Do Livro : SIMBOLISMO E O SIGNIFICADO DOS NÚMEROS , De: Hajo
Banzhaf (EDITORA PENSAMENTO )
0 ) ZERO : O Número da totalidade primordial, da unidade
universal =
Se o compreendermos simbolicamente, apenas como número, ele
não é particularmente muito antigo. Ele era desconhecido no Ocidente até o
apogeu da Idade Média. Não existe zero em algarismos romanos. Esse símbolo que
representa o “nada” teve origem na Índia, chegou à Europa há uns mil anos, e
foi encarado, a princípio, com muita desconfiança, crítica e relutância. O seu
nome vem do latim nulla figura que significa nenhum sinal. Ninguém queria fazer
contas com esse “nada” e houve empenho, até por parte da igreja, para proibir
completamente o uso do zero. Mas, no final das contas, ele se impôs por uma
questão pragmática, pois com ele podiam-se fazer contas com mais facilidade.
Contudo, mesmo sendo um número relativamente novo, o seu símbolo, o círculo, é
um dos símbolos mais antigos da humanidade. O círculo é um símbolo que,
juntamente com a cruz, o quadrado, o triangulo e a estrela de seis pontas, é
conhecido pela humanidade desde os primórdios dos tempos. Ele simboliza o um
primordial, a totalidade pré-consciente, a abrangência. Sempre que os mitos
procuram palavras para descrever o estado antes do princípio, são usadas as mesmas
imagens: a roda, a gruta, o colo, o ovo, o círculo. Esse estado original, esse
potencial, no qual tudo ainda está indiferenciado e adormecido, contudo pronto
para tornar-se algo, é simbolizado pelo círculo. Para que as possibilidades
contidas nele possam vir à tona é necessário que ele se rompa. Por isso, é
comum, nos mitos de criação, o relato de uma divisão ou separação que tenha
ocorrido no princípio. Assim, Deus separou a luz das trevas, os céus da terra,
e as águas que estavam acima das águas que estavam abaixo do firmamento. O
estado original também foi descrito como caos, porque as possibilidades em
potencial ainda estavam completamente desordenadas e indiferenciadamente
misturadas.
O relato judeu-cristão da criação também fala sobre um caos
inicial, que é chamado de Tohuwabohu em hebraico, e aparece bem no começo da
bíblia, quando se narra: “No princípio Deus criou o Céu e a Terra, e a Terra
estava deserta e vazia.” E o Primum Mobile, representa Deus como um imóvel
motor do firmamento que se movimenta em círculos.
A serpente que morde a própria cauda formando um círculo é
chamada de Uroboros (do grego: devorador de caudas). Ela faz parte do mesmo
modo que o dragão e outros animais que mordem a própria cauda, dos símbolos
primordiais da humanidade, e é, na Alquimia, o símbolo da prima matéria, da
matéria primordial, da qual tudo se origina. Os pelasgos, que habitavam a
região da atual Grécia, muito antes dos helenos, tem um relato da criação: “No
princípio havia Eurínome, a mãe de todas as coisas. Ela saiu nua no caos, e já
que não havia lugar onde pudesse pôr seus pés, ela separou o céu das águas. E
então começou a dançar. Ela dançava sozinha sobre uma onda em direção ao sul.
Enquanto dançava, sentiu o Vento Norte, que ela desencadeou com o seu movimento,
se levantar por trás dela. Ela o agarrou com suas mãos e o esfregou até que ele
se transformou na serpente Ofíon, em volta da qual Eurínome dançava cada vez
mais freneticamente, até que Ofíon, ávido de desejo, a envolveu e possuiu.
Assim a deusa engravidou do Vento Norte, e deu à luz um ovo cósmico. Em
seguida, ela mandou a serpente enrolar-se sete vezes em volta do ovo para
choca-lo, e quando chegou a hora, a parte de cima voou e formou então os céus e
o firmamento, e a de baixo formou a terra e o submundo. Ofíon é a serpente do
horizonte, que até hoje circunda toda a terra.
Nós encontramos o
zero como símbolo da perfeição, da totalidade e da eternidade, no círculo da
aliança de casamento, que simboliza a comunhão com o parceiro e a fusão com o todo.
Da mesma maneira, a coroa de advento sempre verde, no final do ano, nos lembra
que o tempo não tem fim, e que após a noite mais longa do ano, os dias
começarão outra vez a ficar mais longos, pois a roda do tempo gira eternamente.
A coroa de flores que colocamos sobre os túmulos também tem o mesmo significado
simbólico. Além da ligação com o falecido, ela demonstra que a vida e a morte,
o aqui e o além, fazem parte de um grande todo.
Na Astrologia, encontramos a abrangência desse símbolo no
Zodíaco e também na ampla roda do horizonte, e no círculo que circunda o
horóscopo, que compreende todas as nossas aptidões, capacidades e
possibilidades. Nas cartas do Tarô encontramos o círculo e o 0 no Louco, que
nos mostra que sempre começamos do zero, todas as possibilidades estão abertas
novamente para nós. A psicologia profunda junguiana reconhece no círculo o
símbolo do inconsciente, do “caos” criativo, no qual todas as possibilidades,
todas as nossas aptidões estão em sua forma simples e indiferenciada, prontas
para serem trazidas para o consciente, e lá se desenvolverem. Matematicamente o
zero é um fenômeno interessante. Ele está presente em muitos números sem nunca
se falar nele. Um milhão (1.000.000) tem seis zeros, que não são mencionados.
Apesar de ser um nada, ele pode fazer um número crescer consideravelmente. Ele
faz de 1 um 10, e é por isso que se diz de brincadeira, que um zero pode
aumentar um problema dez vezes. O zero pode ser devastador, pois tudo o que
multiplicamos por 0 vira nada (99 x 0 = 0). Mas ele também pode efetuar o
inconcebível, e ser assim quase como um Koan: quando se divide um número por 0
o resultado é infinito. Os programadores de computador temem esse fenômeno,
pois com esse comando de cálculo pode-se fazer um computador cair no caos.
Provavelmente, é desse meio que vem a afirmação jocosa de que o universo surgiu
quando Deus o dividiu por zero.
1 ) UM : O número do um indivisível, que está contido em
tudo =
O 1 é a mônada, a
parte integrante e indivisível de todos os outros números. Ele está unificado
com todos os outros números, pois está contido em cada um deles. O 1 é
simbolizado pelo ponto. E do mesmo modo que toda linha é formada por pontos,
cada número se compõe de “unidades”. O círculo vazio representa a totalidade
indiferenciada e simboliza simultaneamente o tudo e o nada. O ponto dentro do
círculo diferencia essa totalidade. Algo se manifesta por meio desse ponto.
Nesse momento, a força criadora sai do nada e está, desde então, como o 1 em
cada número, e assim contido no todo. Porém, surge no mesmo momento o outro,
aquilo que não é o ponto. Na arte “O Eterno” de William Blake, O Criador rompe
o círculo com o seu braço e cria o mundo. E na mandala de Hildegard von Bingen,
O Criador entra como o número 1 no círculo e assim o divide em duas partes.
Porém, surge no mesmo
momento o outro, aquilo que não é o ponto. Com isso temos um símbolo do momento
da criação no qual o nosso mundo polarizado surgiu, assim como um símbolo do
despertar da consciência (polarizada), Do “um” incalculável surgiu o “um” contável.
Antes do “um” existia apenas o vazio, o não ser, o potencial, o mistério, e o
absoluto incompreensível. Por isso, o passo do 0 para o 1 é mais significativo
do que o do 1 para 1 milhão. Essa passo simboliza naturalmente o big bang, que
há dezesseis bilhões de anos gerou o universo numa fração de segundo. A mônada,
o um indivisível, que está contido em tudo, originou-se do zero nesse instante.
O mito egípcio nos relata como, no princípio, Atum, o deus
da criação, ergueu-se como um outeiro das escuras e densas águas primordiais.
Nós encontramos o mesmo simbolismo na imagem do círculo e do ponto, assim como
no instante em que o ego emerge das trevas do inconsciente. O ego é o centro da
personalidade consciente, que desperta em cada um de nós nos primeiros anos de
vida, do mesmo modo como ele surgiu pela primeira vez em algum momento nos primórdios
da humanidade e possibilitou com isso a percepção consciente. Nós repetimos
esse milagre do tornar-se consciente diariamente em pequena escala, quando
despertamos todas as manhãs. Porém, ao dar esse passo para nos tornarmos
conscientes, deixamos para trás a unidade total e entramos no mundo polarizado.
Ou mais especificamente, a nossa consciência nos faz perceber o mundo dessa
maneira. Assim que o ego se torna consciente de si mesmo, reconhece também o
não ego, ou seja, tudo aquilo que ele não é. No momento em que uma luz se
acende, surge a sombra. Assim que tomamos consciência de que vivemos,
aprendemos que somos mortais. Não conseguimos reconhecer ou imaginar nada
enquanto não pensamos num polo contrário. Não perceberíamos o dia se não
houvesse a noite, e ninguém descreveria algo como másculo se não houvesse o
feminino. Essa dualidade surge com o um ou com o ponto, pois a partir desse instante
temos o um e o outro, o ponto e o que não é o ponto.
O 1 é visto no simbolismo numérico como o impulso criador.
Ele é considerado um número yang, que simboliza a energia masculina como
impulso, iniciativa, atividade e força consciente. Também a singularidade de
ele ser parte indivisível de todos os outros números, e por assim dizer, ser
inerente a toda criação, é uma bela expressão dessa correspondência. Além
disso, o um é símbolo do homem ereto. E também aquele instante, no qual o homem
colocou-se de pé pela primeira vez e reconheceu o céu por cima de si, simboliza
o momento de sua tomada de consciência na história do desenvolvimento. No Tarô,
a consciência solar, assim como a força criadora do número 1, está expressa no
Mago, que por meio de sua postura personifica a harmonia entre o que está em
cima e o que está embaixo, e representa iniciativa, impulso, participação ativa
e maestria.
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2) DOIS : O número da polaridade, dos opostos, mas também do
“estar a dois” =
O dois simboliza o outro, a alternativa desejável, o polo
oposto que atrai, a liberdade de decisão, mas também a ambivalência, a dúvida,
o antagonismo e a indecisão, e até mesmo o dilema, que nos atormenta. Assim que
surge o dois, nada mais é fácil, pois a unidade está dividida. O dois surge
concomitante ao um, pois a existência de um é dependente da do outro. O um não
pode existir sozinho. O um não pode existir sozinho. Assim que ele surge, traz
consigo o dois como símbolo do outro. Onde quer que exista um ponto, existe
também aquilo que não é o ponto. Do mesmo modo, a luz traz consigo a sombra, e
o ser, o não ser. Se ele for considerado de uma maneira objetiva e isenta de
julgamento, como era visto nos primórdios, o dois representa o polo oposto, a
ressonância e o eco. Dessa maneira ele é personificado no Tarô pela Papisa, que
está sentada entre uma coluna preta e uma branca, e assim demonstra que seus
polos têm o mesmo valor. Ela simboliza com isso uma consciência primordial da
integridade, que foi rompida apenas pelo esforço de se alcançar uma clareza explícita.
Do mesmo modo que não passaria pela cabeça de ninguém considerar o polo
negativo de um imã ou de uma tomada como inferior ao seu polo positivo, as
pessoas tinham antigamente a consciência de que todas as coisas possuem dois
lados, que um pressupõe o outro, e que não faz sentido desejar um e temer o
outro. A luta masculina pela clareza
pela clareza começou somente a partir do aparecimento do patriarcado, por volta
de cinco mil anos atrás. E essa luta dividiu as antigas dualidades e deixou-as
parecer opostos incompatíveis, como o dia e a noite, a esquerda e a direita, o
bem e o mal, a vida e a morte, o homem e a mulher. Nessa diferenciação
taxativa, o número 1 passou a ocupar o polo luminoso e a representar a clareza
e definição, enquanto o 2 foi sendo cada vez mais relegado a numero duvidoso,
portador degradado do lado escuro, a personificação de penumbra, discórdia e
ambiguidade.
Já no relato da criação, o segundo dia, no qual surgiu o
firmamento, parece ter sido problemático. Pois, enquanto na Bíblia, no final no
final de todos os outros dias da criação sempre há um “e Deus viu que isso era
bom”, essa avaliação de que tudo saiu bem faltou no segundo dia. Quando se
especulou sobre como o mal poderia ter vindo ao mundo, já que Deus criou tudo
sozinho, surgiu a suposição de que talvez algo tenha saído errado nesse segundo
dia. Os mitos da criação relatam frequentemente que alguma totalidade
pré-original foi dividida, ou um monstro foi morto, originando a multiplicidade
no mundo. Do mesmo modo, o “um” primordial, que é simbolizado pelo círculo ou
pelo 0, por meio do impulso criador (1), dá origem à polaridade (2) em que
vivemos. E assim, ou estamos num estado de unidade pré-consciente, pré-original
e indiferenciado, ou então esse paraíso é dividido em dois, por termos comido o
fruto da árvore do conhecimento e reconhecido o mundo polarizado, no qual já
nos encontrávamos antes, contudo, sem sabe-lo. Junto com a tomada de consciência
da vida vem sempre a percepção da inevitabilidade do fim e, por essa razão, a morte
foi frequentemente considerada uma consequência e um castigo decorrente de o
fruto proibido da árvore do conhecimento ter sido comido. Assim, encontramos
com frequência pinturas em que o paraíso é representado como um círculo,
enquanto o homem e a mulher, personificando a dualidade, são expulsos para o
mundo polarizado. (Ver: A Expulsão do Paraíso, de Giovanni di Paolo) A famosa
pintura da ressurreição de Matthias Grünewald, que se encontra no altar-mor de
Isenheim, mostra como Cristo se ergue entrando no círculo e dessa maneira
reabre a entrada do paraíso para os homens. Desde então, a busca pela unidade
(perdida) é tida como o bem maior. Por isso, o unicórnio tornou-se um símbolo
de Cristo, ao passo que, o mundo polarizado no qual vivemos, é representado
pelo casco dividido e pelos dois chifres do diabo.
Na visão da psicologia, o círculo representa o inconsciente,
onde está adormecido todo o potencial não desenvolvido, ainda num estado “simples”.
Se um impulso (1) desencadeia a tomada de consciência, algo que antes estava
inconsciente torna-se consciente e ali desenvolve sua polaridade (2). Isso
seria inimaginável de outra maneira, pois tudo aquilo que reconhecemos
conscientemente tem um polo contrário. Ninguém teria a ideia de descrever algo
como belo se não houvesse o feio. Sem guerra não teríamos nenhuma noção do que
é a paz, e sem a morte não saberíamos que vivemos.
Dois é o número da polaridade – e a linha, que une dois
pontos, é o seu símbolo. Ela pode ser vista como a ligação entre dois polos ou
a distância que separa dois opostos. Assim, o significado desse número também é
polar, já que ele representa tanto a dualidade como a discórdia.
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3 ) TRÊS : O número divino e o símbolo da força vital =
O 3 é tido tradicionalmente como o número divino. A divina
trindade não é conhecida apenas no Cristianismo. No panteão grego, os irmãos
Zeus, Posêidon e Hades dividem o domínio sobre a Terra e as pessoas; no Egito,
são venerados Ísis, Osíris e Hórus, um trio de deuses, e no ápice dos deuses
hindus estão Brahma, o criador, Vishnu, o conservador e Shiva, o desruidor. O
olho de Deus é geralmente representado dentro de um triangulo. Nós encontramos
esse simbolismo em sua forma mais primordial na Deusa tríplice da Lua, cujo
culto, sobre o qual existem provas não apenas no Ocidente, era amplamente
difundido na Antiguidade. Ela personifica as três fases da Lua, crescente,
cheia e minguante, que representam o nascimento, a vida e a morte, e refletem
como um todo a eterna roda do tempo. Ela foi venerada, mas também temida, sob
muitos nomes – deusa branca do nascimento e do crescimento (Lua crescente),
deusa vermelha do amor e da luta (Lua cheia) e deusa negra da morte e da magia
(Lua minguante). Os gregos chamavam esses três aspectos de Hebe, Hera e Hécate,
e veneravam o lado escuro mais intensamente, para que assim as coisas
ocorressem a seu favor. O dia da festa de Hécate era 15 de agosto, que mais
tarde foi cristianizado e transformado em dia da Assunção de Maria. A propósito,
Maria reúne essas três fases, como virgem, mãe e rainha. As três fases da Lua
são mais conhecidas na forma das três Deusas do Destino, as Parcas (romanas),
as Nornes (nórdicas) e as Moiras (gregas). Clotho – a fiandeira, sendo a
primeira, era chamada pelos gregos a que tece o fio da vida; Lachesis – a
medidora, como é chamada a segunda, a que determina o tamanho do fio; e Atropos
– a inevitável, era a temida terceira, que cortava o fio. O poder dessas deusas
do destino permaneceu intocável, mesmo quando os deuses masculinos tomaram o
domínio dos Céus. Até mesmo Zeus, o poderoso pai dos deuses, tinha de se render
a suas sentenças. É possível ver como esse simbolismo arquetípico é coercitivo
no exemplo dos três Reis Magos. Enquanto na Bíblia fala-se apenas sobre sábios
vindos do Oriente, sem mencionar uma quantidade específica, com o decorrer do
tempo, passou-se a falar, quase que naturalmente, de três reis, dos quais um é
negro, em analogia à (escura) Lua nova. Na era matriarcal, o ano também era
dividido em três estações, em analogia, às três fases da Lua, que simbolizam nascimento
vida e morte. Provavelmente seja essa também a origem de diversas figuras
simbólicas com três pernas, como, por exemplo, as que existem até hoje, nos
brasões da Ilha de Man e da Sicília. A Quimera, criatura formada por partes de
três animais: o leão, a cabra e a serpente, era também um símbolo do ano
dividido em três partes, a primavera, o verão e o inverno. Somente depois do
surgimento do patriarcado, esse animal, que era originalmente considerado
sagrado, passou a ser a representação máxima do mal e do perigo, e por isso foi
morto pelo herói grego da Antiguidade Belerofonte, que mais tarde serviu de
modelo para as características e os feitos de São Jorge. Certamente também
pertence a esse grupo o seu irmão de três cabeças, o cão guardião do inferno,
Cérbero, que vigiava a entrada para o submundo. (Três peixes também podem simbolizar a Trindade.)
O número 3 é divino, sobretudo porque ele contém o segredo
da força vital. Enquanto o 1 e o 2 simbolizam a polaridade primordial masculina
e feminina, o 3 surge da unificação desses dois. Ou, em outras palavras: tudo o
que é novo sempre surge como o terceiro elemento da unificação dos opostos
como, por exemplo, pai + mãe = filho, ou tese + antítese = síntese. Desde a
grande explosão que deu origem ao universo, nada mais surgiu do nada. Onde quer
que algo novo seja inventado, formado ou criado, junta-se coisas já existentes
para uni-las em uma nova síntese. Desse modo, o 1 e o 2 atuam como polos de um
imã ou de uma bateria, entre os quais um campo de tensão é formado e do qual
pode surgir algo novo. Uma corda tencionada entre dois polos pode produzir um
belo som. Mas também num campo tensão negativo – como uma discussão entre duas
pessoas – há geralmente uma terceira pessoa que acaba se beneficiando dessa
tensão. Encontramos o três como símbolo da totalidade dinâmica também no livro
de sabedoria antiga chinesa, o Tao-Te-King, onde se lê: “O Tao gerou o um, o um
gerou o dois, o dois gerou o três e o três gerou as dez mil coisas.” A força
que gera vida nova e abundancia é considerada divina desde os primórdios dos
tempos, por essa razão, a terceira carta dos Arcanos Maiores do Tarô traz a Mãe
Natureza suntuosamente rodeada por símbolos de sua fertilidade. Como número
divino, o 3 desempenha também um papel significativo na magia, sobretudo em
rituais. O lendário fundador da alquimia e autor da Tábua de Esmeralda, na qual
as leis herméticas estão gravadas, era chamado de Hermes Trismegistos, que
significa Hermes, “o Três Vezes Grande”. Em Delfos – o oráculo mais importante
da Antiguidade -, Pítia, a sacerdotisa do oráculo, sentava-se sempre num
trípode, um banquinho de três pernas. Ali, ela entrava em transe, para que a
voz do deus Apolo pudesse falar por meio dela. Para se fazer e desfazer
feitiços, em geral é necessário que se repita algo três vezes. Fausto teve de
pedir três vezes para Mefistófeles entrar. O herói dos contos de fada tem
direito a três pedidos, tem-se três chances para adivinhar algo, dá-se três
vezes vivas a um homenageado, e num leilão, a terceira martelada é a que vale.
Aquele que, por sua vez, “não sabe como contar até três”, não compreende o sentido
das coisas. Se observamos a interação do um, principio masculino e ativo, com o
dois, principio feminino, receptivo e transformador, usando como imagem uma
escada, o um é o impulso de aproximação (masculino), o dois é a disposição
receptiva e a força elevadora (feminina) e o três é o novo plano que, como
ponto de partida para o próximo degrau, transforma-se outra vez em um. A
equação mística 3 = 1 resultante disso, simboliza tanto a Santíssima Trindade
cristã quanto a percepção, bem mais fácil de compreender, de que três passos
formam um todo. Por isso, diz-se também em alemão que todas as coisas boas são
três. A ideia do três como aspecto de um todo, é vista em símbolos amplamente
difundidos como o tridente ou a flor-de-lis, ou em grupos de três, como as três
lebres na janela da Catedral de Paderborn, que com suas orelhas formam um
triangulo equilátero, ou os três peixes num vitral de uma igreja em
Northumberland, que são circundados pelas letras gregas (ichthys). Essa palavra
significa peixe e foi interpretada como uma abreviação de Iesus Christus
Theos/Deus Hyos/Filho e Soter/Salvador. Se, por outro lado, não houver uma
unificação, o número 1 e o 2 permanecem, por assim dizer, desunidos, um ao lado
do outro, e temos a imagem do 12, que no Tarô, como a Carta do Pendurado,
indica paralisação e impotência, estar num dilema, numa situação de impasse, da
qual não há saída. Apenas quando os dois polos friccionam-se com bastante
força, ou ficamos bastante tempo envolvidos em um conflito aparentemente
insolúvel, ou pode surgir desse campo de tensão subitamente uma solução nova e
inesperada como um terceiro elemento. Em imagens arquetípicas que descrevem o
caminho de vida dos homens, o terceiro passo é sempre o decisivo, pois é ele
que conduz ao todo, à unidade total. Nesse caso, trata-se sempre da perda do
estado de unidade inicial, o que faz o homem cair num mundo de polaridades, no
qual ele se desespera, sente-se dividido, ou é crucificado, até que o terceiro
passo o conduza ao novo, um estado que se assemelha à situação inicial, contudo
sem ser idêntica a ela. Dessa maneira transcorre o desenvolvimento, partindo do
ingênuo-simples, passando pelo complexo e complicado, até alcançar o
genial-simples. O triangulo como símbolo do três também mostra, claramente, que
permanecemos presos e sem conseguir seguir adiante enquanto oscilamos entre as
alternativas 1 e 2. Só o terceiro ponto conduz a um plano novo e autônomo.
Assim, tudo tem dois lados. Porém, apenas quando se reconhece que eles são na
verdade três, é que se pode entender o todo. O três é o conceito genérico que
une um par. O três divino aparece também na famosa frase de Immanuel Kant: “Os
céus deram aos homens três coisas para compensar as diversas dificuldades da
vida: a esperança, o sono e o sorriso.”
Deusas Tríplices=
Que personificam as fases da Lua : Hebe (flor da juventude)
Lua crescente ; Hera (a senhora) Lua cheia ; Hécate (a distante poderosa) Lua
minguante
Deusas do Destino=
Moiras (gregas): Clotho (fiandeira) ; Lachesis (medidora) ;
Atropos (a inevitável)
Parcas (romanas): Parca (nascimento) ; Nona (nona) ; Decima
(décima)
Nornes (germânicas): Urd (o passado, origem) ; Verdanti (o
presente) ; Skuld (o futuro)
Deusas das Estações=
Horas (gregas): Talo (floração) ; Auxo (crescimento) ; Carpo
(fruto)
Horas (segundo Hesíodo): Eunômia (legalidade) ; Dique
(justiça) ; Irene (paz)
Deusas da Vingança=
Erínias (gregas): Alecto (incessante) ; Tisifone
(retaliação) ; Megera (ira)
Fúrias (romanas): a ira ; a crueldade ; a vingança
Deusas Terríveis=
Graias: Ênio (guerreira) ; Penfredo (caprichosa) ; Dino
(horripilante
Górgonas: Medusa (a soberana) ; Esteno (a força) ; Euríale
(o mar vasto)
Deusas da Beleza=
Cárites (gregas): Eufrosina (alegria) ; Aglaia (beleza) ;
Tália (sorte)
Graças (romanas): Castitas (castidade) ; Pulchritudo
(beleza) ; Amor (amor)
O caminho que sai da unidade, passa pela multiplicidade e
alcança a unidade total=
Simbolismo:
(Origem) Círculo ; (Caminho) Cruz ; (Objetivo) Círculo
Conto de fadas: (Origem) Paraíso perdido ; (Caminho) Mundo
das polaridades ; (Objetivo) Reencontro do paraíso
Psicologia: (Origem) Subconsciente ; (Caminho) Consciente ;
(Objetivo) Supraconsciente
Psicologia junguiana: (Origem) Inconsciente ; (Caminho) Eu ;
(Objetivo) Si mesmo
Desenvolvimento da personalidade: (Origem) Simples ;
(Caminho) Desenvolvida ; (Objetivo) Unificada
Consciência: (Origem) Pré-pessoal ; (Caminho) Pessoal ;
(Objetivo) Transpessoal
Estado do eu: (Origem) Sem ego ; (Caminho) Egocêntrico ;
(Objetivo) Livre do eu
Conhecimento: (Origem) Ignorante ; (Caminho) Conhecedor ;
(Objetivo) Sábio
Compreensão da realidade: (Origem) Indiferenciada ;
(Caminho) Polar ; (Objetivo) Paradoxal
Budismo: (Origem) Unidade ; (Caminho) Multiplicidade ;
(Objetivo) Totalidade
O Caminho de Percival: (Origem) O tolo ingênuo ; (Caminho) Cavaleiro
Percival ; (Objetivo) O tolo puro
Alquimia: (Origem) Matéria-prima ; (Caminho) A Obra ;
(Objetivo) Pedra Filosofal
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4 ) QUATRO : O número terreno e o símbolo da ordem e do
poder =
O número 4 é um símbolo da nossa realidade terrena e do
mundo visível. Com o 4 surge o espaço. Enquanto o ponto representa o 1, uma
reta que une dois pontos representa o 2. Se acrescentarmos mais duas retas,
formamos uma superfície em forma de um triangulo. Quatro triângulos juntos
formam uma pirâmide, e assim surge um espaço. Segundo uma crença antiga, no
princípio Deus criou os quatro elementos do nada, com os quais ele, então, teceu
toda a criação. Por conseguinte, tudo o que existe neste mundo é uma mistura de
fogo, terra, ar e água. Quatro também é o número da nossa ordem de tempo e
espaço. Nós dividimos o ano em quatro estações; a vida em quatro fazes:
infância, juventude, maturidade e velhice; e o horizonte em quatro pontos
cardeais. A tendência de dividir tudo naturalmente em quatro segmentos é tão
marcante que C.G. Jung considerava essa “quaternidade” propriamente um
arquétipo. Pode-se considerar o quatro como uma retícula do nosso intelecto,
que escolhemos utilizar para estruturar a realidade. O simbolismo do 4 torna-se
evidente quando o relacionamos com o círculo. O círculo representa o hemisfério
divino – o 4 representa o terreno, também na forma de uma cruz, um quadrado ou
um cubo. Na geometria, a impossível quadratura do círculo refere-se ao fato de
não ser possível construir um quadrado com a mesma área de um círculo
determinado, com a ajuda de uma régua e compasso, o que significa
simbolicamente que com meios humanos (compasso e régua) não somos capazes de
ter na Terra (quadrado) uma ideia real dos céus ou da perfeição (círculo). O
encontro do círculo com o 4 pode ser visto na cruz celta – que simboliza as
quatro estações sagradas no ciclo anual do Sol; nas quatro fases da Lua, que
são representadas hoje como era originalmente o mês lunar; ou na coroa de
advento que, com suas quatro velas, também estrutura o círculo perfeito. Esse
simbolismo é expresso de maneira impressionante nas construções sacras. Desde
os primórdios dos tempos – por exemplo, na época dos etruscos – os homens
tentavam reproduzir o Céu e a Terra nas suas construções, colocando a cúpula do
firmamento em cima de muros dispostos em forma de quadrado, símbolo do plano
terreno. Esse simbolismo era tão importante que esforços arquitetônicos
monstruosos foram feitos para se encontrar, finalmente, uma maneira de
construir a cúpula perfeita, conseguida somente depois de inúmeras tentativas
que resultaram em tetos quase arredondados e desabamentos. A planta baixa de
muitas igrejas também traz esse simbolismo. A basílica romana era formada por
uma nave retangular – o mundo dos homens – e junto a ela, um meio-círculo foi
transformado em altar, no qual a luz que entra pelas janelas simboliza o Deus
invisível. Mais tarde, a planta baixa de várias igrejas e catedrais passou a
ter o formato de uma cruz. O ponto de intersecção entre a nave e o transepto é
chamado de cruzeiro. Ele representa o mundo terreno sobre o qual ergue-se a
cúpula celeste. O 4 terreno também é importante em contraste com o 3 divino.
Ambos encontram-se simbolicamente no crucifixo, no qual Cristo está geralmente
preso por três pregos numa cruz, que por sua vez personifica o 4, e assim o
terreno. Com isso, o simbolismo numérico explicita que o divino (3) desceu ao
terreno (4) e tomou para si o sofrimento do mundo.
Porém, o 4 também apresenta um problema, pois, se ele
personifica todos os aspectos do 1 ou do todo (círculo), e o 3, por outro lado,
é o número divino, então o quarto elemento provavelmente não é tão “puro”. Essa
problemática pode ser encontrada também numa série de grupos:
- A tradição judeu-cristã conhece três arcanjos, que são
profundamente estimados: Miguel, Gabriel e Rafael. Vários outros são
denominados de “o quarto anjo” porém esses têm bem mais a fama de anjo da
morte, como por exemplo, Uriel, o anjo da penitência, que é o guardião do mundo
subterrâneo.
- No fausto de Goethe, Mefistófeles assume esse papel quando
conduz o prólogo no Céu juntamente com Miguel, Gabriel e Rafael.
- O quarto cavaleiro do Apocalipse é horrendo, como conta a
Bíblia. Ela é a morte, que é seguida pelo inferno.
- Pai, Filho e Espírito Santo formam a Santíssima Trindade
cristã. O quarto lugar é, por analogia, ocupado pelo Diabo.
- Ovídio descreve quatro eras mundiais, das quais a de ouro,
a de prata e a de bronze são simbolizadas por metais nobres, enquanto a nossa
era, a última, é de ferro, não é nobre nem crua.
- Segundo a tradição egípcia, Nut, a Deusa do Céu, deu à luz
quadrigêmeos divinos: Ísis, Osíris, Néftis e Seth, que mais tarde tornou-se
mau.
C.G Jung citou inúmeras vezes Maria, a Profetisa, a lendária
alquimista, irmã de Moisés. O seu princípio hermético postula: “O um torna-se
dois, o dois torna-se três e do terceiro torna-se o um como quatro.” Desse modo
o quatro é uma parte elementar da construção da totalidade (do um), e mesmo
assim, é desinteressante, ou até mesmo desprezado, pois o quatro,
diferentemente do três divino é “apenas” terreno, material, ou até mesmo
maligno. Jung reconheceu um paralelo importante entre esse fato e a sua teoria
dos tipos psicológicos, que postula que as pessoas desenvolvem somente três das
suas quatro funções consciente (que correspondem em grande parte aos quatro
elementos da astrologia) ; essa quarta permanece, a princípio, não desenvolvida.
Apenas mais tarde, durante a segunda fase da vida, ela vai desempenhar um papel
decisivo, ainda que difícil, no caminho para a totalidade. Vários contos de
fada narram histórias de reis que adoecem, e para que sejam curados é preciso
que seus três filhos saiam à procura, um após o outro, seja da “erva da vida”,
ou de algum outro bem muito difícil de ser alcançado. Quem consegue essa
façanha é sempre o mais jovem, de quem não se espera nada, por ser considerado
um tolo. O rei e os seus três filhos representam essa estrutura de quatro
elementos; o mais jovem, ridicularizado e desprezado, representa o problemático
4 que gera a totalidade. O 4 é considerado também o número do poder. Já no
Egito antigo e na Babilônia o rei reinava sobre as quatro direções. Um exemplo
disso vemos no tradicional ritual de subida ao trono, quando o soberano
movimenta a espada, com a qual ele toma posse do seu reino, nas quatro
direções, para dessa maneira demonstrar a sua soberania sobre todos os cantos
do mundo. Também no Tarô, o 4 é o número do Imperador, que incorpora
características fundamentais desse número. Ele é considerado o concretizador, o
que coloca em prática (terra) os desejos (água), as ideias (ar) e as intenções
(fogo), tornando-as realidade. Ao mesmo tempo, essa carta representa ordem e
continuidade, refletindo assim a estrutura de tempo e espaço. Nós também
associamos o que é feito pelas mãos do homem ao número 4. Enquanto na natureza
predomina uma assinatura arredondada, e a linha reta é uma exceção, em tudo o
que o homem cria ocorre exatamente o contrário. Nós preferimos o reto e o
retangular, mostrado, por exemplo, nas linhas das nossas moradias – os povos
primitivos habitam cavernas ou tendas circulares, construídas ao redor do fogo.
A partir do momento em que o homem sai da natureza e constrói espaços, casa e
cidades, surge o quatro como uma assinatura. Segundo registros, Roma foi
fundada em 21/4/753 a.C com uma placa quadrada (Roma quadrata). Até hoje nos
referimos a quarteirões, mesmo que as estruturas de nossas cidades sejam bem
mais complexas; e vivemos nelas em espaços retangulares, em casas retangulares,
com janelas, portas, mesas, armários e camas retangulares, e a tudo isso damos
o nome de nossas quatro paredes.
Elemento: Fogo / Ar / Terra / Água
O Ser Humano: Espírito-Vontade / Intelecto / Sentidos-Corpo
/ Instintos-Sentimentos
Idade: Juventude / Infância / Maturidade / Velhice
Temperamentos segundo Hipócrates: Colérico / Sanguíneo /
Melancólico / Fleumático
Tipos psicológicos segundo C.G Jung: Sensação / Pensamento /
Sentimento / Intuição
Tipos segundo Riemann: Histérico / Esquizóide / Compulsivo /
Depressivo
Pontos Cardeais: Sul / Leste / Oeste / Norte
Direções naturais: Direita / À frente / Atrás / Esquerda
Estações do ano: Verão / Primavera / Outono / Inverno
Horas do dia: Meio-dia / Manhã / Tarde / Noite
Sabbats das bruxas no hemisfério sul: Samhain / Lammas /
Imbolc / Beltane
Na noite da véspera de...: 1° de maio / 2 de fevereiro / 1°
de agosto / 31 de outubro
Eras mundiais: Áurea / Prateada / Férrea / Atual
Estados físicos da matéria: Plásmico / Gasoso / Sólido /
Líquido
Virtudes mágicas: Querer / Saber / Calar / Ousar
Virtudes cardeais: Sagacidade / Temperança / Justiça /
Bravura
Formas de sepultamento: Cremação / Deixar ao relento /
Enterro / Sepultamento em alto-mar
Espíritos Elementais: Salamandras / Silfos / Gnomos /
Ondinas
Arcanjo: Miguel / Gabriel / Rafael / Uriel
Profetas: Jeremias / Isaías / Ezequiel / Oseias
Evangelistas: Marcos / Mateus / Lucas / João
Querubim: Leão / Anjo / Touro / Águia
Correspondências na Esfinge: Patas e Cauda / Cabeça / Corpo
/ Asas
Cavaleiros do Apocalipse: Cavalo vermelho / Cavalo branco /
Cavalo negro / Cavalo pálido
Rios do paraíso: Eufrates / Geon / Fison / Tigres
Natureza: Homens / Animais / Minerais / Plantas
Naipes de Tarô: Paus-Bastões / Espadas / Moedas-Pentáculos /
Taças-Copas
Naipes das cartas de baralho: Paus / Espadas / Ouros / Copas
Classes da Idade Média: Camponeses / Cavaleiros /
Comerciantes / Clero
Insígnias Celtas: Lança / Espada(Excalibur) / Prato /
Cálice(Graal)
As vozes na música: Soprano / Contralto / Baixo / Tenor
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5 ) CINCO : O número do Homem e da Quintessência =
O 5 é o número do homem, que está no mundo tal como uma
estrela de cinco pontas – assim como nós o conhecemos a partir da representação
de Leonardo da Vinci e Baldassare Peruzzi. Os quatro membros do nosso corpo
correspondem aos quatro elementos, ao passo que a cabeça simboliza a
quintessência, aquele misterioso e invisível elemento, ao qual apenas o ser
humano tem acesso. Além disso, possuímos cinco sentidos e cinco dedos em cada
mão, para que possamos compreender a realidade (4) e perceber o sentido (5).
Segundo uma teoria da Antiguidade toda a criação compõe-se dos quatro
elementos: fogo, terra, ar e água. Além desses, existe ainda um quinto elemento
invisível. Ele representa a essência, o significado e o sentido que estão
ocultos na criação e une de tal modo o espírito e a matéria, que esses
aparentam ser dois lados de uma mesma moeda. Esse sentido pode ser reconhecido
apenas pelos homens. Aristóteles chamava o quinto elemento de “éter” e os
alquimistas cunharam o termo quintessência. Esse misterioso ponto, esse
observatório “elevado”, é simbolizado pelo cume da pirâmide, que conecta os
quatro vértices, como os quatro elementos, num plano elevado. O mesmo
encontramos em construções sacras, na área em frente ao altar, chamada de
cruzeiro, onde vemos quatro colunas com figuras, esculturas ou imagens dos
quatro evangelistas. Esse espaço representa a realidade terrena e causa a
impressão de que os santos nas colunas querem levar o homem para o centro da
cúpula, onde os eixos se encontram e formam o ponto da quintessência. Vê-se ali
um sinal do supremo, como, por exemplo, uma pomba, representando o Espírito
Santo; ou um cordeiro, como símbolo de Cristo; ou uma simples abertura, por
meio da qual penetra a luz, símbolo do Deus invisível. O mesmo simbolismo é
encontrado em diversos afrescos, vitrais, imagens em altares e outras
representações, que mostram Cristo no centro, cercado pelos quatro evangelistas.
No brasão da Rosa-Cruz, uma rosa de cinco pétalas floresce no ponto da
quintessência da cruz, e as cinco chagas de Cristo fazem parte também,
naturalmente, desse âmbito simbólico. Esse simbolismo existe também no Budismo
tibetano. Inúmeras mandalas trazem no seu centro um símbolo da perfeição, no
qual se unem quatro princípios. Entretanto, a estrela de cinco pontas também
simboliza que o homem está com ambos os pés sobre a terra, ao passo que sua
cabeça eleva-se em direção aos céus, sendo ele a única criatura a reunir em si
o espírito (céu) e a natureza (terra). No interior de cada estrela de cinco
pontas encontra-se um pentágono, no centro do qual encaixa-se, por sua vez, uma
outra estrela de cinco pontas, que traz em si um outro pentágono. Esse modelo
que pode ser aumentado ou diminuído quantas vezes se queira, sem com isso
perder a sua estrutura, ilustra a lei hermética: macrocosmo = microcosmo.
Aquele que se identifica com a estrela de cinco pontas e penetra nessa figura
em pensamento, pode, com a ajuda desse modelo, transcender e vivenciar a si
próprio no menor núcleo microscópico existente ou reconhecer-se em uma grandeza
macroscópica, como, por exemplo, no céu, na configuração estelar do seu
horóscopo de nascimento. Dessa maneira, a estrela de cinco pontas torna-se
símbolo do homem integrado à totalidade cósmica de um modo significativo. É
obvio que a quintessência não está na superfície. Por essa razão, pentágonos
não são adequados para se cobrir uma superfície. O sentido está sempre no
núcleo, que nunca se modifica, não importando o quão grande ou pequena seja a
estrela. O papel especial que nós homens desempenhamos na criação traz em si
características marcantes, que são típicas para nós, seres humanos. Nós somos criaturas
que agem contra a sua natureza. Por isso temos liberdade de escolha. Nós somos seres
que conhecem critérios como o bem e o mal, a virtude e o pecado, o nobre e o
profano. Podemos assumir a responsabilidade pelos nossos atos. Essa polaridade
fica evidente no número 5, que é equiparado à natureza pecadora no simbolismo
numérico cristão, pois ele representa os cinco sentidos, com os quais cometemos
pecados, segundo os ensinamentos da igreja. Bem mais conhecida, porém, é a
estrela de cinco pontas invertida, que como símbolo do mal aponta para baixo.
Ela é chamada de pentagrama invertido e é vista como um símbolo da Magia Negra.
Esse simbolismo é fortemente marcado por valores patriarcais. Ele constata pura
e simplesmente: em cima, pai, céu, espírito = bom. Embaixo, mãe, terra, corpo =
ruim. Há também uma explicação mais agradável para esse significado
ambivalente. A ponta do pentagrama voltada para cima demonstra que o homem
busca unidade para superar o seu dilaceramento interior. Por outro lado, a
estrela de cinco pontas invertida tem duas pontas que representam a perda da
unidade, fragmentação e contradição. Por essa razão, o unicórnio era tido,
sobretudo na Idade Média, como símbolo de Cristo, ao passo que o diabo, aquele
que destróis a unidade (grego, diaballein), é representado, como se sabe, com
dois chifres com as pontas voltadas para cima, que são encontradas por sua vez
também no pentagrama invertido. A parábola das cinco jovens prudentes e das
cinco tolas que é contada na Bíblia (Mt 25, 1-13) também se encaixa nesse
contexto. Elas representam os cinco sentidos, que podemos vivenciar e usar
tanto de uma maneira “prudente” quanto “tola”. As cinco jovens prudentes
correspondem à estrela de cinco pontas com o cume para cima, e as tolas à
estrela invertida. Assim, a estrela de cinco pontas indica que nós, homens,
temos a livre escolha de nos decidirmos pelo bem ou pelo mal. Contudo, essa
diferenciação não é assim tão simples, pois, como se sabe, o homem nunca
pratica o mal perfeitamente e com tanta alegria, como quando o pratica em nome
do bem. O simbolismo da estrela de cinco pontas também está na pintura
Ressurreição, no altar-mor de Isenheim, que mostra como Cristo sai do mundo
polarizado e entra no círculo perfeito do Sol, abrindo assim para os homens o
caminho do mundo para o paraíso. A cabeça e os braços (o três divino) formam um
tridente que já se encontra dentro do círculo, ao passo que ambas as pernas
acabam de se desligar do mundo das polaridades. Como um número de significado
religioso, o 5 também está no Islamismo, onde o Muezin convoca os fiéis a
voltarem-se para Meca cinco vezes ao dia para realizar as suas cinco orações. O
fato de o pentagrama ser considerado um símbolo poderoso no mundo da magia, com
o qual se podem fazer feitiços ou afasta-los, contribuiu certamente para essa
interpretação maniqueísta sobre ele. No mundo da magia ele é chamado de estrela
flamejante ou flamígera, e vê-se nela um símbolo de poder, à qual subjugam-se
espíritos elementais. Por essa razão, ele personifica o domínio dos quatro
elementos por meio do espírito, e é ao mesmo tempo um símbolo protetor, no
centro do qual o mago, no caso de feitiços, não pode ser atingido por nenhuma
força inimiga. Na verdade, todas as pessoas deveriam estar protegidas contra o
mal, já que Vênus, atinge o ponto mais próximo da Terra cinco vezes no decorrer
de oito anos, e dessa maneira, desenha sempre uma nova estrela de cinco pontas
como escudo sobre ela. Contudo, como Vênus, ao contrário da Terra, não conhece
anos bissextos, a quinta conjunção ocorre com uma diferença de dois dias e a
estrela de cinco pontas não se fecha completamente. Goethe aproveitou em sua
obra esse pequeno espaço pelo qual o mal entra no mundo. Por meio dele,
Mefistófeles pôde entrar no quarto de estudo como um cão preto, embora Fausto
tenha se protegido pendurando uma estrela de cinco pontas na porta da entrada.
O pentagrama, porém, não havia sido desenhado com exatidão. Mefistófeles
explica a Fausto: Repare, ó sábio! Aquele pentagrama está malfeito. O ângulo
que aponta para a rua não fechou bem. (Fausto 1400)
Se levarmos em consideração que o 5 representa o sentido, e
o quão importante é a direção para qual aponta a estrela de cinco pontas, então
é extremamente interessante observar que a palavra “sentido” significa “direção”
em várias línguas. Nós falamos “sentido horário” quando queremos dizer que algo
se move pela direita. E também em inglês, francês, italiano, espanhol e alemão
sense/senso/sinn significam tanto sentido quanto direção. A ideia da busca e
encontro de um sentido, que está vinculada ao número 5, é expressa também em
uma pintura do místico William Blake que mostra Adão dando nome aos animais. O
tema dessa pintura é a narração bíblica, segundo a qual Deus incumbiu Adão de
dar nome às criaturas. Se levarmos em consideração que originalmente se
expressava por meio do nome a singularidade e a essência, e que a tradução da
palavra Adão em hebraico significa “homem”, então, a Bíblia trata nesse caso da
incumbência dada por Deus ao homem de reconhecer a essência e o sentido da criação
e de suas criaturas, e dar-lhes nomes. Provavelmente, por essa razão, Blake
associa esse instante a um gesto que Adão faz com a mão, que somente em uma
interpretação superficial é tido como um dois. Nos países anglo-saxões o dois é
mostrado com o dedo indicador e o dedo médio, ao passo, ao passo que o gesto
que Adão faz com a mão, significa cinco numa antiga linguagem dos dedos, como o
número V em algarismos romanos.
No Tarô, o número 5 é personificado pelo Alto Sacerdote
(Hierofante), o representante da religião. Essa palavra remonta a religare em
latim, que significa religar e pode ser compreendida como religamento e reincorporação
ao sentido perdido. A mensagem de como e onde esse sentido pode ser encontrado
pode ser lida na mão do Alto Sacerdote que abençoa, na qual os dedos esticados
simbolizam o que está evidente, ao passo que os dedos dobrados representam o que
está oculto. Somente aquele que dirige a sua atenção igualmente a ambos, tanto
ao visível quanto ao invisível, tanto ao consciente quanto ao inconsciente,
tanto a este mundo quanto ao além, ao exotérico tal qual ao esotérico, apenas
ele pode encontrar a essência. Por outro lado, o Diabo, aquele que traz o
pentagrama invertido na cabeça, mostra com os cinco dedos de sua mão
estendidos, que não existe nada oculto, e que toda busca por um sentido é
completamente inútil.
O número 5 é também, sob outro aspecto, um número
ambivalente. Já que o sentido não é visível e não se tem provas da sua
existência, pode-se também facilmente nega-lo. As coisas parecem também andar
sem a interferência da religião, já que a plantação produz frutos, mesmo que
não se faça nenhuma prece e nem se celebre um ritual de fertilidade. Por isso,
para algumas pessoas, a discussão sobre o significado do número 5 é tão
supérflua quanto a quinta roda em um carro. Por meio do fenômeno seguinte
podemos ver como o sentido faz-se perceber, mesmo que não se possa comprova-lo
nem compreende-lo. Desde os tempos antigos se conhecem na geometria cinco
corpos, que são considerados totalmente harmônicos por serem constituídos por
superfícies equiláteras. Eles são chamados também de corpos platônicos,
representam os cinco elementos e são formados pelos três números mais
significativos – o 3 divino, o 4 terreno e o 5 como número que representa o
homem.
Os cinco corpos platônicos:
O cubo é constituído por quadrados e corresponde ao elemento
terra.
O tetraedro é constituído por triângulos e corresponde ao
elemento fogo.
O octaedro é constituído por triângulos e corresponde ao
elemento ar.
O icosaedro é constituído por triângulos e corresponde ao
elemento água.
O dodecaedro é constituído por pentágonos e corresponde à
quintessência.
Johannes Kepler fez experimentos com esses corpos em sua
busca pela harmonia, na qual se baseia o nosso mundo. Com isso, ele criou um
modelo no qual os corpos são colocados de tal modo uns dentro dos outros, que
cada um é circundado pela menor esfera possível e preenchido pela maior
possível. Dessa maneira, obteve um total de seis esferas que preenchem e
circundam as figuras. Quando observamos as distâncias das seis esferas entre
si, vemos que elas correspondem aos intervalos entre as órbitas de seis
planetas do nosso sistema solar. Figurativamente, Mercúrio descreve a sua
órbita na superfície da esfera mais interna do modelo, na próxima circula
Vênus, seguida pela Terra, Marte e Júpiter, enquanto Saturno, um antigo
determinador de limites, que se movimenta lentamente, circunda o Sol na esfera
mais externa. Contudo, isso não prova nada. É claro que se pode encarar isso
também como algo talvez interessante, mas uma coincidência insignificante.
Porém, se pensarmos que essas figuras geométricas são compostas pelos números
significativos que representam em seu simbolismo, por sua vez, Deus (3), Terra
(4) e Homem (5), e que elas são consideradas desde a Antiguidade como
totalmente harmônicas, e que – se colocadas umas dentro das outras de uma forma
certa – são reflexo do nosso sistema planetário, tudo isso produz então,
certamente, uma sensação de existência de um sentido. Uma sensação de percepção
da quintessência, o sentido oculto da criação, aquele que se pode sentir apesar
de não se poder ver.
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6 ) SEIS : O número perfeito e a unificação dos opostos =
Pitágoras já considerava o 6 um número perfeito no século VI
a. C., por ele ser tanto a soma quanto o produto dos três primeiros números: 1
+ 3 + 3 é igual a 6, assim como 1 x 2 x 3. O círculo também é considerado
perfeito, pois o seu perímetro é igual a seis vezes o seu raio, com o qual
encontramos os pontos que, unidos, formam ambas as figuras-símbolo desse
número, o hexágono e a estrela de seis pontas. O hexágono, cujo comprimento de
lado é exatamente igual ao raio da circunferência que o circunda, é o modelo de
construção ideal, e é encontrado na natureza, por exemplo, nos favos das
colmeias das abelhas ou no anel de benzol. A perfeição reflete-se também na
criação, que durou seis dias, segundo a Bíblia. Além disso, a estrela de seis
pontas é considerada símbolo da penetração mútua e da unificação bem-sucedida
dos opostos. Ela é composta por dois triângulos, que simbolizam o fogo e a água,
as duas forças que incorporam a maior oposição possível entre os clássicos
quatro elementos. O fogo é leve, quente e claro; a água, por outro lado, é
pesada, fria e escura. O fogo ambiciona, como nenhum outro elemento, dirigir-se
para o alto, ao passo que a água impele para baixo e só se acalma quando realmente
chega ao fundo. Quando esses dois triângulos não são colocados simplesmente um
sobre o outro, mas sim, introduzidos um no outro, torna-se mais evidente o fato
de a estrela de seis pontas ser um símbolo da penetração mútua e da unificação
bem-sucedida dos opostos. Grandes pares de opostos como fogo/água,
homem/mulher, luz/escuridão, em cima/embaixo, simbolizam a nossa realidade
polarizada e também as alternativas entre as quais podemos nos decidir, mas que
nos deixam com frequência indecisos; Sentimos uma grande dificuldade quando se
trata de opostos que temos de conciliar, embora eles aparentemente se excluam
mutuamente. Sempre que entramos num desses conflitos de interesses, quando temos
de escolher entre a profissão e a família, entre independência ou compromisso,
entre risco e segurança, entre algo velho conhecido e algo novo e excitante,
caímos rapidamente num dilema, pois parece impossível ter-se ambos ao mesmo
tempo. Porém, se refletirmos um longo tempo nessa suposta impossibilidade, pode
surgir uma luz, que nos faça reconhecer a solução ideal, e então uma sensação
de felicidade profunda percorre o nosso corpo.
O 6 também é um símbolo central no antigo livro chinês de
sabedoria e oráculo, o I Ching. Linhas partidas, yin, e linhas inteiras, yang,
simbolizam nele a polaridade primordial entre o Sol e a Lua, entre o Céu e a
Terra, entre o masculino e o feminino. Com elas obtemos um total de oito grupos
diferentes formados por três linhas (trigramas), que por sua vez combinam-se
entre si para formar todos os hexagramas do I Ching. Eles mostram, em 64
variações, como o Céu e a Terra penetram-se mutuamente. A estrela de seis
pontas foi interpretada, sobretudo no Ocidente cristão, como símbolo da
penetração mútua do céu e da terra, do visível e do invisível, do mundo divino
e do terreno. Dessa maneira ela aparece, por exemplo, no monograma de Cristo,
que é formado por duas letras gregas = Chi e Rho, as duas primeiras letras da
palavra Cristo que, como Deus e homem, personifica essa ligação. A estrela de
seis pontas também pode ser vista em rosetas nos vitrais de diversas igrejas,
como no belo vitral no lado leste da Catedral de Palma de Maiorca, Le Seu. Seis
também é o número das direções naturais que nos cercam: em frente, atrás,
esquerda, direita, em cima e embaixo. Um cubo tem seis lados, que – em analogia
ao simbolismo do número 4 – personifica o nosso mundo, e quando “aberto” tem a
forma de uma cruz, a planta baixa típica de muitas igrejas. O hexagrama é
chamado na magia de Escudo de David ou Selo de Salomão, e é considerado um
símbolo extremamente poderoso. Conta-se que o sábio Rei Salomão, que viveu há
cerca de três mil anos, baniu demônios e invocou anjos com o auxílio desse
selo. Sob a perspectiva simbólica, esse poder não se baseia apenas na força e
habilidade de unificar opostos, porém, bem mais na capacidade de unir a
totalidade da criação de uma maneira perfeita, o que é simbolizado também pela
estrela de seis pontas. Ela também é considerada símbolo da unificação dos
quatro elementos, e expressa assim, mais uma vez, a ideia da perfeição. O
hexagrama tornou-se símbolo do Judaísmo somente a partir do século XIX, por
meio da comunidade judaica em Praga. No Tarô, é a carta Os Amantes que coloca
em evidência a unificação bem-sucedida dos opostos. Fica claro aqui que a
proximidade das palavras seis (Sechs) e sexo (Sex) em alemão e em inglês, não é
apenas um fenômeno acústico ocorrido ao acaso, mas sim parte desse simbolismo.
O atrito de opostos não produz apenas calor, ardor e paixão, mas também faz
surgir o novo. Em decorrência disso, o 6 é interpretado como um número fecundo,
e a cifra 6 como um número que sai de si e gera algo a partir de si mesmo.
Certamente, essa também foi uma das razões pelas quais o 6 foi às vezes
menosprezado e tido como o número da carne. Por ele estar abaixo do perfeito 7,
via-se nele também o número da insuficiência e um símbolo dos tempos e mundo
decaídos. Essa proscrição tem uma longa tradição, que talvez remonte a uma
antiga inimizade. Os sumerianos e os babilônicos que habitavam a terra entre os
rios Tigre e Eufrates, onde atualmente é o Iraque, consideravam o 6 um número
sagrado. Isso pode ser reconhecido hoje facilmente no modo como dividimos o
tempo, que devemos aos sacerdotes da Babilônia, os pais da Astrologia. Eles
dividiram o ano em 12 meses, o dia em 2 x 12 horas, e as horas em 60 minutos, e
estes com 60 segundos. O povo de Israel não tinha uma opinião positiva sobre
tudo aquilo que fosse sagrado aos babilônicos, já que não gostavam muito desses
vizinhos poderosos, e os anos de cativeiro na Babilônia haviam deixado péssimas
lembranças. Esse menosprezo, que foi assumido pelo Cristianismo, foi mantido
até os dias de hoje, não apenas no significado negativo da Torre de Babel ou da
prostituta Babilônia, mas também na demonização do número 6, especialmente como
666. Será essa a razão de a palavra Babilônia aparecer um total de seis vezes
no Apocalipse, o último livro da Bíblia?
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7 ) SETE : O número sagrado da integridade e totalidade, da plenitude e perfeição =
O 7 é considerado um número sagrado, pois ele é composto
pelo 3 divino e o 4 terreno, e une assim Deus e o mundo. Além disso, ele tem
uma grande importância como símbolo da totalidade e integridade, que aparece
como nenhum outro número em mitos e contos de fada, usos e costumes, na
religião e na magia. Certamente, o seu simbolismo foi originalmente lido nos
céus, onde os sete planetas clássicos representavam uma totalidade. Segundo uma
antiga crença, eles passam sobre as sete esferas e produzem, por meio do
atrito, os setes sons da nossa escala musical, que pode ser ouvida como música
das esferas – contanto que se tenha o coração puro. Será que é por isso o os
corações dos apaixonados flutuam no sétimo céu? O 7 personifica o todo, tanto
como período quanto como quantidade. Nós o encontramos nos dias da semana, e
também nas quatro fases da Lua, que duram sete dias cada uma, da quais se
originaram os meses. Os seus 28 dias são
resultado da soma dos números 1 até 7. Assim como segundo a tradição cristã
Deus criou o mundo em sete dias, o 3 divino e o 4 terreno reúnem-se no 7 e
dessa combinação surgem, como uma medida divina, os limites de tempo naturais
na Terra:
3 + 4 = 7 ( uma
semana )
3 x 4 = 12 ( metade
de um dia, um ano )
3 x (3 + 4) = 21 ( maioridade tradicional)
4 x (3 + 4) = 28 ( mês original )
(4 + 3) x (3 x 4) = 84 (limite simbólico da vida)
A estrutura da nossa semana tem sua origem na estrela de
sete pontas. Se dispusermos os sete planetas clássicos na sequência de suas
velocidades (Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno) nas pontas da
estrela e seguirmos então o traçado dela, obteremos os planetas na sequência
que se conhece dos dias da semana em várias línguas:
Planeta: Sol Alemão:
Sonntag Inglês: Sunday Francês:
Dimanche Italiano: Domenica Divindade
Nórdica: ?
Planeta: Lua Alemão:
Montag Inglês: Monday Francês: Lundi
Italiano: Lunedì Divindade Nórdica: ?
Planeta: Marte
Alemão: Dienstag Inglês: Tuesday Francês: Mardi Italiano: Martedì Divindade Nórdica: Zius,
Tyr
Planeta: Mercúrio
Alemão: Mittwoch Inglês: Wednesday Francês: Mercredi Italiano: Mercoledì Divindade Nórdica: Wodan
Planeta: Júpiter
Alemão: Donnerstag Inglês: Thursday Francês: Jeudi Italiano: Giovedì Divindade Nórdica: Donar,
Thor
Planeta: Vênus
Alemão: Freitag Inglês: Friday Francês: Vendredi Italiano: Venerdì Divindade Nórdica: Freya
Planeta: Saturno
Alemão: Samstag Inglês: Saturday Francês: Samedi Italiano: Sabato Divindade Nórdica: ?
Nós também encontramos o sete numa outra constelação
celeste, as Plêiades, conhecidas como o “Sete-estrelo”, um pequeno aglomerado
de estrelas na constelação de Touro, sobre o qual existem muitos mitos. O seu
nome originou-se da palavra grega “pleios”, que significa “cheio”, “pleno” ou
“muitos”. Elas são conhecidas como as “sete irmãs”. Segundo a tradição judaica,
Deus abriu uma dessas estrelas nos primórdios dos tempos, para que a água do
dilúvio pudesse derramar-se sobre a terra durante 40 dias e 40 noites. O fato
de o 7 representar o todo ou simplesmente muito, está certamente relacionado
com a nossa percepção. Não só as vendedoras de flores sabem que o olho humano é
capaz de perceber imediatamente a quantia de até seis flores em um ramalhete
sem precisar conta-las. A partir da sétima flor temos a impressão de que elas
são simplesmente muitas. Desse contexto simbólico fazem parte todas as sete
coisas, como os Sete Mares, a Bota de Sete Léguas, os Sete Anões atrás das Sete
Montanhas, os Sete Suábios, e os Sete Contra Tebas, que foram revividos como os
Sete Samurais no western “Sete homens e um destino”. O alfaiate valente matou
sete de uma só vez. As sete artes liberais eram conhecidas na Antiguidade e na
Idade Média, nós conhecemos as Sete Maravilhas do Mundo desde a Antiguidade, e
os grandes pensadores pré-socráticos em solo europeu são chamados de os Sete
Sábios. As sete colinas sobre as quais, segundo o testemunho de Salomão, o
Templo da Sabedoria foi construído, pois, também na casa de Deus na Terra o 3
divino une-se ao 4 terreno. Como número sagrado que abrange o espiritual e o
mundano, o 7 desempenha um papel importante na religião e nos cultos, como por
exemplo, na doutrina teosófica dos sete raios, os sete passos para a iniciação
que correspondem aos sete degraus da Grande Obra na Alquimia. O peregrino
muçulmano dá sete voltas ao redor da Caaba. O mais antigo mito da ressurreição,
que nos foi transmitida pelos sumérios, também apresenta esse simbolismo. Nele
é narrada a história de Inanna, a deusa dos Céus, que desce ao submundo. Nesse
caminho ela passa por sete portais, em cada um dos quais ela tem de deixar uma
peça de sua vestimenta, até chegar às profundezas completamente despida.
Conta-se que esse costume continuou vivo nos antigos mistérios. Depois de o
iniciado atravessar despido o sétimo e último portal, o ritual de iniciação
estava consumado, e ele tinha de voltar e recolher os seus sete pertences. O 7
é citado na Bíblia com mais frequência do que qualquer outro número, sobretudo
na última parte, o Apocalipse, que relata como será aberto o Livro dos Sete
Selos. Ele aparece também no candelabro de sete braços, nos sete sacramentos,
nos sete pedidos ao pai nosso, dos quais três são relacionados com Deus e
quatro com os homens, da mesma maneira como as sete virtudes subdividem-se em
três virtudes teologais e quatro cardeais. Cristo pronunciou sete palavras na
cruz. Na Epístola aos Galatas, na Bíblia, são enumerados os sete dons do Espírito
Santo; e também o arco-íris, que une os Céus à Terra, é composto por sete
cores. Como no princípio hermético “o que está em cima é como o que está
embaixo”, o sete celestial reflete-se em correspondências terrenas, como os
sete metais, que por sua vez representam os sete degraus do processo de
transformação alquímico. Também a lira, o instrumento sagrado de Apolo, possui
sete cordas, nas quais os sons dos sete planetas soam harmonicamente, fazendo o
espirito dos homens vibrar em sintonia com os Céus. Assim como a palavra sacer,
em latim, significa tanto sagrado quanto amaldiçoado, o 7 também contém as
polaridades do bem e do mal, da opulência e da escassez, uma ao lado da outra. O
7 “maléfico” mostra o seu lado escuro no contraste entre as sete virtudes
cardeais e os sete pecados capitais; os sete anos de fartura e os sete anos de
escassez; e também entre as sete alegrias e as sete dores de Maria. Um antigo
calendário babilônico, de mais ou menos quatro mil anos, marcava os 7°, 14°,
21° e o 28° dias de cada mês como dias de azar. Com isso, cada sétimo dia era
tido como perigoso. Será que esse dia foi interpretado de outra maneira no
Judaísmo e declarado dia de descanso, o sabá? Na Astrologia, por outro lado, o
crítico sétimo ano é bem conhecido. Ele está relacionado com o movimento lento
de Saturno, que se desloca 90 graus em aproximadamente sete anos. Dessa
maneira, toda vez que forma um aspecto crítico em relação à sua posição
inicial, ele “examina e questiona” se o que foi começado então ainda deve perdurar.
Nós devemos a Thomas Ring, um dos astrólogos mais importantes do século XX, um
esquema do caminho da vida utilizando sete planetas clássicos, que representam,
a princípio, cada ano de vida e, depois, grupos de sete anos. O Tarô mostra o
simbolismo do 7 na carta A Carruagem. O enfoque aqui não é tanto o término de
uma fase (a cidade ao fundo), porém, o estado de espírito de partida, a vontade
de viver algo futuro, um novo começo, que já pertence ao simbolismo do número
8.
As fases da vida com base em Thomas Ring =
Fase Inicial elementar
Ano de vida: 1 ; Planeta: Lua ; Tema: Fase lactente. Enorme dependência
psíquica e física da mãe.
Ano de vida: 2 ; Planeta: Mercúrio ; Tema: Início da articulação, da habilidade
(agarrar e compreender) e do aprendizado (aprender a andar).
Ano de vida: 3 ; Planeta: Vênus ; Tema: Início da percepção sexual. Jogos em
grupo (grupos de brincadeiras), erotismo infantil.
Ano de vida: 4 ; Planeta: Sol ; Tema: Início da fase do eu. Necessidade de
afirmação. Fase da contestação. Clara diferenciação entre sujeito e objeto (eu
e os outros).
Ano de vida: 5 ; Planeta: Marte ; Tema: Fase da inquietação. Necessidade de
examinar as coisas a sua volta. Ímpeto de conquista, primeiros desejos de viver
aventuras. Vontade de destruir. Ataques incontroláveis de fúria.
Ano de vida: 6 ; Planeta: Júpiter ; Tema: Fase da expansão, do vaguear.
Conquista ampla das imediações. Questionamentos iniciais sobre o sentido das
coisas. Devoção infantil.
Ano de vida: 7 ; Planeta: Saturno ; Tema: Escolarização. Adaptação a estruturas
fixas (sala de aula/horário). Início da troca de dentição.
Fase Principal
Ano de vida: 7-14 ; Planeta: Lua ; Tema: Início maravilhoso. Desenvolvimento
da personalidade por meio de absorção, imitação e imaginação.
Ano de vida: 14-21 ; Planeta: Mercúrio ; Tema: Inteligência pesquisadora. Aguçamento
do intelecto. Ceticismo emergente, discernimento próprio. Desenvolvimento da
eloquência verbal. Aprendizado do domínio prático do dia-a-dia.
Ano de vida: 21-28 ; Planeta: Vênus ; Tema: Integração adulta na vida. Erotismo
totalmente desenvolvido, capacidade de desfrutar das coisas e ter gosto. União
com o parceiro.
Ano de vida: 28-35 ; Planeta: Sol ; Tema: Egocentrismo. Desenvolvimento da
idiossincrasia. Ápice da vitalidade.
Ano de vida: 35-42 ; Planeta: Marte ; Tema: Imposição tensa. Ápice da
produtividade. Utilização máxima das energias na realização de suas tarefas.
Disputas com rivais. Olhar direcionado para patamares elevados a serem
alcançados. Em caso de insatisfação, tentativas drásticas de ruptura no âmbito
particular e profissional.
Ano de vida: 42-49 ; Planeta: Júpiter ; Tema: Esclarecimento e maturidade. No pior
dos casos, esnobismo. Placidez ao invés de luta. Visão abrangente, mas também
novos questionamentos e crises relacionadas ao sentido das coisas. Progresso
impulsionado ou afundamento em obesidade total.
Ano de vida: 49-56 ; Planeta: Saturno ; Tema: Concretização de resultados. Proteção
do que foi alcançado. Fazer um balanço da vida. Confrontação com as
consequências de atitudes certas ou erradas. Amadurecimento ou endurecimento,
intransigência e depressão.
Fase Madura
Ano de vida: 56-63 ; Planeta: Lua ; Tema: Adaptação a novas fontes de vida.
Nova elasticidade. Infantilidade madura ou o início do retorno à infância,
perda de memória ou desorientação.
Ano de vida: 63-70 ;
Planeta: Mercúrio ; Tema: Nova
consciência da sua personalidade ou nova consciência global, ou recaídas
inoportunas em comportamentos pseudojoviais.
Ano de vida: 70-77 ; Planeta: Vênus ; Tema: Maturidade harmônica, livre de
inquietações impulsivas. Amor universal pelas pessoas, ou isolamento e
conflitos com o ambiente em que vive.
Ano de vida: 77-84 ; Planeta: Sol ; Tema: Sossego prudente. Aprofundamento no
verdadeiro núcleo das coisas. Produção dos últimos frutos da vida, as “últimas
palavras” ; ou uma fase adicional da vida, vinda de uma pura reserva de
vitalidade.
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As Sete Artes Liberais=
O Trívium (trivial): Gramática , Lógica, Retórica
O Quadrivium: Aritmética, Geometria, Astronomia, Música
As Sete Maravilhas do Mundo=
As pirâmides do Egito, As muralhas da Babilônia, Os Jardins
Suspensos de Samíramis, A estátua de Zeus esculpida por Fídias em Olímpia, O
templo de Ártemis em Éfeso, O mausoléu de Helicarnasso, O colosso de Rodes
Os Sete Sacramentos=
Batismo, Confirmação, Eucaristia, Confissão, União dos
enfermos, Ordem, Matrimônio
Os Sete Pedidos do Pai-Nosso=
Santificado seja o Vosso nome, Venha a nós o Vosso reino,
Seja feita a Vossa vontade, o pão nosso de cada dia nos dai hoje, Perdoai-nos
as nossas ofensas, Não nos deixei cair em tentação, Mas livrai-nos do mal
As Sete Virtudes=
3 Virtudes Teologais: Fé, Caridade, Esperança
4 Virtudes Cardeais: Prudência, Justiça, Fortaleza,
Temperança
Os Sete Pecados Mortais ou Capitais=
Orgulho, Preguiça, Inveja, Luxúria, Ira, Gula, Avareza
Os Sete Planetas=
Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno
Os Sete Metais=
Ouro, Prata, Mercúrio, Cobre, Ferro, Zinco, Chumbo
Os Sete Dons do Espírito Santo=
Sabedoria, Compreensão, Conselho, Fortaleza, Conhecimento,
Piedade, Temor a Deus
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8 ) OITO : O número do equilíbrio, da justiça e da renovação
=
Assim como o oitavo dia inicia a nova semana, a escala
musical retorna ao início com a oitava, o oitavo som, da mesma maneira o 8
simboliza um novo começo num plano mais elevado. Ele é a fronteira, o elo, o
intermediário para uma esfera ou um mundo melhor, maior, mais elevado. Esse
simbolismo apresenta-se também na estrela de oito pontas e no octógono. Em
analogia ao quatro, o quadrado representa tudo o que é terreno; o círculo
representa a esfera celeste e, por sua vez, o octógono representa, de uma
maneira evidente, a linha intermediária entre esses dois mundos. Essa transição
do quadrado terreno para o círculo divino é vista em muitas igrejas, onde, por
cima do cruzeiro, ergue-se um octógono, sobre o qual encontra-se a abóboda
celeste. Como intermediário entre o quadrado e o círculo, o octógono simboliza
o limiar até o qual, nós, na Terra, podemos nos aproximar do divino, do eterno
e do ideal, e também o quanto os Céus são benevolentes conosco. Por isso, o 8
tornou-se tão importante no Cristianismo. Ele simboliza o próprio Cristo, cujo
nome, em grego, tem o valor numérico 888, sobretudo por ele ser o intermediário
entre Deus e os homens, e a sua ressurreição ser celebrada como o oitavo dia da
criação, com o qual um novo tempo, uma nova aliança (o Novo Testamento) se
inicia. A estrela de Natal que anuncia o nascimento de Cristo também lembra
esse simbolismo, e tem tradicionalmente oito pontas. Também as oito pessoas que
sobreviveram ao dilúvio na Arca de Noé, segundo um relato bíblico, expressam a
ideia de um recomeço. Será essa a razão de o número 8 ser considerado um número
de sorte e a roda de oito raios ser a roda da fortuna? O simbolismo do 8 está
contido no sacramento do batismo, que abre o caminho da vida eterna para os
cristãos, como ligação entre o Céu e a Terra, e também como símbolo da
ressurreição e de uma nova vida. Muitas pias batismais são octogonais e também
importantes igrejas de batismo da Renascença, como os batistérios de Florença,
Ravena, e Pisa ou a igreja romana de João Batista (San Giovanni, em laterano)
são todas octogonais e, nos seus tetos, o octógono transforma-se num círculo
dourado, que representa a Jerusalém celeste. Também as bem-aventuranças no
início do Sermão da Montanha, com as quais Jesus começa os seus ensinamentos,
indicam aos homens o caminho do mundo terreno para o Paraíso. Em Cafarnaum
(Israel) a Igreja das Bem-aventuranças simboliza essa passagem com a sua cúpula
octogonal. Na Alemanha, a edificação mais famosa nesse estilo é a Capela
Palatina em Aachen, que Carlos Magno mandou construir inspirada na igreja de
Ravena. O oratório octogonal serve para evidenciar a tarefa especial do
Imperador, de ser o porta-voz do seu povo perante Deus. Esse simbolismo de
intermediação do oito é manifestado também na Coroa Real do Imperador, a única
coroa octogonal do mundo. Quando o rei Frederico II, da Suábia, por volta do
ano de 1240, mandou construir na Apúlia o Castel del Monte em forma octogonal,
talvez tencionasse, com esse monumento gigantesco, evidenciar o símbolo do seu
poder diante de todos, especialmente do papa que o havia excomungado. O oito
era considerado, já na Antiguidade, uma meta merecedora de esforços para ser
alcançada. No caminho para a salvação a alma tem de passar pelos sete céus dos
sete planetas, até chegar à oitava esfera, o firmamento, onde habitam os
deuses. Esse simbolismo é encontrado, entre outros, no panteão romano, uma
construção circular, na qual o octógono é marcado por nichos distribuídos nos
oito ângulos. A ligação estável entre os dois mundos, como o Céu e a Terra,
este mundo e o além, o tempo e a eternidade é representada visualmente pelo 8
deitado, a Lemniscata. Esse símbolo da eternidade também ilustra o princípio
hermético “o que está em cima é como o que está embaixo”, que corresponde no
Cristianismo ao “assim na terra como no céu”. Por outro lado, diz-se também que
o oitavo dia não tem fim, pois Cristo ressuscitou no oitavo dia da semana, e
com isso abriu a porta da eternidade para a humanidade. O simbolismo do oito
como transição também é conhecido em outras culturas como um novo começo num
nível mais elevado, e como libertação ou ascensão. No mito egípcio da criação
de Hermópolis, quatro casais de deuses, a Ogdóade (agrupamento de oito
divindades), personificam as forças primordiais que formam o princípio de tudo.
No judaísmo, a circuncisão é feita no oitavo dia após o nascimento, e
simboliza, assim como o batismo no Cristianismo, a aliança com Deus. No
Budismo, existem quatro nobres verdades, com as quais os sofrimentos do mundo
são descritos, e os oito caminhos, que libertam o homem dessas dores. A cúpula
mais luxuosa do mundo islâmico, a de Mocárabes de Alhambra, em Granada, que é
composta de 5.416 partes simbolizando a suntuosidade dos Céus, é octogonal,
assim como um dos mais importantes santuários islâmicos, a Cúpula da Rocha em
Jerusalém. Essa primeira obra-prima arquitetônica do Islã foi construída no
lugar onde Maomé subiu aos céus. Na mitologia nórdica, Odin, o pai dos deuses,
é levado por Sleipnir, seu cavalo de oito patas, em sua viagem entre o Céu e a
Terra. Desde o tempo de Pitágoras, o 8 é considerado o número da justiça, por
se deixar dividir sempre em partes iguais. Por essa razão, a justiça sempre ocupou
tradicionalmente o oitavo lugar nos Arcanos Maiores do Tarô, como no Tarô de
Marselha, até que, com o lançamento do Tarô de Rider-Waite em 1909, houve uma
mudança na numeração e a justiça foi empurrada para o décimo primeiro lugar. O
oito também era conhecido como um símbolo de justiça entre os povos germânicos.
Consta que a sua “Femegericht”, a Liga da Corte Sagrada, era formada por oito
(Acht em alemão) juízes, os Achten ou Echten a quem se devia respeito. Eles
tinham o direito de sentenciar o acusado e declara-lo fora da lei e sem
direitos. Essa sentença era conhecida como “marcar com o oito”. Desse costume
surgiu uma sentença que o imperador do Império Alemão pôde promulgar até 1806. A
associação de justiça com o lado direito não é comum apenas na língua alemã. A
palavra francesa droit e a inglesa right também significam direito e direita,
como em português. Com isso, essas e outras línguas nos lembram que a
jurisdição é uma expressão do lado direito e consciente, cuja tarefa consiste
em fazer um julgamento consciente, bem pensado, justo e fundamentado. Mais
interessante ainda é o fato de o despertar da consciência também ser expressado
por meio do oito. Em várias línguas europeias, a diferença entre a palavra “noite”
– um símbolo do inconsciente – e a palavra “oito”, consiste apenas na perda do “n”
no início da palavra, com o qual, nessas línguas começa a palavra “não”, que por
sua vez, faz parte do âmbito simbólico do inconsciente. Dessa maneira todas
essas línguas “lembram” que o oito é a expressão da noite libertada do “n
negativo”, e com isso ele personifica o novo dia e o despertar da consciência.
Português: noite / oito
Inglês: night / eight
Alemão e holandês: nacht / acht
Francês: nuit / huit
Italiano: notte / otto
Espanhol: noche / ocho
Latim: nox / octus
Sueco e norueguês: natt / atta
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9 ) NOVE : O número da iniciação e do recolhimento antes de
se dar um passo para o novo =
Por ser o último número de um só digito, o 9 simboliza o
limiar na transição para um novo patamar, um plano mais elevado. Tal como a
inspiração antes de expiração, a preparação antes do golpe, a tensão do arco
antes da saída da flecha, ele personifica o recolhimento antes de se dar um
passo para o novo. O sinal gráfico 9 também é um símbolo do caminho de fora
para dentro, embora a maioria das pessoas não o escreva dessa maneira; ao passo
que a sua imagem invertida, o 6, é tido como um número fecundo, que sai de si
mesmo. A relação entre novo e nove existe em diversas línguas, nas quais ambas
as palavras são idênticas ou semelhantes, e possuem uma raiz comum:
Português: novo / nove
Alemão: neu / neun
Latim: novo / novem
Italiano: nuovo / nove
Francês: neuve / neuf
Espanhol: nuevo / nueve
O 9 desempenha um papel-chave nos ritos de iniciação no
mundo inteiro por ser o número da concentração e da preparação. São nove horas,
dias, noites, semanas, meses ou anos que precedem o passo iniciático. Talvez o
modelo disso tenha sido os nove meses que passamos amadurecendo na barriga de
nossa mãe, até sermos iniciados neste mundo. Pitágoras, o pai do simbolismo
numérico ocidental, passou três vezes nove dias numa gruta de Zeus, vestido de
lã preta, para ser iniciado nos mistérios. São celebres os nove dias e noites
que o deus nórdico Odin passou pendurado na Árvore do Mundo – Yggdrasil, até
descobrir as Runas e, dessa maneira, adquirir sabedoria. A própria Árvore do
Mundo é um símbolo do cosmos. Segundo a crença germânica, ela possui nove
galhos que se espalham sobre os nove mundos que constituem o universo. Por
isso, não é de estranhar, que o nove desempenhe um papel importante em muitos
ritos xamânicos. Segundo C. G. Jung, nos
mitos e contos de fadas um tesouro aflora por nove anos, nove meses e nove
noites. Se na última noite ele não foi encontrado, volta a desaparecer e a
busca recomeça do início. O 9 manteve-se também como número simbólico nos
poucos ritos de iniciação remanescentes no Ocidente. Nas Ordens Herméticas,
como, por exemplo, a Rosa-cruz, existem nove graus iniciáticos, e nas ordens e
congregações católicas, o número 9 simboliza o tempo de concentração antes de
se dar um passo definitivo. Os noviços franciscanos e os beneditinos fazem
votos, inicialmente, por um tempo limitado. Somente o voto eterno, feito no
nono ano, o compromete com a ordem para a vida inteira. O 9 tem um significado
religioso muito intenso por ser a potenciação do 3 divino ( 3 x 3 ). Nós o
encontramos em culturas matriarcais como facetas da Grande Deusa; as nove Musas
que habitam o monte Parnaso, e a Hidra de nove cabeças são testemunhas disso.
No Cristianismo existe o conceito dos nove coros angélicos e das nove esferas
celestiais, como foi descrito por Dante: acima das oito esferas dos sete
planetas e do firmamento existe uma nona esfera, abóbada celeste cristalina sem
estrelas, que forma a passagem para o Empíreo, onde habitam os espíritos
bem-aventurados. E no Sermão da Montanha Jesus indica esse caminho por meio de
nove Bem-aventuranças. O 9 aparece no Novo Testamento como símbolo de
transição. Jesus morre à nona hora do dia e, segundo o que se conta, ele foi
preso à cruz com três vezes três marteladas, e até hoje, supostamente, as nove
badaladas de sino que soam em algumas igrejas, devem nos relembrar esse fato. O
verdadeiro objetivo do recolhimento interior, antes de se dar o passo para o
novo, é o autoconhecimento. Isso proporciona uma sensação de coerência e
possibilita à pessoa ser decidida a agir com clareza, ao contrário da atitude
apressada das pessoas que acham que sabem de tudo. Então, não é de estranhar
que encontremos O Eremita na nona carta dos Arcanos Maiores do Tarô. Esse
arquétipo do velho sábio simboliza o recolhimento e o isolamento, contudo sem
ser insociável, solitário, nem alheio à realidade. Ele pode estar junto a
outras pessoas, mantendo-se, contudo, sempre fiel a si mesmo. Essa mesma ideia
encontra-se também no número 9. Ele se deixa misturar com qualquer outro
número, porém mantém-se “fiel” a si mesmo: qualquer número multiplicado (=
misturado) por 9, produzira um resultado cuja soma transversal é sempre 9 ( 3 x
9 = 27, 2 + 7 = 9 ou 17 x 9 = 153, 1 + 5 + 3 = 9 ). Por outro lado, o 9 também
pode desaparecer de qualquer grupo numérico sem deixar rastros. Qualquer
quantia dividida por 9, deixa um resto que corresponde à soma transversal do
número original: 431 : 9 = 47, resta 8 ; 4+3+1 = 8.
O velho sábio simboliza também uma força que ajuda os outros
a transpor barreiras sem perder a autenticidade. O mesmo “faz” o número 9. Ele
auxilia os outros números a transpor o próximo limite decimal, sem os manipular
ou adulterar. Pois seja qual for o número que se some ao 9, a soma transversal
do resultado é igual à soma transversal do número inicial. 7 + 9 = 16 ; 1+ 6 =
7 ou 105 + 9 = 114 ; 1 + 0 + 5 = 6, assim como 1 +1 + 4 = 6.
O 9 no Eneagrama é tanto um símbolo de autoconhecimento como
também um guia da sequência certa dos passos a serem tomados. Esse conceito que
foi transmitido inicialmente por Gurdjieff descreve um processo de realização
em nove estágios. Mais tarde, a partir dele, foram desenvolvidos os conceitos
de tipos de personalidade conhecidos nos dias de hoje. Ambos são temas típicos
do nove. O ponto central da rosa dos ventos também simboliza a ideia do nove,
de recolhimento e concentração no centro antes de dar-se o passo para o novo.
Ela indica quatro direções principais e quatro intermediárias. Contudo, a
orientação acontece por meio do centro, onde fica o nove. Esse mesmo conceito
se apresenta na ideia dos nove mundos da teadição celta do Norte. No caminho de
Santiago, a concha indica ao peregrino o caminho para se chegar a meta (ao seu
interior). A concha de Santiago é muitas vezes representada de forma estilizada
com nove arcos, como no brasão do Papa Bento XVI. No Islamismo, o nono mês do
ano é sempre o mês do jejum, o Ramadã, e segundo o Alcorão, Alá tem 99 nomes.
Nos meios cristãos, diz-se amém (assim seja) no final de uma benção ou uma
oração. Se somarmos os valores numéricos das letras gregas dessa palavra,
teremos a = 1 , m = 40 , h = 8 e n = 50, e por sua soma o número 99, e com
isso, simbolicamente, duas vezes o nove.
As nove Bem-aventuranças do Sermão da Montanha (Mateus 5,
3-11)=
Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o
reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os famintos e sedentos de justiça, porque
serão saciados.
Bem-aventurados os que se compadecem, porque alcançarão
misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos
de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem
e, por minha causa, mentirem, dizendo contra vós todo mal. Alegrai-vos e
exultai, porque grande será a recompensa.
As nove Musas=
Erato (Poesia de Amor)
Euterpe (Flauta, Lirismo)
Calíope (Poesia Épica, Filosofia, Retórica)
Clio (História)
Melpômene (Tragédia)
Polímnia (Dança e Canto)
Terpsícore (Cítara)
Thalia (Comédia)
Urânia (Astronomia)
Os nove coros angélicos e sua correlação com as esferas=
Anjos : Lua
Arcanjos : Mercúrio
Principados : Vênus
Potências : Sol
Virtudes : Marte
Dominações : Júpiter
Tronos : Saturno
Querubins : Estrelas fixas
Serafins : Empíreo
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10 ) DEZ : O número da ordem divina, da conclusão e da
perfeição =
Des é o número da perfeição, da plenitude e da ordem divina
universal. Os dez dedos das nossas mãos foram certamente responsáveis pelo
número 10 se tornar um número-chave, não somente na hora de se contar e
calcular, mas também um símbolo de um limite claro, palpável, porém, também
mágico. Unidas para rezar, as mãos indicam que o homem se coloca em harmonia
com a ordem divina. Nós estamos familiarizados com o 10 como número da ordem
divina, sobretudo por causa dos Dez Mandamentos, que são válidos tanto para os
judeus quanto para os cristãos. Os budistas também possuem dez mandamentos, dos
quais cinco são para os leigos e cinco para os monges. A estrutura dos
mandamentos judeu-cristãos, que são divididos em 3 e 7, reflete também a
mística numérica. Em analogia ao 3 divino, os três primeiros mandamentos tratam
da relação do homem com Deus, ao passo que os sete restantes regulamentam as
relações entre os homens. Dessa maneira, eles refletem a ideia do 7 como
símbolo do limite divino na Terra. Essa divisão em 3 : 7 pode ser encontrada em
inúmeras representações artísticas das tábuas dos Mandamentos. Os judeus, os
cristãos, e os islamitas sabem que o dízimo, isto é, um décimo do que se ganha,
pertence a Deus. O 10 desempenha um papel-chave como ordem divina e plano da
obra divina também na Cabala, a doutrina secreta judaica. Nela o símbolo central
é a chamada Árvore Sephirótica, que com os seus dez centros de energia, os
Sephiroth (do hebraico: cifra) é um símbolo de toda a criação. O 10 já era
considerado sagrado pelos pitagóricos, os pais da mística numérica ocidental,
por ser a soma dos primeiros quatro números cardinais: 1 + 2 + 3 + 4 = 10. Com
isso, ele também personifica a soma dos quatro elementos, os fundamentos que
compões toda a criação. Os pitagóricos usaram uma pirâmide de pontos, o seu
símbolo sagrado, que eles chamaram de Tetraktys (grupos de quatro) para
ilustrar essa ideia. Na verdade, esse símbolo te m exatamente aquilo que,
segundo se acreditava, seria a característica de algo sagrado: ser mais do que
a soma de suas partes, pois os dez pontos que formam a figura, formam ao mesmo
tempo um triangulo divino. Se observarmos como os números extensos eram escritos
em algarismos romanos no Ocidente cristão, então perceberemos que a sua forma também
contribuía para a compreensão simbólica do número. O 10 em algarismo romano X
(Chi), que é semelhante ao X. O jota, letra inicial do nome Jesus, em hebraico,
assim como o nome divino Javé, também tem o valor numérico 10. O 5 em algarismo
romano é, como se sabe, um V, e o X (dez) é composto por um V (cinco)e outro
espelhado, valendo assim o dobro do V. Por isso era preciso tomar cuidado na
Idade Média para não ser burlado pela transformação de um V em X. O perigo
consistia, sobretudo, em assinar uma nota promissória de V ducados em ouro e a
dívida duplicar, pois quem havia emprestado o dinheiro podia transformar o V em
um X. Por essa razão o V (cinco) era muitas vezes escrito como um U.
O Tarô nos mostra como décima carta dos Arcanos Maiores, a
Roda do Destino, uma carta que é frequentemente interpretada, de modo
superficial, como experiências imprevisíveis, que são chamadas de sorte ou
azar. Em um âmbito mais profundo, porém, ela se revela como a Roda do Tempo,
que ao longo da vida nos apresenta uma tarefa após a outra e que, tal como as
pedras de um mosaico, compõe uma imagem completa, que representa a nossa missão
de vida. A inscrição na roda mostra que por trás da colocação desses problemas
oculta-se uma lei divina (TORA = lei , JHVH = Jahwe/Javé = o nome de Deus).
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11 ) ONZE : O número da imperfeição, da transgressão e do
pecado =
A palavra “Elf”, onze em alemão, originou-se da palavra “einlif”
do alto alemão, que significa “um além”, ou seja um a mais que o dez. Nisso
reflete-se também uma parte do seu simbolismo. O 11 é considerado o número do
pecado, pois ele é um número a mais do que os Dez Mandamentos e com isso
simboliza a transgressão da ordem divina. Ao mesmo tempo, ele é menos do que o
perfeito 12, e com isso símbolo da imperfeição. Disso nos lembram os labirintos
de onze voltas nas igrejas, como o do chão da Catedral de Chartres. O visitante
entra nessa símbolo de confusão pelo Oeste, local onde o Sol se põe ( = fim do
mundo e o juízo final) e na busca pelo (seu) centro, caminhando pelas onze
voltas, toma consciência da sua imperfeição e culpa. Além disso, o 11 o adverte
que a última hora já se iniciou. O 11 tem também um significado singular na
Cabala. O seu símbolo central é a Árvore da Vida, que mostra como o divino
desdobra-se em dez emanações neste mundo. Existe, porém, também uma décima
primeira misteriosa Sephira. Ela é chamada de “Daath” e é considerada símbolo
do fruto proibido, que Adão e Eva comeram no Paraíso. Onze também é a diferença
entre os 365 dias do nosso calendário e os 354 do calendário lunar. Um antigo
conto relata a sua origem pecaminosa e explica como o calendário egípcio no ano
4241 a.C passou de 360 para 365 dias: “Naquele tempo em que todos os anos ainda
tinham 360 dias, o sublime deus Sol Rá amaldiçoou a sua esposa Nut, a mãe dos
deuses, por ela o trair constantemente com diversos amantes. Ele jurou que os
frutos desses deslizes não nasceriam nem sob o seu domínio, nem sob o domínio
da Lua, ou seja, nem de dia, nem de noite, nem durante o mês, nem durante o
ano. O grande Thot, um dos seus amantes, soube disso e planejou um modo de ajuda-la.
Ele partiu a caminho da deusa da Lua, Selene, para a qual as horas do dia eram
bastante longas, com um jogo de tabuleiro que ele acabara de inventar. Thot
sugeriu a ela jogar com ele para passar o tempo, e a convenceu a apostar nesse
jogo a septuagésima segunda parte de um ano (360 : 72 = 5 dias ). Eles jogaram
durante todo o dia. Às vezes a sorte pendia para a deusa da Lua, e as vezes
para o inventor do jogo. Porém, ele não seria o grande Thot, ao qual os gregos
chamam de astuto, se, ao final desse jogo, ele não tivesse vencido com uma
grande jogada. Assim, ele tomou cinco dias da ingênua deusa da Lua, e correu
para o horizonte, desprendeu o laço do ano velho e colocou naquele lugar cinco
novos dias. Por eles não estarem nem sob o domínio do Sol nem da Lua, Nut pôde
dar a luz em cada um desses dias. Dessa maneira, o pecado (a consequência do
seu deslize) veio mesmo ao mundo. Porém, o lugar onde Thot cortou o laço do ano
velho, é o instante no qual a estrela cão, Sirius, é vista pela primeira vez no
ano. Desde aquele memorável jogo, o calendário passou a ter 365 dias. Contudo,
os cinco dias que Selene perdeu encurtaram o seu ano lunar para 354, pois ele é
contado em noites.”
Portanto, o 11 representa o tempo entre os anos. Esse é um
período de tempo fora do comum, como é conhecido em várias culturas, um tempo
ao avesso no qual as relações normais ficam de cabeça para baixo. Nesse tempo
entre os tempos, reina uma espécie de “anarquia ritualística”, na qual a pessoa
civilizada se permite esquecer de si mesma para reunir-se às forças anárquicas
das quais ela se originou. As festas Saturnálias dos romanos, nas quais o
senhor virava escravo e o escravo virava senhor, refletem esse mundo ao avesso
da mesma maneira que outros dias loucos. O que restou disso até os dias de hoje
foi o Carnaval, que na Alemanha começa no dia 11 do 11 às 11 horas e 11
minutos, e é dirigido por um grêmio de onze pessoas. Essa tradição remonta
11.11.1391. Depois de ter caído no esquecimento, ela foi reavivada no início do
século XIX. Todavia, naquela época atribuía-se ao 11 outro simbolismo. No
espírito da Revolução Francesa, que naquele tempo alastrava-se pela Europa, a
palavra ELF – o onze, na Alemanha – era interpretada como uma abreviatura da
famosa divisa: E = egalité (igualdade), L = Liberte (liberdade) e F =
fraternite (fraternidade). Mesmo não se tratando de uma interpretação de
simbolismo numérico, e interessante observar como esses temas refletem-se em Aquário,
o décimo primeiro signo do Zodíaco. Sendo o signo oposto a Leão, que
corresponde ao arquétipo do rei, Aquário personifica o seu alter ego e antagonista.
Nos primórdios das cortes reais, o Bobo da Corte era o único que podia dizer a
verdade ao rei. Com o advento da era moderna, o rebelde, o revolucionário, é
que passou a reclamar os direitos básicos democráticos.
No Tarô, a Força, a décima primeira carta dos Arcanos
Maiores, mostra a domesticação suave do leão. Por ele personificar o nosso lado
selvagem e com isso – na perspectiva da igreja – a natureza pecadora dos
homens, a ideia do 11 está bem representada nessa carta. No Tarô de Rider,
contudo a Força foi trocada pela Justiça e colocada no oitavo lugar, que tem
menos relação com o seu simbolismo numérico. Por outro lado, o oito deitado no
Tarô de Rider – que no Tarô de Marselha fica escondido por debaixo do chapéu –
mostra a união bem-sucedida, duradoura e harmônica do homem civilizado (mulher)
com a sua natureza animal (animal). Encontra-se ai também mais um significado
importante do 11, que deve fazer com que os amantes do futebol façam as pazes,
finalmente, com o simbolismo desse número, que é tão importante para eles. O 11
é considerado o número da maestria, demonstrado nessa carta pelo domínio das
forças instintivas de um modo magistral, que permite até que se conduza o leão
com uma coroa de flores.
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12 ) DOZE : O número perfeito =
Da mesma maneira que o 7 ( 3 + 4 ), o 12 ( 3 x 4 ) também é
um número ideal, produto do 3 divino e do 4 terreno, simbolizando, assim, um
outro limite de tempo divino na Terra. Nós o encontramos nos doze meses do ano,
nos doze signos do Zodíaco e nas duas vezes dose horas do dia e da noite. Como
um número sagrado, ele está duplicado nos 24 dias contados até o Natal, no
calendário do Advento, e nas Doze Noites Santas, que seguem a noite do dia 25
de dezembro até o dia de Reis. Que seja necessário uma dúzia (do latim duodecim
= doze), para que as coisas se tornem completas e que seja preciso contar até
12 para que se possa compreender o todo, se manifesta na língua alemã, e na
inglesa também, na particularidade de nessas línguas todos os números até 12
possuírem um nome próprio, enquanto os nomes dos números seguintes são compostos
por nomes dos outros números como drei-zehn (três-dez) ou thir-teen. O ciclo se
encerra com o 12 não apenas no sentido de tempo. Esse número representa o todo
também nas quantidades. Estamos acostumados a arredondar com o 10 para mais ou
para menos, quando fazemos contas, mas nos contos de fadas, mitos e lendas, o
12 é basicamente o número mais usado em arredondamentos. Como uma dúzia eles
personificam um grupo inteiro, como os doze caçadores, os doze irmãos ou as
doze fadas boas. Jasão pôs-se à procura do tosão de ouro juntamente com doze
argonautas. Nos Nibelungos, Siegfried segue com doze companheiros para Worms
para conquistar Kriemhild, e navega mais tarde doze dias e doze noites para a
Islândia, em uma disputa com Brünhilde. Sobre essa Valquíria poderosa dizia-se
que era capaz de arremessar uma pedra, que “doze homens carregavam com
dificuldade” a doze braças de distância. Na Távola Redonda de Arthur, o décimo
segundo lugar era mantido livre para o cavaleiro que encontrasse o Santo Graal.
Doze tábuas nos contam a Epopeia de Gilgamesh, o violento rei de Uruk, que
caminhou doze horas na escuridão até o fim do mundo, em sua busca pela
imortalidade, e depois, atravessou as águas da morte numa balsa feita de doze
varas em 120 horas duplas. As doze tarefas desse primeiro herói da mitologia
ocidental serviram de inspiração para os céleres doze trabalhos de Herácles
(Hércules), com os quais ele foi curado da loucura e alcançou a imortalidade. Esses
doze feitos, da matança do Leão até o sequestro do Cão do Inferno, já foram
diversas vezes interpretados como tarefas dos doze signos do Zodíaco. Na
geometria se conhece o dodecaedro, que é constituído por doze pentágonos
regulares. Pela simbologia do 5, o número do homem, sabemos que ele pode
corresponder tanto à natureza pecadora do homem (pentagrama com a ponta voltada
para baixo), quanto à nossa busca por algo elevado (pentagrama cm a ponta
voltada para cima). Por essa razão, há uma simbologia profunda na combinação
entre o 5 e o 12 no dodecaedro. Ele une o homem (5) com o espaço divino (12).
Salvador Dali expressou essa ideia na sua pintura da Última Ceia, que precede a
Salvação. Ela mostra os doze discípulos em primeiro plano – que representa este
mundo – enquanto Cristo, o mediador, ocupa o lugar na linha limite para o
espaço sagrado, para o qual ele abrirá passagem para a humanidade, por meio de
sua morte no dia seguinte. Do mesmo modo, encontramos o 12 perfeito no mundo
dos deuses gregos, como os doze Titãs nos primórdios dos tempos, no lugar dos
quais surgiram mais tarde, os doze deuses do Olimpo; e em Asgard, o céu dos
deuses germânicos, onde vivem e atuam doze Ases. O 12 possui um papel-chave
também na Bíblia, quando se trata de descrever um círculo completo, a
integridade. Nós conhecemos as doze tribos de Israel, os doze livros dos
profetas do Antigo Testamento, os doze discípulos, e os doze apóstolos. Mas
sobretudo o último livro da Bíblia, o Apocalipse de João, está repleto de
simbolismo numérico. Nele, o 12 é a medida da Nova Jerusalém, a morada dos que
serão salvos. Essa cidade de Deus foi construída sobre doze fundamentos, com
doze portas feitas de doze pérolas, que trazem o nome das doze tribos de Israel
e que são guardadas por doze anjos. Dessa maneira, não só o aspecto sagrado do
12, como também a ideia de um objetivo são expressos. Como o círculo se fecha
com o 12, esse número simboliza também o final feliz de uma longa viagem, da
meta alcançada. Na visão de João, caberá a 12 vezes 12 mil escolhidos viver
nessa cidade celestial no fim dos tempos. Enquanto a maior de todas as metas
não for atingida, o fim de um ciclo indica constantemente que um novo ciclo tem
de começar com o número 1, caso contrário, chegamos ao 13, ou seja, ao fim.
Para que essa passagem funcione, segundo os antigos, é necessário fazer um
sacrifício. Esse é o significado do 12 no Tarô, no qual ele é o número do
Pendurado. Essa carta simboliza um ponto morto, o ponto de parada no decorrer
de um movimento, que para ser superado precisa de um sacrifício, antes que um
novo ciclo possa iniciar-se. No final das contas, trata-se aqui da disposição
de sacrificar o próprio Eu, que é o tema da carta seguinte, A Morte. Na
Astrologia encontramos essa mesma ideia no signo de Peixes, o último do
Zodíaco. Ele corresponde ao final arquetípico do ano, que recomeça sempre com o
signo seguinte, Áries, o signo da primavera. A época de Peixes, o mês de março,
é o tempo da semeadura (no hemisfério Norte), na qual encontramos mais uma vez
o conceito relacionado ao número 12, pois, o grão que será semeado é aquele que
o povo não usou para se alimentar, e que será então sacrificado no colo da Mãe
Natureza, para que se possa gerar novos frutos. A décima segunda carta do tarô
evidencia ainda outra coisa. Enquanto o 1 e o 2 não se unem no 3, e permanecem
um ao lado do outro, como é claramente o caso do 12, o novo não pode surgir.
Enquanto isso perdura, oscilamos entre as polaridades do 1 e do 2, que
provavelmente vivenciamos como uma contradição torturante e insolúvel, por
querermos duas coisas ao mesmo tempo, as quais aparentemente se excluem uma a
outra. Quando nos encontramos num dilema entre a família e o trabalho, entre a
busca espiritual e a necessidade material, a liberdade e o aconchego, a razão e
o instinto, a coragem e a covardia, essa carta nos mostra, então, que a solução
não está em oscilar entre dois extremos, mas sim em buscar uma terceira
possibilidade, bem mais profunda. Nós temos consciência da tensão entre o 1 e o
2, que está evidentemente na superfície. Contudo, a verdadeira solução está
escondida no fundo, num terceiro lugar, o qual somente podemos encontrar quando
nos aprofundamos em nós mesmos, por meio desse conflito. Por essa razão, o
pendurado está preso de cabeça para baixo e, ao que parece, ele foi iluminado
(a auréola em volta de sua cabeça). No exemplo seguinte podemos ver com clareza
a importância desse passo no caminho para o autodesenvolvimento: estudos
psicológicos mostram que tendemos a assumir o modelo de casamento dos nossos
pais ou a fazer exatamente o contrário. Se os pais viviam brigando, é bem provável
que se faça o mesmo, ou então, que se faça de tudo para evitar brigas. As duas
possibilidades são relativamente fáceis, não se necessita de muita criatividade
e isso demonstra a dependência de um modelo. Mas para se conseguir uma forma de
relacionamento própria e madura, que corresponda às suas características
individuais, é necessário encontrar uma terceira forma e colocá-la em prática.
O mesmo vale para crenças religiosas ou políticas, com as quais crescemos.
Assumir as dos pais é quase tão fácil como colocar-se do lado contrário.
Contudo, encontrar no campo de tensão entre os dois polos as suas próprias
crenças, a sua religiosidade própria e dinâmica, e a sua própria verdade é o
passo decisivo; porém, é também o terceiro e difícil passo no caminho da
individuação.
Importantes Grupos de Doze=
Signos do Zodíaco: Áries ; Touro ; Gêmeos ; Câncer ; Leão ;
Virgem ; Libra ; Escorpião ; Sagitário ; Capricórnio ; Aquário ; Peixes
Apóstolos: Pedro ; André ; Tiago maior ; João ; Tomé ; Tiago
menor ; Filipe ; Bartolomeu ; Simão ; Mateus ; Judas Tadeu ; Matias
Tribos de Israel: Rúben ; Simeão ; Judá ; Issacar ; Zebulão
; Benjamin ; Dã ; Naftali ; Gade ; Aser ; Manasses ; Efraim
Deuses do Olimpo: Zeus/Júpiter ; Hera/Juno ; Posêidon/Netuno
; Deméter/Ceres ; Apolon/Apolo ; Artemis/Diana ; Ares/Marte ; Afrodite/Vênus ;
Hermes/Mercúrio ; Atenas/Minerva / Hefesto/Vulcano ; Héstia/Vesta
Cavaleiros da Távola Redonda: Lancelote ; Galahad ; Boors ;
Percival ; Gauvain ; Tristan ; Lamorak ; Tor ; Kay ; Gareth ; Bedivere ;
Mordred
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13 ) TREZE : O número tabu =
O 13 é tido como a dúzia do diabo e o número do azar. A
sexta-feira 13 é considerada simplesmente um dia ruim. Encontramos explicação
para essa má fase na Bíblia. Nela, o fim do mundo começa no capítulo 13 do
Apocalipse; sobretudo, também, Jesus era o décimo terceiro em meio aos seus
discípulos e morreu numa sexta-feira. Como por trás de todo tabu esconde-se
algo sagrado, encontramos também por trás desse número de azar desprezado um
significado profundo. Esse significado torna-se claro se imaginarmos o 12 como
uma roda com doze raios ilustrando o decorrer do ano no Zodíaco e os discípulos
de Jesus. O 13 seria, então, o centro, o ponto mais importante e que a tudo
une, o lugar que Cristo ocupa. Se esse ponto for percebido, compreendido e a
ele for dada a devida atenção, ele simboliza a força transformadora, que por meio
do sacrifício de um, possibilita a salvação do todo. Para isso é necessário
olhar para o centro de si mesmo e encarar a morte de maneira consciente. Na
medida em que nos afastamos da morte e a reprimimos, o 13 passa a ser um
símbolo de algo desagradável. Nós nos afastamos de nós mesmos e não olhamos
mais para o centro do círculo. Com isso, o número perde a sua força unificadora
e salvadora, o centro parte-se, e suas mil partículas parecem – em linguagem
figurativa – um holograma, repetido por toda parte como a posição extremamente
desagradável de décima terceira, na qual se encontram os infelizes e
rejeitados, os azarados e os menosprezados da sociedade. Certamente, eles
também se sacrificam involuntariamente pelo bem do todo, mas isso não é
compreendido nem por eles mesmos, nem pela sociedade, e muito menos
reconhecido, valorizado ou apreciado. Embora se afirme ocasionalmente que o
significado negativo do 13 tenha surgido apenas no século passado, existem
pistas do seu papel infausto desde a Antiguidade. Os babilônicos já chamavam o
décimo terceiro mês dos anos bissextos de “corvo de mau augúrio” e os chineses
o chamavam de “o senhor da aflição”. O 13 possui, também nos contos de fadas,
um significado de perigo: a intrusa décima terceira fada, ou a décima terceira
porta, que não deve ser aberta de maneira alguma. Também o fato de a décima
terceira carta dos Arcanos Maiores no Tarô ser A Morte, é um sinal de uma velha
ligação entre esses dois temas. E a sexta-feira? Esse dia é consagrado a Freya
ou, em sua correspondência romana, a Vênus. Por ambas serem personificações de
uma feminilidade prazerosa, a sexta-feira 13 era, certamente, um dia de alegria
nos tempos antigos, e somente depois, em culturas solares, passou a ser
difamado como um dia de azar. A partir daí, passou-se a não mais considerar
Cristo como o décimo terceiro no centro dos doze, mas a associar esse número
nocivo a Judas, o traidor, fato que, por sua vez, tem um interessante paralelo
no mundo dos deuses germânicos. Nele, o ladino Loki, o décimo terceiro deus,
traiu Baldur, o deus da primavera, levando-o à morte. As pesquisas sobre o
matriarcado partem do princípio de que 13 era inicialmente um número sagrado,
que somente depois do surgimento dos valores do patriarcado foi condenado,
difamado e temido. Uma confirmação disso são os indícios de que os antigos
calendários eram calendários lunares, segundo os quais, até os dias de hoje,
são calculadas a maioria das festas judaicas, cristãs e muçulmanas. No
calendário lunar, contudo, o ano possui treze meses, e no último deles o sol “morre”
no solstício de inverno. Em culturas que vivenciam o tempo de uma maneira cíclica,
no constante ciclo do nascimento e morte, isso não oferece nenhum problema,
pois o jovem Sol renasce no dia seguinte. A partir do momento em que a consciência
linear se impõe nas culturas patriarcais, onde há um começo e um fim absoluto,
esse final é, obviamente, vivenciado a cada vez como uma coisa terrível. E,
pelo fato de as culturas patriarcais preferirem o princípio constante do Sol à instável
Lua, a morte aparente do astro principal torna-se uma catástrofe. Com a
introdução do calendário solar, o 12 torna-se um número sagrado e o 13,
juntamente com todos os outros valores sagrados da antiga cultura, são
amaldiçoados. Isso se dá de maneira mais eficiente quando se passa a associar o
que era sagrado ao mau augúrio. Desde então, a Lua, a noite e o 13 formam o
grupo simbólico feminino reprimido, inconsciente e, não raras vezes,
amaldiçoado, enquanto a tríade masculina é composta pelo Sol, o dia e o 12. Que
o 13 desempenha um papel-chave como número mágico em círculos ocultos, e não
representa necessariamente um mau augúrio para os que o trazem consigo, pode
ser observado no emblema nacional dos Estados Unidos da América: o “Grande Selo”,
que pode ser visto em toda nota de 1 dólar. Ele mostra uma águia que com a sua garra
esquerda segura treze flechas e com a direita treze folhas, enquanto treze
estrelas brilham por sobre sua cabeça em forma de um pentagrama, e seu escudo é
ornamentado por treze listras. A pirâmide no lado de trás do Grande Selo possui
treze degraus. Supostamente, tudo isso tem relação com os treze estados
fundadores. Essa tentativa de explicação, contudo, não faz jus ao simbolismo maçônico.
Por ninguém mais querer ficar no décimo terceiro lugar, esse número é deixado
de fora até mesmo nos tempos esclarecidos de hoje. Hotéis não têm o décimo
terceiro quarto, muito menos o décimo terceiro andar; trens não têm o vagão número
13 e aviões não possuem fila de assentos com esse número. Somente quando se
trata de dinheiro é que a superstição atinge rapidamente um limite. Eu não
conheço ninguém que tenha se recusado a receber o seu décimo terceiro salário.
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14 ) QUATORZE : O número do auxílio, da bondade e da
misericórdia =
O número 14 é um símbolo do auxílio e da cura. Na mitologia
egípcia, já se contava que Ísis rejuntou o seu esposo que estava partido em
quatorze pedaços e o ressuscitou para uma nova vida com a força do seu amor.
Quatorze dias é uma noção de tempo que tem sua origem num mundo antigo, no qual
ainda se contava em noites, como podemos ver no seu correspondente em inglês “fortnight”.
São as quatorze noites que ajudam a Lua no decorrer da metade de um mês (do
calendário lunar) a chegar ao seu trono como Lua cheia. Certamente, por essa
razão, os antigos sumérios já diziam que era 14 o número dos ajudantes que
escoltavam Nergal, o deus do submundo, para o seu trono. Esse número simbólico
é, porém, muito mais conhecido por meio dos Quatorze Santos Auxiliadores, uma
ideia que surgiu no século XIV, uma época atormentada por guerras, crises e pragas.
Nessa época, surgiu primeiramente nas dioceses de Bamberg e Regensburg, a
imagem de quatorze santos que auxiliavam em todas as situações de aflição. Essa
crença espalhou-se rapidamente por todo o sul da Alemanha até a Hungria e a
Itália. Embora nem sempre fossem os mesmos quatorze santos, pois uma parte
deles era substituída por padroeiros locais, eles eram sempre quatorze. Eles
são conhecidos até hoje por causa das inúmeras igrejas, capelas e hospitais dos
“Quatorze Santos Auxiliadores”, mas sobretudo, por uma das mais esplendorosas
igrejas barrocas, a Basílica Vierzehnheiligen (dos Quatorze Santos) próxima a
Bamberg, construída por Balthasar Neumann.
O Tarô traz um anjo na décima quarta carta dos Arcanos
Maiores, que personifica a virtude cardeal, a Temperança. Ela representa a
mistura certa que efetua a cura, o meio certo que nos conduz ao nosso centro.
Este encontra-se no equilíbrio entre forças que atuam umas contra as outras,
como dentro e fora, a evolução e a involução. Assim como a Lua depois de
quatorze dias de crescimento volta a minguar, para depois, novamente voltar a
nascer e morrer, o anjo derrama nesse ponto de retorno o conteúdo de um cálice
para o outro. Vista sob um prisma arquétipo, reconhecemos nessa carta o anjo da
guarda e condutor das almas, que guia os homens por todas as passagens difíceis
para um novo nascimento, que é simbolizado pelo Sol no final do caminho. Como
trilha suntuosa, após diversos retornos finalmente conduz ao meio curador, o
caminho da vida mostra-se nos labirintos que existiam ou ainda podem ser
encontrados em muitas catedrais góticas. Na sua forma típica, como ainda pode
ser visto no chão da Catedral de Chartres: são duas vezes quatorze retornos que
conduzem o peregrino ao seu centro, no qual floresce uma rosa de seis pétalas. A
associação do 14 a um trajeto é familiar a todo católico devoto por meio das
quatorze estações do caminho das procissões ou da Via Crucis. Mas o 14 também
desempenha um papel importante como um espaço de tempo. No início do Novo
testamento, o evangelista Mateus relata a árvore genealógica de Jesus Cristo
três vezes quatorze gerações: de Abraão a Davi, de Davi até o cativeiro na
Babilônia, e do cativeiro na Babilônia até Jesus. Por isso, 14 é considerado o
número de Davi, assim como o número de Cristo. Na Basílica da Natividade, uma
estrela de quatorze pontas marca o lugar no qual, segundo relatos, Jesus
nasceu. Já no antigo Egito, o 14 possuía um simbolismo que fortalecia o Faraó.
Onde quer que ele aparecesse numa procissão, quatorze carregadores levavam
estandartes de seus quatorze antepassados, símbolos de suas almas imortais.
Esse costume não demonstrava apenas simbolicamente que os seus antepassados o
apoiavam, mas também, segundo o simbolismo desse número, que eles o haviam
ajudado a chegar até o trono. O simbolismo protetor e curativo do 14 é
certamente mais conhecido na benção da noite de uma oração para crianças que
diz: “...e à noite quando eu me deitar, quatorze anjinhos venham me rodear.”
Os Quatorze Santos Auxiliadores=
1 : Acácio ( chamado em momentos de medo mortal e dúvida )
2 : Egídio ( chamado para fazer uma boa confissão )
3 : Bárbara ( padroeira dos moribundos )
4 : Brás ( chamado contra males da garganta )
5 : Cristóvão ( chamado contra a morte inesperada )
6 : Ciríaco ( chamado contra contestação na hora da morte )
7 : Dionísio ( chamado contra problemas de dor de cabeça )
8 : Erasmo 9 chamado contra as dores do corpo )
9 : Eustáquio ( chamado em todas as situações difíceis na
vida )
10 : Jorge (chamado contra pragas dos animais domésticos )
11 : Catarina ( chamada contra os males da língua e
dificuldades da fala )
12 : Margarida ( padroeira das parturientes )
13 : Pantaleão ( padroeiro dos médicos )
14 : São Vito ( chamado contra a epilepsia )
As Quatorze Estações da Via Crucis=
1- Jesus é condenado à morte , 2- Jesus carrega a cruz nas
costas , 3-Jesus cai pela primeira vez , 4-Jesus encontra a sua mãe , 5- Simão
Cireneu ajuda Jesus a carregar a cruz , 6- Verônica enxuga o rosto de Jesus ,
7- Jesus cai pela segunda vez , 8- Jesus encontra as mulheres de Jerusalém , 9-
Jesus cai pela terceira vez , 10- Jesus é despojado de suas vestes , 11-Jesus é
crucificado , 12-Jesus morre na cruz , 13-Jesus é retirado da cruz e colocado
no colo de sua mãe , 14- O corpo de Jesus é sepultado
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15 ) QUINZE : O número da Lua cheia =
O 15 é o número da Lua cheia, pois em um mês sinódico de 29
dias, no décimo quinto dia é Lua cheia. Em culturas antigas e matriarcais, que
concediam à Lua a maior honraria, o ápice de sua floração e brilho era um bom
motivo para se comemorar, talvez até um dia sagrado, e o 15, um número sagrado.
Assim, ele era considerado na Suméria e na Babilônia o número da deusa do amor
e rainha dos céus, Inanna (Ishtar). Na medida em que os valores solares
emergentes suplantaram os lunares, antes sagrados, todos os atributos da noite
foram taxados de nebulosos e nocivos, e o maior corpo celestial foi maldito. Por
isso, não nos surpreende encontrar no Tarô o 15 como o número do Diabo. Ele
também representa o número de desejos pecaminosos da carne que Paulo enumerou
em sua carta aos gálatas (Gal. 5:19-21). Uma interpretação esclarecedora vê na
famosa Tabuada da Bruxa de Goethe (Fausto I, Cozinha da Bruxa), que está no
Museu de Fausto em Knittlingen, instruções para se formar um quadrado mágico
com esse número 15 demoníaco na soma transversal. Pelo fato de o 15 ser a soma
dos cinco primeiros números ( 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 ), e ser assim um “grande
cinco”, não surpreende que ele assuma também a ambivalência do número 5. Assim
como a estrela de cinco pontas pode representar tanto algo bom quanto ruim, o
15 possui também um polo claro e um escuro. O lado claro desse número simboliza
que se alcançou o ponto máximo, que se escalou um pico. Assim, a décima quinta
estação da Via Sacra é a ressurreição, para qual não se precisa de nenhuma
ilustração. O caminho para o Templo de Jerusalém passava por quinze degraus.
Cada degrau correspondia a um dos quinze salmos dos degraus ou ascensão (salmos
120-134), que os devotos cantavam ao subir degrau por degrau em sua peregrinação
para Jerusalém. Esse simbolismo torna-se mais evidente no caminho de Maria para
o templo. Segundo o Evangelho apócrifo de Tiago, Maria foi levada ao templo por
seus pais Joaquim e Ana quando tinha 3 anos, e lá permaneceu durante nove anos
até o seu noivado com José. Nas pinturas sacras existem inúmeras ilustrações
sobre esse tema, que mostram como a pequena Maria subiu os quinze degraus do
templo para se dedicar à grande tarefa que tinha pela frente. Ao subir esses
degraus ela se torna, de certa maneira, a Lua cheia, o símbolo da mulher e mãe
totalmente desabrochada, pois, como Mãe de Deus, ela mesma passa a ser mais
tarde um emblema do templo (Mãe Igreja), que traz o Divino para o mundo. Por
Maria reunir em si, sob diversos aspectos, o simbolismo lunar das grandes
rainhas celestes dos tempos antigos, não é de se estranhar que o número da Lua
cheia esteja relacionado com essa consagração. Como 3 x 5 = 14, também faz a
ligação entre o 3 divino e o 5, o número dos homens. Essa ligação encontra-se
nos quinze mistérios do rosário, que o fiel reza dez vezes, e que o faz
recordar os 150 salmos. A maturidade que a Lua cheia atinge no décimo quinto
dia, assim como o fato de ela depois minguar e desaparecer, é evocada no conto
de fadas “A Bela Adormecida”, que no seu aniversário de 15 anos encontra a
chave para a porta proibida. Contudo, passam-se cem anos até que a Bela Adormecida
seja beijada e acorde. A Lua, entretanto, surge novamente já no décimo sétimo
dia depois da Lua cheia.
A Tabuada da Bruxa =
Um quadrado com 3 x 3 campos possui 9 lugares que são
preenchidos dessa forma:
1 / 2 / 2
4 / 5 / 6
7 / 8 / 9
Precisareis entender! Do um, dez fareis,
( O campo 1 vira 10 e o 1 desaparece.)
10 / 2 / 3
4 / 5 / 6
7 / 8 / 9
O dois deixareis, o três igualareis, e assim já sois rico.
( O 2 passa para o campo seguinte, assim como o 3. Eles empurram
consigo todos os outros números. )
10 / - / 2
3 / 4 / 5
6 / 7 / 8
Lançar quatro fora!
( O campo 4 agora também está vazio. )
10 / - / 2
3 / - / 5
6 / 7 / 8
Dos cinco e dos seis assim diz a bruxa, sete e oito fareis,
( 5 e 6 são substituídos por 7 e 8 )
10 / - / 2
3 / - / 7
8 / - / -
E assim está encerrada: E os nove são um, e os dez são
nenhum.
( O 1 vai para o nono campo, e o 10 é cortado. )
- / - / 2
3 / - / 7
8 / 1 / -
Essa é a tabuada da bruxa!
( Com o “valioso” conhecimento, que o 15 é a soma de cada
linha, pode-se facilmente completar os números que foram “perdidos”. )
4 / 9 / 2
3 / 5 / 7
8 / 1 / 6
A soma de qualquer coluna, também de qualquer fileira e
qualquer diagonal completa é sempre 15.
( A soma dos números 10, 2 e 3 resulta em 15, informação
valiosa, por esse ser o número do quadrado mágico. )
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16 ) DEZESSEIS : O número da divisão sutil ou da
fragmentação =
Dezesseis é o número da perfeição, pois ele reflete a sutil
estrutura da realidade. Segundo ensinamentos da Antiguidade, toda a criação foi
formada pelos quatro elementos: fogo, terra, ar e água, que se subdividem em dezesseis
subelementos. Como o fogo do fogo, água do fogo, ar do fogo, terra do fogo, e
assim por diante, eles desempenham um papel importante sobretudo no conceito de
mundo da magia e foram introduzidos no Tarô por Aleister Crowley. Em suas
cartas, A Carruagem, em cujo dossel pode-se ler o famoso Abracadabra, é puxada
por quatro esfinges singulares. A esfinge clássica tem a cabeça de um homem, as
asas de uma águia, o corpo de um touro, e a cauda e as patas de um leão.
Contudo, nesses animais que puxam a carruagem, as “peças elementares” foram
trocadas entre si, como em um quebra-cabeças de empurrar as peças, mostrando as
dezesseis possibilidades com as quais os quatro elementos se deixam combinar.
As dezesseis Cartas da Corte, que simbolizam pessoas no Tarô de Crowley, são
também categorizadas segundo esse princípio. Nelas, o cavaleiro de Bastões
representa o fogo do fogo, e é, assim, a representação da forma mais pura da
energia do fogo; a Rainha dos Bastões, por sua vez, simboliza a água do fogo; o
Príncipe, o ar do fogo; e a Princesa, a terra do fogo. As energias mais puras
são personificadas por conseguinte pela Rainha de Copas (água da água),
Príncipe de Espadas (ar do ar) e a Princesa de Discos (terra da terra). Quando
equiparamos fogo com vontade, água com sentimentos, ar com pensamento e terra
com sensualidade, obtemos dezesseis nuances.
Cavaleiro = Bastões (Fogo do Fogo , Vontade Pura) ; Copas
(Fogo da Água , Sentimentos acentuados pela vontade) ; Espadas (Fogo do Ar ,
Pensamento acentuado pela vontade) ; Discos (Fogo da Terra , Sensualidade
acentuada pela vontade)
Rainha = Bastões (Água do Fogo , Vontade acentuada pelos
sentimentos) ; Copas (Água da Água , Puros sentimentos) ; Espadas (Água do Ar ,
Pensamento acentuado pelos sentimentos) ; Discos (Água da Terra , Sensualidade
acentuada pelos sentimentos)
Príncipe = Bastões (Ar do Fogo , Vontade acentuada pela
razão) ; Copas (Ar da Água , Sentimentos assinalados pela razão) ; Espadas (Ar
do Ar , Pura razão) ; Discos (Ar da Terra , Sensualidade pura)
Princesa = Bastões (Terra do Fogo , Vontade com um toque de
sensualidade) ; Copas (Terra da Água , Sentimentos com um toque de sensualidade)
; Espadas (Terra do Ar , Pensamento com um toque de sensualidade) ; Discos
(Terra da Terra , Sensualidade pura)
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17 ) DEZESSETE : O número da nova esperança =
No fim do seu ciclo, a meia-lua minguante pode ser vista uma
última vez, ao leste, um pouco antes do nascer do Sol. Depois, seguem-se três
noites sem Lua, antes de a fina meia-lua crescente surgir novamente no horizonte
oeste anunciando o início de uma nova fase. Esse fenômeno foi evidentemente o
exemplo celeste para os rituais de nascimento e morte das religiões de
mistérios, nas quais a ressurreição sempre ocorre no terceiro dia. Nós
encontramos esse mesmo tema também em histórias que nos relatam viagens de três
dias pela escuridão. Assim, a deusa suméria Inanna desceu ao submundo por três
dias e três noites para encontrar-se com sua irmã das trevas, a deusa da morte
Ereschkigal; a nona praga trouxe três dias de escuridão sobre o Egito (Êxodo
10:21); Jonas foi engolido pela baleia para depois de três dias e três noites
ser cuspido para fora (Jonas 2:1); por meio do que aconteceu em Damasco, Saulo
tornou-se Paulo, depois de três dias de cegueira (Ap 9:1-29), e a Bíblia relata
que Cristo ressuscitou dos mortos ao terceiro dia. Contando a partir da última
Lua cheia, o quarto crescente da próxima Lua nova surge no décimo sétimo dia,
passando a ser um símbolo de uma nova esperança e um novo futuro. A luz no fim
do túnel, ou a fonte da juventude são analogias a esse número, que também
anunciou o fim da mais terrível das enchentes: como consta na Bíblia, a arca de
Noé parou no Monte Ararat no décimo sétimo dia do sétimo mês do dilúvio. O
número 17 também representa o instante em que a Fênix ressuscita das cinzas. Levando
em consideração que no simbolismo ocidental o pavão corresponde à Fênix,
compreendemos por que numa representação de um pavão da idade Média a sua cauda
possui dezessete penas e olhos.
A décima sétima carta do Tarô, A Estrela, mostra a água da
vida, da qual podemos tirar esperança de um futuro novo e feliz, juntamente com
outros símbolos que indicam o futuro. Diz-se que a estrela principal de oito
pontas, no meio das outras sete menores, representa Sofia, cercada pelas sete
colunas da sabedoria. Naturalmente, as estrelas representam também o olhar para
o futuro que a Astrologia nos possibilita e, do mesmo modo, como uma
estrela-guia, nos proporciona orientação, objetivos e visões. O mesmo vale para
o pássaro que vemos na árvore. Entre os deuses e deusas da Antiguidade, aqueles
que podiam enxergar o futuro eram acompanhados por um pássaro. Eles eram: Íbis,
equivalente a Thot, o deus egípcio da sabedoria; Hugin e Munin, os corvos que
acompanhavam o germânico Odin; e os grous que eram considerados sagrados por
Apolo, o senhor do famoso Oráculo de Delfos. Nós encontramos esse número cósmico
em uma das construções mais famosas do mundo, o Templo Partenon na Acrópole em
Atenas. Olhando o templo de lado, vemos dezessete colunas e de frente vemos
oito. Dessa maneira, esse templo consagrado à padroeira da cidade, Palas Atena,
reúne o número da justiça (8) ao número da visão e da ordem cósmica (17). Nós
encontramos o dezessete como semente do novo também na história da vida de
Jesus. O último relato sobre a sua infância nos Evangelhos é de quando ele
entra no templo aos 12 anos; depois disso, ele somente volta a ser citado
dezessete anos mais tarde no seu batismo no Rio Jordão, que é o início da sua
atuação. Também o milagre de Pentecostes, com o qual o Cristianismo começa a se
expandir, foi testemunhado, segundo a Bíblia, por pessoas de dezessete povos.
Como símbolo de esperança também encontramos esse número oculto no Santo
Rosário completo, onde a Ave Maria é rezada 153 vezes, sendo 153 a soma dos
números de 1 até 17, e também nove vezes 17.
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18 ) DEZOITO : O número da escuridão e do limiar para a luz
=
O 18 é um número ambivalente, cujos significados claros e
sombrios possuem uma equivalência celestial. A cada 180 dias, aproximadamente,
ocorre um solstício seguinte, no início da metade escura. A ambivalência
mostra-se também no fato de 18 ser o resultado de 3 x 6. Isso o torna um
símbolo na forma tríplice da estrela de seis pontas, mas, por outro lado, nos
lembra também do tríplice seis, o número da Besta do Apocalipse, 666, cuja soma
transversal resulta em 18. Na
Antiguidade, o 18 era considerado sagrado e representava a totalidade. Os
celtas, por exemplo, tinham um alfabeto de dezoito runas, formado por treze
consoantes e cinco vogais. Esses caracteres não eram “meras” letras, mas sim
caracteres sagrados –hiero (=sagrados) –glifos (= caracteres). Portanto, a sua
quantidade não foi determinada aleatoriamente, tampouco por razões funcionais,
mas sim muito bem calculada. Essas dezoito runas personificavam a totalidade
sagrada não apenas como peças da linguagem, mas serviam ao mesmo tempo como um
calendário das árvores. As treze consoantes representavam os cinco marcos no
decorrer do ano solar: o dia mais longo, o dia mais curto, os dois dias de
equinócio e o dia do ano-novo, dia em que o Sol renascia. Cada runa
correspondia a uma árvore, cujo nome começava com essa runa, representando uma
consoante e um mês, ou uma vogal e um dia. As runas, propriamente, eram esculpidas
apenas em galhos (“Stäbchen” em alemão) da madeira da faia (“Buche” em alemão),
que juntas formaram a palavra “Buchenstäbchen” – galhos de faia. Que mais tarde
passaram a ser chamados de “Buchstaben”, que significa “letras” em alemão. Os
druidas celtas atribuíam a esses hieróglifos poderes mágicos, por isso as runas
eram usadas originalmente como oráculo. Com essa finalidade os druidas jogavam
as runas e liam, então seu significado isolado. Dessa leitura dos galhos de
faia, desenvolveu-se o que hoje é a leitura das letras. Os germânicos diziam
que o seu deus da sabedoria, Odin, sabia dezoito coisas. Segundo a tradição,
Odin descobriu as dezoito runas depois de ter ficado pendurado por nove dias na
árvore do mundo, Yggdrasil. O número 9 é conhecido como um típico número
iniciático mas ele é também 3 x 3, o número sagrado da tríplice Deusa da Lua e
isso vale também para o 18, como 9 duplo. Diante do seu forte simbolismo
matriarcal-lunar, não é de surpreender que o 18 também apreça relacionado a
Maria. Conta-se que ela apareceu dezoito vezes em Lourdes em 1858, e segundo as
visões da Irmã Maria de Agreda, dezoito serafins cercaram Maria na sua
Assunção. Esses anjos do supremo amor divino a carregam desde então em algumas
pinturas na sua Assunção ao Paraíso. O 18 desempenha também um papel importante
nos ritos iniciáticos de sociedades secretas, como pode ser visto na “Flauta
Mágica” de Mozart, que é notoriamente repleta de símbolos maçônicos. Nessa
opera, o misterioso mágico Sarastro canta dezoito vezes, e o seu nome é
pronunciado e cantado também dezoito vezes, e o seu nome é pronunciado e
cantado também dezoito vezes. Como sumo sacerdote, ele é cercado por dezoito
iniciados, que, em três grupos de seis formam um triângulo, enquanto cantam o
coro número 18 “Oh, Ísis e Osíris”. O lado escuro do dezoito aparece
relacionado sobretudo com todos os eclipses solar e lunar, que se repetem a
cada dezoito anos na mesma sequência. Os sacerdotes que estudavam as estrelas
previam os eclipses com a ajuda de círculos de pedras, como o Stonehenge. Esse
fenômeno, que foi descoberto pelos caldeus há cinco mil anos, é chamado de
Séries de Saros (do babilônio “sar” = universo, repetição), ou também de
Período Caldeu. Depois de uma Série de Saros de dezoito anos, onze dias sete
horas e 42 minutos (= 6585 1/3 dias) todos os eclipses repetem-se na mesma
sequência. Contudo, eles não são exatamente idênticos, apenas se parecem, pois
não acontecem no mesmo local, e sim movem-se um pouco mais adiante a cada vez.
É necessário que passem de 1200 a 1400 anos para que um eclipse ocorra
exatamente no mesmo local. Esse intervalo de tempo completo é chamado de Ciclo
de Saros. Na mística numérica cristã, o 18 representa tanto o tempo de
sofrimento quanto a cura, pois o evangelho de Lucas conta como Jesus curou uma
mulher de sua paralisia, que já durava dezoito anos. De um certo modo, esse
simbolismo reflete-se no tarô. Nele, a Lua, a décima oitava carta dos Arcanos
Maiores, representa o limiar atrás do qual podemos encontrar a meta, a luz e a
cura. O caminho até lá equivale a uma trilha na beira do abismo, que tanto pode
dar certo como contém o perigo do fracasso.
O Alfabeto Celta da Árvore=
Runa B = Nome: Beth / Árvore Correspondente: Bétula / Época
do ano correspondente: de 24.12 até 20.01
Runa L = Nome: Luis / Árvore Correspondente: Tramazeira /
Época do ano correspondente: de 21.01 até 17.02
Runa N = Nome: Nion / Árvore Correspondente: Freixo / Época
do ano correspondente: de 18.02 até 17.03
Runa F = Nome: Fearn / Árvore Correspondente: Amieiro /
Época do ano correspondente: de 18.03 até 14.04
Runa S = Nome: Saille / Árvore Correspondente: Salgueiro /
Época do ano correspondente: de 15.04 até 12.05
Runa H = Nome: Uath / Árvore Correspondente: Piriteiro /
Época do ano correspondente: de 13.05 até 09.06
Runa D = Nome: Duir / Árvore Correspondente: Carvalho /
Época do ano correspondente: de 10.06 até 07.07
Runa T = Nome: Tinne / Árvore Correspondente: Azevinho /
Época do ano correspondente: de 08.07 até 04.08
Runa C = Nome: Coll / Árvore Correspondente: Aveleira /
Época do ano correspondente: de 05.08 até 01.09
Runa M = Nome: Muin / Árvore Correspondente: Videira / Época
do ano correspondente: de 02.09 até 29.09
Runa G = Nome: Gort / Árvore Correspondente: Hera / Época do
ano correspondente: de 30.09 até 27.10
Runa NG = Nome: Ngetal / Árvore Correspondente: Junco /
Época do ano correspondente: de 28.10 até 24.11
Runa R = Nome: Ruis / Árvore Correspondente: Sabugueiro /
Época do ano correspondente: de 25.11 até 22.12
Runa A = Nome: Ailm / Árvore Correspondente: Abeto / Época
do ano correspondente: 21.12
Runa O = Nome: Onn / Árvore Correspondente: Tojo / Época do
ano correspondente: 21.03
Runa U = Nome: Ura / Árvore Correspondente: Urze / Época do
ano correspondente: 21.06
Runa E = Nome: Eadha / Árvore Correspondente: Choupo / Época
do ano correspondente: 23.09
Runa I = Nome: Idho / Árvore Correspondente: Teixo / Época
do ano correspondente: Noite do solstício de inverno.
As runas também servem de calendário.
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19 ) DEZENOVE : O número áureo =
Desde o ano 325, todo o mundo cristão celebra a Páscoa no
domingo seguinte à primeira Lua cheia de primavera. Se na ocasião do primeiro
Concílio Ecumênico de Niceia, as partes que discutiam o assunto já tiveram
dificuldade em tomar uma resolução, o cálculo exato dessa data teria causado
muito mais dores de cabeça em um mundo sem calculadoras ou computadores, pois,
como se sabe, o ciclo lunar não corresponde exatamente ao decorrer do ano
solar. Contudo, por sorte, o matemático e astrônomo grego, Meton, já havia
feito, muito antes, uma descoberta importante. Em 342 a.C ele descobriu que 235
meses lunares correspondem exatamente a dezenove anos. Por essa razão, depois
de dezenove anos todas as fases lunares caem exatamente no mesmo dia do nosso
calendário. Se, por exemplo, em um ano o dia 1° de janeiro tiver Lua cheia,
então, dezenove anos depois será assim também. Por isso, se diz que o 19° é o
número do sol vitorioso, pois, depois desse intervalo de tempo, a Lua se “submete”
à ordem solar. O intervalo de tempo de dezenove anos é chamado de ciclo
Metônico, em homenagem ao seu descobridor. O 19 é a base do calendário judaico,
e tornou-se o número áureo no cálculo da festa da Páscoa cristã. Para isso
divide-se o número do ano, cuja festa da Páscoa se queira encontrar por 19, e
encontra-se então a primeira Lua cheia da primavera no ano com base nesse
resultado e a ajuda de tabelas. O ciclo metônico corresponde astrologicamente
ao movimento do eixo dos nódulos lunares, que dá uma volta completa pelo
horóscopo no decorrer de dezenove anos, dividindo a nossa vida em quatro fases:
a alvorada, a manhã, a tarde e a noite. O 19 aparece, sobretudo no Islã, nas
posições e lugares mais sagrados. Dezenove portais conduzem ao pátio interno
que cerca a Caaba. A famosa Mesquita de Córdoba, que já foi a segunda maior do
mundo, também possui dezenove portais de entrada. Um arco de dezenove partes
com imagens da Árvore da Vida, fica na entrada do Mihrab, o nicho de oração
octogonal que simboliza a presença do profeta Maomé, e o Mimbar, o púlpito do
Imã, tem dezenove degraus. O Alcorão sagrado compreende 114 Suras ( = 6 x 19 )
; todas começam com a introdução “Em nome de deus (Alá), O Clemente, O
Misericordioso”, que em árabe possui dezenove caracteres (Bismillahir Rahmanir
Rahim). Alá é mencionado 2.698 vezes no Alcorão, quer dizer, 142 x 19. E na
Sura 74, verso 30, está escrito (a depender da tradução): “sobre ele/eles”, ou “acima
são dezenove”, ou também “dezenove foram colocados sobre eles”. Talvez, trate-se, nessa frase, que é
considerada muito difícil de ser interpretada, de uma analogia ao significado
cósmico do 19. Assim como o ano tem doze meses e a semana sete dias, nos céus
existem doze signos e sete planetas. Por essa razão, na Idade Média, via-se a
soma dezenove um símbolo de totalidade cósmica.
No Tarô, o cosmos e o número áureo são mostrados na décima
nona carta, O Sol. Essa carta representa, sobretudo no baralho de Aleister
Crowley, no qual o simbolismo alquímico desempenha um papel importante, a
grande obra bem-sucedida, o ouro alquímico e, no plano humano, a totalidade
alcançada. Enquanto o Sol gira e passa seus raios pelos signos do Zodíaco, as
duas crianças flutuam em direção ao cume da experiência mística da totalidade,
que se encontra dentro dos muros do paraíso, que não podem ser ultrapassados
pela consciência polarizada. 19 x 19 resulta em 361, um número a mais do que os
360 graus do círculo. O um seria, então, símbolo do impulso criador divino, o
ponto no seu centro, como o símbolo do Sol é conhecido na Astrologia. Com tanta
coisa boa associada a esse número, não é de surpreender que o simbolismo do 19
também possua um polo contrário. Algumas pessoas veem nele o número da
imperfeição, aquele ao qual algo falta, o divino que conduz à salvação, que por
sua vez é simbolizado pelo 20.
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20 ) VINTE : O número da lei e da misericórdia =
O 20 é considerado o número gêmeo do 10 e o seu complemento
no simbolismo numérico. Ele é o símbolo da união deste mundo com o além, já que
ele complementa o 10, que representa a criação (a Árvore Sephirótica), com o
mundo paralelo invisível, a realidade por trás da realidade. Como produto de 5
x 4 = 20, ele é, além disso, um símbolo da lei e da misericórdia. Nesse caso, o
5 representa o Velho Testamento, que começa com os cinco livros de Moisés,
aquele que, com os Dez Mandamentos, mantiveram a lei da Antiga Aliança. O 4
simboliza, por sua vez, o Novo testamento, no qual os quatro Evangelhos
iniciais anunciam a mensagem da misericórdia. A interpretação relatada nos
quatro Evangelhos que o homem peca com seus cinco sentidos, podendo ser apenas
redimido pela história da salvação, também contribuiu para tornar o 20 o número
da salvação. Esse significado já existia na antiga Israel. Como a Bíblia relata,
o Templo de Salomão tinha três vezes 20 côvados de comprimento e 20 côvados de
largura. Na sua frente encontrava-se o altar dos sacrifícios de 20 côvados de
largura e comprimento, e o Santo dos Santos era uma sala no Templo, que tinha
20 côvados de comprimento, 20 de largura e 20 de altura. Dentro dela era
guardada a Arca da Aliança, com as tábuas dos Dez Mandamentos e também um pote
com maná e o cajado de Aarão. Sobre a Arca, dois enormes querubins a guardavam,
cujas asas tinham uma envergadura de 20 côvados. Apenas uma pessoa podia
entrar, uma vez ao ano, nessa sala sagrada. No dia da Expiação (Yom Kippur em
hebraico) o Sumo Sacerdote de Israel transpunha o véu e derramava o sangue de
um carneiro sacrificado por sobre a Arca. Dessa maneira já se tinha aqui uma
ligação entre a lei (os Dez Mandamentos dentro da Arca), e a misericórdia, que
era dada ao povo em forma de perdão e reconciliação.
A vigésima carta dos Arcanos Maiores no Tarô é um símbolo de
misericórdia e salvação. Ela mostra a ressurreição dos mortos no Juízo Final. A
bandeira da ressurreição, na trombeta do Arcanjo Gabriel, também anuncia o fim
da Quaresma, e a chegada da hora da salvação. Sob o prisma do simbolismo
numérico, também é interessante observar que em representações mais antigas do
Tarô havia nessa carta três pessoas que ressuscitavam de um túmulo quadrado. Dessa
maneira, o divino (o número 3) é liberado do terreno (o número 4), como no
final dos contos de fadas, onde o príncipe ou a princesa é libertado da sua
forma encantada. Mesmo com a duplicação desse simbolismo no Tarô de Rider, onde
agora se veem dois grupos de três pessoas, esse significado original de
salvação é mantido. O sistema decimal, amplamente difundido entre nós, surgiu
por fazermos contas com os dez dedos. Somados aos dez dedos dos pés, temos
vinte como medida do homem – medida essa bastante difundida nos tempos antigos.
Os maias e outras culturas antigas da Mesoamérica, faziam contas com um sistema
numérico vigesimal. Em algumas línguas europeias, também existem referências ao
vinte como medida. Não é somente no francês que o número 80 é formado por 4 x
20 (quatre-vingts), também no gaulês e no dinamarquês encontramos essa forma de
expressão. Os bascos fazem contas até hoje com um sistema vigesimal. No inglês
existe uma palavra empregada especialmente para designar o vinte: “score”.
Carlos Magno instituiu um sistema monetário que foi empregado durante toda a
Idade Mádia, no qual uma libra valia 20 sólidos (francês sous ; inglês
shilling) ou 240 denários, um sistema que foi substituído na Inglaterra, pelo
decimal apenas no ano de 1971.
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21 ) VINTE E UM : O número da integridade =
O 21 simboliza a perfeição, a plenitude e a totalidade
maior. Associamos esse número sobretudo à maioridade tradicional. No Tarô, ele
é o maior dos Arcanos Maiores, pois a vigésima segunda carta, O Louco, não tem
normalmente uma numeração, ou então, tem a cifra zero. As 21 cartas numeradas
são consideradas símbolos do caminho de vida dos homens, e a vigésima primeira
estação representa o alvo que se quer atingir. Na vivência exterior ela
representa o lugar ao qual pertencemos, que é o nosso verdadeiro lar. Como
experiência íntima, ela representa a totalidade, a meta no processo de
individualização, como C.G, Jung chamou o caminho para a autorrealização. Em
vista dessa riqueza de significados, seria de esperar uma quantidade grande de
analogias ao 21, mas há apenas algumas poucas. Se o 7, como soma do 3 divino e
do 4 terreno, já era um símbolo da totalidade, principalmente de uma parte de
um caminho, de um completo intervalo de tempo, o 21, sendo 3 x 7, é um símbolo
da totalidade maior. Da mesma maneira, como é necessário dizer algo três vezes
nos contos de fadas para que esse algo valha, o 21, sendo 3 x 7, representa
três vezes a totalidade, o que poderia ser chamado de “totalmente completo”. A
totalidade como fruto do processo de individuação pode ser vista também no
casamento sagrado, o arquétipo da união madura e bem-sucedida do interior de um
homem e uma mulher. Para os alquimistas, o hermafrodita era o símbolo dessa
união perfeita que o número 21 espelha, pois, visualmente, o 2 feminino está do
lado esquerdo – o lado feminino -, à mesma altura e ao lado do 1 masculino, que
está do lado direito – o lado masculino -, ambos unidos na totalidade maior do
21. A união bem-sucedida já foi tema da estrela de seis pontas e, com isso, do
número 6. Como soma dos seis primeiros números ( 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21 ),
e também de todos os lados de um dado numérico, o 21 simboliza, por sua vez, a
união, porém em um plano maior, mais abrangente e mais elevado. A Bíblia
menciona esse número em apenas um contexto importante. No livro da Sabedoria
(7:22:23) são enumerados 21 atributos da sabedoria: espírito inteligente ;
santo ; único ; múltiplo ; sutil ; ágil ; perspicaz ; sem mancha ; límpido ;
invulnerável ; amante do bem ; penetrante ; incoercível ; benfazejo ; amigo dos
homens ; constante ; seguro ; sem inquietações ; que tudo pode ; que tudo
supervisiona ; que penetra todos os espíritos. Aquele que interioriza esses 21
atributos atinge, certamente, a maioridade no plano espiritual.
22 ) VINTE E DOIS : O número dos caminhos =
O número 22 é um número significativo sobretudo no Judaísmo.
A Bíblia dos hebreus consiste em 22 livros que, como o Velho testamento, são o
início da Bíblia cristã. A Menorá, o candelabro de sete braços, é adornado
desde os tempos de Moisés por 22 flores de amendoeira. Segundo a tradição
judaica, houve 22 gerações de Adão a Jacó, o patriarca das doze tribos de
Israel. O alfabeto hebraico consiste em 22 letras que também podem ser lidas
como números e, além disso, possuem um valor simbólico próprio. Elas são
consideradas elementos constitutivos do universo. Essas 22 letras correspondem
a 22 caminhos, que ligam as dez Sephiroth (centros de força divina) na Árvore
da Vida da Cabala. Vinte e dois também é a quantidade de cartas dos Arcanos
Maiores do Tarô, que descrevem o caminho da vida do homem em três vezes sete
fazes. Vinte e dois dividido por sete é igual a Pi, o número misterioso que na
matemática é tido como irracional e transcendente 3,1415926535..., a chave para
o cálculo do círculo. O círculo ou o zero são, por sua vez, o símbolo do Louco,
a vigésima segunda carta, que se encontra no início e no fim desse caminho.
OUTROS NÚMEROS ENTRE 24 E 1001
24 ) VINTE E QUATRO =
É um símbolo da totalidade, por ser o número das horas do
dia, dias dúzias, e a quantidade de dias do calendário do Advento. Pelo fato de
o alfabeto grego possuir 24 letras, os pitagóricos já enxergavam nesse número
um símbolo da plenitude. Também o ouro puro possui 24 quilates.
25 ) VINTE E CINCO =
É um número significativo no mundo da magia, por ser a soma
dos primeiros cinco números masculinos 1 + 3 + 5 + 7 + 9, e também o quadrado
do número do pentagrama, o cinco ( 5 x 5 ).
26 ) VINTE E SEIS =
Valor numérico do Tetragramaton, as quatro consoantes com as
quais o nome de Deus, em hebraico, Jeová, ou Javé é escrito: JHVH
27 ) VINTE E SETE =
Número lunar, pois a Lua percorre o Zodíaco em pouco mais de
27 dias. Por 3 ser o número sagrado da tríplice Deusa da Lua, 3 x 3 x 3 = 27 é
considerado, naturalmente, também sagrado.
28 ) VINTE E OITO =
Número do ciclo e da perfeição. Quantidade das falanges dos
dedos de ambas as mãos. Quantidade das estações da Lua, que completa o seu
ciclo no vigésimo oitavo dia, da mesma maneira que o ciclo menstrual, que tem,
em média, 28 dias. Por essa razão, esse número é também um símbolo de um longo
caminho que conduz de volta ao princípio. Assim, a Bíblia narra as 28 estações
dos judeus no seu caminho do Egito para o Sinai; e na Catedral de Freiburg, 28
figuras simbolizam o caminho para Deus. 28 também é a soma dos sete primeiros
números ( 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 ) e é considerado, juntamente com o 6, o
segundo número perfeito, por ele ser o resultado da soma dos números pelos
quais ele pode ser dividido sem deixar resto: 1 – 2 – 4 – 7 – 14. Na Idade Média,
os números 6 e 28 eram considerados elementos constitutivos do universo. A
Terra foi criada em seis dias, e a Lua circunda a Terra em 28 dias. Por esses
números serem tão perfeitos, na opinião do filósofo e teólogo da Igreja,
Agostinho, eles não precisaram ser criados por Deus, e puderam ser usados
diretamente. Os gregos conheciam outros dois números perfeitos: 496 e 8.128. O
quinto, e até agora o último, foi descoberto apenas na Idade Moderna:
33.550.336.
32 ) TRINTA E DOIS =
Número perfeito na Cabala, que é o resultado da soma das Dez
Sephiroth e dos 22 caminhos da Árvore da Vida. É a quantidade de das peças do
xadrez, e das cartas do Skat e de outros jogos.
33 ) TRINTA E TRÊS =
É um símbolo da perfeição por ser o número dos anos de vida
de Jesus. Segundo os relatos dos evangelistas, é também a quantidade dos
milagres que Jesus realizou. Por esse motivo, Antonio Gaudí colocou um quadrado
mágico com a soma 33 junto à escultura do beijo de Judas na Catedral da Sagrada
Família em Barcelona.
1 / 14 / 14 / 4
11 / 7 / 6 / 9
8 / 10 / 10 / 5
13 / 2 / 3 / 15
Na mística bizantina existe uma escada mística com 33
degraus, que vão da Terra para o Céu, e na Maçonaria existem 33 graus
iniciáticos. Diz-se que eles estão representados por 33 figuras de pedra na
Catedral de Metz.
40 ) QUARENTA =
Limite de tempo significativo. Soma das 28 estações da Lua e
dos doze signos zodiacais. A chuva que caiu durante quarenta dias e noites
trouxe o dilúvio. Segundo a mitologia hebraica, Deus abriu as comportas do céu,
tirando uma das Plêiades do firmamento como se fosse uma tampa. Certamente,
essa imagem surgiu originalmente do fato de a constelação das Plêiades “desaparecer”
dos céus do Oriente próximo anualmente durante quarenta dias e nessa época
chover fortemente. A partir dessa descoberta, quarenta passa a ser o número da
fuga, do refúgio, o número da expectativa, do jejum e da preparação. O povo de
Israel peregrinou quarenta anos pelo deserto. Moisés esperou quarenta dias no
Monte Sinai pelos Dez Mandamentos, e Elias viajou durante quarenta dias para o
Monte Horebe. Jesus jejuou quarenta dias no deserto; ficou quarenta horas
sepultado, e entre a sua ressurreição e a sua ascensão passaram-se quarenta
dias. O luto em algumas sociedades demora quarenta dias, e também o tempo de
limpeza, a quarentena, que vem do quarenta (40) italiano. Diz-se que Deus
amassou a lama da qual ele criou Adão durante quarenta dias. Quarenta também é
um número muito usado no mundo islâmico para arredondar quantias, conhecido
entre nós por meio de “Ali Babá e os Quarenta Ladrões”.
49 ) QUARENTA E NOVA =
Número da conclusão: 7 x 7. Pentecostes é celebrado 49 dias
depois da Páscoa. A palavra Pentecostes vem do grego, Pentekoste, que significa
cinquenta, pois na antiguidade um intervalo de tempo incluía também o primeiro
e o último dias.
50 ) CINQUENTA =
O número do júbilo. Símbolo do descanso de Deus, 7 x 7 + 1,
o grande sabá da criação. Na antiga Israel, a cada cinquenta anos era festejado
o ano jubilar, no qual não se semeava nem se fazia colheita, e era iniciado com
o toque de uma trombeta de chifre de carneiro. Nesses anos especiais, os
escravos recebiam a liberdade, as dívidas eram perdoadas e as terras
restituídas aos seus proprietários originais.
52 ) CINQUENTA E DOIS =
Quantidade de semanas de um ano.
60 ) SESSENTA =
O número sagrado dos babilônicos, que até hoje é a base do
cálculo do círculo (360°) e das horas (60 segundos e minutos).
64 ) SESSENTA E QUATRO =
Número da sorte e da totalidade, conhecido sobretudo na Ásia,
8 x 8. O tabuleiro de xadrez, originário da Índia, tem 64 casas e o Kamasutra
mostra 64 posições. O I Ching é constituído por 64 hexagramas, que correspondem
às 64 possibilidades de combinações dos tripletos, as menores unidades do
código genético que formam o nosso DNA.
66 ) SESSENTA E SEIS =
A soma de 1 a 11. O valor numérico árabe para o nome de
Deus: “Alá”.
70 ) SETENTA =
Número usado na Bíblia para arredondar, por ser igual a dez
vezes o sete sagrado. Intervalo de tempo simbólico para a duração de uma vida.
Também é o número da dignidade, pois o Sinédrio era constituído por setenta
membros dignos.
72 ) SETENTA E DOIS =
Número do nome Divino. A Cabala ensina que o nome de Deus
tem 72 letras ou Deus tem 72 nomes, que dão nome aos 72 anjos. Segundo a
Bíblia, esse também era a quantidade dos povos e línguas do mundo, na época em
que foi escrita. A cada 72 anos o Zodíaco Sideral desloca-se um grau
(precessão0.
78 ) SETENTA E OITO =
Soma de todos os números de 1 a 12. Por doze simbolizar a
totalidade, a soma de suas partes representa o “grande doze”, e com isso a
totalidade maior. O 78 tem o mesmo significado por ser a soma de todas as
cartas do Tarô.
114 ) CENTO E QUATORZE =
6 x 19. Resultado da multiplicação do 6 perfeito pelo 19,
número rico em simbolismo, sobretudo no Islamismo. Quantidade das Suras no
Alcorão. O Evangelho gnóstico de Tomé compreende 114 ditos ou ensinamentos de
Jesus (Logia).
144 ) CENTO E QUARENTA E QUATRO =
12 x 12 chamado no alemão de a “dúzia gorda”. A palavra grosa
(doze dúzias) para uma quantidade de 144 unidades, originou-se da expressão
francesa “la grosse douzaine”. Segundo o Apocalipse, essa é a medida dos muros
de Jerusalém celeste, e 144 mil é a quantidade dos que serão eleitos e salvos.
Com isso, é um símbolo da perfeição e estabilidade.
153 ) CENTO E CINQUENTA E TRÊS =
Número do Papa, pois, segundo a Bíblia (Jo 21:11), Pedro, o
primeiro Papa, pescou 153 peixes. O 153 é profundamente ligado ao 17, o número
da nova esperança, pois ele é tanto o resultado de 9 x 17, como também a soma
de todos os números de 1 a 17. Além disso, ele é a soma dos números cúbicos de
suas partes = 1³ + 5³ + 3³ = 1 x 1 x 1 + 5 x 5 x 5 + 3 x 3 x 3 = 153
354 ) TREZENTOS E CINQUENTA E QUATRO =
Quantidade dos dias de um ano lunar.
666 ) SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS =
Esse número é um enigma de quase dois mil anos, e até os
dias de hoje ainda não foi desvendado satisfatoriamente. Desde que João, o
evangelista, escreveu a sua dramática visão do fim do mundo iminente, por volta
do fim do primeiro século, esse número tornou-se a própria representação do
mal. No Apocalipse, o último livro da Bíblia, está escrito que ele é o símbolo
da Besta, do Anticristo, que irá tiranizar s homens com o seu reinado de horror
no final dos tempos. Desde então, não existiu mais nenhuma geração no ocidente
cristão que não tenha encontrado a sua interpretação convincente e inequívoca
desse número, uma vez que na Bíblia está escrito que esse é o número do nome de
uma pessoa. Em todas as épocas esse número foi associado ao conceito vigente do
que seria o inimigo: aos imperadores romanos, principalmente Nero e Calígula;
aos Papas malquistos e naturalmente também a Maomé, Martinho Lutero e,
obviamente, Hitler. E o que não faltam são novas interpretações. Certamente,
nos últimos tempos, ele já deve ter sido associado a Osama Bin Laden. Já existe
também um livro que aponta a Internet como a verdadeira obra do diabo, pois
supostamente, por trás da abreviatura “www” esconde-se, nada mais, nada menos,
que o número 666. Quem procura o mal dessa maneira geralmente não se incomoda
se o resultado não se encaixa perfeitamente. Com um pouco de imaginação, ele
tem sido até agora constantemente adaptado. Para atribuir o número a Hitler,
por exemplo, é necessário pegar as letras na sequência do nosso alfabeto
atribuindo o valor 100 à primeira letra: a = 100 , b = 101, c = 102, etc. Desse
modo, obtém-se H = 107 , I = 108, T = 119, L = 111, E = 104, R = 117 e
obviamente, o resultado da soma desses números é 666. Algumas pessoas quiseram
deduzir até o momento do fim do mundo baseado nesse número. Contudo, tivemos a
sorte de sobreviver sem maiores danos ao ano de 1998, apesar de esse número ser
o resultado de 3 x 666, mesmo sabendo que algo passa a valer quando o dizemos
ou fazemos três vezes. Essa máxima, que conhecemos dos contos de fadas, nos
fornece uma explicação simples sobre o misterioso número 666. Se o seis é
considerado mau, então três vezes seis é evidentemente maligno, e por assim
dizer, profundamente nocivo. Existem, naturalmente, diversas interpretações
interessantes sobre esse número, mesmo que sejam especulações. Uma delas diz
respeito a um quadrado mágico muito apreciado, tanto na Antiguidade, quanto
depois, na Renascença. Trata-se de fileiras de números que possuem sempre o
mesmo resultado, tanto na horizontal quanto na vertical.
6 / 32 / 3 / 34 / 35 / 1 = 111
7 / 11 / 27 / 28 / 8/ 30 = 111
24 / 14 / 16 / 15 / 23 / 19 = 111
13 / 20 / 22 / 21 / 17 / 18 = 111
25 / 29 / 10 / 9 / 26 / 12 = 111
36 / 5 / 33 / 4 / 2 / 31 = 111
== 666
Como a soma de todas as fileiras desse quadrado resulta em
três números 1, via-se nele, na Antiguidade, um símbolo do Sol. Ele era também
um símbolo do culto de Mitras, um culto de mistério muito popular entre os
soldados romanos. Como a soma dos resultados de todas as fileiras do quadrado
resulta em 666, João, ao anunciar a sua visão apocalíptica, pode ter tido em
mente esse culto, que era uma forte corrente religiosa, comparada com o jovem Cristianismo.
E dessa maneira, então, ele teria difamado a “concorrência”.
888 ) OITOCENTOS E OITENTA E OITO =
Valor numérico da palavra grega para Jesus: Iota = 10, Eta =
8, Sigma = 200, Omikron = 70, Ypsilon = 400, Sigma = 200. Já que o 8 é,
notoriamente, um número de Cristo, o 8 triplo é considerado também,
naturalmente, um símbolo seu.
1000 ) MIL =
Número simbólico de uma longa duração, uma pequena
eternidade ou uma quantidade incontável, como, por exemplo, o reino de mil anos
no nazismo, que na verdade durou “apenas” doze anos. Na verdade, essa figura de
linguagem tem origem no Apocalipse. Nesse último livro da Bíblia, João descreve
a sua visão de um reino de mil anos, que estará livre do todo o mal.
1001 ) MIL E UM =
Número do infinito. Se 1000 já é uma eternidade, o 1001
simboliza o incomensurável, como a eternidade e mais um dia.
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SIGNIFICADO DOS NÚMEROS NO EGITO ANTIGO (Do Livro:
COSMOLOGIA EGÍPCIA – O UNIVERSO ANIMADO , De: Moustafa Gadalla ; Editora MADRAS)
1 = Para os egípcios, Um não é um número, mas a essência do princípio fundamental do número, e todos os outros números são feitos a partir dele. Plutarco observou que Um não é um número ímpar quando escreveu que três é o primeiro número ímpar perfeito. O Um representa a unidade: o Absoluto como energia não polarizada. O Um não é ímpar nem par, mas ambos, pois se somado a um número ímpar, transforma-se em par, e vice-versa. Por isso ele combina os opostos, par e ímpar, e todos os outros opostos do Universo. A unidade é uma consciência perfeita, eterna e não-diferenciada.
2 = A Natureza Dualística – Para os antigos egípcios, o estado da pré-criação é formado por quatro pares de gêmeos primitivos de gênero dualista.
Os egípcios viam o Universo como um dualismo entre Maat- Verdade e Ordem – e a desordem, Amen-Renef convocou o Cosmo a partir do caos não-diferenciado ao distinguir ambos, dando voz ao ideal da Verdade. Maat, como visto aqui, é normalmente retratado no formato duplo – Maat.
O princípio dualista no estado da criação foi expresso pelo par Shu e Tefnut. O par formado por marido e mulher é o modo egípcio característico de expressar a dualidade e a polaridade. Esta natureza dualista manifestava-se nos textos e tradições do Antigo Egito, conforme mostram as descobertas arqueológicas. Mesmo os textos mais antigos do Antigo Reinado, conhecidos como “Textos das Pirâmides 1652”, expressam a natureza dualista: “ e cuspiste como Shu e cuspiste como Tefnut.”
Outra forma de expressar a intenção da natureza dualista está presente no texto do Antigo Egito conhecido como “Papiro de Bremner-Rhind”: “Fui anterior aos Dois Anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os Dois Anteriores que criei, visto que meu nome é anterior ao deles, porque criei-os antes dos Dois Anteriores.”
Neheb Kau – que significa o provedor das formas/atributos – era o nome dado à serpente que representa a primordial no Antigo Egito, Neheb Kau é retratado como uma serpente de duas cabeças, indicando a natureza dualista espiral do Universo.
O faraó egípcio sempre era chamado de “Senhor das Duas Terras”. Isso pode ser tanto por causa do Alto e Baixo Egito, quanto por causa da crença dos antigos egípcios em que um gêmeo idêntico de cada um vive também em outro lugar, e ambos passam por experiências semelhantes, até que se reúnem no momento da morte. Os Enumeradores Egípcios Baladi, em suas lamentações, depois da morte de uma pessoa, descrevem como o falecido é preparado para unir-se ao seu sósia (*do sexo oposto), como se fosse uma cerimônia de casamento.
O ciclo perpétuo da existência – o de vida e de morte – é simbolizado por Ra (Re) e Ausar (Osíris). Ra é o neter vivo que desce à morte para tornar-se Ausar (Osíris) – o neter dos mortos. Ausar ascende e volta à vida como Ra. No Mundo dos Mortos, as almas de Ausar e Ra encontram-se, e unem-se para formar uma entidade, descrita eloquentemente no Papiro de Ani: “Sou suas Duas Almas em Seus Gêmeos”
Os eternos opostos, Set (Seth) e Heru (Hórus), têm papeis semelhantes nas representações de ritos simbólicos relacionados à cerimonia da “União das Duas Terras”, retratados nos relevos das pedras em Lisht, perto de Men-Nefer (Mênfis). O simbolismo é poderoso, pois os dois opostos são o Um em um estado polarizado, no qual Set personifica o desejo não desenvolvido e Heru, o desejo em desenvolvimento.
Tanto Heru (Hórus) quanto Tehuti (Toth) são mostrados em diversas ilustrações nos templos do Antigo Egito realizando a simbólica “União das Duas Terras”. Heru personifica a consciência, a mente, o intelecto e é identificado com o coração, Tehuti personifica a manifestação e a entrega e é identificado com a língua. Pensamos com o coração e agimos com a língua. Essas exigências complementares foram descritas na Estela de Shabaka (716-701 a.C): “O Coração pensa em que desejas e a Língua realiza o que desejas.”
Um dos títulos do rei egípcio era “Senhor da Diadema do Abutre e da Serpente”. O diadema é o símbolo terreno do homem divino, o rei, e é formado pela serpente (símbolo da função intelectual divina) e o abutre (símbolo da função reconciliatória). A serpente representa o intelecto, a facilidade, por meio da qual o homem divide o todo em partes constitutivas, como a serpente que engole a presa inteira, e faz a digestão ao dividi-la em partes digeríveis. O homem divino consegue distinguir e reconciliar. Já que essas duas forças dualistas residem no cérebro dele, o formato do corpo da serpente (no diadema) segue as suturas fisiológicas do cérebro, onde essas faculdades especificamente humanas se encontram. Esta função dualista do cérebro é vivida em ambos os lados. A parte do diadema que fica no meio da testa representa o terceiro olho, com todas as suas faculdades intelectuais.
3 = A Triangulação da Criação - O papel metafísico do Três era reconhecido no Antigo Egito, pois cada unidade é uma força tripla e tem a natureza dupla. Isto era eloquentemente ilustrado em seus textos e tradições, onde o neter (deus) autoconcebido, Atum, cuspiu Shu e Tefnut, colocou seus braços ao redor deles e seu ka os penetrou, para tornar-se Um novamente. É o Três que é Dois que é Um. Esta ação deu origem à Primeira Trindade, a primeira fundação, o que está claro no Papiro Bremner-Rhind: “Depois de me tornar um neter (deus), havia (então) três neteru (deuses) além de mim (isto é, Atum, Shu e Tefnut)”.
Nos textos do Antigo Egito, Shu e Tefnut são descritos como os ancestrais de todos os neteru (deuses/deusas) que conceberam todos os seres do Universo. Esse triângulo formado por Atum-Shu-Tefnut possibilitou um relacionamento contínuo entre o Criador e tudo o que foi subsequentemente criado. O conceito de trindade no Antigo Egito também é encontrado nos seguintes exemplos:
A estrofe 300 do Papiro de Lenden menciona a unidade em um Ser dos três princípios, Amen, Ra e Ptah, dizendo: “Todos os neteru são três: Amen, Ra e Ptah.... seu nome secreto é Amen. Ra pertence a ele como seu rosto e Ptah é seu corpo.”
Um exemplo claro de uma Santíssima Trindade.
Outros exemplos comuns das tríades no Antigo Egito incluem:
Amen – Mut – Khonsu
Ausar (Osíris) – Auset (Ísis) – Heru (Hórus)
Ptah – Sekhmet – Nefertum
Ptah – Sokar – Ausar (Osíris)
O santuário triplo é a atração principal na maioria dos templos egípcios, para guardar o poder triplo (três neteru) de cada templo.
Cada pequena localidade do Antigo Egito tinha sua própria tríade de neteru, isto é, uma fundação identificável. Estas tríades locais não entravam em conflito entre si – eram as fundações metafísicas de cada localidade.
Para os antigos egípcios, as Tríades/Trios/Trindades/Triângulos são uma e a mesma. Não havia diferenças funcionais entre triângulos geométricos, tríades musicais u entre as muitas trindades do Antigo Egito. O exemplo mais claro foi explicado por Plutarco com relação ao triângulo 3:4:5, na Moralia, vol. V: “Os egípcios têm em grande honra o mais bonito dos triângulos, já que admiram a natureza do Universo mais próxima a ele...”
Em outras palavras, as diferentes formas dos triângulos representam as diferentes naturezas do Universo.
4 = A Estabilidade do Quatro - Quatro é o número que simboliza a solidez e a estabilidade. O significado do número 4 é mostrado nos seguintes exemplos:
Os textos egípcios afirmam que o caos anterior à Criação possuía características que se identificam com quatro pares de forças/poderes primordiais. Cada par representa os gêmeos primitivos de gênero dualistas – o aspecto masculino/feminino. Os quatro pares equivalem às quatro forças do Universo (a força fraca, a força forte, a gravidade e o eletromagnetismo).
Os antigos egípcios possuíam quatro centros de ensino cosmológico principais: Onnu (Heliópolis), Men-Nefer (Mênfis), Ta-Apet (Tebas) e Khmunu (Hermópolis). Cada centro revelava uma das principais fases ou aspectos da gênese.
Os quatro pares anteriores à Criação são um tema constante nestes quatro centros.
Atualmente o Egito possui quatro Modos de Ensino Sufi que foram criados no século XI EC, para manter as tradições do Antigo Egito sob a lei islâmica.
Os egípcios utilizavam os quatro fenômenos simples (fogo, ar, terra e água) para descrever os papéis funcionais dos quatro elementos necessários à matéria. A água é a soma – o princípio que compõe o fogo, a terra e o ar. A água também é uma subtância acima das outras.
Estes conceitos foram expressos nos textos do Antigo Egito como Nu/Nun, a água (líquido) primitiva que contém todos os elementos do Universo. Em Moralia, vol. V, Plutarco confirmou: “Pois a natureza da água, sendo a fonte e origem de todas as coisas, criou, a partir de si mesma, três substâncias materiais primevos: terra, ar e fogo.”
A estrofe 40 do Papiro Leiden introduziu a “Criação” falando sobre o Artesão Divino do Universo, simbolizando Ptah, O Manifestador das Formas.
O pilar Tet (Djed), símbolo da criação, é composto por quatro elementos.
Outros exemplos incluem: os quatro filhos do neter (deus) Geb (a terra), os quatro pontos cardeais, as quatro regiões do céu, os quatro pilares do céu (apoio material do reino do espírito), os quatro filhos de Herus, os quatro vasos canopos, nos quais os quatro órgãos eram depositados após a morte.
5 = A Quinta Estrela – O significado e a função do número cinco no Antigo Egito é indicado pela forma na qual era escrito, como dois sobre três, ou como a estrela de cinco pontas. Em outras palavras, o número cinco é o resultado da relação entre o número 2 e o número 3. O Dois simboliza o poder da multiciplicidade, o feminino, o receptor, mutável, enquanto que o Três simboliza o masculino. Esta era a “música das esferas”, as harmonias universais representadas entre os dois símbolos primitivos universais masculino e feminino, Ausar (Osíris) e Auset (ísis), cujo casamento sagrado gerou o filho, Heru (Hórus). Em Moralia, vol. V, Plutarco confirmou este conhecimento egípcio: Três (Osíris) é o primeiro número ímpar perfeito; quatro é um quadrado, cujo lado é o número par dois (ísis), porém, de certa forma, o cinco (Hórus) é como seu pai e de outra forma, sua mãe, pois é feito de dois e três. E panta (tudo) é derivado de pente (cinco) e falam em contar numerando de cinco em cinco.”
O cinco incorpora os princípios da polaridade (II) e da reconciliação (III). Todos os fenômenos, sem exceção, são polares por natureza, triplo por princípio. Portanto o cinco é a chave para a compreensão do Universo manifesto, segundo Plutarco sobre o pensamento egípcio:
“E panta (tudo) é derivado de penta (cinco).”
As estrofes 50 e 500 do Papiro Leiden começam com a palavra dua, que significa, ao mesmo tempo, “cinco” e “adorar”, e são formadas por cânticos de adoração exaltando as maravilhas da Criação.
No Antigo Egito, o símbolo da estrela era desenhado com cinco pontas e representava tanto o destino quanto o número cinco. As estrelas de cinco pontas são os lares das almas que se foram bem-sucedidas, como mencionado nos “Textos Funerários de Unas (conhecidos como textos das Pirâmides), linha 904: “seja uma alma como uma estrela viva...”
Heru (Hórus) é a personificação de objetivo de todos os ensinamentos iniciais e, portanto, está associado ao número cinco, pois é o quinto, depois de Ausar, Auset, Set e Nebt-Het. Heru também é o número cinco no triângulo retângulo 3:4:5, como confirmado por Plutarco.
6 = O Sexto Cúbico – A estrofe 6 do Papiro Leiden é a primeira que permaneceu intacta da série de unidades dos números 1-9. Devido às seis direções, seis é o número do espaço, volume e tempo por excelência e, sendo assim, essa estrofe fala de todas as regiões sob o domínio de Amen-Ra. Seis é o número cósmico do mundo material e, por isso, os egípcios o escolheram para simbolizar tanto o tempo quanto o espaço. O tempo e o espaço são dois lados da mesma moeda, que é perfeitamente representada na ciência da astronomia e em sua aplicação – a astrologia. Atualmente, os cientistas, concordam que há uma conexão próxima entre tempo e espaço – tão próxima que a existência de um sem o outro é impossível.
Tempo – Para o Antigo Egito todas as coisas relacionadas à contagem de tempo eram e são baseadas no número seis, ou seus múltiplos. O dia completo era/é formado por 24 (6x4) horas, sendo 12 (2x6) horas diurnas e 12 (2x6) horas noturnas. A hora era/é formada por 60 (6x10) minutos, e o minuto é formado por 60 (6x10) segundos. O mês tem 30 (6x5) dias. O ano tem 12 (2x6) meses. O Grande Ano Zodiacal contem 12 Eras Zodiacais (signos).
Espaço (volume) – para defini-lo são necessárias seis direções: acima e abaixo, anterior e posterior e esquerda e direita. O cubo, a figura perfeita de seis lados, era usado no Egito para simbolizar o espaço (volume).
Os egípcios eram muito conscientes da estrutura, em forma de caixa, que é o modelo da terra ou do mundo material. O formato das esculturas chamadas de estátuas de cubo prevalece desde o Médio Reinado (2040-1783 a.C), onde o ser integrava-se à forma cúbica da pedra. Nestas estátuas cúbicas há uma forte sensação de que o ser emerge da prisão do cubo e seu significado simbólico é que o princípio espiritual emerge do mundo material. A pessoa terrena é inequivocadamente posicionada na existência material.
A pessoa divina é retratada sentada em um cubo, ou seja, mente sobre matéria.
Outras tradições, como a Platônica ou a Pitagórica, adotaram o mesmo conceito da representação cúbica egípcia do mundo material.
Portanto, o simbolismo de “ampliar os horizontes” ou “ver além daquilo que lhe é apresentado” (nas performances teatrais) é, originalmente egípcia.
7 = O Sete Cíclico – O significado e a função do número7 no Antigo Egito são demonstrados através do modo pelo qual o número era escrito. O 7 significava a união entre espírito (Três) e matéria (Quatro). Umas das formas que tradicionalmente expressam o significado do 7 é a pirâmide, que combina a base quadrada, simbolizando os quatro elementos, e os lados triangulares, que simbolizam os três tipos do espírito.
No processo de Criação, Ausar (Osíris) é o sétimo: Nun, Atum, Shu, Tefnut, Geb, Nut e Ausar. Ausar é o primeiro a nascer da união entre céu (Nut) e terra (Geb), isto é, da união entre espírito (Nut) e matéria (Geb). Por esta razão, Ausar está associado ao número 7 e seus múltiplos. Sete é o número do processo, do crescimento e dos aspectos cíclicos básicos do Universo. Sete elementos, normalmente, formam um conjunto completo – os sete dias da semana, as sete cores do espectro, as sete notas da escala musical, etc. As células do corpo humano são totalmente renovadas a cada sete anos.
A íntima relação entre Ausar e o 7 é refletida em alguns exemplos do templo de Ausar em Abtu (Abidos):
É o único templo com sete capelas. Existem sete formas espirituais de Ausar. Existem sete barcos de Ausar. 42 (7x6) é o número de assessores/jurados no Dia do Juízo, que é presidido por Ausar.
42 (7x6) é o número de passos necessários para se entrar no templo.
O pilar de Tet (Djed), que é o símbolo sagrado de Ausar, tem 7 degraus, o que lembra a doutrina dos chakras do sistema de yoga kundalini da Índia. Os chakras são pontos centrais da estrutura psicofísica do homem que correspondem aos 7 pontos constituintes, junto com a ligação que os une, a chamada espinha humana.
Os 7 centros de Tet representam os 7 degraus metafóricos da escada que leva da matéria ao espírito. Já que o homem é um microcosmo do padrão cósmico, Tet representa um microcosmo da cosmologia universal.
É difícil separar o número 7 e Ausar, e o 7 marca o fim de um ciclo.
8 = A Oitava – O 7 marca o fim de um ciclo e o oito, o início de um novo ciclo – uma oitava.
Os antigos egípcios e os Baladi acreditam que o Universo é composto por nove mundos (sete céus e duas terras/solos). Nossa existência terrena ocorre no oitavo mundo (a primeira terra/solo).
No número 8, encontramos o ser humano sendo criado à imagem de Deus, o Primeiro Princípio. Nossa existência terrena no oitavo mundo é uma réplica, e não uma duplicação – uma oitava. A oitava é o estado futuro do passado. A continuidade da criação é uma série de réplicas – oitavas.
No Egito, o conhecido texto “Sarcofago de Petamon” (Museu do Cairo, item 1160) afirma: “Sou o Um que se transforma em Dois, que se transforma em Quatro, que se transforma em Oito, e então sou o Um novamente.”
Esta nova unidade (Um novamente) não é idêntica, mas análoga à primeira unidade (Sou o Um). A antiga unidade não existe mais, e uma nova unidade ocupa seu lugar: “O Rei está morto, vida longa ao Rei.” É uma renovação da auto-réplica. Para provar o princípio da auto-réplica, são necessários 8 termos.
Musicalmente, o tema de renovação de 8 termos corresponde à oitava, pois atravessa os 8 intervalos da escala (as 8 teclas brancas do teclado). Por exemplo, uma oitava pode ser dois Dós sucessivos em uma escala musical, Oito é o número de Tehuti e, Khmunu (Hermópolis), Tehuti (Hérmes para os gregos e Mercúrio para os romanos) é chamado de “Senhor da Cidade do Oito”. Tehuti dá ao homem acesso aos mistérios do mundo, que eram simbolizados pelo número 8. A manifestação da Criação surgiu através da palavra (ondas sonoras) de Ra por Tehuti.
A estrofe 80 do Papiro de Leiden retrata a criação de acordo com o que é contado em Khmunu (Hermópolis), mencionando a Octóade – o Oito Primordial – que era formado pela primeira metamorfose de Amen-Ra, o misterioso, o escondido, que era conhecido em Men-Nefer (Mênfis) como Ta-Tenen e em Ta-Apet (Tebas) como Ka-Mut-f, mas que permanecia sendo o Um.
Portanto, a manifestação da Criação em oito termos está presente nos quatro centros cosmológicos do Antigo Egito.
Em Men-Nefer (Mênfis), Ptah, em suas 8 formas, criou o Universo.
Em Onnum *Heliópolis), Atum criou os 8 seres divinos.
Em Khmunu (Hermópolis), 9 neteru primitivos – a Octóade – criaram o Universo. Eram a personificação das águas primitivos.
Em Ta-Apet (Tebas), Amun/Aman/Amen depois de criar a si mesmo em segredo, criou a Octóade.
A manifestação da Criação através de 8 termos também reflete-se no processo místico de enquadrar o círculo.
9 = A Grande Enéade, os Nove Círculos – A propriadamente, a nona estrofe do papiro de Leiden do Antigo Egito fala sobre a Grande Enéade – as nove primeiras entidades que surgiram a partir de Nun.
O primeiro na Grande Enéade é Atum, que surgiu a partir de Nun – o oceano cósmico. Atum cuspiu os gêmeos Shu e Tefnut, que deram à luz Nut e Geb, cuja união produziu Ausar (Osíris), Auset (ísis), set (Seth) e Nebt-Het (Néftis).
Os nove aspectos da Grande Enéade emanam, e estão incunscritos, no Absoluto. Não são uma sequência, mas uma unidade – interpenetrando, interagindo e encadeada. São a origem de toda a criação, simbolizada por Heru (Hórius), que, de acordo com a estrofe 50 do Papiro de Leiden, é: “o resultado da unidade-vezes-nove dos neteru.”
Já que o ser humano é uma réplica do Universo, uma criança humana normalmente é concebida, formada, e nasce em nove meses. O número 9 marca o fim da gestação e o fim de cada série de números.
Heru (Hórus) também é associado ao número 5. Cinco é o número dos sólidos cósmicos (poliedros): tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro e icosaedro, que são formados em 9 círculos concêntricos, em que cada sólido toca na esfera que circunscreve o sólido seguinte. Estes nove círculos representam os nove – a unidade da Grande Enéade, a origem de toda a criação representada por estes sólidos cósmicos.
Na “Litania de Ra”, Ra é descrito como “Aquele com o Gato e O Grande Gato”. Os nove mundos do Universo manifestam-se no gato, pois o mesmo termo em egípcio antigo, b.st, representa tanto o gato como a Grande Enéade (que significa a unidade-vezes-nove). Esta relação acabou sendo transportada para a cultura Ocidental, na qual se diz que o “gato tem nove vidas”. Os antigos egípcios e os Baladi adoram o Gato e o que ele representa.
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