fazer pedidos, reocnciliar-se, isto é, reequilibrar a própria energia com as energias dos Orixás. Os elementos oferendados, em sintonia com as energias de cada Orixá, serão utilizados por eles como coombustíveis ou repositores energéticos para ações mágicas (da mesma forma que o álcool, o alimento e o fumo utilizados quando o médium está incorporado). Daí a importância de cada elemento ser escolhido com amor, qualidade, deoção e pensamento adequado.

Existem obrigações menores e maiores, variando de terreiro para terreiro, periódicas ou solicitadas de acordo com as circunstâncias, conforme o tempo de desenvolvimento mediúnico e a responsabilidade de cada um com seus Orixás, com sua coroa, como no caso da saída (quando o médium deixa o recolhimento e, após período de preparação, apresenta solenemente seu Orixá, ou é, por exemplo, apresentado como sacerdote ou Ogã) e outros. Embora cada casa siga um núcleo comum de obrigações fixadas e de elementos para cada uma delas, dependendo de seu destinatário, há uma variação grande de cores, objetos e características. Portanto, para se evitar o uso de elementos incompatíveis para os Orixás, há que se dialogar com a Espiritualidade e com os Dirigentes Espirituais, a fim de que tudo seja corretamente empregado ou, conforme as circunstâncias, algo seja substituído.

Para diversos rituais da Umbanda, inclusive as giras, pede-se, além de uma alimentação leve, a abstenção de álcool e que se mantenha o “corpo limpo” (expressão utilizada em muitos terreiros e que representa abstenção de relações sexuais). No caso da abstenção de álcool, o objetivo é manter a consciência desperta e não permitir abrir brechas para espíritos e energias com vibrações deletérias. No tocante à abstenção sexual, a expressão “corpo limpo” não significa que o sexo seja algo sujo ou pecaminoso: em toda e qualquer relação, mesmo a mais saudável, existe uma troca energética; o objetivo da abstenção, portanto, é que o médium mantenha concentrada a própria energia e não se deixe envoler, ao menos momentaneamente, pela energia de outra pessoa, em troca íntima.

O período dessas abstenções varia de casa para casa, mas geralmente é de um dia (pode ser da meia-noite do dia do trabalho até a próxima meia-noite, ou do meio-dia do dia anterior do trabalho até o meio-dia seguinte ao trabalho, etc.). Há períodos maiores de abstenções chamados de preceitos ou resguardos.

Em casos de banhos e determinados trabalhos, além de época de preceitos e resguardos, também há dieta alimentar específica, além de cores de vestuário que devem ser evitadas (salvo excessões como de uniformes de trabalho, por exemplo).

(continua...)

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