segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Numerologia:


Do Livro : SIMBOLISMO E O SIGNIFICADO DOS NÚMEROS , De: Hajo Banzhaf (EDITORA PENSAMENTO )


0 ) ZERO : O Número da totalidade primordial, da unidade universal =

Se o compreendermos simbolicamente, apenas como número, ele não é particularmente muito antigo. Ele era desconhecido no Ocidente até o apogeu da Idade Média. Não existe zero em algarismos romanos. Esse símbolo que representa o “nada” teve origem na Índia, chegou à Europa há uns mil anos, e foi encarado, a princípio, com muita desconfiança, crítica e relutância. O seu nome vem do latim nulla figura que significa nenhum sinal. Ninguém queria fazer contas com esse “nada” e houve empenho, até por parte da igreja, para proibir completamente o uso do zero. Mas, no final das contas, ele se impôs por uma questão pragmática, pois com ele podiam-se fazer contas com mais facilidade. Contudo, mesmo sendo um número relativamente novo, o seu símbolo, o círculo, é um dos símbolos mais antigos da humanidade. O círculo é um símbolo que, juntamente com a cruz, o quadrado, o triangulo e a estrela de seis pontas, é conhecido pela humanidade desde os primórdios dos tempos. Ele simboliza o um primordial, a totalidade pré-consciente, a abrangência. Sempre que os mitos procuram palavras para descrever o estado antes do princípio, são usadas as mesmas imagens: a roda, a gruta, o colo, o ovo, o círculo. Esse estado original, esse potencial, no qual tudo ainda está indiferenciado e adormecido, contudo pronto para tornar-se algo, é simbolizado pelo círculo. Para que as possibilidades contidas nele possam vir à tona é necessário que ele se rompa. Por isso, é comum, nos mitos de criação, o relato de uma divisão ou separação que tenha ocorrido no princípio. Assim, Deus separou a luz das trevas, os céus da terra, e as águas que estavam acima das águas que estavam abaixo do firmamento. O estado original também foi descrito como caos, porque as possibilidades em potencial ainda estavam completamente desordenadas e indiferenciadamente misturadas.

O relato judeu-cristão da criação também fala sobre um caos inicial, que é chamado de Tohuwabohu em hebraico, e aparece bem no começo da bíblia, quando se narra: “No princípio Deus criou o Céu e a Terra, e a Terra estava deserta e vazia.” E o Primum Mobile, representa Deus como um imóvel motor do firmamento que se movimenta em círculos.  

A serpente que morde a própria cauda formando um círculo é chamada de Uroboros (do grego: devorador de caudas). Ela faz parte do mesmo modo que o dragão e outros animais que mordem a própria cauda, dos símbolos primordiais da humanidade, e é, na Alquimia, o símbolo da prima matéria, da matéria primordial, da qual tudo se origina. Os pelasgos, que habitavam a região da atual Grécia, muito antes dos helenos, tem um relato da criação: “No princípio havia Eurínome, a mãe de todas as coisas. Ela saiu nua no caos, e já que não havia lugar onde pudesse pôr seus pés, ela separou o céu das águas. E então começou a dançar. Ela dançava sozinha sobre uma onda em direção ao sul. Enquanto dançava, sentiu o Vento Norte, que ela desencadeou com o seu movimento, se levantar por trás dela. Ela o agarrou com suas mãos e o esfregou até que ele se transformou na serpente Ofíon, em volta da qual Eurínome dançava cada vez mais freneticamente, até que Ofíon, ávido de desejo, a envolveu e possuiu. Assim a deusa engravidou do Vento Norte, e deu à luz um ovo cósmico. Em seguida, ela mandou a serpente enrolar-se sete vezes em volta do ovo para choca-lo, e quando chegou a hora, a parte de cima voou e formou então os céus e o firmamento, e a de baixo formou a terra e o submundo. Ofíon é a serpente do horizonte, que até hoje circunda toda a terra.

 Nós encontramos o zero como símbolo da perfeição, da totalidade e da eternidade, no círculo da aliança de casamento, que simboliza a comunhão com o parceiro e a fusão com o todo. Da mesma maneira, a coroa de advento sempre verde, no final do ano, nos lembra que o tempo não tem fim, e que após a noite mais longa do ano, os dias começarão outra vez a ficar mais longos, pois a roda do tempo gira eternamente. A coroa de flores que colocamos sobre os túmulos também tem o mesmo significado simbólico. Além da ligação com o falecido, ela demonstra que a vida e a morte, o aqui e o além, fazem parte de um grande todo.

Na Astrologia, encontramos a abrangência desse símbolo no Zodíaco e também na ampla roda do horizonte, e no círculo que circunda o horóscopo, que compreende todas as nossas aptidões, capacidades e possibilidades. Nas cartas do Tarô encontramos o círculo e o 0 no Louco, que nos mostra que sempre começamos do zero, todas as possibilidades estão abertas novamente para nós. A psicologia profunda junguiana reconhece no círculo o símbolo do inconsciente, do “caos” criativo, no qual todas as possibilidades, todas as nossas aptidões estão em sua forma simples e indiferenciada, prontas para serem trazidas para o consciente, e lá se desenvolverem. Matematicamente o zero é um fenômeno interessante. Ele está presente em muitos números sem nunca se falar nele. Um milhão (1.000.000) tem seis zeros, que não são mencionados. Apesar de ser um nada, ele pode fazer um número crescer consideravelmente. Ele faz de 1 um 10, e é por isso que se diz de brincadeira, que um zero pode aumentar um problema dez vezes. O zero pode ser devastador, pois tudo o que multiplicamos por 0 vira nada (99 x 0 = 0). Mas ele também pode efetuar o inconcebível, e ser assim quase como um Koan: quando se divide um número por 0 o resultado é infinito. Os programadores de computador temem esse fenômeno, pois com esse comando de cálculo pode-se fazer um computador cair no caos. Provavelmente, é desse meio que vem a afirmação jocosa de que o universo surgiu quando Deus o dividiu por zero.


---------------

1 ) UM : O número do um indivisível, que está contido em tudo =

 O 1 é a mônada, a parte integrante e indivisível de todos os outros números. Ele está unificado com todos os outros números, pois está contido em cada um deles. O 1 é simbolizado pelo ponto. E do mesmo modo que toda linha é formada por pontos, cada número se compõe de “unidades”. O círculo vazio representa a totalidade indiferenciada e simboliza simultaneamente o tudo e o nada. O ponto dentro do círculo diferencia essa totalidade. Algo se manifesta por meio desse ponto. Nesse momento, a força criadora sai do nada e está, desde então, como o 1 em cada número, e assim contido no todo. Porém, surge no mesmo momento o outro, aquilo que não é o ponto. Na arte “O Eterno” de William Blake, O Criador rompe o círculo com o seu braço e cria o mundo. E na mandala de Hildegard von Bingen, O Criador entra como o número 1 no círculo e assim o divide em duas partes.

 Porém, surge no mesmo momento o outro, aquilo que não é o ponto. Com isso temos um símbolo do momento da criação no qual o nosso mundo polarizado surgiu, assim como um símbolo do despertar da consciência (polarizada), Do “um” incalculável surgiu o “um” contável. Antes do “um” existia apenas o vazio, o não ser, o potencial, o mistério, e o absoluto incompreensível. Por isso, o passo do 0 para o 1 é mais significativo do que o do 1 para 1 milhão. Essa passo simboliza naturalmente o big bang, que há dezesseis bilhões de anos gerou o universo numa fração de segundo. A mônada, o um indivisível, que está contido em tudo, originou-se do zero nesse instante.

O mito egípcio nos relata como, no princípio, Atum, o deus da criação, ergueu-se como um outeiro das escuras e densas águas primordiais. Nós encontramos o mesmo simbolismo na imagem do círculo e do ponto, assim como no instante em que o ego emerge das trevas do inconsciente. O ego é o centro da personalidade consciente, que desperta em cada um de nós nos primeiros anos de vida, do mesmo modo como ele surgiu pela primeira vez em algum momento nos primórdios da humanidade e possibilitou com isso a percepção consciente. Nós repetimos esse milagre do tornar-se consciente diariamente em pequena escala, quando despertamos todas as manhãs. Porém, ao dar esse passo para nos tornarmos conscientes, deixamos para trás a unidade total e entramos no mundo polarizado. Ou mais especificamente, a nossa consciência nos faz perceber o mundo dessa maneira. Assim que o ego se torna consciente de si mesmo, reconhece também o não ego, ou seja, tudo aquilo que ele não é. No momento em que uma luz se acende, surge a sombra. Assim que tomamos consciência de que vivemos, aprendemos que somos mortais. Não conseguimos reconhecer ou imaginar nada enquanto não pensamos num polo contrário. Não perceberíamos o dia se não houvesse a noite, e ninguém descreveria algo como másculo se não houvesse o feminino. Essa dualidade surge com o um ou com o ponto, pois a partir desse instante temos o um e o outro, o ponto e o que não é o ponto.

O 1 é visto no simbolismo numérico como o impulso criador. Ele é considerado um número yang, que simboliza a energia masculina como impulso, iniciativa, atividade e força consciente. Também a singularidade de ele ser parte indivisível de todos os outros números, e por assim dizer, ser inerente a toda criação, é uma bela expressão dessa correspondência. Além disso, o um é símbolo do homem ereto. E também aquele instante, no qual o homem colocou-se de pé pela primeira vez e reconheceu o céu por cima de si, simboliza o momento de sua tomada de consciência na história do desenvolvimento. No Tarô, a consciência solar, assim como a força criadora do número 1, está expressa no Mago, que por meio de sua postura personifica a harmonia entre o que está em cima e o que está embaixo, e representa iniciativa, impulso, participação ativa e maestria.


---------------


2) DOIS : O número da polaridade, dos opostos, mas também do “estar a dois” =

O dois simboliza o outro, a alternativa desejável, o polo oposto que atrai, a liberdade de decisão, mas também a ambivalência, a dúvida, o antagonismo e a indecisão, e até mesmo o dilema, que nos atormenta. Assim que surge o dois, nada mais é fácil, pois a unidade está dividida. O dois surge concomitante ao um, pois a existência de um é dependente da do outro. O um não pode existir sozinho. O um não pode existir sozinho. Assim que ele surge, traz consigo o dois como símbolo do outro. Onde quer que exista um ponto, existe também aquilo que não é o ponto. Do mesmo modo, a luz traz consigo a sombra, e o ser, o não ser. Se ele for considerado de uma maneira objetiva e isenta de julgamento, como era visto nos primórdios, o dois representa o polo oposto, a ressonância e o eco. Dessa maneira ele é personificado no Tarô pela Papisa, que está sentada entre uma coluna preta e uma branca, e assim demonstra que seus polos têm o mesmo valor. Ela simboliza com isso uma consciência primordial da integridade, que foi rompida apenas pelo esforço de se alcançar uma clareza explícita. Do mesmo modo que não passaria pela cabeça de ninguém considerar o polo negativo de um imã ou de uma tomada como inferior ao seu polo positivo, as pessoas tinham antigamente a consciência de que todas as coisas possuem dois lados, que um pressupõe o outro, e que não faz sentido desejar um e temer o outro.  A luta masculina pela clareza pela clareza começou somente a partir do aparecimento do patriarcado, por volta de cinco mil anos atrás. E essa luta dividiu as antigas dualidades e deixou-as parecer opostos incompatíveis, como o dia e a noite, a esquerda e a direita, o bem e o mal, a vida e a morte, o homem e a mulher. Nessa diferenciação taxativa, o número 1 passou a ocupar o polo luminoso e a representar a clareza e definição, enquanto o 2 foi sendo cada vez mais relegado a numero duvidoso, portador degradado do lado escuro, a personificação de penumbra, discórdia e ambiguidade.

Já no relato da criação, o segundo dia, no qual surgiu o firmamento, parece ter sido problemático. Pois, enquanto na Bíblia, no final no final de todos os outros dias da criação sempre há um “e Deus viu que isso era bom”, essa avaliação de que tudo saiu bem faltou no segundo dia. Quando se especulou sobre como o mal poderia ter vindo ao mundo, já que Deus criou tudo sozinho, surgiu a suposição de que talvez algo tenha saído errado nesse segundo dia. Os mitos da criação relatam frequentemente que alguma totalidade pré-original foi dividida, ou um monstro foi morto, originando a multiplicidade no mundo. Do mesmo modo, o “um” primordial, que é simbolizado pelo círculo ou pelo 0, por meio do impulso criador (1), dá origem à polaridade (2) em que vivemos. E assim, ou estamos num estado de unidade pré-consciente, pré-original e indiferenciado, ou então esse paraíso é dividido em dois, por termos comido o fruto da árvore do conhecimento e reconhecido o mundo polarizado, no qual já nos encontrávamos antes, contudo, sem sabe-lo. Junto com a tomada de consciência da vida vem sempre a percepção da inevitabilidade do fim e, por essa razão, a morte foi frequentemente considerada uma consequência e um castigo decorrente de o fruto proibido da árvore do conhecimento ter sido comido. Assim, encontramos com frequência pinturas em que o paraíso é representado como um círculo, enquanto o homem e a mulher, personificando a dualidade, são expulsos para o mundo polarizado. (Ver: A Expulsão do Paraíso, de Giovanni di Paolo) A famosa pintura da ressurreição de Matthias Grünewald, que se encontra no altar-mor de Isenheim, mostra como Cristo se ergue entrando no círculo e dessa maneira reabre a entrada do paraíso para os homens. Desde então, a busca pela unidade (perdida) é tida como o bem maior. Por isso, o unicórnio tornou-se um símbolo de Cristo, ao passo que, o mundo polarizado no qual vivemos, é representado pelo casco dividido e pelos dois chifres do diabo.

Na visão da psicologia, o círculo representa o inconsciente, onde está adormecido todo o potencial não desenvolvido, ainda num estado “simples”. Se um impulso (1) desencadeia a tomada de consciência, algo que antes estava inconsciente torna-se consciente e ali desenvolve sua polaridade (2). Isso seria inimaginável de outra maneira, pois tudo aquilo que reconhecemos conscientemente tem um polo contrário. Ninguém teria a ideia de descrever algo como belo se não houvesse o feio. Sem guerra não teríamos nenhuma noção do que é a paz, e sem a morte não saberíamos que vivemos.

Dois é o número da polaridade – e a linha, que une dois pontos, é o seu símbolo. Ela pode ser vista como a ligação entre dois polos ou a distância que separa dois opostos. Assim, o significado desse número também é polar, já que ele representa tanto a dualidade como a discórdia.


---------------


3 ) TRÊS : O número divino e o símbolo da força vital =

O 3 é tido tradicionalmente como o número divino. A divina trindade não é conhecida apenas no Cristianismo. No panteão grego, os irmãos Zeus, Posêidon e Hades dividem o domínio sobre a Terra e as pessoas; no Egito, são venerados Ísis, Osíris e Hórus, um trio de deuses, e no ápice dos deuses hindus estão Brahma, o criador, Vishnu, o conservador e Shiva, o desruidor. O olho de Deus é geralmente representado dentro de um triangulo. Nós encontramos esse simbolismo em sua forma mais primordial na Deusa tríplice da Lua, cujo culto, sobre o qual existem provas não apenas no Ocidente, era amplamente difundido na Antiguidade. Ela personifica as três fases da Lua, crescente, cheia e minguante, que representam o nascimento, a vida e a morte, e refletem como um todo a eterna roda do tempo. Ela foi venerada, mas também temida, sob muitos nomes – deusa branca do nascimento e do crescimento (Lua crescente), deusa vermelha do amor e da luta (Lua cheia) e deusa negra da morte e da magia (Lua minguante). Os gregos chamavam esses três aspectos de Hebe, Hera e Hécate, e veneravam o lado escuro mais intensamente, para que assim as coisas ocorressem a seu favor. O dia da festa de Hécate era 15 de agosto, que mais tarde foi cristianizado e transformado em dia da Assunção de Maria. A propósito, Maria reúne essas três fases, como virgem, mãe e rainha. As três fases da Lua são mais conhecidas na forma das três Deusas do Destino, as Parcas (romanas), as Nornes (nórdicas) e as Moiras (gregas). Clotho – a fiandeira, sendo a primeira, era chamada pelos gregos a que tece o fio da vida; Lachesis – a medidora, como é chamada a segunda, a que determina o tamanho do fio; e Atropos – a inevitável, era a temida terceira, que cortava o fio. O poder dessas deusas do destino permaneceu intocável, mesmo quando os deuses masculinos tomaram o domínio dos Céus. Até mesmo Zeus, o poderoso pai dos deuses, tinha de se render a suas sentenças. É possível ver como esse simbolismo arquetípico é coercitivo no exemplo dos três Reis Magos. Enquanto na Bíblia fala-se apenas sobre sábios vindos do Oriente, sem mencionar uma quantidade específica, com o decorrer do tempo, passou-se a falar, quase que naturalmente, de três reis, dos quais um é negro, em analogia à (escura) Lua nova. Na era matriarcal, o ano também era dividido em três estações, em analogia, às três fases da Lua, que simbolizam nascimento vida e morte. Provavelmente seja essa também a origem de diversas figuras simbólicas com três pernas, como, por exemplo, as que existem até hoje, nos brasões da Ilha de Man e da Sicília. A Quimera, criatura formada por partes de três animais: o leão, a cabra e a serpente, era também um símbolo do ano dividido em três partes, a primavera, o verão e o inverno. Somente depois do surgimento do patriarcado, esse animal, que era originalmente considerado sagrado, passou a ser a representação máxima do mal e do perigo, e por isso foi morto pelo herói grego da Antiguidade Belerofonte, que mais tarde serviu de modelo para as características e os feitos de São Jorge. Certamente também pertence a esse grupo o seu irmão de três cabeças, o cão guardião do inferno, Cérbero, que vigiava a entrada para o submundo.  (Três peixes também podem simbolizar a Trindade.)

O número 3 é divino, sobretudo porque ele contém o segredo da força vital. Enquanto o 1 e o 2 simbolizam a polaridade primordial masculina e feminina, o 3 surge da unificação desses dois. Ou, em outras palavras: tudo o que é novo sempre surge como o terceiro elemento da unificação dos opostos como, por exemplo, pai + mãe = filho, ou tese + antítese = síntese. Desde a grande explosão que deu origem ao universo, nada mais surgiu do nada. Onde quer que algo novo seja inventado, formado ou criado, junta-se coisas já existentes para uni-las em uma nova síntese. Desse modo, o 1 e o 2 atuam como polos de um imã ou de uma bateria, entre os quais um campo de tensão é formado e do qual pode surgir algo novo. Uma corda tencionada entre dois polos pode produzir um belo som. Mas também num campo tensão negativo – como uma discussão entre duas pessoas – há geralmente uma terceira pessoa que acaba se beneficiando dessa tensão. Encontramos o três como símbolo da totalidade dinâmica também no livro de sabedoria antiga chinesa, o Tao-Te-King, onde se lê: “O Tao gerou o um, o um gerou o dois, o dois gerou o três e o três gerou as dez mil coisas.” A força que gera vida nova e abundancia é considerada divina desde os primórdios dos tempos, por essa razão, a terceira carta dos Arcanos Maiores do Tarô traz a Mãe Natureza suntuosamente rodeada por símbolos de sua fertilidade. Como número divino, o 3 desempenha também um papel significativo na magia, sobretudo em rituais. O lendário fundador da alquimia e autor da Tábua de Esmeralda, na qual as leis herméticas estão gravadas, era chamado de Hermes Trismegistos, que significa Hermes, “o Três Vezes Grande”. Em Delfos – o oráculo mais importante da Antiguidade -, Pítia, a sacerdotisa do oráculo, sentava-se sempre num trípode, um banquinho de três pernas. Ali, ela entrava em transe, para que a voz do deus Apolo pudesse falar por meio dela. Para se fazer e desfazer feitiços, em geral é necessário que se repita algo três vezes. Fausto teve de pedir três vezes para Mefistófeles entrar. O herói dos contos de fada tem direito a três pedidos, tem-se três chances para adivinhar algo, dá-se três vezes vivas a um homenageado, e num leilão, a terceira martelada é a que vale. Aquele que, por sua vez, “não sabe como contar até três”, não compreende o sentido das coisas. Se observamos a interação do um, principio masculino e ativo, com o dois, principio feminino, receptivo e transformador, usando como imagem uma escada, o um é o impulso de aproximação (masculino), o dois é a disposição receptiva e a força elevadora (feminina) e o três é o novo plano que, como ponto de partida para o próximo degrau, transforma-se outra vez em um. A equação mística 3 = 1 resultante disso, simboliza tanto a Santíssima Trindade cristã quanto a percepção, bem mais fácil de compreender, de que três passos formam um todo. Por isso, diz-se também em alemão que todas as coisas boas são três. A ideia do três como aspecto de um todo, é vista em símbolos amplamente difundidos como o tridente ou a flor-de-lis, ou em grupos de três, como as três lebres na janela da Catedral de Paderborn, que com suas orelhas formam um triangulo equilátero, ou os três peixes num vitral de uma igreja em Northumberland, que são circundados pelas letras gregas (ichthys). Essa palavra significa peixe e foi interpretada como uma abreviação de Iesus Christus Theos/Deus Hyos/Filho e Soter/Salvador. Se, por outro lado, não houver uma unificação, o número 1 e o 2 permanecem, por assim dizer, desunidos, um ao lado do outro, e temos a imagem do 12, que no Tarô, como a Carta do Pendurado, indica paralisação e impotência, estar num dilema, numa situação de impasse, da qual não há saída. Apenas quando os dois polos friccionam-se com bastante força, ou ficamos bastante tempo envolvidos em um conflito aparentemente insolúvel, ou pode surgir desse campo de tensão subitamente uma solução nova e inesperada como um terceiro elemento. Em imagens arquetípicas que descrevem o caminho de vida dos homens, o terceiro passo é sempre o decisivo, pois é ele que conduz ao todo, à unidade total. Nesse caso, trata-se sempre da perda do estado de unidade inicial, o que faz o homem cair num mundo de polaridades, no qual ele se desespera, sente-se dividido, ou é crucificado, até que o terceiro passo o conduza ao novo, um estado que se assemelha à situação inicial, contudo sem ser idêntica a ela. Dessa maneira transcorre o desenvolvimento, partindo do ingênuo-simples, passando pelo complexo e complicado, até alcançar o genial-simples. O triangulo como símbolo do três também mostra, claramente, que permanecemos presos e sem conseguir seguir adiante enquanto oscilamos entre as alternativas 1 e 2. Só o terceiro ponto conduz a um plano novo e autônomo. Assim, tudo tem dois lados. Porém, apenas quando se reconhece que eles são na verdade três, é que se pode entender o todo. O três é o conceito genérico que une um par. O três divino aparece também na famosa frase de Immanuel Kant: “Os céus deram aos homens três coisas para compensar as diversas dificuldades da vida: a esperança, o sono e o sorriso.”

Deusas Tríplices=

Que personificam as fases da Lua : Hebe (flor da juventude) Lua crescente ; Hera (a senhora) Lua cheia ; Hécate (a distante poderosa) Lua minguante

Deusas do Destino=

Moiras (gregas): Clotho (fiandeira) ; Lachesis (medidora) ; Atropos (a inevitável)

Parcas (romanas): Parca (nascimento) ; Nona (nona) ; Decima (décima)

Nornes (germânicas): Urd (o passado, origem) ; Verdanti (o presente) ; Skuld (o futuro)

Deusas das Estações=

Horas (gregas): Talo (floração) ; Auxo (crescimento) ; Carpo (fruto)

Horas (segundo Hesíodo): Eunômia (legalidade) ; Dique (justiça) ; Irene (paz)

Deusas da Vingança=

Erínias (gregas): Alecto (incessante) ; Tisifone (retaliação) ; Megera (ira)

Fúrias (romanas): a ira ; a crueldade ; a vingança

Deusas Terríveis=

Graias: Ênio (guerreira) ; Penfredo (caprichosa) ; Dino (horripilante

Górgonas: Medusa (a soberana) ; Esteno (a força) ; Euríale (o mar vasto)

Deusas da Beleza=

Cárites (gregas): Eufrosina (alegria) ; Aglaia (beleza) ; Tália (sorte)

Graças (romanas): Castitas (castidade) ; Pulchritudo (beleza) ; Amor (amor)


O caminho que sai da unidade, passa pela multiplicidade e alcança a unidade total=

Simbolismo:

(Origem) Círculo ; (Caminho) Cruz ; (Objetivo) Círculo

Conto de fadas: (Origem) Paraíso perdido ; (Caminho) Mundo das polaridades ; (Objetivo) Reencontro do paraíso

Psicologia: (Origem) Subconsciente ; (Caminho) Consciente ; (Objetivo) Supraconsciente

Psicologia junguiana: (Origem) Inconsciente ; (Caminho) Eu ; (Objetivo) Si mesmo

Desenvolvimento da personalidade: (Origem) Simples ; (Caminho) Desenvolvida ; (Objetivo) Unificada

Consciência: (Origem) Pré-pessoal ; (Caminho) Pessoal ; (Objetivo) Transpessoal

Estado do eu: (Origem) Sem ego ; (Caminho) Egocêntrico ; (Objetivo) Livre do eu

Conhecimento: (Origem) Ignorante ; (Caminho) Conhecedor ; (Objetivo) Sábio

Compreensão da realidade: (Origem) Indiferenciada ; (Caminho) Polar ; (Objetivo) Paradoxal

Budismo: (Origem) Unidade ; (Caminho) Multiplicidade ; (Objetivo) Totalidade

O Caminho de Percival: (Origem) O tolo ingênuo ; (Caminho) Cavaleiro Percival ; (Objetivo) O tolo puro

Alquimia: (Origem) Matéria-prima ; (Caminho) A Obra ; (Objetivo) Pedra Filosofal


---------------


4 ) QUATRO : O número terreno e o símbolo da ordem e do poder =

O número 4 é um símbolo da nossa realidade terrena e do mundo visível. Com o 4 surge o espaço. Enquanto o ponto representa o 1, uma reta que une dois pontos representa o 2. Se acrescentarmos mais duas retas, formamos uma superfície em forma de um triangulo. Quatro triângulos juntos formam uma pirâmide, e assim surge um espaço. Segundo uma crença antiga, no princípio Deus criou os quatro elementos do nada, com os quais ele, então, teceu toda a criação. Por conseguinte, tudo o que existe neste mundo é uma mistura de fogo, terra, ar e água. Quatro também é o número da nossa ordem de tempo e espaço. Nós dividimos o ano em quatro estações; a vida em quatro fazes: infância, juventude, maturidade e velhice; e o horizonte em quatro pontos cardeais. A tendência de dividir tudo naturalmente em quatro segmentos é tão marcante que C.G. Jung considerava essa “quaternidade” propriamente um arquétipo. Pode-se considerar o quatro como uma retícula do nosso intelecto, que escolhemos utilizar para estruturar a realidade. O simbolismo do 4 torna-se evidente quando o relacionamos com o círculo. O círculo representa o hemisfério divino – o 4 representa o terreno, também na forma de uma cruz, um quadrado ou um cubo. Na geometria, a impossível quadratura do círculo refere-se ao fato de não ser possível construir um quadrado com a mesma área de um círculo determinado, com a ajuda de uma régua e compasso, o que significa simbolicamente que com meios humanos (compasso e régua) não somos capazes de ter na Terra (quadrado) uma ideia real dos céus ou da perfeição (círculo). O encontro do círculo com o 4 pode ser visto na cruz celta – que simboliza as quatro estações sagradas no ciclo anual do Sol; nas quatro fases da Lua, que são representadas hoje como era originalmente o mês lunar; ou na coroa de advento que, com suas quatro velas, também estrutura o círculo perfeito. Esse simbolismo é expresso de maneira impressionante nas construções sacras. Desde os primórdios dos tempos – por exemplo, na época dos etruscos – os homens tentavam reproduzir o Céu e a Terra nas suas construções, colocando a cúpula do firmamento em cima de muros dispostos em forma de quadrado, símbolo do plano terreno. Esse simbolismo era tão importante que esforços arquitetônicos monstruosos foram feitos para se encontrar, finalmente, uma maneira de construir a cúpula perfeita, conseguida somente depois de inúmeras tentativas que resultaram em tetos quase arredondados e desabamentos. A planta baixa de muitas igrejas também traz esse simbolismo. A basílica romana era formada por uma nave retangular – o mundo dos homens – e junto a ela, um meio-círculo foi transformado em altar, no qual a luz que entra pelas janelas simboliza o Deus invisível. Mais tarde, a planta baixa de várias igrejas e catedrais passou a ter o formato de uma cruz. O ponto de intersecção entre a nave e o transepto é chamado de cruzeiro. Ele representa o mundo terreno sobre o qual ergue-se a cúpula celeste. O 4 terreno também é importante em contraste com o 3 divino. Ambos encontram-se simbolicamente no crucifixo, no qual Cristo está geralmente preso por três pregos numa cruz, que por sua vez personifica o 4, e assim o terreno. Com isso, o simbolismo numérico explicita que o divino (3) desceu ao terreno (4) e tomou para si o sofrimento do mundo.

Porém, o 4 também apresenta um problema, pois, se ele personifica todos os aspectos do 1 ou do todo (círculo), e o 3, por outro lado, é o número divino, então o quarto elemento provavelmente não é tão “puro”. Essa problemática pode ser encontrada também numa série de grupos:

- A tradição judeu-cristã conhece três arcanjos, que são profundamente estimados: Miguel, Gabriel e Rafael. Vários outros são denominados de “o quarto anjo” porém esses têm bem mais a fama de anjo da morte, como por exemplo, Uriel, o anjo da penitência, que é o guardião do mundo subterrâneo.

- No fausto de Goethe, Mefistófeles assume esse papel quando conduz o prólogo no Céu juntamente com Miguel, Gabriel e Rafael.

- O quarto cavaleiro do Apocalipse é horrendo, como conta a Bíblia. Ela é a morte, que é seguida pelo inferno.

- Pai, Filho e Espírito Santo formam a Santíssima Trindade cristã. O quarto lugar é, por analogia, ocupado pelo Diabo.

- Ovídio descreve quatro eras mundiais, das quais a de ouro, a de prata e a de bronze são simbolizadas por metais nobres, enquanto a nossa era, a última, é de ferro, não é nobre nem crua.

- Segundo a tradição egípcia, Nut, a Deusa do Céu, deu à luz quadrigêmeos divinos: Ísis, Osíris, Néftis e Seth, que mais tarde tornou-se mau.

C.G Jung citou inúmeras vezes Maria, a Profetisa, a lendária alquimista, irmã de Moisés. O seu princípio hermético postula: “O um torna-se dois, o dois torna-se três e do terceiro torna-se o um como quatro.” Desse modo o quatro é uma parte elementar da construção da totalidade (do um), e mesmo assim, é desinteressante, ou até mesmo desprezado, pois o quatro, diferentemente do três divino é “apenas” terreno, material, ou até mesmo maligno. Jung reconheceu um paralelo importante entre esse fato e a sua teoria dos tipos psicológicos, que postula que as pessoas desenvolvem somente três das suas quatro funções consciente (que correspondem em grande parte aos quatro elementos da astrologia) ; essa quarta permanece, a princípio, não desenvolvida. Apenas mais tarde, durante a segunda fase da vida, ela vai desempenhar um papel decisivo, ainda que difícil, no caminho para a totalidade. Vários contos de fada narram histórias de reis que adoecem, e para que sejam curados é preciso que seus três filhos saiam à procura, um após o outro, seja da “erva da vida”, ou de algum outro bem muito difícil de ser alcançado. Quem consegue essa façanha é sempre o mais jovem, de quem não se espera nada, por ser considerado um tolo. O rei e os seus três filhos representam essa estrutura de quatro elementos; o mais jovem, ridicularizado e desprezado, representa o problemático 4 que gera a totalidade. O 4 é considerado também o número do poder. Já no Egito antigo e na Babilônia o rei reinava sobre as quatro direções. Um exemplo disso vemos no tradicional ritual de subida ao trono, quando o soberano movimenta a espada, com a qual ele toma posse do seu reino, nas quatro direções, para dessa maneira demonstrar a sua soberania sobre todos os cantos do mundo. Também no Tarô, o 4 é o número do Imperador, que incorpora características fundamentais desse número. Ele é considerado o concretizador, o que coloca em prática (terra) os desejos (água), as ideias (ar) e as intenções (fogo), tornando-as realidade. Ao mesmo tempo, essa carta representa ordem e continuidade, refletindo assim a estrutura de tempo e espaço. Nós também associamos o que é feito pelas mãos do homem ao número 4. Enquanto na natureza predomina uma assinatura arredondada, e a linha reta é uma exceção, em tudo o que o homem cria ocorre exatamente o contrário. Nós preferimos o reto e o retangular, mostrado, por exemplo, nas linhas das nossas moradias – os povos primitivos habitam cavernas ou tendas circulares, construídas ao redor do fogo. A partir do momento em que o homem sai da natureza e constrói espaços, casa e cidades, surge o quatro como uma assinatura. Segundo registros, Roma foi fundada em 21/4/753 a.C com uma placa quadrada (Roma quadrata). Até hoje nos referimos a quarteirões, mesmo que as estruturas de nossas cidades sejam bem mais complexas; e vivemos nelas em espaços retangulares, em casas retangulares, com janelas, portas, mesas, armários e camas retangulares, e a tudo isso damos o nome de nossas quatro paredes.

Elemento: Fogo / Ar / Terra / Água

O Ser Humano: Espírito-Vontade / Intelecto / Sentidos-Corpo / Instintos-Sentimentos

Idade: Juventude / Infância / Maturidade  / Velhice

Temperamentos segundo Hipócrates: Colérico / Sanguíneo / Melancólico / Fleumático

Tipos psicológicos segundo C.G Jung: Sensação / Pensamento / Sentimento / Intuição

Tipos segundo Riemann: Histérico / Esquizóide / Compulsivo / Depressivo

Pontos Cardeais: Sul / Leste / Oeste / Norte

Direções naturais: Direita / À frente / Atrás / Esquerda

Estações do ano: Verão / Primavera / Outono / Inverno

Horas do dia: Meio-dia / Manhã / Tarde / Noite

Sabbats das bruxas no hemisfério sul: Samhain / Lammas / Imbolc / Beltane

Na noite da véspera de...: 1° de maio / 2 de fevereiro / 1° de agosto / 31 de outubro

Eras mundiais: Áurea / Prateada / Férrea / Atual

Estados físicos da matéria: Plásmico / Gasoso / Sólido / Líquido

Virtudes mágicas: Querer / Saber / Calar / Ousar

Virtudes cardeais: Sagacidade / Temperança / Justiça / Bravura

Formas de sepultamento: Cremação / Deixar ao relento / Enterro / Sepultamento em alto-mar

Espíritos Elementais: Salamandras / Silfos / Gnomos / Ondinas

Arcanjo: Miguel / Gabriel / Rafael / Uriel

Profetas: Jeremias / Isaías / Ezequiel / Oseias

Evangelistas: Marcos / Mateus / Lucas / João

Querubim: Leão / Anjo / Touro / Águia

Correspondências na Esfinge: Patas e Cauda / Cabeça / Corpo / Asas

Cavaleiros do Apocalipse: Cavalo vermelho / Cavalo branco / Cavalo negro / Cavalo pálido

Rios do paraíso: Eufrates / Geon / Fison / Tigres

Natureza: Homens / Animais / Minerais / Plantas

Naipes de Tarô: Paus-Bastões / Espadas / Moedas-Pentáculos / Taças-Copas

Naipes das cartas de baralho: Paus / Espadas / Ouros / Copas

Classes da Idade Média: Camponeses / Cavaleiros / Comerciantes / Clero

Insígnias Celtas: Lança / Espada(Excalibur) / Prato / Cálice(Graal)

As vozes na música: Soprano / Contralto / Baixo / Tenor


---------------


5 ) CINCO : O número do Homem e da Quintessência =

O 5 é o número do homem, que está no mundo tal como uma estrela de cinco pontas – assim como nós o conhecemos a partir da representação de Leonardo da Vinci e Baldassare Peruzzi. Os quatro membros do nosso corpo correspondem aos quatro elementos, ao passo que a cabeça simboliza a quintessência, aquele misterioso e invisível elemento, ao qual apenas o ser humano tem acesso. Além disso, possuímos cinco sentidos e cinco dedos em cada mão, para que possamos compreender a realidade (4) e perceber o sentido (5). Segundo uma teoria da Antiguidade toda a criação compõe-se dos quatro elementos: fogo, terra, ar e água. Além desses, existe ainda um quinto elemento invisível. Ele representa a essência, o significado e o sentido que estão ocultos na criação e une de tal modo o espírito e a matéria, que esses aparentam ser dois lados de uma mesma moeda. Esse sentido pode ser reconhecido apenas pelos homens. Aristóteles chamava o quinto elemento de “éter” e os alquimistas cunharam o termo quintessência. Esse misterioso ponto, esse observatório “elevado”, é simbolizado pelo cume da pirâmide, que conecta os quatro vértices, como os quatro elementos, num plano elevado. O mesmo encontramos em construções sacras, na área em frente ao altar, chamada de cruzeiro, onde vemos quatro colunas com figuras, esculturas ou imagens dos quatro evangelistas. Esse espaço representa a realidade terrena e causa a impressão de que os santos nas colunas querem levar o homem para o centro da cúpula, onde os eixos se encontram e formam o ponto da quintessência. Vê-se ali um sinal do supremo, como, por exemplo, uma pomba, representando o Espírito Santo; ou um cordeiro, como símbolo de Cristo; ou uma simples abertura, por meio da qual penetra a luz, símbolo do Deus invisível. O mesmo simbolismo é encontrado em diversos afrescos, vitrais, imagens em altares e outras representações, que mostram Cristo no centro, cercado pelos quatro evangelistas. No brasão da Rosa-Cruz, uma rosa de cinco pétalas floresce no ponto da quintessência da cruz, e as cinco chagas de Cristo fazem parte também, naturalmente, desse âmbito simbólico. Esse simbolismo existe também no Budismo tibetano. Inúmeras mandalas trazem no seu centro um símbolo da perfeição, no qual se unem quatro princípios. Entretanto, a estrela de cinco pontas também simboliza que o homem está com ambos os pés sobre a terra, ao passo que sua cabeça eleva-se em direção aos céus, sendo ele a única criatura a reunir em si o espírito (céu) e a natureza (terra). No interior de cada estrela de cinco pontas encontra-se um pentágono, no centro do qual encaixa-se, por sua vez, uma outra estrela de cinco pontas, que traz em si um outro pentágono. Esse modelo que pode ser aumentado ou diminuído quantas vezes se queira, sem com isso perder a sua estrutura, ilustra a lei hermética: macrocosmo = microcosmo. Aquele que se identifica com a estrela de cinco pontas e penetra nessa figura em pensamento, pode, com a ajuda desse modelo, transcender e vivenciar a si próprio no menor núcleo microscópico existente ou reconhecer-se em uma grandeza macroscópica, como, por exemplo, no céu, na configuração estelar do seu horóscopo de nascimento. Dessa maneira, a estrela de cinco pontas torna-se símbolo do homem integrado à totalidade cósmica de um modo significativo. É obvio que a quintessência não está na superfície. Por essa razão, pentágonos não são adequados para se cobrir uma superfície. O sentido está sempre no núcleo, que nunca se modifica, não importando o quão grande ou pequena seja a estrela. O papel especial que nós homens desempenhamos na criação traz em si características marcantes, que são típicas para nós, seres humanos. Nós somos criaturas que agem contra a sua natureza. Por isso temos liberdade de escolha. Nós somos seres que conhecem critérios como o bem e o mal, a virtude e o pecado, o nobre e o profano. Podemos assumir a responsabilidade pelos nossos atos. Essa polaridade fica evidente no número 5, que é equiparado à natureza pecadora no simbolismo numérico cristão, pois ele representa os cinco sentidos, com os quais cometemos pecados, segundo os ensinamentos da igreja. Bem mais conhecida, porém, é a estrela de cinco pontas invertida, que como símbolo do mal aponta para baixo. Ela é chamada de pentagrama invertido e é vista como um símbolo da Magia Negra. Esse simbolismo é fortemente marcado por valores patriarcais. Ele constata pura e simplesmente: em cima, pai, céu, espírito = bom. Embaixo, mãe, terra, corpo = ruim. Há também uma explicação mais agradável para esse significado ambivalente. A ponta do pentagrama voltada para cima demonstra que o homem busca unidade para superar o seu dilaceramento interior. Por outro lado, a estrela de cinco pontas invertida tem duas pontas que representam a perda da unidade, fragmentação e contradição. Por essa razão, o unicórnio era tido, sobretudo na Idade Média, como símbolo de Cristo, ao passo que o diabo, aquele que destróis a unidade (grego, diaballein), é representado, como se sabe, com dois chifres com as pontas voltadas para cima, que são encontradas por sua vez também no pentagrama invertido. A parábola das cinco jovens prudentes e das cinco tolas que é contada na Bíblia (Mt 25, 1-13) também se encaixa nesse contexto. Elas representam os cinco sentidos, que podemos vivenciar e usar tanto de uma maneira “prudente” quanto “tola”. As cinco jovens prudentes correspondem à estrela de cinco pontas com o cume para cima, e as tolas à estrela invertida. Assim, a estrela de cinco pontas indica que nós, homens, temos a livre escolha de nos decidirmos pelo bem ou pelo mal. Contudo, essa diferenciação não é assim tão simples, pois, como se sabe, o homem nunca pratica o mal perfeitamente e com tanta alegria, como quando o pratica em nome do bem. O simbolismo da estrela de cinco pontas também está na pintura Ressurreição, no altar-mor de Isenheim, que mostra como Cristo sai do mundo polarizado e entra no círculo perfeito do Sol, abrindo assim para os homens o caminho do mundo para o paraíso. A cabeça e os braços (o três divino) formam um tridente que já se encontra dentro do círculo, ao passo que ambas as pernas acabam de se desligar do mundo das polaridades. Como um número de significado religioso, o 5 também está no Islamismo, onde o Muezin convoca os fiéis a voltarem-se para Meca cinco vezes ao dia para realizar as suas cinco orações. O fato de o pentagrama ser considerado um símbolo poderoso no mundo da magia, com o qual se podem fazer feitiços ou afasta-los, contribuiu certamente para essa interpretação maniqueísta sobre ele. No mundo da magia ele é chamado de estrela flamejante ou flamígera, e vê-se nela um símbolo de poder, à qual subjugam-se espíritos elementais. Por essa razão, ele personifica o domínio dos quatro elementos por meio do espírito, e é ao mesmo tempo um símbolo protetor, no centro do qual o mago, no caso de feitiços, não pode ser atingido por nenhuma força inimiga. Na verdade, todas as pessoas deveriam estar protegidas contra o mal, já que Vênus, atinge o ponto mais próximo da Terra cinco vezes no decorrer de oito anos, e dessa maneira, desenha sempre uma nova estrela de cinco pontas como escudo sobre ela. Contudo, como Vênus, ao contrário da Terra, não conhece anos bissextos, a quinta conjunção ocorre com uma diferença de dois dias e a estrela de cinco pontas não se fecha completamente. Goethe aproveitou em sua obra esse pequeno espaço pelo qual o mal entra no mundo. Por meio dele, Mefistófeles pôde entrar no quarto de estudo como um cão preto, embora Fausto tenha se protegido pendurando uma estrela de cinco pontas na porta da entrada. O pentagrama, porém, não havia sido desenhado com exatidão. Mefistófeles explica a Fausto: Repare, ó sábio! Aquele pentagrama está malfeito. O ângulo que aponta para a rua não fechou bem. (Fausto 1400)

Se levarmos em consideração que o 5 representa o sentido, e o quão importante é a direção para qual aponta a estrela de cinco pontas, então é extremamente interessante observar que a palavra “sentido” significa “direção” em várias línguas. Nós falamos “sentido horário” quando queremos dizer que algo se move pela direita. E também em inglês, francês, italiano, espanhol e alemão sense/senso/sinn significam tanto sentido quanto direção. A ideia da busca e encontro de um sentido, que está vinculada ao número 5, é expressa também em uma pintura do místico William Blake que mostra Adão dando nome aos animais. O tema dessa pintura é a narração bíblica, segundo a qual Deus incumbiu Adão de dar nome às criaturas. Se levarmos em consideração que originalmente se expressava por meio do nome a singularidade e a essência, e que a tradução da palavra Adão em hebraico significa “homem”, então, a Bíblia trata nesse caso da incumbência dada por Deus ao homem de reconhecer a essência e o sentido da criação e de suas criaturas, e dar-lhes nomes. Provavelmente, por essa razão, Blake associa esse instante a um gesto que Adão faz com a mão, que somente em uma interpretação superficial é tido como um dois. Nos países anglo-saxões o dois é mostrado com o dedo indicador e o dedo médio, ao passo, ao passo que o gesto que Adão faz com a mão, significa cinco numa antiga linguagem dos dedos, como o número V em algarismos romanos.

No Tarô, o número 5 é personificado pelo Alto Sacerdote (Hierofante), o representante da religião. Essa palavra remonta a religare em latim, que significa religar e pode ser compreendida como religamento e reincorporação ao sentido perdido. A mensagem de como e onde esse sentido pode ser encontrado pode ser lida na mão do Alto Sacerdote que abençoa, na qual os dedos esticados simbolizam o que está evidente, ao passo que os dedos dobrados representam o que está oculto. Somente aquele que dirige a sua atenção igualmente a ambos, tanto ao visível quanto ao invisível, tanto ao consciente quanto ao inconsciente, tanto a este mundo quanto ao além, ao exotérico tal qual ao esotérico, apenas ele pode encontrar a essência. Por outro lado, o Diabo, aquele que traz o pentagrama invertido na cabeça, mostra com os cinco dedos de sua mão estendidos, que não existe nada oculto, e que toda busca por um sentido é completamente inútil.

O número 5 é também, sob outro aspecto, um número ambivalente. Já que o sentido não é visível e não se tem provas da sua existência, pode-se também facilmente nega-lo. As coisas parecem também andar sem a interferência da religião, já que a plantação produz frutos, mesmo que não se faça nenhuma prece e nem se celebre um ritual de fertilidade. Por isso, para algumas pessoas, a discussão sobre o significado do número 5 é tão supérflua quanto a quinta roda em um carro. Por meio do fenômeno seguinte podemos ver como o sentido faz-se perceber, mesmo que não se possa comprova-lo nem compreende-lo. Desde os tempos antigos se conhecem na geometria cinco corpos, que são considerados totalmente harmônicos por serem constituídos por superfícies equiláteras. Eles são chamados também de corpos platônicos, representam os cinco elementos e são formados pelos três números mais significativos – o 3 divino, o 4 terreno e o 5 como número que representa o homem.

Os cinco corpos platônicos:

O cubo é constituído por quadrados e corresponde ao elemento terra.

O tetraedro é constituído por triângulos e corresponde ao elemento fogo.

O octaedro é constituído por triângulos e corresponde ao elemento ar.

O icosaedro é constituído por triângulos e corresponde ao elemento água.

O dodecaedro é constituído por pentágonos e corresponde à quintessência.


Johannes Kepler fez experimentos com esses corpos em sua busca pela harmonia, na qual se baseia o nosso mundo. Com isso, ele criou um modelo no qual os corpos são colocados de tal modo uns dentro dos outros, que cada um é circundado pela menor esfera possível e preenchido pela maior possível. Dessa maneira, obteve um total de seis esferas que preenchem e circundam as figuras. Quando observamos as distâncias das seis esferas entre si, vemos que elas correspondem aos intervalos entre as órbitas de seis planetas do nosso sistema solar. Figurativamente, Mercúrio descreve a sua órbita na superfície da esfera mais interna do modelo, na próxima circula Vênus, seguida pela Terra, Marte e Júpiter, enquanto Saturno, um antigo determinador de limites, que se movimenta lentamente, circunda o Sol na esfera mais externa. Contudo, isso não prova nada. É claro que se pode encarar isso também como algo talvez interessante, mas uma coincidência insignificante. Porém, se pensarmos que essas figuras geométricas são compostas pelos números significativos que representam em seu simbolismo, por sua vez, Deus (3), Terra (4) e Homem (5), e que elas são consideradas desde a Antiguidade como totalmente harmônicas, e que – se colocadas umas dentro das outras de uma forma certa – são reflexo do nosso sistema planetário, tudo isso produz então, certamente, uma sensação de existência de um sentido. Uma sensação de percepção da quintessência, o sentido oculto da criação, aquele que se pode sentir apesar de não se poder ver.


---------------


6 ) SEIS : O número perfeito e a unificação dos opostos =

Pitágoras já considerava o 6 um número perfeito no século VI a. C., por ele ser tanto a soma quanto o produto dos três primeiros números: 1 + 3 + 3 é igual a 6, assim como 1 x 2 x 3. O círculo também é considerado perfeito, pois o seu perímetro é igual a seis vezes o seu raio, com o qual encontramos os pontos que, unidos, formam ambas as figuras-símbolo desse número, o hexágono e a estrela de seis pontas. O hexágono, cujo comprimento de lado é exatamente igual ao raio da circunferência que o circunda, é o modelo de construção ideal, e é encontrado na natureza, por exemplo, nos favos das colmeias das abelhas ou no anel de benzol. A perfeição reflete-se também na criação, que durou seis dias, segundo a Bíblia. Além disso, a estrela de seis pontas é considerada símbolo da penetração mútua e da unificação bem-sucedida dos opostos. Ela é composta por dois triângulos, que simbolizam o fogo e a água, as duas forças que incorporam a maior oposição possível entre os clássicos quatro elementos. O fogo é leve, quente e claro; a água, por outro lado, é pesada, fria e escura. O fogo ambiciona, como nenhum outro elemento, dirigir-se para o alto, ao passo que a água impele para baixo e só se acalma quando realmente chega ao fundo. Quando esses dois triângulos não são colocados simplesmente um sobre o outro, mas sim, introduzidos um no outro, torna-se mais evidente o fato de a estrela de seis pontas ser um símbolo da penetração mútua e da unificação bem-sucedida dos opostos. Grandes pares de opostos como fogo/água, homem/mulher, luz/escuridão, em cima/embaixo, simbolizam a nossa realidade polarizada e também as alternativas entre as quais podemos nos decidir, mas que nos deixam com frequência indecisos; Sentimos uma grande dificuldade quando se trata de opostos que temos de conciliar, embora eles aparentemente se excluam mutuamente. Sempre que entramos num desses conflitos de interesses, quando temos de escolher entre a profissão e a família, entre independência ou compromisso, entre risco e segurança, entre algo velho conhecido e algo novo e excitante, caímos rapidamente num dilema, pois parece impossível ter-se ambos ao mesmo tempo. Porém, se refletirmos um longo tempo nessa suposta impossibilidade, pode surgir uma luz, que nos faça reconhecer a solução ideal, e então uma sensação de felicidade profunda percorre o nosso corpo.

O 6 também é um símbolo central no antigo livro chinês de sabedoria e oráculo, o I Ching. Linhas partidas, yin, e linhas inteiras, yang, simbolizam nele a polaridade primordial entre o Sol e a Lua, entre o Céu e a Terra, entre o masculino e o feminino. Com elas obtemos um total de oito grupos diferentes formados por três linhas (trigramas), que por sua vez combinam-se entre si para formar todos os hexagramas do I Ching. Eles mostram, em 64 variações, como o Céu e a Terra penetram-se mutuamente. A estrela de seis pontas foi interpretada, sobretudo no Ocidente cristão, como símbolo da penetração mútua do céu e da terra, do visível e do invisível, do mundo divino e do terreno. Dessa maneira ela aparece, por exemplo, no monograma de Cristo, que é formado por duas letras gregas = Chi e Rho, as duas primeiras letras da palavra Cristo que, como Deus e homem, personifica essa ligação. A estrela de seis pontas também pode ser vista em rosetas nos vitrais de diversas igrejas, como no belo vitral no lado leste da Catedral de Palma de Maiorca, Le Seu. Seis também é o número das direções naturais que nos cercam: em frente, atrás, esquerda, direita, em cima e embaixo. Um cubo tem seis lados, que – em analogia ao simbolismo do número 4 – personifica o nosso mundo, e quando “aberto” tem a forma de uma cruz, a planta baixa típica de muitas igrejas. O hexagrama é chamado na magia de Escudo de David ou Selo de Salomão, e é considerado um símbolo extremamente poderoso. Conta-se que o sábio Rei Salomão, que viveu há cerca de três mil anos, baniu demônios e invocou anjos com o auxílio desse selo. Sob a perspectiva simbólica, esse poder não se baseia apenas na força e habilidade de unificar opostos, porém, bem mais na capacidade de unir a totalidade da criação de uma maneira perfeita, o que é simbolizado também pela estrela de seis pontas. Ela também é considerada símbolo da unificação dos quatro elementos, e expressa assim, mais uma vez, a ideia da perfeição. O hexagrama tornou-se símbolo do Judaísmo somente a partir do século XIX, por meio da comunidade judaica em Praga. No Tarô, é a carta Os Amantes que coloca em evidência a unificação bem-sucedida dos opostos. Fica claro aqui que a proximidade das palavras seis (Sechs) e sexo (Sex) em alemão e em inglês, não é apenas um fenômeno acústico ocorrido ao acaso, mas sim parte desse simbolismo. O atrito de opostos não produz apenas calor, ardor e paixão, mas também faz surgir o novo. Em decorrência disso, o 6 é interpretado como um número fecundo, e a cifra 6 como um número que sai de si e gera algo a partir de si mesmo. Certamente, essa também foi uma das razões pelas quais o 6 foi às vezes menosprezado e tido como o número da carne. Por ele estar abaixo do perfeito 7, via-se nele também o número da insuficiência e um símbolo dos tempos e mundo decaídos. Essa proscrição tem uma longa tradição, que talvez remonte a uma antiga inimizade. Os sumerianos e os babilônicos que habitavam a terra entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente é o Iraque, consideravam o 6 um número sagrado. Isso pode ser reconhecido hoje facilmente no modo como dividimos o tempo, que devemos aos sacerdotes da Babilônia, os pais da Astrologia. Eles dividiram o ano em 12 meses, o dia em 2 x 12 horas, e as horas em 60 minutos, e estes com 60 segundos. O povo de Israel não tinha uma opinião positiva sobre tudo aquilo que fosse sagrado aos babilônicos, já que não gostavam muito desses vizinhos poderosos, e os anos de cativeiro na Babilônia haviam deixado péssimas lembranças. Esse menosprezo, que foi assumido pelo Cristianismo, foi mantido até os dias de hoje, não apenas no significado negativo da Torre de Babel ou da prostituta Babilônia, mas também na demonização do número 6, especialmente como 666. Será essa a razão de a palavra Babilônia aparecer um total de seis vezes no Apocalipse, o último livro da Bíblia?


---------------


7 ) SETE : O número sagrado da integridade e totalidade, da plenitude e perfeição =

O 7 é considerado um número sagrado, pois ele é composto pelo 3 divino e o 4 terreno, e une assim Deus e o mundo. Além disso, ele tem uma grande importância como símbolo da totalidade e integridade, que aparece como nenhum outro número em mitos e contos de fada, usos e costumes, na religião e na magia. Certamente, o seu simbolismo foi originalmente lido nos céus, onde os sete planetas clássicos representavam uma totalidade. Segundo uma antiga crença, eles passam sobre as sete esferas e produzem, por meio do atrito, os setes sons da nossa escala musical, que pode ser ouvida como música das esferas – contanto que se tenha o coração puro. Será que é por isso o os corações dos apaixonados flutuam no sétimo céu? O 7 personifica o todo, tanto como período quanto como quantidade. Nós o encontramos nos dias da semana, e também nas quatro fases da Lua, que duram sete dias cada uma, da quais se originaram os meses.  Os seus 28 dias são resultado da soma dos números 1 até 7. Assim como segundo a tradição cristã Deus criou o mundo em sete dias, o 3 divino e o 4 terreno reúnem-se no 7 e dessa combinação surgem, como uma medida divina, os limites de tempo naturais na Terra:

3 + 4 = 7  ( uma semana )

3 x 4 = 12  ( metade de um dia, um ano )

3 x (3 + 4) = 21 ( maioridade tradicional)

4 x (3 + 4) = 28 ( mês original )

(4 + 3) x (3 x 4) = 84 (limite simbólico da vida)

A estrutura da nossa semana tem sua origem na estrela de sete pontas. Se dispusermos os sete planetas clássicos na sequência de suas velocidades (Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno) nas pontas da estrela e seguirmos então o traçado dela, obteremos os planetas na sequência que se conhece dos dias da semana em várias línguas:

Planeta: Sol   Alemão: Sonntag  Inglês: Sunday  Francês:  Dimanche  Italiano: Domenica Divindade Nórdica: ?

Planeta: Lua  Alemão: Montag Inglês: Monday  Francês: Lundi Italiano: Lunedì Divindade Nórdica: ?

Planeta: Marte  Alemão: Dienstag  Inglês: Tuesday  Francês: Mardi  Italiano: Martedì Divindade Nórdica: Zius, Tyr

Planeta: Mercúrio  Alemão: Mittwoch  Inglês: Wednesday  Francês: Mercredi  Italiano: Mercoledì Divindade Nórdica: Wodan

Planeta: Júpiter  Alemão: Donnerstag  Inglês: Thursday  Francês: Jeudi  Italiano: Giovedì Divindade Nórdica: Donar, Thor

Planeta: Vênus  Alemão: Freitag  Inglês: Friday  Francês: Vendredi  Italiano: Venerdì  Divindade Nórdica: Freya

Planeta: Saturno  Alemão: Samstag  Inglês: Saturday  Francês: Samedi  Italiano: Sabato Divindade Nórdica: ?


Nós também encontramos o sete numa outra constelação celeste, as Plêiades, conhecidas como o “Sete-estrelo”, um pequeno aglomerado de estrelas na constelação de Touro, sobre o qual existem muitos mitos. O seu nome originou-se da palavra grega “pleios”, que significa “cheio”, “pleno” ou “muitos”. Elas são conhecidas como as “sete irmãs”. Segundo a tradição judaica, Deus abriu uma dessas estrelas nos primórdios dos tempos, para que a água do dilúvio pudesse derramar-se sobre a terra durante 40 dias e 40 noites. O fato de o 7 representar o todo ou simplesmente muito, está certamente relacionado com a nossa percepção. Não só as vendedoras de flores sabem que o olho humano é capaz de perceber imediatamente a quantia de até seis flores em um ramalhete sem precisar conta-las. A partir da sétima flor temos a impressão de que elas são simplesmente muitas. Desse contexto simbólico fazem parte todas as sete coisas, como os Sete Mares, a Bota de Sete Léguas, os Sete Anões atrás das Sete Montanhas, os Sete Suábios, e os Sete Contra Tebas, que foram revividos como os Sete Samurais no western “Sete homens e um destino”. O alfaiate valente matou sete de uma só vez. As sete artes liberais eram conhecidas na Antiguidade e na Idade Média, nós conhecemos as Sete Maravilhas do Mundo desde a Antiguidade, e os grandes pensadores pré-socráticos em solo europeu são chamados de os Sete Sábios. As sete colinas sobre as quais, segundo o testemunho de Salomão, o Templo da Sabedoria foi construído, pois, também na casa de Deus na Terra o 3 divino une-se ao 4 terreno. Como número sagrado que abrange o espiritual e o mundano, o 7 desempenha um papel importante na religião e nos cultos, como por exemplo, na doutrina teosófica dos sete raios, os sete passos para a iniciação que correspondem aos sete degraus da Grande Obra na Alquimia. O peregrino muçulmano dá sete voltas ao redor da Caaba. O mais antigo mito da ressurreição, que nos foi transmitida pelos sumérios, também apresenta esse simbolismo. Nele é narrada a história de Inanna, a deusa dos Céus, que desce ao submundo. Nesse caminho ela passa por sete portais, em cada um dos quais ela tem de deixar uma peça de sua vestimenta, até chegar às profundezas completamente despida. Conta-se que esse costume continuou vivo nos antigos mistérios. Depois de o iniciado atravessar despido o sétimo e último portal, o ritual de iniciação estava consumado, e ele tinha de voltar e recolher os seus sete pertences. O 7 é citado na Bíblia com mais frequência do que qualquer outro número, sobretudo na última parte, o Apocalipse, que relata como será aberto o Livro dos Sete Selos. Ele aparece também no candelabro de sete braços, nos sete sacramentos, nos sete pedidos ao pai nosso, dos quais três são relacionados com Deus e quatro com os homens, da mesma maneira como as sete virtudes subdividem-se em três virtudes teologais e quatro cardeais. Cristo pronunciou sete palavras na cruz. Na Epístola aos Galatas, na Bíblia, são enumerados os sete dons do Espírito Santo; e também o arco-íris, que une os Céus à Terra, é composto por sete cores. Como no princípio hermético “o que está em cima é como o que está embaixo”, o sete celestial reflete-se em correspondências terrenas, como os sete metais, que por sua vez representam os sete degraus do processo de transformação alquímico. Também a lira, o instrumento sagrado de Apolo, possui sete cordas, nas quais os sons dos sete planetas soam harmonicamente, fazendo o espirito dos homens vibrar em sintonia com os Céus. Assim como a palavra sacer, em latim, significa tanto sagrado quanto amaldiçoado, o 7 também contém as polaridades do bem e do mal, da opulência e da escassez, uma ao lado da outra. O 7 “maléfico” mostra o seu lado escuro no contraste entre as sete virtudes cardeais e os sete pecados capitais; os sete anos de fartura e os sete anos de escassez; e também entre as sete alegrias e as sete dores de Maria. Um antigo calendário babilônico, de mais ou menos quatro mil anos, marcava os 7°, 14°, 21° e o 28° dias de cada mês como dias de azar. Com isso, cada sétimo dia era tido como perigoso. Será que esse dia foi interpretado de outra maneira no Judaísmo e declarado dia de descanso, o sabá? Na Astrologia, por outro lado, o crítico sétimo ano é bem conhecido. Ele está relacionado com o movimento lento de Saturno, que se desloca 90 graus em aproximadamente sete anos. Dessa maneira, toda vez que forma um aspecto crítico em relação à sua posição inicial, ele “examina e questiona” se o que foi começado então ainda deve perdurar. Nós devemos a Thomas Ring, um dos astrólogos mais importantes do século XX, um esquema do caminho da vida utilizando sete planetas clássicos, que representam, a princípio, cada ano de vida e, depois, grupos de sete anos. O Tarô mostra o simbolismo do 7 na carta A Carruagem. O enfoque aqui não é tanto o término de uma fase (a cidade ao fundo), porém, o estado de espírito de partida, a vontade de viver algo futuro, um novo começo, que já pertence ao simbolismo do número 8.

As fases da vida com base em Thomas Ring =

Fase Inicial elementar

Ano de vida: 1 ; Planeta: Lua  ; Tema: Fase lactente. Enorme dependência psíquica e física da mãe.

Ano de vida: 2 ; Planeta: Mercúrio  ; Tema: Início da articulação, da habilidade (agarrar e compreender) e do aprendizado (aprender a andar).

Ano de vida: 3 ; Planeta: Vênus  ; Tema: Início da percepção sexual. Jogos em grupo (grupos de brincadeiras), erotismo infantil.

Ano de vida: 4 ; Planeta: Sol  ; Tema: Início da fase do eu. Necessidade de afirmação. Fase da contestação. Clara diferenciação entre sujeito e objeto (eu e os outros).

Ano de vida: 5 ; Planeta: Marte  ; Tema: Fase da inquietação. Necessidade de examinar as coisas a sua volta. Ímpeto de conquista, primeiros desejos de viver aventuras. Vontade de destruir. Ataques incontroláveis de fúria.

Ano de vida: 6 ; Planeta: Júpiter  ; Tema: Fase da expansão, do vaguear. Conquista ampla das imediações. Questionamentos iniciais sobre o sentido das coisas. Devoção infantil.

Ano de vida: 7 ; Planeta: Saturno  ; Tema: Escolarização. Adaptação a estruturas fixas (sala de aula/horário). Início da troca de dentição.

Fase Principal

Ano de vida: 7-14 ; Planeta: Lua  ; Tema: Início maravilhoso. Desenvolvimento da personalidade por meio de absorção, imitação e imaginação.

Ano de vida: 14-21 ; Planeta: Mercúrio  ; Tema: Inteligência pesquisadora. Aguçamento do intelecto. Ceticismo emergente, discernimento próprio. Desenvolvimento da eloquência verbal. Aprendizado do domínio prático do dia-a-dia.

Ano de vida: 21-28 ; Planeta: Vênus  ; Tema: Integração adulta na vida. Erotismo totalmente desenvolvido, capacidade de desfrutar das coisas e ter gosto. União com o parceiro.

Ano de vida: 28-35 ; Planeta: Sol  ; Tema: Egocentrismo. Desenvolvimento da idiossincrasia. Ápice da vitalidade.

Ano de vida: 35-42 ; Planeta: Marte  ; Tema: Imposição tensa. Ápice da produtividade. Utilização máxima das energias na realização de suas tarefas. Disputas com rivais. Olhar direcionado para patamares elevados a serem alcançados. Em caso de insatisfação, tentativas drásticas de ruptura no âmbito particular e profissional.

Ano de vida: 42-49 ; Planeta: Júpiter  ; Tema: Esclarecimento e maturidade. No pior dos casos, esnobismo. Placidez ao invés de luta. Visão abrangente, mas também novos questionamentos e crises relacionadas ao sentido das coisas. Progresso impulsionado ou afundamento em obesidade total.

Ano de vida: 49-56 ; Planeta: Saturno  ; Tema: Concretização de resultados. Proteção do que foi alcançado. Fazer um balanço da vida. Confrontação com as consequências de atitudes certas ou erradas. Amadurecimento ou endurecimento, intransigência e depressão.

Fase Madura

Ano de vida: 56-63 ; Planeta: Lua  ; Tema: Adaptação a novas fontes de vida. Nova elasticidade. Infantilidade madura ou o início do retorno à infância, perda de memória ou desorientação.

Ano de vida: 63-70  ; Planeta: Mercúrio  ; Tema: Nova consciência da sua personalidade ou nova consciência global, ou recaídas inoportunas em comportamentos pseudojoviais.

Ano de vida: 70-77 ; Planeta: Vênus  ; Tema: Maturidade harmônica, livre de inquietações impulsivas. Amor universal pelas pessoas, ou isolamento e conflitos com o ambiente em que vive.

Ano de vida: 77-84 ; Planeta: Sol  ; Tema: Sossego prudente. Aprofundamento no verdadeiro núcleo das coisas. Produção dos últimos frutos da vida, as “últimas palavras” ; ou uma fase adicional da vida, vinda de uma pura reserva de vitalidade.

---

As Sete Artes Liberais=

O Trívium (trivial): Gramática , Lógica, Retórica

O Quadrivium: Aritmética, Geometria, Astronomia, Música

As Sete Maravilhas do Mundo=

As pirâmides do Egito, As muralhas da Babilônia, Os Jardins Suspensos de Samíramis, A estátua de Zeus esculpida por Fídias em Olímpia, O templo de Ártemis em Éfeso, O mausoléu de Helicarnasso, O colosso de Rodes

Os Sete Sacramentos=

Batismo, Confirmação, Eucaristia, Confissão, União dos enfermos, Ordem, Matrimônio

Os Sete Pedidos do Pai-Nosso=

Santificado seja o Vosso nome, Venha a nós o Vosso reino, Seja feita a Vossa vontade, o pão nosso de cada dia nos dai hoje, Perdoai-nos as nossas ofensas, Não nos deixei cair em tentação, Mas livrai-nos do mal

As Sete Virtudes=

3 Virtudes Teologais: Fé, Caridade, Esperança

4 Virtudes Cardeais: Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança

Os Sete Pecados Mortais ou Capitais=

Orgulho, Preguiça, Inveja, Luxúria, Ira, Gula, Avareza

Os Sete Planetas=

Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno

Os Sete Metais=

Ouro, Prata, Mercúrio, Cobre, Ferro, Zinco, Chumbo

Os Sete Dons do Espírito Santo=

Sabedoria, Compreensão, Conselho, Fortaleza, Conhecimento, Piedade, Temor a Deus


---------------


8 ) OITO : O número do equilíbrio, da justiça e da renovação =

Assim como o oitavo dia inicia a nova semana, a escala musical retorna ao início com a oitava, o oitavo som, da mesma maneira o 8 simboliza um novo começo num plano mais elevado. Ele é a fronteira, o elo, o intermediário para uma esfera ou um mundo melhor, maior, mais elevado. Esse simbolismo apresenta-se também na estrela de oito pontas e no octógono. Em analogia ao quatro, o quadrado representa tudo o que é terreno; o círculo representa a esfera celeste e, por sua vez, o octógono representa, de uma maneira evidente, a linha intermediária entre esses dois mundos. Essa transição do quadrado terreno para o círculo divino é vista em muitas igrejas, onde, por cima do cruzeiro, ergue-se um octógono, sobre o qual encontra-se a abóboda celeste. Como intermediário entre o quadrado e o círculo, o octógono simboliza o limiar até o qual, nós, na Terra, podemos nos aproximar do divino, do eterno e do ideal, e também o quanto os Céus são benevolentes conosco. Por isso, o 8 tornou-se tão importante no Cristianismo. Ele simboliza o próprio Cristo, cujo nome, em grego, tem o valor numérico 888, sobretudo por ele ser o intermediário entre Deus e os homens, e a sua ressurreição ser celebrada como o oitavo dia da criação, com o qual um novo tempo, uma nova aliança (o Novo Testamento) se inicia. A estrela de Natal que anuncia o nascimento de Cristo também lembra esse simbolismo, e tem tradicionalmente oito pontas. Também as oito pessoas que sobreviveram ao dilúvio na Arca de Noé, segundo um relato bíblico, expressam a ideia de um recomeço. Será essa a razão de o número 8 ser considerado um número de sorte e a roda de oito raios ser a roda da fortuna? O simbolismo do 8 está contido no sacramento do batismo, que abre o caminho da vida eterna para os cristãos, como ligação entre o Céu e a Terra, e também como símbolo da ressurreição e de uma nova vida. Muitas pias batismais são octogonais e também importantes igrejas de batismo da Renascença, como os batistérios de Florença, Ravena, e Pisa ou a igreja romana de João Batista (San Giovanni, em laterano) são todas octogonais e, nos seus tetos, o octógono transforma-se num círculo dourado, que representa a Jerusalém celeste. Também as bem-aventuranças no início do Sermão da Montanha, com as quais Jesus começa os seus ensinamentos, indicam aos homens o caminho do mundo terreno para o Paraíso. Em Cafarnaum (Israel) a Igreja das Bem-aventuranças simboliza essa passagem com a sua cúpula octogonal. Na Alemanha, a edificação mais famosa nesse estilo é a Capela Palatina em Aachen, que Carlos Magno mandou construir inspirada na igreja de Ravena. O oratório octogonal serve para evidenciar a tarefa especial do Imperador, de ser o porta-voz do seu povo perante Deus. Esse simbolismo de intermediação do oito é manifestado também na Coroa Real do Imperador, a única coroa octogonal do mundo. Quando o rei Frederico II, da Suábia, por volta do ano de 1240, mandou construir na Apúlia o Castel del Monte em forma octogonal, talvez tencionasse, com esse monumento gigantesco, evidenciar o símbolo do seu poder diante de todos, especialmente do papa que o havia excomungado. O oito era considerado, já na Antiguidade, uma meta merecedora de esforços para ser alcançada. No caminho para a salvação a alma tem de passar pelos sete céus dos sete planetas, até chegar à oitava esfera, o firmamento, onde habitam os deuses. Esse simbolismo é encontrado, entre outros, no panteão romano, uma construção circular, na qual o octógono é marcado por nichos distribuídos nos oito ângulos. A ligação estável entre os dois mundos, como o Céu e a Terra, este mundo e o além, o tempo e a eternidade é representada visualmente pelo 8 deitado, a Lemniscata. Esse símbolo da eternidade também ilustra o princípio hermético “o que está em cima é como o que está embaixo”, que corresponde no Cristianismo ao “assim na terra como no céu”. Por outro lado, diz-se também que o oitavo dia não tem fim, pois Cristo ressuscitou no oitavo dia da semana, e com isso abriu a porta da eternidade para a humanidade. O simbolismo do oito como transição também é conhecido em outras culturas como um novo começo num nível mais elevado, e como libertação ou ascensão. No mito egípcio da criação de Hermópolis, quatro casais de deuses, a Ogdóade (agrupamento de oito divindades), personificam as forças primordiais que formam o princípio de tudo. No judaísmo, a circuncisão é feita no oitavo dia após o nascimento, e simboliza, assim como o batismo no Cristianismo, a aliança com Deus. No Budismo, existem quatro nobres verdades, com as quais os sofrimentos do mundo são descritos, e os oito caminhos, que libertam o homem dessas dores. A cúpula mais luxuosa do mundo islâmico, a de Mocárabes de Alhambra, em Granada, que é composta de 5.416 partes simbolizando a suntuosidade dos Céus, é octogonal, assim como um dos mais importantes santuários islâmicos, a Cúpula da Rocha em Jerusalém. Essa primeira obra-prima arquitetônica do Islã foi construída no lugar onde Maomé subiu aos céus. Na mitologia nórdica, Odin, o pai dos deuses, é levado por Sleipnir, seu cavalo de oito patas, em sua viagem entre o Céu e a Terra. Desde o tempo de Pitágoras, o 8 é considerado o número da justiça, por se deixar dividir sempre em partes iguais. Por essa razão, a justiça sempre ocupou tradicionalmente o oitavo lugar nos Arcanos Maiores do Tarô, como no Tarô de Marselha, até que, com o lançamento do Tarô de Rider-Waite em 1909, houve uma mudança na numeração e a justiça foi empurrada para o décimo primeiro lugar. O oito também era conhecido como um símbolo de justiça entre os povos germânicos. Consta que a sua “Femegericht”, a Liga da Corte Sagrada, era formada por oito (Acht em alemão) juízes, os Achten ou Echten a quem se devia respeito. Eles tinham o direito de sentenciar o acusado e declara-lo fora da lei e sem direitos. Essa sentença era conhecida como “marcar com o oito”. Desse costume surgiu uma sentença que o imperador do Império Alemão pôde promulgar até 1806. A associação de justiça com o lado direito não é comum apenas na língua alemã. A palavra francesa droit e a inglesa right também significam direito e direita, como em português. Com isso, essas e outras línguas nos lembram que a jurisdição é uma expressão do lado direito e consciente, cuja tarefa consiste em fazer um julgamento consciente, bem pensado, justo e fundamentado. Mais interessante ainda é o fato de o despertar da consciência também ser expressado por meio do oito. Em várias línguas europeias, a diferença entre a palavra “noite” – um símbolo do inconsciente – e a palavra “oito”, consiste apenas na perda do “n” no início da palavra, com o qual, nessas línguas começa a palavra “não”, que por sua vez, faz parte do âmbito simbólico do inconsciente. Dessa maneira todas essas línguas “lembram” que o oito é a expressão da noite libertada do “n negativo”, e com isso ele personifica o novo dia e o despertar da consciência.

Português: noite / oito

Inglês: night / eight

Alemão e holandês: nacht / acht

Francês: nuit / huit

Italiano: notte / otto

Espanhol: noche / ocho

Latim: nox / octus

Sueco e norueguês: natt / atta


---------------


9 ) NOVE : O número da iniciação e do recolhimento antes de se dar um passo para o novo =

Por ser o último número de um só digito, o 9 simboliza o limiar na transição para um novo patamar, um plano mais elevado. Tal como a inspiração antes de expiração, a preparação antes do golpe, a tensão do arco antes da saída da flecha, ele personifica o recolhimento antes de se dar um passo para o novo. O sinal gráfico 9 também é um símbolo do caminho de fora para dentro, embora a maioria das pessoas não o escreva dessa maneira; ao passo que a sua imagem invertida, o 6, é tido como um número fecundo, que sai de si mesmo. A relação entre novo e nove existe em diversas línguas, nas quais ambas as palavras são idênticas ou semelhantes, e possuem uma raiz comum:

Português: novo / nove

Alemão: neu / neun

Latim: novo / novem

Italiano: nuovo / nove

Francês: neuve / neuf

Espanhol: nuevo / nueve


O 9 desempenha um papel-chave nos ritos de iniciação no mundo inteiro por ser o número da concentração e da preparação. São nove horas, dias, noites, semanas, meses ou anos que precedem o passo iniciático. Talvez o modelo disso tenha sido os nove meses que passamos amadurecendo na barriga de nossa mãe, até sermos iniciados neste mundo. Pitágoras, o pai do simbolismo numérico ocidental, passou três vezes nove dias numa gruta de Zeus, vestido de lã preta, para ser iniciado nos mistérios. São celebres os nove dias e noites que o deus nórdico Odin passou pendurado na Árvore do Mundo – Yggdrasil, até descobrir as Runas e, dessa maneira, adquirir sabedoria. A própria Árvore do Mundo é um símbolo do cosmos. Segundo a crença germânica, ela possui nove galhos que se espalham sobre os nove mundos que constituem o universo. Por isso, não é de estranhar, que o nove desempenhe um papel importante em muitos ritos xamânicos.  Segundo C. G. Jung, nos mitos e contos de fadas um tesouro aflora por nove anos, nove meses e nove noites. Se na última noite ele não foi encontrado, volta a desaparecer e a busca recomeça do início. O 9 manteve-se também como número simbólico nos poucos ritos de iniciação remanescentes no Ocidente. Nas Ordens Herméticas, como, por exemplo, a Rosa-cruz, existem nove graus iniciáticos, e nas ordens e congregações católicas, o número 9 simboliza o tempo de concentração antes de se dar um passo definitivo. Os noviços franciscanos e os beneditinos fazem votos, inicialmente, por um tempo limitado. Somente o voto eterno, feito no nono ano, o compromete com a ordem para a vida inteira. O 9 tem um significado religioso muito intenso por ser a potenciação do 3 divino ( 3 x 3 ). Nós o encontramos em culturas matriarcais como facetas da Grande Deusa; as nove Musas que habitam o monte Parnaso, e a Hidra de nove cabeças são testemunhas disso. No Cristianismo existe o conceito dos nove coros angélicos e das nove esferas celestiais, como foi descrito por Dante: acima das oito esferas dos sete planetas e do firmamento existe uma nona esfera, abóbada celeste cristalina sem estrelas, que forma a passagem para o Empíreo, onde habitam os espíritos bem-aventurados. E no Sermão da Montanha Jesus indica esse caminho por meio de nove Bem-aventuranças. O 9 aparece no Novo Testamento como símbolo de transição. Jesus morre à nona hora do dia e, segundo o que se conta, ele foi preso à cruz com três vezes três marteladas, e até hoje, supostamente, as nove badaladas de sino que soam em algumas igrejas, devem nos relembrar esse fato. O verdadeiro objetivo do recolhimento interior, antes de se dar o passo para o novo, é o autoconhecimento. Isso proporciona uma sensação de coerência e possibilita à pessoa ser decidida a agir com clareza, ao contrário da atitude apressada das pessoas que acham que sabem de tudo. Então, não é de estranhar que encontremos O Eremita na nona carta dos Arcanos Maiores do Tarô. Esse arquétipo do velho sábio simboliza o recolhimento e o isolamento, contudo sem ser insociável, solitário, nem alheio à realidade. Ele pode estar junto a outras pessoas, mantendo-se, contudo, sempre fiel a si mesmo. Essa mesma ideia encontra-se também no número 9. Ele se deixa misturar com qualquer outro número, porém mantém-se “fiel” a si mesmo: qualquer número multiplicado (= misturado) por 9, produzira um resultado cuja soma transversal é sempre 9 ( 3 x 9 = 27, 2 + 7 = 9 ou 17 x 9 = 153, 1 + 5 + 3 = 9 ). Por outro lado, o 9 também pode desaparecer de qualquer grupo numérico sem deixar rastros. Qualquer quantia dividida por 9, deixa um resto que corresponde à soma transversal do número original: 431 : 9 = 47, resta 8 ; 4+3+1 = 8.

O velho sábio simboliza também uma força que ajuda os outros a transpor barreiras sem perder a autenticidade. O mesmo “faz” o número 9. Ele auxilia os outros números a transpor o próximo limite decimal, sem os manipular ou adulterar. Pois seja qual for o número que se some ao 9, a soma transversal do resultado é igual à soma transversal do número inicial. 7 + 9 = 16 ; 1+ 6 = 7 ou 105 + 9 = 114 ; 1 + 0 + 5 = 6, assim como 1 +1 + 4 = 6.

O 9 no Eneagrama é tanto um símbolo de autoconhecimento como também um guia da sequência certa dos passos a serem tomados. Esse conceito que foi transmitido inicialmente por Gurdjieff descreve um processo de realização em nove estágios. Mais tarde, a partir dele, foram desenvolvidos os conceitos de tipos de personalidade conhecidos nos dias de hoje. Ambos são temas típicos do nove. O ponto central da rosa dos ventos também simboliza a ideia do nove, de recolhimento e concentração no centro antes de dar-se o passo para o novo. Ela indica quatro direções principais e quatro intermediárias. Contudo, a orientação acontece por meio do centro, onde fica o nove. Esse mesmo conceito se apresenta na ideia dos nove mundos da teadição celta do Norte. No caminho de Santiago, a concha indica ao peregrino o caminho para se chegar a meta (ao seu interior). A concha de Santiago é muitas vezes representada de forma estilizada com nove arcos, como no brasão do Papa Bento XVI. No Islamismo, o nono mês do ano é sempre o mês do jejum, o Ramadã, e segundo o Alcorão, Alá tem 99 nomes. Nos meios cristãos, diz-se amém (assim seja) no final de uma benção ou uma oração. Se somarmos os valores numéricos das letras gregas dessa palavra, teremos a = 1 , m = 40 , h = 8 e n = 50, e por sua soma o número 99, e com isso, simbolicamente, duas vezes o nove.

As nove Bem-aventuranças do Sermão da Montanha (Mateus 5, 3-11)=

Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.

Bem-aventurados os famintos e sedentos de justiça, porque serão saciados.

Bem-aventurados os que se compadecem, porque alcançarão misericórdia.

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem e, por minha causa, mentirem, dizendo contra vós todo mal. Alegrai-vos e exultai, porque grande será a recompensa.


As nove Musas=

Erato (Poesia de Amor)

Euterpe (Flauta, Lirismo)

Calíope (Poesia Épica, Filosofia, Retórica)

Clio (História)

Melpômene (Tragédia)

Polímnia (Dança e Canto)

Terpsícore (Cítara)

Thalia (Comédia)

Urânia (Astronomia)


Os nove coros angélicos e sua correlação com as esferas=

Anjos : Lua

Arcanjos : Mercúrio

Principados : Vênus

Potências : Sol

Virtudes : Marte

Dominações : Júpiter

Tronos : Saturno

Querubins : Estrelas fixas

Serafins : Empíreo


---------------


10 ) DEZ : O número da ordem divina, da conclusão e da perfeição =

Des é o número da perfeição, da plenitude e da ordem divina universal. Os dez dedos das nossas mãos foram certamente responsáveis pelo número 10 se tornar um número-chave, não somente na hora de se contar e calcular, mas também um símbolo de um limite claro, palpável, porém, também mágico. Unidas para rezar, as mãos indicam que o homem se coloca em harmonia com a ordem divina. Nós estamos familiarizados com o 10 como número da ordem divina, sobretudo por causa dos Dez Mandamentos, que são válidos tanto para os judeus quanto para os cristãos. Os budistas também possuem dez mandamentos, dos quais cinco são para os leigos e cinco para os monges. A estrutura dos mandamentos judeu-cristãos, que são divididos em 3 e 7, reflete também a mística numérica. Em analogia ao 3 divino, os três primeiros mandamentos tratam da relação do homem com Deus, ao passo que os sete restantes regulamentam as relações entre os homens. Dessa maneira, eles refletem a ideia do 7 como símbolo do limite divino na Terra. Essa divisão em 3 : 7 pode ser encontrada em inúmeras representações artísticas das tábuas dos Mandamentos. Os judeus, os cristãos, e os islamitas sabem que o dízimo, isto é, um décimo do que se ganha, pertence a Deus. O 10 desempenha um papel-chave como ordem divina e plano da obra divina também na Cabala, a doutrina secreta judaica. Nela o símbolo central é a chamada Árvore Sephirótica, que com os seus dez centros de energia, os Sephiroth (do hebraico: cifra) é um símbolo de toda a criação. O 10 já era considerado sagrado pelos pitagóricos, os pais da mística numérica ocidental, por ser a soma dos primeiros quatro números cardinais: 1 + 2 + 3 + 4 = 10. Com isso, ele também personifica a soma dos quatro elementos, os fundamentos que compões toda a criação. Os pitagóricos usaram uma pirâmide de pontos, o seu símbolo sagrado, que eles chamaram de Tetraktys (grupos de quatro) para ilustrar essa ideia. Na verdade, esse símbolo te m exatamente aquilo que, segundo se acreditava, seria a característica de algo sagrado: ser mais do que a soma de suas partes, pois os dez pontos que formam a figura, formam ao mesmo tempo um triangulo divino. Se observarmos como os números extensos eram escritos em algarismos romanos no Ocidente cristão, então perceberemos que a sua forma também contribuía para a compreensão simbólica do número. O 10 em algarismo romano X (Chi), que é semelhante ao X. O jota, letra inicial do nome Jesus, em hebraico, assim como o nome divino Javé, também tem o valor numérico 10. O 5 em algarismo romano é, como se sabe, um V, e o X (dez) é composto por um V (cinco)e outro espelhado, valendo assim o dobro do V. Por isso era preciso tomar cuidado na Idade Média para não ser burlado pela transformação de um V em X. O perigo consistia, sobretudo, em assinar uma nota promissória de V ducados em ouro e a dívida duplicar, pois quem havia emprestado o dinheiro podia transformar o V em um X. Por essa razão o V (cinco) era muitas vezes escrito como um U.

O Tarô nos mostra como décima carta dos Arcanos Maiores, a Roda do Destino, uma carta que é frequentemente interpretada, de modo superficial, como experiências imprevisíveis, que são chamadas de sorte ou azar. Em um âmbito mais profundo, porém, ela se revela como a Roda do Tempo, que ao longo da vida nos apresenta uma tarefa após a outra e que, tal como as pedras de um mosaico, compõe uma imagem completa, que representa a nossa missão de vida. A inscrição na roda mostra que por trás da colocação desses problemas oculta-se uma lei divina (TORA = lei , JHVH = Jahwe/Javé = o nome de Deus).


---------------


11 ) ONZE : O número da imperfeição, da transgressão e do pecado =

A palavra “Elf”, onze em alemão, originou-se da palavra “einlif” do alto alemão, que significa “um além”, ou seja um a mais que o dez. Nisso reflete-se também uma parte do seu simbolismo. O 11 é considerado o número do pecado, pois ele é um número a mais do que os Dez Mandamentos e com isso simboliza a transgressão da ordem divina. Ao mesmo tempo, ele é menos do que o perfeito 12, e com isso símbolo da imperfeição. Disso nos lembram os labirintos de onze voltas nas igrejas, como o do chão da Catedral de Chartres. O visitante entra nessa símbolo de confusão pelo Oeste, local onde o Sol se põe ( = fim do mundo e o juízo final) e na busca pelo (seu) centro, caminhando pelas onze voltas, toma consciência da sua imperfeição e culpa. Além disso, o 11 o adverte que a última hora já se iniciou. O 11 tem também um significado singular na Cabala. O seu símbolo central é a Árvore da Vida, que mostra como o divino desdobra-se em dez emanações neste mundo. Existe, porém, também uma décima primeira misteriosa Sephira. Ela é chamada de “Daath” e é considerada símbolo do fruto proibido, que Adão e Eva comeram no Paraíso. Onze também é a diferença entre os 365 dias do nosso calendário e os 354 do calendário lunar. Um antigo conto relata a sua origem pecaminosa e explica como o calendário egípcio no ano 4241 a.C passou de 360 para 365 dias: “Naquele tempo em que todos os anos ainda tinham 360 dias, o sublime deus Sol Rá amaldiçoou a sua esposa Nut, a mãe dos deuses, por ela o trair constantemente com diversos amantes. Ele jurou que os frutos desses deslizes não nasceriam nem sob o seu domínio, nem sob o domínio da Lua, ou seja, nem de dia, nem de noite, nem durante o mês, nem durante o ano. O grande Thot, um dos seus amantes, soube disso e planejou um modo de ajuda-la. Ele partiu a caminho da deusa da Lua, Selene, para a qual as horas do dia eram bastante longas, com um jogo de tabuleiro que ele acabara de inventar. Thot sugeriu a ela jogar com ele para passar o tempo, e a convenceu a apostar nesse jogo a septuagésima segunda parte de um ano (360 : 72 = 5 dias ). Eles jogaram durante todo o dia. Às vezes a sorte pendia para a deusa da Lua, e as vezes para o inventor do jogo. Porém, ele não seria o grande Thot, ao qual os gregos chamam de astuto, se, ao final desse jogo, ele não tivesse vencido com uma grande jogada. Assim, ele tomou cinco dias da ingênua deusa da Lua, e correu para o horizonte, desprendeu o laço do ano velho e colocou naquele lugar cinco novos dias. Por eles não estarem nem sob o domínio do Sol nem da Lua, Nut pôde dar a luz em cada um desses dias. Dessa maneira, o pecado (a consequência do seu deslize) veio mesmo ao mundo. Porém, o lugar onde Thot cortou o laço do ano velho, é o instante no qual a estrela cão, Sirius, é vista pela primeira vez no ano. Desde aquele memorável jogo, o calendário passou a ter 365 dias. Contudo, os cinco dias que Selene perdeu encurtaram o seu ano lunar para 354, pois ele é contado em noites.”

Portanto, o 11 representa o tempo entre os anos. Esse é um período de tempo fora do comum, como é conhecido em várias culturas, um tempo ao avesso no qual as relações normais ficam de cabeça para baixo. Nesse tempo entre os tempos, reina uma espécie de “anarquia ritualística”, na qual a pessoa civilizada se permite esquecer de si mesma para reunir-se às forças anárquicas das quais ela se originou. As festas Saturnálias dos romanos, nas quais o senhor virava escravo e o escravo virava senhor, refletem esse mundo ao avesso da mesma maneira que outros dias loucos. O que restou disso até os dias de hoje foi o Carnaval, que na Alemanha começa no dia 11 do 11 às 11 horas e 11 minutos, e é dirigido por um grêmio de onze pessoas. Essa tradição remonta 11.11.1391. Depois de ter caído no esquecimento, ela foi reavivada no início do século XIX. Todavia, naquela época atribuía-se ao 11 outro simbolismo. No espírito da Revolução Francesa, que naquele tempo alastrava-se pela Europa, a palavra ELF – o onze, na Alemanha – era interpretada como uma abreviatura da famosa divisa: E = egalité (igualdade), L = Liberte (liberdade) e F = fraternite (fraternidade). Mesmo não se tratando de uma interpretação de simbolismo numérico, e interessante observar como esses temas refletem-se em Aquário, o décimo primeiro signo do Zodíaco. Sendo o signo oposto a Leão, que corresponde ao arquétipo do rei, Aquário personifica o seu alter ego e antagonista. Nos primórdios das cortes reais, o Bobo da Corte era o único que podia dizer a verdade ao rei. Com o advento da era moderna, o rebelde, o revolucionário, é que passou a reclamar os direitos básicos democráticos.

No Tarô, a Força, a décima primeira carta dos Arcanos Maiores, mostra a domesticação suave do leão. Por ele personificar o nosso lado selvagem e com isso – na perspectiva da igreja – a natureza pecadora dos homens, a ideia do 11 está bem representada nessa carta. No Tarô de Rider, contudo a Força foi trocada pela Justiça e colocada no oitavo lugar, que tem menos relação com o seu simbolismo numérico. Por outro lado, o oito deitado no Tarô de Rider – que no Tarô de Marselha fica escondido por debaixo do chapéu – mostra a união bem-sucedida, duradoura e harmônica do homem civilizado (mulher) com a sua natureza animal (animal). Encontra-se ai também mais um significado importante do 11, que deve fazer com que os amantes do futebol façam as pazes, finalmente, com o simbolismo desse número, que é tão importante para eles. O 11 é considerado o número da maestria, demonstrado nessa carta pelo domínio das forças instintivas de um modo magistral, que permite até que se conduza o leão com uma coroa de flores.


---------------


12 ) DOZE : O número perfeito =

Da mesma maneira que o 7 ( 3 + 4 ), o 12 ( 3 x 4 ) também é um número ideal, produto do 3 divino e do 4 terreno, simbolizando, assim, um outro limite de tempo divino na Terra. Nós o encontramos nos doze meses do ano, nos doze signos do Zodíaco e nas duas vezes dose horas do dia e da noite. Como um número sagrado, ele está duplicado nos 24 dias contados até o Natal, no calendário do Advento, e nas Doze Noites Santas, que seguem a noite do dia 25 de dezembro até o dia de Reis. Que seja necessário uma dúzia (do latim duodecim = doze), para que as coisas se tornem completas e que seja preciso contar até 12 para que se possa compreender o todo, se manifesta na língua alemã, e na inglesa também, na particularidade de nessas línguas todos os números até 12 possuírem um nome próprio, enquanto os nomes dos números seguintes são compostos por nomes dos outros números como drei-zehn (três-dez) ou thir-teen. O ciclo se encerra com o 12 não apenas no sentido de tempo. Esse número representa o todo também nas quantidades. Estamos acostumados a arredondar com o 10 para mais ou para menos, quando fazemos contas, mas nos contos de fadas, mitos e lendas, o 12 é basicamente o número mais usado em arredondamentos. Como uma dúzia eles personificam um grupo inteiro, como os doze caçadores, os doze irmãos ou as doze fadas boas. Jasão pôs-se à procura do tosão de ouro juntamente com doze argonautas. Nos Nibelungos, Siegfried segue com doze companheiros para Worms para conquistar Kriemhild, e navega mais tarde doze dias e doze noites para a Islândia, em uma disputa com Brünhilde. Sobre essa Valquíria poderosa dizia-se que era capaz de arremessar uma pedra, que “doze homens carregavam com dificuldade” a doze braças de distância. Na Távola Redonda de Arthur, o décimo segundo lugar era mantido livre para o cavaleiro que encontrasse o Santo Graal. Doze tábuas nos contam a Epopeia de Gilgamesh, o violento rei de Uruk, que caminhou doze horas na escuridão até o fim do mundo, em sua busca pela imortalidade, e depois, atravessou as águas da morte numa balsa feita de doze varas em 120 horas duplas. As doze tarefas desse primeiro herói da mitologia ocidental serviram de inspiração para os céleres doze trabalhos de Herácles (Hércules), com os quais ele foi curado da loucura e alcançou a imortalidade. Esses doze feitos, da matança do Leão até o sequestro do Cão do Inferno, já foram diversas vezes interpretados como tarefas dos doze signos do Zodíaco. Na geometria se conhece o dodecaedro, que é constituído por doze pentágonos regulares. Pela simbologia do 5, o número do homem, sabemos que ele pode corresponder tanto à natureza pecadora do homem (pentagrama com a ponta voltada para baixo), quanto à nossa busca por algo elevado (pentagrama cm a ponta voltada para cima). Por essa razão, há uma simbologia profunda na combinação entre o 5 e o 12 no dodecaedro. Ele une o homem (5) com o espaço divino (12). Salvador Dali expressou essa ideia na sua pintura da Última Ceia, que precede a Salvação. Ela mostra os doze discípulos em primeiro plano – que representa este mundo – enquanto Cristo, o mediador, ocupa o lugar na linha limite para o espaço sagrado, para o qual ele abrirá passagem para a humanidade, por meio de sua morte no dia seguinte. Do mesmo modo, encontramos o 12 perfeito no mundo dos deuses gregos, como os doze Titãs nos primórdios dos tempos, no lugar dos quais surgiram mais tarde, os doze deuses do Olimpo; e em Asgard, o céu dos deuses germânicos, onde vivem e atuam doze Ases. O 12 possui um papel-chave também na Bíblia, quando se trata de descrever um círculo completo, a integridade. Nós conhecemos as doze tribos de Israel, os doze livros dos profetas do Antigo Testamento, os doze discípulos, e os doze apóstolos. Mas sobretudo o último livro da Bíblia, o Apocalipse de João, está repleto de simbolismo numérico. Nele, o 12 é a medida da Nova Jerusalém, a morada dos que serão salvos. Essa cidade de Deus foi construída sobre doze fundamentos, com doze portas feitas de doze pérolas, que trazem o nome das doze tribos de Israel e que são guardadas por doze anjos. Dessa maneira, não só o aspecto sagrado do 12, como também a ideia de um objetivo são expressos. Como o círculo se fecha com o 12, esse número simboliza também o final feliz de uma longa viagem, da meta alcançada. Na visão de João, caberá a 12 vezes 12 mil escolhidos viver nessa cidade celestial no fim dos tempos. Enquanto a maior de todas as metas não for atingida, o fim de um ciclo indica constantemente que um novo ciclo tem de começar com o número 1, caso contrário, chegamos ao 13, ou seja, ao fim. Para que essa passagem funcione, segundo os antigos, é necessário fazer um sacrifício. Esse é o significado do 12 no Tarô, no qual ele é o número do Pendurado. Essa carta simboliza um ponto morto, o ponto de parada no decorrer de um movimento, que para ser superado precisa de um sacrifício, antes que um novo ciclo possa iniciar-se. No final das contas, trata-se aqui da disposição de sacrificar o próprio Eu, que é o tema da carta seguinte, A Morte. Na Astrologia encontramos essa mesma ideia no signo de Peixes, o último do Zodíaco. Ele corresponde ao final arquetípico do ano, que recomeça sempre com o signo seguinte, Áries, o signo da primavera. A época de Peixes, o mês de março, é o tempo da semeadura (no hemisfério Norte), na qual encontramos mais uma vez o conceito relacionado ao número 12, pois, o grão que será semeado é aquele que o povo não usou para se alimentar, e que será então sacrificado no colo da Mãe Natureza, para que se possa gerar novos frutos. A décima segunda carta do tarô evidencia ainda outra coisa. Enquanto o 1 e o 2 não se unem no 3, e permanecem um ao lado do outro, como é claramente o caso do 12, o novo não pode surgir. Enquanto isso perdura, oscilamos entre as polaridades do 1 e do 2, que provavelmente vivenciamos como uma contradição torturante e insolúvel, por querermos duas coisas ao mesmo tempo, as quais aparentemente se excluem uma a outra. Quando nos encontramos num dilema entre a família e o trabalho, entre a busca espiritual e a necessidade material, a liberdade e o aconchego, a razão e o instinto, a coragem e a covardia, essa carta nos mostra, então, que a solução não está em oscilar entre dois extremos, mas sim em buscar uma terceira possibilidade, bem mais profunda. Nós temos consciência da tensão entre o 1 e o 2, que está evidentemente na superfície. Contudo, a verdadeira solução está escondida no fundo, num terceiro lugar, o qual somente podemos encontrar quando nos aprofundamos em nós mesmos, por meio desse conflito. Por essa razão, o pendurado está preso de cabeça para baixo e, ao que parece, ele foi iluminado (a auréola em volta de sua cabeça). No exemplo seguinte podemos ver com clareza a importância desse passo no caminho para o autodesenvolvimento: estudos psicológicos mostram que tendemos a assumir o modelo de casamento dos nossos pais ou a fazer exatamente o contrário. Se os pais viviam brigando, é bem provável que se faça o mesmo, ou então, que se faça de tudo para evitar brigas. As duas possibilidades são relativamente fáceis, não se necessita de muita criatividade e isso demonstra a dependência de um modelo. Mas para se conseguir uma forma de relacionamento própria e madura, que corresponda às suas características individuais, é necessário encontrar uma terceira forma e colocá-la em prática. O mesmo vale para crenças religiosas ou políticas, com as quais crescemos. Assumir as dos pais é quase tão fácil como colocar-se do lado contrário. Contudo, encontrar no campo de tensão entre os dois polos as suas próprias crenças, a sua religiosidade própria e dinâmica, e a sua própria verdade é o passo decisivo; porém, é também o terceiro e difícil passo no caminho da individuação.

Importantes Grupos de Doze=

Signos do Zodíaco: Áries ; Touro ; Gêmeos ; Câncer ; Leão ; Virgem ; Libra ; Escorpião ; Sagitário ; Capricórnio ; Aquário ; Peixes

Apóstolos: Pedro ; André ; Tiago maior ; João ; Tomé ; Tiago menor ; Filipe ; Bartolomeu ; Simão ; Mateus ; Judas Tadeu ; Matias

Tribos de Israel: Rúben ; Simeão ; Judá ; Issacar ; Zebulão ; Benjamin ; Dã ; Naftali ; Gade ; Aser ; Manasses ; Efraim

Deuses do Olimpo: Zeus/Júpiter ; Hera/Juno ; Posêidon/Netuno ; Deméter/Ceres ; Apolon/Apolo ; Artemis/Diana ; Ares/Marte ; Afrodite/Vênus ; Hermes/Mercúrio ; Atenas/Minerva / Hefesto/Vulcano ; Héstia/Vesta

Cavaleiros da Távola Redonda: Lancelote ; Galahad ; Boors ; Percival ; Gauvain ; Tristan ; Lamorak ; Tor ; Kay ; Gareth ; Bedivere ; Mordred


---------------


13 ) TREZE : O número tabu =

O 13 é tido como a dúzia do diabo e o número do azar. A sexta-feira 13 é considerada simplesmente um dia ruim. Encontramos explicação para essa má fase na Bíblia. Nela, o fim do mundo começa no capítulo 13 do Apocalipse; sobretudo, também, Jesus era o décimo terceiro em meio aos seus discípulos e morreu numa sexta-feira. Como por trás de todo tabu esconde-se algo sagrado, encontramos também por trás desse número de azar desprezado um significado profundo. Esse significado torna-se claro se imaginarmos o 12 como uma roda com doze raios ilustrando o decorrer do ano no Zodíaco e os discípulos de Jesus. O 13 seria, então, o centro, o ponto mais importante e que a tudo une, o lugar que Cristo ocupa. Se esse ponto for percebido, compreendido e a ele for dada a devida atenção, ele simboliza a força transformadora, que por meio do sacrifício de um, possibilita a salvação do todo. Para isso é necessário olhar para o centro de si mesmo e encarar a morte de maneira consciente. Na medida em que nos afastamos da morte e a reprimimos, o 13 passa a ser um símbolo de algo desagradável. Nós nos afastamos de nós mesmos e não olhamos mais para o centro do círculo. Com isso, o número perde a sua força unificadora e salvadora, o centro parte-se, e suas mil partículas parecem – em linguagem figurativa – um holograma, repetido por toda parte como a posição extremamente desagradável de décima terceira, na qual se encontram os infelizes e rejeitados, os azarados e os menosprezados da sociedade. Certamente, eles também se sacrificam involuntariamente pelo bem do todo, mas isso não é compreendido nem por eles mesmos, nem pela sociedade, e muito menos reconhecido, valorizado ou apreciado. Embora se afirme ocasionalmente que o significado negativo do 13 tenha surgido apenas no século passado, existem pistas do seu papel infausto desde a Antiguidade. Os babilônicos já chamavam o décimo terceiro mês dos anos bissextos de “corvo de mau augúrio” e os chineses o chamavam de “o senhor da aflição”. O 13 possui, também nos contos de fadas, um significado de perigo: a intrusa décima terceira fada, ou a décima terceira porta, que não deve ser aberta de maneira alguma. Também o fato de a décima terceira carta dos Arcanos Maiores no Tarô ser A Morte, é um sinal de uma velha ligação entre esses dois temas. E a sexta-feira? Esse dia é consagrado a Freya ou, em sua correspondência romana, a Vênus. Por ambas serem personificações de uma feminilidade prazerosa, a sexta-feira 13 era, certamente, um dia de alegria nos tempos antigos, e somente depois, em culturas solares, passou a ser difamado como um dia de azar. A partir daí, passou-se a não mais considerar Cristo como o décimo terceiro no centro dos doze, mas a associar esse número nocivo a Judas, o traidor, fato que, por sua vez, tem um interessante paralelo no mundo dos deuses germânicos. Nele, o ladino Loki, o décimo terceiro deus, traiu Baldur, o deus da primavera, levando-o à morte. As pesquisas sobre o matriarcado partem do princípio de que 13 era inicialmente um número sagrado, que somente depois do surgimento dos valores do patriarcado foi condenado, difamado e temido. Uma confirmação disso são os indícios de que os antigos calendários eram calendários lunares, segundo os quais, até os dias de hoje, são calculadas a maioria das festas judaicas, cristãs e muçulmanas. No calendário lunar, contudo, o ano possui treze meses, e no último deles o sol “morre” no solstício de inverno. Em culturas que vivenciam o tempo de uma maneira cíclica, no constante ciclo do nascimento e morte, isso não oferece nenhum problema, pois o jovem Sol renasce no dia seguinte. A partir do momento em que a consciência linear se impõe nas culturas patriarcais, onde há um começo e um fim absoluto, esse final é, obviamente, vivenciado a cada vez como uma coisa terrível. E, pelo fato de as culturas patriarcais preferirem o princípio constante do Sol à instável Lua, a morte aparente do astro principal torna-se uma catástrofe. Com a introdução do calendário solar, o 12 torna-se um número sagrado e o 13, juntamente com todos os outros valores sagrados da antiga cultura, são amaldiçoados. Isso se dá de maneira mais eficiente quando se passa a associar o que era sagrado ao mau augúrio. Desde então, a Lua, a noite e o 13 formam o grupo simbólico feminino reprimido, inconsciente e, não raras vezes, amaldiçoado, enquanto a tríade masculina é composta pelo Sol, o dia e o 12. Que o 13 desempenha um papel-chave como número mágico em círculos ocultos, e não representa necessariamente um mau augúrio para os que o trazem consigo, pode ser observado no emblema nacional dos Estados Unidos da América: o “Grande Selo”, que pode ser visto em toda nota de 1 dólar. Ele mostra uma águia que com a sua garra esquerda segura treze flechas e com a direita treze folhas, enquanto treze estrelas brilham por sobre sua cabeça em forma de um pentagrama, e seu escudo é ornamentado por treze listras. A pirâmide no lado de trás do Grande Selo possui treze degraus. Supostamente, tudo isso tem relação com os treze estados fundadores. Essa tentativa de explicação, contudo, não faz jus ao simbolismo maçônico. Por ninguém mais querer ficar no décimo terceiro lugar, esse número é deixado de fora até mesmo nos tempos esclarecidos de hoje. Hotéis não têm o décimo terceiro quarto, muito menos o décimo terceiro andar; trens não têm o vagão número 13 e aviões não possuem fila de assentos com esse número. Somente quando se trata de dinheiro é que a superstição atinge rapidamente um limite. Eu não conheço ninguém que tenha se recusado a receber o seu décimo terceiro salário.


---------------


14 ) QUATORZE : O número do auxílio, da bondade e da misericórdia =

O número 14 é um símbolo do auxílio e da cura. Na mitologia egípcia, já se contava que Ísis rejuntou o seu esposo que estava partido em quatorze pedaços e o ressuscitou para uma nova vida com a força do seu amor. Quatorze dias é uma noção de tempo que tem sua origem num mundo antigo, no qual ainda se contava em noites, como podemos ver no seu correspondente em inglês “fortnight”. São as quatorze noites que ajudam a Lua no decorrer da metade de um mês (do calendário lunar) a chegar ao seu trono como Lua cheia. Certamente, por essa razão, os antigos sumérios já diziam que era 14 o número dos ajudantes que escoltavam Nergal, o deus do submundo, para o seu trono. Esse número simbólico é, porém, muito mais conhecido por meio dos Quatorze Santos Auxiliadores, uma ideia que surgiu no século XIV, uma época atormentada por guerras, crises e pragas. Nessa época, surgiu primeiramente nas dioceses de Bamberg e Regensburg, a imagem de quatorze santos que auxiliavam em todas as situações de aflição. Essa crença espalhou-se rapidamente por todo o sul da Alemanha até a Hungria e a Itália. Embora nem sempre fossem os mesmos quatorze santos, pois uma parte deles era substituída por padroeiros locais, eles eram sempre quatorze. Eles são conhecidos até hoje por causa das inúmeras igrejas, capelas e hospitais dos “Quatorze Santos Auxiliadores”, mas sobretudo, por uma das mais esplendorosas igrejas barrocas, a Basílica Vierzehnheiligen (dos Quatorze Santos) próxima a Bamberg, construída por Balthasar Neumann.

O Tarô traz um anjo na décima quarta carta dos Arcanos Maiores, que personifica a virtude cardeal, a Temperança. Ela representa a mistura certa que efetua a cura, o meio certo que nos conduz ao nosso centro. Este encontra-se no equilíbrio entre forças que atuam umas contra as outras, como dentro e fora, a evolução e a involução. Assim como a Lua depois de quatorze dias de crescimento volta a minguar, para depois, novamente voltar a nascer e morrer, o anjo derrama nesse ponto de retorno o conteúdo de um cálice para o outro. Vista sob um prisma arquétipo, reconhecemos nessa carta o anjo da guarda e condutor das almas, que guia os homens por todas as passagens difíceis para um novo nascimento, que é simbolizado pelo Sol no final do caminho. Como trilha suntuosa, após diversos retornos finalmente conduz ao meio curador, o caminho da vida mostra-se nos labirintos que existiam ou ainda podem ser encontrados em muitas catedrais góticas. Na sua forma típica, como ainda pode ser visto no chão da Catedral de Chartres: são duas vezes quatorze retornos que conduzem o peregrino ao seu centro, no qual floresce uma rosa de seis pétalas. A associação do 14 a um trajeto é familiar a todo católico devoto por meio das quatorze estações do caminho das procissões ou da Via Crucis. Mas o 14 também desempenha um papel importante como um espaço de tempo. No início do Novo testamento, o evangelista Mateus relata a árvore genealógica de Jesus Cristo três vezes quatorze gerações: de Abraão a Davi, de Davi até o cativeiro na Babilônia, e do cativeiro na Babilônia até Jesus. Por isso, 14 é considerado o número de Davi, assim como o número de Cristo. Na Basílica da Natividade, uma estrela de quatorze pontas marca o lugar no qual, segundo relatos, Jesus nasceu. Já no antigo Egito, o 14 possuía um simbolismo que fortalecia o Faraó. Onde quer que ele aparecesse numa procissão, quatorze carregadores levavam estandartes de seus quatorze antepassados, símbolos de suas almas imortais. Esse costume não demonstrava apenas simbolicamente que os seus antepassados o apoiavam, mas também, segundo o simbolismo desse número, que eles o haviam ajudado a chegar até o trono. O simbolismo protetor e curativo do 14 é certamente mais conhecido na benção da noite de uma oração para crianças que diz: “...e à noite quando eu me deitar, quatorze anjinhos venham me rodear.”

Os Quatorze Santos Auxiliadores=

1 : Acácio ( chamado em momentos de medo mortal e dúvida )

2 : Egídio ( chamado para fazer uma boa confissão )

3 : Bárbara ( padroeira dos moribundos )

4 : Brás ( chamado contra males da garganta )

5 : Cristóvão ( chamado contra a morte inesperada )

6 : Ciríaco ( chamado contra contestação na hora da morte )

7 : Dionísio ( chamado contra problemas de dor de cabeça )

8 : Erasmo 9 chamado contra as dores do corpo )

9 : Eustáquio ( chamado em todas as situações difíceis na vida )

10 : Jorge (chamado contra pragas dos animais domésticos )

11 : Catarina ( chamada contra os males da língua e dificuldades da fala )

12 : Margarida ( padroeira das parturientes )

13 : Pantaleão ( padroeiro dos médicos )

14 : São Vito ( chamado contra a epilepsia )


As Quatorze Estações da Via Crucis=

1- Jesus é condenado à morte , 2- Jesus carrega a cruz nas costas , 3-Jesus cai pela primeira vez , 4-Jesus encontra a sua mãe , 5- Simão Cireneu ajuda Jesus a carregar a cruz , 6- Verônica enxuga o rosto de Jesus , 7- Jesus cai pela segunda vez , 8- Jesus encontra as mulheres de Jerusalém , 9- Jesus cai pela terceira vez , 10- Jesus é despojado de suas vestes , 11-Jesus é crucificado , 12-Jesus morre na cruz , 13-Jesus é retirado da cruz e colocado no colo de sua mãe , 14- O corpo de Jesus é sepultado


---------------


15 ) QUINZE : O número da Lua cheia =

O 15 é o número da Lua cheia, pois em um mês sinódico de 29 dias, no décimo quinto dia é Lua cheia. Em culturas antigas e matriarcais, que concediam à Lua a maior honraria, o ápice de sua floração e brilho era um bom motivo para se comemorar, talvez até um dia sagrado, e o 15, um número sagrado. Assim, ele era considerado na Suméria e na Babilônia o número da deusa do amor e rainha dos céus, Inanna (Ishtar). Na medida em que os valores solares emergentes suplantaram os lunares, antes sagrados, todos os atributos da noite foram taxados de nebulosos e nocivos, e o maior corpo celestial foi maldito. Por isso, não nos surpreende encontrar no Tarô o 15 como o número do Diabo. Ele também representa o número de desejos pecaminosos da carne que Paulo enumerou em sua carta aos gálatas (Gal. 5:19-21). Uma interpretação esclarecedora vê na famosa Tabuada da Bruxa de Goethe (Fausto I, Cozinha da Bruxa), que está no Museu de Fausto em Knittlingen, instruções para se formar um quadrado mágico com esse número 15 demoníaco na soma transversal. Pelo fato de o 15 ser a soma dos cinco primeiros números ( 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 ), e ser assim um “grande cinco”, não surpreende que ele assuma também a ambivalência do número 5. Assim como a estrela de cinco pontas pode representar tanto algo bom quanto ruim, o 15 possui também um polo claro e um escuro. O lado claro desse número simboliza que se alcançou o ponto máximo, que se escalou um pico. Assim, a décima quinta estação da Via Sacra é a ressurreição, para qual não se precisa de nenhuma ilustração. O caminho para o Templo de Jerusalém passava por quinze degraus. Cada degrau correspondia a um dos quinze salmos dos degraus ou ascensão (salmos 120-134), que os devotos cantavam ao subir degrau por degrau em sua peregrinação para Jerusalém. Esse simbolismo torna-se mais evidente no caminho de Maria para o templo. Segundo o Evangelho apócrifo de Tiago, Maria foi levada ao templo por seus pais Joaquim e Ana quando tinha 3 anos, e lá permaneceu durante nove anos até o seu noivado com José. Nas pinturas sacras existem inúmeras ilustrações sobre esse tema, que mostram como a pequena Maria subiu os quinze degraus do templo para se dedicar à grande tarefa que tinha pela frente. Ao subir esses degraus ela se torna, de certa maneira, a Lua cheia, o símbolo da mulher e mãe totalmente desabrochada, pois, como Mãe de Deus, ela mesma passa a ser mais tarde um emblema do templo (Mãe Igreja), que traz o Divino para o mundo. Por Maria reunir em si, sob diversos aspectos, o simbolismo lunar das grandes rainhas celestes dos tempos antigos, não é de se estranhar que o número da Lua cheia esteja relacionado com essa consagração. Como 3 x 5 = 14, também faz a ligação entre o 3 divino e o 5, o número dos homens. Essa ligação encontra-se nos quinze mistérios do rosário, que o fiel reza dez vezes, e que o faz recordar os 150 salmos. A maturidade que a Lua cheia atinge no décimo quinto dia, assim como o fato de ela depois minguar e desaparecer, é evocada no conto de fadas “A Bela Adormecida”, que no seu aniversário de 15 anos encontra a chave para a porta proibida. Contudo, passam-se cem anos até que a Bela Adormecida seja beijada e acorde. A Lua, entretanto, surge novamente já no décimo sétimo dia depois da Lua cheia.


A Tabuada da Bruxa =


Um quadrado com 3 x 3 campos possui 9 lugares que são preenchidos dessa forma:

1 / 2 / 2

4 / 5 / 6    

7 / 8 / 9


Precisareis entender! Do um, dez fareis,

( O campo 1 vira 10 e o 1 desaparece.)

10 / 2 / 3

4 / 5 / 6

7 / 8 / 9


O dois deixareis, o três igualareis, e assim já sois rico.

( O 2 passa para o campo seguinte, assim como o 3. Eles empurram consigo todos os outros números. )

10 / - / 2

3 / 4 / 5

6 / 7 / 8


Lançar quatro fora!

( O campo 4 agora também está vazio. )

10 / - / 2

3 / - / 5

6 / 7 / 8


Dos cinco e dos seis assim diz a bruxa, sete e oito fareis,

( 5 e 6 são substituídos por 7 e 8 )

10 / - / 2

3 / - / 7

8 / - / -


E assim está encerrada: E os nove são um, e os dez são nenhum.

( O 1 vai para o nono campo, e o 10 é cortado. )

- / - / 2

3 / - / 7

8 / 1 / -


Essa é a tabuada da bruxa!

( Com o “valioso” conhecimento, que o 15 é a soma de cada linha, pode-se facilmente completar os números que foram “perdidos”. )

4 / 9 / 2

3 / 5 / 7

8 / 1 / 6

A soma de qualquer coluna, também de qualquer fileira e qualquer diagonal completa é sempre 15.

( A soma dos números 10, 2 e 3 resulta em 15, informação valiosa, por esse ser o número do quadrado mágico. )


---------------


16 ) DEZESSEIS : O número da divisão sutil ou da fragmentação =

Dezesseis é o número da perfeição, pois ele reflete a sutil estrutura da realidade. Segundo ensinamentos da Antiguidade, toda a criação foi formada pelos quatro elementos: fogo, terra, ar e água, que se subdividem em dezesseis subelementos. Como o fogo do fogo, água do fogo, ar do fogo, terra do fogo, e assim por diante, eles desempenham um papel importante sobretudo no conceito de mundo da magia e foram introduzidos no Tarô por Aleister Crowley. Em suas cartas, A Carruagem, em cujo dossel pode-se ler o famoso Abracadabra, é puxada por quatro esfinges singulares. A esfinge clássica tem a cabeça de um homem, as asas de uma águia, o corpo de um touro, e a cauda e as patas de um leão. Contudo, nesses animais que puxam a carruagem, as “peças elementares” foram trocadas entre si, como em um quebra-cabeças de empurrar as peças, mostrando as dezesseis possibilidades com as quais os quatro elementos se deixam combinar. As dezesseis Cartas da Corte, que simbolizam pessoas no Tarô de Crowley, são também categorizadas segundo esse princípio. Nelas, o cavaleiro de Bastões representa o fogo do fogo, e é, assim, a representação da forma mais pura da energia do fogo; a Rainha dos Bastões, por sua vez, simboliza a água do fogo; o Príncipe, o ar do fogo; e a Princesa, a terra do fogo. As energias mais puras são personificadas por conseguinte pela Rainha de Copas (água da água), Príncipe de Espadas (ar do ar) e a Princesa de Discos (terra da terra). Quando equiparamos fogo com vontade, água com sentimentos, ar com pensamento e terra com sensualidade, obtemos dezesseis nuances.

Cavaleiro = Bastões (Fogo do Fogo , Vontade Pura) ; Copas (Fogo da Água , Sentimentos acentuados pela vontade) ; Espadas (Fogo do Ar , Pensamento acentuado pela vontade) ; Discos (Fogo da Terra , Sensualidade acentuada pela vontade)

Rainha = Bastões (Água do Fogo , Vontade acentuada pelos sentimentos) ; Copas (Água da Água , Puros sentimentos) ; Espadas (Água do Ar , Pensamento acentuado pelos sentimentos) ; Discos (Água da Terra , Sensualidade acentuada pelos sentimentos)

Príncipe = Bastões (Ar do Fogo , Vontade acentuada pela razão) ; Copas (Ar da Água , Sentimentos assinalados pela razão) ; Espadas (Ar do Ar , Pura razão) ; Discos (Ar da Terra , Sensualidade pura)

Princesa = Bastões (Terra do Fogo , Vontade com um toque de sensualidade) ; Copas (Terra da Água , Sentimentos com um toque de sensualidade) ; Espadas (Terra do Ar , Pensamento com um toque de sensualidade) ; Discos (Terra da Terra , Sensualidade pura)


 O 16 como expressão da multiplicidade harmônica, da divisão sutil, que é o resultado da potencialização do 4 terreno, também é encontrado na arte sacra. A cúpula da famosa Mesquita Azul, em Istanbul, é formada por dezesseis segmentos que se unem no centro. O Cristianismo interpretava esse número, além disso, como a soma dos doze apóstolos aos quatro Evangelhos que anunciaram. Por isso, não é de admirar que a mais importante casa de Deus no mundo católico, a Basílica de São Pedro, em Roma, tenha uma cúpula com dezesseis painéis com imagens. O simbolismo desse número possui também um lado problemático. Como potencialização do 4 terreno, ele pode conter em si uma concentração enorme de energia material. Na Antroposofia existe o conceito dos dezesseis caminhos da decomposição como polo oposto aos oito caminhos da salvação dos budistas. Com base nisso, Rudolf Steiner alertou sobre o perigo de o homem ligar-se muito profundamente a cada uma das suas encarnações. Se o fizer dezesseis vezes seguidas, ele sai da cadeia de encarnações que o levam adiante e precisará encarar, em sua próxima encarnação, em condições consideravelmente mais difíceis. O outro lado da moeda da perfeição surge também, tão logo a força purificadora saia do centro. Então o 16 torna-se o número da fragmentação. O Tarô mostra esse difícil aspecto na carta A Torre. Ela desaba, pois a sua coroa, o símbolo da força central, é atingida por um raio e é derrubada. Em Tarôs mais antigos, como o de Marselha, essa carta é chamada estranhamente de “A casa de Deus”. Será que temos aqui uma alusão à “cúpula” da Igreja cristã, que se fragmenta, porque a força unificadora do centro se rompe?


---------------


17 ) DEZESSETE : O número da nova esperança =

No fim do seu ciclo, a meia-lua minguante pode ser vista uma última vez, ao leste, um pouco antes do nascer do Sol. Depois, seguem-se três noites sem Lua, antes de a fina meia-lua crescente surgir novamente no horizonte oeste anunciando o início de uma nova fase. Esse fenômeno foi evidentemente o exemplo celeste para os rituais de nascimento e morte das religiões de mistérios, nas quais a ressurreição sempre ocorre no terceiro dia. Nós encontramos esse mesmo tema também em histórias que nos relatam viagens de três dias pela escuridão. Assim, a deusa suméria Inanna desceu ao submundo por três dias e três noites para encontrar-se com sua irmã das trevas, a deusa da morte Ereschkigal; a nona praga trouxe três dias de escuridão sobre o Egito (Êxodo 10:21); Jonas foi engolido pela baleia para depois de três dias e três noites ser cuspido para fora (Jonas 2:1); por meio do que aconteceu em Damasco, Saulo tornou-se Paulo, depois de três dias de cegueira (Ap 9:1-29), e a Bíblia relata que Cristo ressuscitou dos mortos ao terceiro dia. Contando a partir da última Lua cheia, o quarto crescente da próxima Lua nova surge no décimo sétimo dia, passando a ser um símbolo de uma nova esperança e um novo futuro. A luz no fim do túnel, ou a fonte da juventude são analogias a esse número, que também anunciou o fim da mais terrível das enchentes: como consta na Bíblia, a arca de Noé parou no Monte Ararat no décimo sétimo dia do sétimo mês do dilúvio. O número 17 também representa o instante em que a Fênix ressuscita das cinzas. Levando em consideração que no simbolismo ocidental o pavão corresponde à Fênix, compreendemos por que numa representação de um pavão da idade Média a sua cauda possui dezessete penas e olhos.

A décima sétima carta do Tarô, A Estrela, mostra a água da vida, da qual podemos tirar esperança de um futuro novo e feliz, juntamente com outros símbolos que indicam o futuro. Diz-se que a estrela principal de oito pontas, no meio das outras sete menores, representa Sofia, cercada pelas sete colunas da sabedoria. Naturalmente, as estrelas representam também o olhar para o futuro que a Astrologia nos possibilita e, do mesmo modo, como uma estrela-guia, nos proporciona orientação, objetivos e visões. O mesmo vale para o pássaro que vemos na árvore. Entre os deuses e deusas da Antiguidade, aqueles que podiam enxergar o futuro eram acompanhados por um pássaro. Eles eram: Íbis, equivalente a Thot, o deus egípcio da sabedoria; Hugin e Munin, os corvos que acompanhavam o germânico Odin; e os grous que eram considerados sagrados por Apolo, o senhor do famoso Oráculo de Delfos. Nós encontramos esse número cósmico em uma das construções mais famosas do mundo, o Templo Partenon na Acrópole em Atenas. Olhando o templo de lado, vemos dezessete colunas e de frente vemos oito. Dessa maneira, esse templo consagrado à padroeira da cidade, Palas Atena, reúne o número da justiça (8) ao número da visão e da ordem cósmica (17). Nós encontramos o dezessete como semente do novo também na história da vida de Jesus. O último relato sobre a sua infância nos Evangelhos é de quando ele entra no templo aos 12 anos; depois disso, ele somente volta a ser citado dezessete anos mais tarde no seu batismo no Rio Jordão, que é o início da sua atuação. Também o milagre de Pentecostes, com o qual o Cristianismo começa a se expandir, foi testemunhado, segundo a Bíblia, por pessoas de dezessete povos. Como símbolo de esperança também encontramos esse número oculto no Santo Rosário completo, onde a Ave Maria é rezada 153 vezes, sendo 153 a soma dos números de 1 até 17, e também nove vezes 17.


---------------


18 ) DEZOITO : O número da escuridão e do limiar para a luz =

O 18 é um número ambivalente, cujos significados claros e sombrios possuem uma equivalência celestial. A cada 180 dias, aproximadamente, ocorre um solstício seguinte, no início da metade escura. A ambivalência mostra-se também no fato de 18 ser o resultado de 3 x 6. Isso o torna um símbolo na forma tríplice da estrela de seis pontas, mas, por outro lado, nos lembra também do tríplice seis, o número da Besta do Apocalipse, 666, cuja soma transversal resulta em 18.  Na Antiguidade, o 18 era considerado sagrado e representava a totalidade. Os celtas, por exemplo, tinham um alfabeto de dezoito runas, formado por treze consoantes e cinco vogais. Esses caracteres não eram “meras” letras, mas sim caracteres sagrados –hiero (=sagrados) –glifos (= caracteres). Portanto, a sua quantidade não foi determinada aleatoriamente, tampouco por razões funcionais, mas sim muito bem calculada. Essas dezoito runas personificavam a totalidade sagrada não apenas como peças da linguagem, mas serviam ao mesmo tempo como um calendário das árvores. As treze consoantes representavam os cinco marcos no decorrer do ano solar: o dia mais longo, o dia mais curto, os dois dias de equinócio e o dia do ano-novo, dia em que o Sol renascia. Cada runa correspondia a uma árvore, cujo nome começava com essa runa, representando uma consoante e um mês, ou uma vogal e um dia. As runas, propriamente, eram esculpidas apenas em galhos (“Stäbchen” em alemão) da madeira da faia (“Buche” em alemão), que juntas formaram a palavra “Buchenstäbchen” – galhos de faia. Que mais tarde passaram a ser chamados de “Buchstaben”, que significa “letras” em alemão. Os druidas celtas atribuíam a esses hieróglifos poderes mágicos, por isso as runas eram usadas originalmente como oráculo. Com essa finalidade os druidas jogavam as runas e liam, então seu significado isolado. Dessa leitura dos galhos de faia, desenvolveu-se o que hoje é a leitura das letras. Os germânicos diziam que o seu deus da sabedoria, Odin, sabia dezoito coisas. Segundo a tradição, Odin descobriu as dezoito runas depois de ter ficado pendurado por nove dias na árvore do mundo, Yggdrasil. O número 9 é conhecido como um típico número iniciático mas ele é também 3 x 3, o número sagrado da tríplice Deusa da Lua e isso vale também para o 18, como 9 duplo. Diante do seu forte simbolismo matriarcal-lunar, não é de surpreender que o 18 também apreça relacionado a Maria. Conta-se que ela apareceu dezoito vezes em Lourdes em 1858, e segundo as visões da Irmã Maria de Agreda, dezoito serafins cercaram Maria na sua Assunção. Esses anjos do supremo amor divino a carregam desde então em algumas pinturas na sua Assunção ao Paraíso. O 18 desempenha também um papel importante nos ritos iniciáticos de sociedades secretas, como pode ser visto na “Flauta Mágica” de Mozart, que é notoriamente repleta de símbolos maçônicos. Nessa opera, o misterioso mágico Sarastro canta dezoito vezes, e o seu nome é pronunciado e cantado também dezoito vezes, e o seu nome é pronunciado e cantado também dezoito vezes. Como sumo sacerdote, ele é cercado por dezoito iniciados, que, em três grupos de seis formam um triângulo, enquanto cantam o coro número 18 “Oh, Ísis e Osíris”. O lado escuro do dezoito aparece relacionado sobretudo com todos os eclipses solar e lunar, que se repetem a cada dezoito anos na mesma sequência. Os sacerdotes que estudavam as estrelas previam os eclipses com a ajuda de círculos de pedras, como o Stonehenge. Esse fenômeno, que foi descoberto pelos caldeus há cinco mil anos, é chamado de Séries de Saros (do babilônio “sar” = universo, repetição), ou também de Período Caldeu. Depois de uma Série de Saros de dezoito anos, onze dias sete horas e 42 minutos (= 6585 1/3 dias) todos os eclipses repetem-se na mesma sequência. Contudo, eles não são exatamente idênticos, apenas se parecem, pois não acontecem no mesmo local, e sim movem-se um pouco mais adiante a cada vez. É necessário que passem de 1200 a 1400 anos para que um eclipse ocorra exatamente no mesmo local. Esse intervalo de tempo completo é chamado de Ciclo de Saros. Na mística numérica cristã, o 18 representa tanto o tempo de sofrimento quanto a cura, pois o evangelho de Lucas conta como Jesus curou uma mulher de sua paralisia, que já durava dezoito anos. De um certo modo, esse simbolismo reflete-se no tarô. Nele, a Lua, a décima oitava carta dos Arcanos Maiores, representa o limiar atrás do qual podemos encontrar a meta, a luz e a cura. O caminho até lá equivale a uma trilha na beira do abismo, que tanto pode dar certo como contém o perigo do fracasso.


O Alfabeto Celta da Árvore=

Runa B = Nome: Beth / Árvore Correspondente: Bétula / Época do ano correspondente: de 24.12 até 20.01

Runa L = Nome: Luis / Árvore Correspondente: Tramazeira / Época do ano correspondente: de 21.01 até 17.02

Runa N = Nome: Nion / Árvore Correspondente: Freixo / Época do ano correspondente: de 18.02 até 17.03

Runa F = Nome: Fearn / Árvore Correspondente: Amieiro / Época do ano correspondente: de 18.03 até 14.04

Runa S = Nome: Saille / Árvore Correspondente: Salgueiro / Época do ano correspondente: de 15.04 até 12.05

Runa H = Nome: Uath / Árvore Correspondente: Piriteiro / Época do ano correspondente: de 13.05 até 09.06

Runa D = Nome: Duir / Árvore Correspondente: Carvalho / Época do ano correspondente: de 10.06 até 07.07

Runa T = Nome: Tinne / Árvore Correspondente: Azevinho / Época do ano correspondente: de 08.07 até 04.08

Runa C = Nome: Coll / Árvore Correspondente: Aveleira / Época do ano correspondente: de 05.08 até 01.09

Runa M = Nome: Muin / Árvore Correspondente: Videira / Época do ano correspondente: de 02.09 até 29.09

Runa G = Nome: Gort / Árvore Correspondente: Hera / Época do ano correspondente: de 30.09 até 27.10

Runa NG = Nome: Ngetal / Árvore Correspondente: Junco / Época do ano correspondente: de 28.10 até 24.11

Runa R = Nome: Ruis / Árvore Correspondente: Sabugueiro / Época do ano correspondente: de 25.11 até 22.12

Runa A = Nome: Ailm / Árvore Correspondente: Abeto / Época do ano correspondente: 21.12

Runa O = Nome: Onn / Árvore Correspondente: Tojo / Época do ano correspondente: 21.03

Runa U = Nome: Ura / Árvore Correspondente: Urze / Época do ano correspondente: 21.06

Runa E = Nome: Eadha / Árvore Correspondente: Choupo / Época do ano correspondente: 23.09

Runa I = Nome: Idho / Árvore Correspondente: Teixo / Época do ano correspondente: Noite do solstício de inverno.

As runas também servem de calendário.


---------------


19 ) DEZENOVE : O número áureo =

Desde o ano 325, todo o mundo cristão celebra a Páscoa no domingo seguinte à primeira Lua cheia de primavera. Se na ocasião do primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, as partes que discutiam o assunto já tiveram dificuldade em tomar uma resolução, o cálculo exato dessa data teria causado muito mais dores de cabeça em um mundo sem calculadoras ou computadores, pois, como se sabe, o ciclo lunar não corresponde exatamente ao decorrer do ano solar. Contudo, por sorte, o matemático e astrônomo grego, Meton, já havia feito, muito antes, uma descoberta importante. Em 342 a.C ele descobriu que 235 meses lunares correspondem exatamente a dezenove anos. Por essa razão, depois de dezenove anos todas as fases lunares caem exatamente no mesmo dia do nosso calendário. Se, por exemplo, em um ano o dia 1° de janeiro tiver Lua cheia, então, dezenove anos depois será assim também. Por isso, se diz que o 19° é o número do sol vitorioso, pois, depois desse intervalo de tempo, a Lua se “submete” à ordem solar. O intervalo de tempo de dezenove anos é chamado de ciclo Metônico, em homenagem ao seu descobridor. O 19 é a base do calendário judaico, e tornou-se o número áureo no cálculo da festa da Páscoa cristã. Para isso divide-se o número do ano, cuja festa da Páscoa se queira encontrar por 19, e encontra-se então a primeira Lua cheia da primavera no ano com base nesse resultado e a ajuda de tabelas. O ciclo metônico corresponde astrologicamente ao movimento do eixo dos nódulos lunares, que dá uma volta completa pelo horóscopo no decorrer de dezenove anos, dividindo a nossa vida em quatro fases: a alvorada, a manhã, a tarde e a noite. O 19 aparece, sobretudo no Islã, nas posições e lugares mais sagrados. Dezenove portais conduzem ao pátio interno que cerca a Caaba. A famosa Mesquita de Córdoba, que já foi a segunda maior do mundo, também possui dezenove portais de entrada. Um arco de dezenove partes com imagens da Árvore da Vida, fica na entrada do Mihrab, o nicho de oração octogonal que simboliza a presença do profeta Maomé, e o Mimbar, o púlpito do Imã, tem dezenove degraus. O Alcorão sagrado compreende 114 Suras ( = 6 x 19 ) ; todas começam com a introdução “Em nome de deus (Alá), O Clemente, O Misericordioso”, que em árabe possui dezenove caracteres (Bismillahir Rahmanir Rahim). Alá é mencionado 2.698 vezes no Alcorão, quer dizer, 142 x 19. E na Sura 74, verso 30, está escrito (a depender da tradução): “sobre ele/eles”, ou “acima são dezenove”, ou também “dezenove foram colocados sobre eles”.  Talvez, trate-se, nessa frase, que é considerada muito difícil de ser interpretada, de uma analogia ao significado cósmico do 19. Assim como o ano tem doze meses e a semana sete dias, nos céus existem doze signos e sete planetas. Por essa razão, na Idade Média, via-se a soma dezenove um símbolo de totalidade cósmica.

No Tarô, o cosmos e o número áureo são mostrados na décima nona carta, O Sol. Essa carta representa, sobretudo no baralho de Aleister Crowley, no qual o simbolismo alquímico desempenha um papel importante, a grande obra bem-sucedida, o ouro alquímico e, no plano humano, a totalidade alcançada. Enquanto o Sol gira e passa seus raios pelos signos do Zodíaco, as duas crianças flutuam em direção ao cume da experiência mística da totalidade, que se encontra dentro dos muros do paraíso, que não podem ser ultrapassados pela consciência polarizada. 19 x 19 resulta em 361, um número a mais do que os 360 graus do círculo. O um seria, então, símbolo do impulso criador divino, o ponto no seu centro, como o símbolo do Sol é conhecido na Astrologia. Com tanta coisa boa associada a esse número, não é de surpreender que o simbolismo do 19 também possua um polo contrário. Algumas pessoas veem nele o número da imperfeição, aquele ao qual algo falta, o divino que conduz à salvação, que por sua vez é simbolizado pelo 20.


---------------


20 ) VINTE : O número da lei e da misericórdia =

O 20 é considerado o número gêmeo do 10 e o seu complemento no simbolismo numérico. Ele é o símbolo da união deste mundo com o além, já que ele complementa o 10, que representa a criação (a Árvore Sephirótica), com o mundo paralelo invisível, a realidade por trás da realidade. Como produto de 5 x 4 = 20, ele é, além disso, um símbolo da lei e da misericórdia. Nesse caso, o 5 representa o Velho Testamento, que começa com os cinco livros de Moisés, aquele que, com os Dez Mandamentos, mantiveram a lei da Antiga Aliança. O 4 simboliza, por sua vez, o Novo testamento, no qual os quatro Evangelhos iniciais anunciam a mensagem da misericórdia. A interpretação relatada nos quatro Evangelhos que o homem peca com seus cinco sentidos, podendo ser apenas redimido pela história da salvação, também contribuiu para tornar o 20 o número da salvação. Esse significado já existia na antiga Israel. Como a Bíblia relata, o Templo de Salomão tinha três vezes 20 côvados de comprimento e 20 côvados de largura. Na sua frente encontrava-se o altar dos sacrifícios de 20 côvados de largura e comprimento, e o Santo dos Santos era uma sala no Templo, que tinha 20 côvados de comprimento, 20 de largura e 20 de altura. Dentro dela era guardada a Arca da Aliança, com as tábuas dos Dez Mandamentos e também um pote com maná e o cajado de Aarão. Sobre a Arca, dois enormes querubins a guardavam, cujas asas tinham uma envergadura de 20 côvados. Apenas uma pessoa podia entrar, uma vez ao ano, nessa sala sagrada. No dia da Expiação (Yom Kippur em hebraico) o Sumo Sacerdote de Israel transpunha o véu e derramava o sangue de um carneiro sacrificado por sobre a Arca. Dessa maneira já se tinha aqui uma ligação entre a lei (os Dez Mandamentos dentro da Arca), e a misericórdia, que era dada ao povo em forma de perdão e reconciliação.

A vigésima carta dos Arcanos Maiores no Tarô é um símbolo de misericórdia e salvação. Ela mostra a ressurreição dos mortos no Juízo Final. A bandeira da ressurreição, na trombeta do Arcanjo Gabriel, também anuncia o fim da Quaresma, e a chegada da hora da salvação. Sob o prisma do simbolismo numérico, também é interessante observar que em representações mais antigas do Tarô havia nessa carta três pessoas que ressuscitavam de um túmulo quadrado. Dessa maneira, o divino (o número 3) é liberado do terreno (o número 4), como no final dos contos de fadas, onde o príncipe ou a princesa é libertado da sua forma encantada. Mesmo com a duplicação desse simbolismo no Tarô de Rider, onde agora se veem dois grupos de três pessoas, esse significado original de salvação é mantido. O sistema decimal, amplamente difundido entre nós, surgiu por fazermos contas com os dez dedos. Somados aos dez dedos dos pés, temos vinte como medida do homem – medida essa bastante difundida nos tempos antigos. Os maias e outras culturas antigas da Mesoamérica, faziam contas com um sistema numérico vigesimal. Em algumas línguas europeias, também existem referências ao vinte como medida. Não é somente no francês que o número 80 é formado por 4 x 20 (quatre-vingts), também no gaulês e no dinamarquês encontramos essa forma de expressão. Os bascos fazem contas até hoje com um sistema vigesimal. No inglês existe uma palavra empregada especialmente para designar o vinte: “score”. Carlos Magno instituiu um sistema monetário que foi empregado durante toda a Idade Mádia, no qual uma libra valia 20 sólidos (francês sous ; inglês shilling) ou 240 denários, um sistema que foi substituído na Inglaterra, pelo decimal apenas no ano de 1971.


---------------


21 ) VINTE E UM : O número da integridade =

O 21 simboliza a perfeição, a plenitude e a totalidade maior. Associamos esse número sobretudo à maioridade tradicional. No Tarô, ele é o maior dos Arcanos Maiores, pois a vigésima segunda carta, O Louco, não tem normalmente uma numeração, ou então, tem a cifra zero. As 21 cartas numeradas são consideradas símbolos do caminho de vida dos homens, e a vigésima primeira estação representa o alvo que se quer atingir. Na vivência exterior ela representa o lugar ao qual pertencemos, que é o nosso verdadeiro lar. Como experiência íntima, ela representa a totalidade, a meta no processo de individualização, como C.G, Jung chamou o caminho para a autorrealização. Em vista dessa riqueza de significados, seria de esperar uma quantidade grande de analogias ao 21, mas há apenas algumas poucas. Se o 7, como soma do 3 divino e do 4 terreno, já era um símbolo da totalidade, principalmente de uma parte de um caminho, de um completo intervalo de tempo, o 21, sendo 3 x 7, é um símbolo da totalidade maior. Da mesma maneira, como é necessário dizer algo três vezes nos contos de fadas para que esse algo valha, o 21, sendo 3 x 7, representa três vezes a totalidade, o que poderia ser chamado de “totalmente completo”. A totalidade como fruto do processo de individuação pode ser vista também no casamento sagrado, o arquétipo da união madura e bem-sucedida do interior de um homem e uma mulher. Para os alquimistas, o hermafrodita era o símbolo dessa união perfeita que o número 21 espelha, pois, visualmente, o 2 feminino está do lado esquerdo – o lado feminino -, à mesma altura e ao lado do 1 masculino, que está do lado direito – o lado masculino -, ambos unidos na totalidade maior do 21. A união bem-sucedida já foi tema da estrela de seis pontas e, com isso, do número 6. Como soma dos seis primeiros números ( 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21 ), e também de todos os lados de um dado numérico, o 21 simboliza, por sua vez, a união, porém em um plano maior, mais abrangente e mais elevado. A Bíblia menciona esse número em apenas um contexto importante. No livro da Sabedoria (7:22:23) são enumerados 21 atributos da sabedoria: espírito inteligente ; santo ; único ; múltiplo ; sutil ; ágil ; perspicaz ; sem mancha ; límpido ; invulnerável ; amante do bem ; penetrante ; incoercível ; benfazejo ; amigo dos homens ; constante ; seguro ; sem inquietações ; que tudo pode ; que tudo supervisiona ; que penetra todos os espíritos. Aquele que interioriza esses 21 atributos atinge, certamente, a maioridade no plano espiritual.


---------------



22 ) VINTE E DOIS : O número dos caminhos =

O número 22 é um número significativo sobretudo no Judaísmo. A Bíblia dos hebreus consiste em 22 livros que, como o Velho testamento, são o início da Bíblia cristã. A Menorá, o candelabro de sete braços, é adornado desde os tempos de Moisés por 22 flores de amendoeira. Segundo a tradição judaica, houve 22 gerações de Adão a Jacó, o patriarca das doze tribos de Israel. O alfabeto hebraico consiste em 22 letras que também podem ser lidas como números e, além disso, possuem um valor simbólico próprio. Elas são consideradas elementos constitutivos do universo. Essas 22 letras correspondem a 22 caminhos, que ligam as dez Sephiroth (centros de força divina) na Árvore da Vida da Cabala. Vinte e dois também é a quantidade de cartas dos Arcanos Maiores do Tarô, que descrevem o caminho da vida do homem em três vezes sete fazes. Vinte e dois dividido por sete é igual a Pi, o número misterioso que na matemática é tido como irracional e transcendente 3,1415926535..., a chave para o cálculo do círculo. O círculo ou o zero são, por sua vez, o símbolo do Louco, a vigésima segunda carta, que se encontra no início e no fim desse caminho.



-------------------


 

OUTROS NÚMEROS ENTRE 24 E 1001





24 ) VINTE E QUATRO =

É um símbolo da totalidade, por ser o número das horas do dia, dias dúzias, e a quantidade de dias do calendário do Advento. Pelo fato de o alfabeto grego possuir 24 letras, os pitagóricos já enxergavam nesse número um símbolo da plenitude. Também o ouro puro possui 24 quilates.


25 ) VINTE E CINCO =

É um número significativo no mundo da magia, por ser a soma dos primeiros cinco números masculinos 1 + 3 + 5 + 7 + 9, e também o quadrado do número do pentagrama, o cinco ( 5 x 5 ).


26 ) VINTE E SEIS =

Valor numérico do Tetragramaton, as quatro consoantes com as quais o nome de Deus, em hebraico, Jeová, ou Javé é escrito: JHVH


27 ) VINTE E SETE =

Número lunar, pois a Lua percorre o Zodíaco em pouco mais de 27 dias. Por 3 ser o número sagrado da tríplice Deusa da Lua, 3 x 3 x 3 = 27 é considerado, naturalmente, também sagrado.


28 ) VINTE E OITO =

Número do ciclo e da perfeição. Quantidade das falanges dos dedos de ambas as mãos. Quantidade das estações da Lua, que completa o seu ciclo no vigésimo oitavo dia, da mesma maneira que o ciclo menstrual, que tem, em média, 28 dias. Por essa razão, esse número é também um símbolo de um longo caminho que conduz de volta ao princípio. Assim, a Bíblia narra as 28 estações dos judeus no seu caminho do Egito para o Sinai; e na Catedral de Freiburg, 28 figuras simbolizam o caminho para Deus. 28 também é a soma dos sete primeiros números ( 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 ) e é considerado, juntamente com o 6, o segundo número perfeito, por ele ser o resultado da soma dos números pelos quais ele pode ser dividido sem deixar resto: 1 – 2 – 4 – 7 – 14. Na Idade Média, os números 6 e 28 eram considerados elementos constitutivos do universo. A Terra foi criada em seis dias, e a Lua circunda a Terra em 28 dias. Por esses números serem tão perfeitos, na opinião do filósofo e teólogo da Igreja, Agostinho, eles não precisaram ser criados por Deus, e puderam ser usados diretamente. Os gregos conheciam outros dois números perfeitos: 496 e 8.128. O quinto, e até agora o último, foi descoberto apenas na Idade Moderna: 33.550.336.


32 ) TRINTA E DOIS =

Número perfeito na Cabala, que é o resultado da soma das Dez Sephiroth e dos 22 caminhos da Árvore da Vida. É a quantidade de das peças do xadrez, e das cartas do Skat e de outros jogos.


33 ) TRINTA E TRÊS =

É um símbolo da perfeição por ser o número dos anos de vida de Jesus. Segundo os relatos dos evangelistas, é também a quantidade dos milagres que Jesus realizou. Por esse motivo, Antonio Gaudí colocou um quadrado mágico com a soma 33 junto à escultura do beijo de Judas na Catedral da Sagrada Família em Barcelona.

1 / 14 / 14 / 4

11 / 7 / 6 / 9

8 / 10 / 10 / 5

13 / 2 / 3 / 15

Na mística bizantina existe uma escada mística com 33 degraus, que vão da Terra para o Céu, e na Maçonaria existem 33 graus iniciáticos. Diz-se que eles estão representados por 33 figuras de pedra na Catedral de Metz.


40 ) QUARENTA =

Limite de tempo significativo. Soma das 28 estações da Lua e dos doze signos zodiacais. A chuva que caiu durante quarenta dias e noites trouxe o dilúvio. Segundo a mitologia hebraica, Deus abriu as comportas do céu, tirando uma das Plêiades do firmamento como se fosse uma tampa. Certamente, essa imagem surgiu originalmente do fato de a constelação das Plêiades “desaparecer” dos céus do Oriente próximo anualmente durante quarenta dias e nessa época chover fortemente. A partir dessa descoberta, quarenta passa a ser o número da fuga, do refúgio, o número da expectativa, do jejum e da preparação. O povo de Israel peregrinou quarenta anos pelo deserto. Moisés esperou quarenta dias no Monte Sinai pelos Dez Mandamentos, e Elias viajou durante quarenta dias para o Monte Horebe. Jesus jejuou quarenta dias no deserto; ficou quarenta horas sepultado, e entre a sua ressurreição e a sua ascensão passaram-se quarenta dias. O luto em algumas sociedades demora quarenta dias, e também o tempo de limpeza, a quarentena, que vem do quarenta (40) italiano. Diz-se que Deus amassou a lama da qual ele criou Adão durante quarenta dias. Quarenta também é um número muito usado no mundo islâmico para arredondar quantias, conhecido entre nós por meio de “Ali Babá e os Quarenta Ladrões”.


49 ) QUARENTA E NOVA =

Número da conclusão: 7 x 7. Pentecostes é celebrado 49 dias depois da Páscoa. A palavra Pentecostes vem do grego, Pentekoste, que significa cinquenta, pois na antiguidade um intervalo de tempo incluía também o primeiro e o último dias.


50 ) CINQUENTA =

O número do júbilo. Símbolo do descanso de Deus, 7 x 7 + 1, o grande sabá da criação. Na antiga Israel, a cada cinquenta anos era festejado o ano jubilar, no qual não se semeava nem se fazia colheita, e era iniciado com o toque de uma trombeta de chifre de carneiro. Nesses anos especiais, os escravos recebiam a liberdade, as dívidas eram perdoadas e as terras restituídas aos seus proprietários originais.


52 ) CINQUENTA E DOIS =

Quantidade de semanas de um ano.


60 ) SESSENTA =

O número sagrado dos babilônicos, que até hoje é a base do cálculo do círculo (360°) e das horas (60 segundos e minutos).


64 ) SESSENTA E QUATRO =

Número da sorte e da totalidade, conhecido sobretudo na Ásia, 8 x 8. O tabuleiro de xadrez, originário da Índia, tem 64 casas e o Kamasutra mostra 64 posições. O I Ching é constituído por 64 hexagramas, que correspondem às 64 possibilidades de combinações dos tripletos, as menores unidades do código genético que formam o nosso DNA.


66 ) SESSENTA E SEIS =

A soma de 1 a 11. O valor numérico árabe para o nome de Deus: “Alá”.


70 ) SETENTA =

Número usado na Bíblia para arredondar, por ser igual a dez vezes o sete sagrado. Intervalo de tempo simbólico para a duração de uma vida. Também é o número da dignidade, pois o Sinédrio era constituído por setenta membros dignos.


72 ) SETENTA E DOIS =

Número do nome Divino. A Cabala ensina que o nome de Deus tem 72 letras ou Deus tem 72 nomes, que dão nome aos 72 anjos. Segundo a Bíblia, esse também era a quantidade dos povos e línguas do mundo, na época em que foi escrita. A cada 72 anos o Zodíaco Sideral desloca-se um grau (precessão0.


78 ) SETENTA E OITO =

Soma de todos os números de 1 a 12. Por doze simbolizar a totalidade, a soma de suas partes representa o “grande doze”, e com isso a totalidade maior. O 78 tem o mesmo significado por ser a soma de todas as cartas do Tarô.


114 ) CENTO E QUATORZE =

6 x 19. Resultado da multiplicação do 6 perfeito pelo 19, número rico em simbolismo, sobretudo no Islamismo. Quantidade das Suras no Alcorão. O Evangelho gnóstico de Tomé compreende 114 ditos ou ensinamentos de Jesus (Logia).


144 ) CENTO E QUARENTA E QUATRO =

12 x 12 chamado no alemão de a “dúzia gorda”. A palavra grosa (doze dúzias) para uma quantidade de 144 unidades, originou-se da expressão francesa “la grosse douzaine”. Segundo o Apocalipse, essa é a medida dos muros de Jerusalém celeste, e 144 mil é a quantidade dos que serão eleitos e salvos. Com isso, é um símbolo da perfeição e estabilidade.


153 ) CENTO E CINQUENTA E TRÊS =

Número do Papa, pois, segundo a Bíblia (Jo 21:11), Pedro, o primeiro Papa, pescou 153 peixes. O 153 é profundamente ligado ao 17, o número da nova esperança, pois ele é tanto o resultado de 9 x 17, como também a soma de todos os números de 1 a 17. Além disso, ele é a soma dos números cúbicos de suas partes = 1³ + 5³ + 3³ = 1 x 1 x 1 + 5 x 5 x 5 + 3 x 3 x 3 = 153


354 ) TREZENTOS E CINQUENTA E QUATRO =

Quantidade dos dias de um ano lunar.




666 ) SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS =

Esse número é um enigma de quase dois mil anos, e até os dias de hoje ainda não foi desvendado satisfatoriamente. Desde que João, o evangelista, escreveu a sua dramática visão do fim do mundo iminente, por volta do fim do primeiro século, esse número tornou-se a própria representação do mal. No Apocalipse, o último livro da Bíblia, está escrito que ele é o símbolo da Besta, do Anticristo, que irá tiranizar s homens com o seu reinado de horror no final dos tempos. Desde então, não existiu mais nenhuma geração no ocidente cristão que não tenha encontrado a sua interpretação convincente e inequívoca desse número, uma vez que na Bíblia está escrito que esse é o número do nome de uma pessoa. Em todas as épocas esse número foi associado ao conceito vigente do que seria o inimigo: aos imperadores romanos, principalmente Nero e Calígula; aos Papas malquistos e naturalmente também a Maomé, Martinho Lutero e, obviamente, Hitler. E o que não faltam são novas interpretações. Certamente, nos últimos tempos, ele já deve ter sido associado a Osama Bin Laden. Já existe também um livro que aponta a Internet como a verdadeira obra do diabo, pois supostamente, por trás da abreviatura “www” esconde-se, nada mais, nada menos, que o número 666. Quem procura o mal dessa maneira geralmente não se incomoda se o resultado não se encaixa perfeitamente. Com um pouco de imaginação, ele tem sido até agora constantemente adaptado. Para atribuir o número a Hitler, por exemplo, é necessário pegar as letras na sequência do nosso alfabeto atribuindo o valor 100 à primeira letra: a = 100 , b = 101, c = 102, etc. Desse modo, obtém-se H = 107 , I = 108, T = 119, L = 111, E = 104, R = 117 e obviamente, o resultado da soma desses números é 666. Algumas pessoas quiseram deduzir até o momento do fim do mundo baseado nesse número. Contudo, tivemos a sorte de sobreviver sem maiores danos ao ano de 1998, apesar de esse número ser o resultado de 3 x 666, mesmo sabendo que algo passa a valer quando o dizemos ou fazemos três vezes. Essa máxima, que conhecemos dos contos de fadas, nos fornece uma explicação simples sobre o misterioso número 666. Se o seis é considerado mau, então três vezes seis é evidentemente maligno, e por assim dizer, profundamente nocivo. Existem, naturalmente, diversas interpretações interessantes sobre esse número, mesmo que sejam especulações. Uma delas diz respeito a um quadrado mágico muito apreciado, tanto na Antiguidade, quanto depois, na Renascença. Trata-se de fileiras de números que possuem sempre o mesmo resultado, tanto na horizontal quanto na vertical.

6 / 32 / 3 / 34 / 35 / 1 = 111

7 / 11 / 27 / 28 / 8/ 30 = 111

24 / 14 / 16 / 15 / 23 / 19 = 111

13 / 20 / 22 / 21 / 17 / 18 = 111

25 / 29 / 10 / 9 / 26 / 12 = 111

36 / 5 / 33 / 4 / 2 / 31 = 111

== 666

Como a soma de todas as fileiras desse quadrado resulta em três números 1, via-se nele, na Antiguidade, um símbolo do Sol. Ele era também um símbolo do culto de Mitras, um culto de mistério muito popular entre os soldados romanos. Como a soma dos resultados de todas as fileiras do quadrado resulta em 666, João, ao anunciar a sua visão apocalíptica, pode ter tido em mente esse culto, que era uma forte corrente religiosa, comparada com o jovem Cristianismo. E dessa maneira, então, ele teria difamado a “concorrência”.


888 ) OITOCENTOS E OITENTA E OITO =

Valor numérico da palavra grega para Jesus: Iota = 10, Eta = 8, Sigma = 200, Omikron = 70, Ypsilon = 400, Sigma = 200. Já que o 8 é, notoriamente, um número de Cristo, o 8 triplo é considerado também, naturalmente, um símbolo seu.


1000 ) MIL =

Número simbólico de uma longa duração, uma pequena eternidade ou uma quantidade incontável, como, por exemplo, o reino de mil anos no nazismo, que na verdade durou “apenas” doze anos. Na verdade, essa figura de linguagem tem origem no Apocalipse. Nesse último livro da Bíblia, João descreve a sua visão de um reino de mil anos, que estará livre do todo o mal.


1001 ) MIL E UM =

Número do infinito. Se 1000 já é uma eternidade, o 1001 simboliza o incomensurável, como a eternidade e mais um dia.



--------------------------------------------------------------


SIGNIFICADO DOS NÚMEROS NO EGITO ANTIGO (Do Livro: COSMOLOGIA EGÍPCIA – O UNIVERSO ANIMADO , De: Moustafa Gadalla ; Editora MADRAS)

1 = Para os egípcios, Um não é um número, mas a essência do princípio fundamental do número, e todos os outros números são feitos a partir dele. Plutarco observou que Um não é um número ímpar quando escreveu que três é o primeiro número ímpar perfeito. O Um representa a unidade: o Absoluto como energia não polarizada. O Um não é ímpar nem par, mas ambos, pois se somado a um número ímpar, transforma-se em par, e vice-versa. Por isso ele combina os opostos, par e ímpar, e todos os outros opostos do Universo. A unidade é uma consciência perfeita, eterna e não-diferenciada.

2 = A Natureza Dualística – Para os antigos egípcios, o estado da pré-criação é formado por quatro pares de gêmeos primitivos de gênero dualista.
Os egípcios viam o Universo como um dualismo entre Maat- Verdade e Ordem – e a desordem, Amen-Renef convocou o Cosmo a partir do caos não-diferenciado ao distinguir ambos, dando voz ao ideal da Verdade. Maat, como visto aqui, é normalmente retratado no formato duplo – Maat.
O princípio dualista no estado da criação foi expresso pelo par Shu e Tefnut. O par formado por marido e mulher é o modo egípcio característico de expressar a dualidade e a polaridade. Esta natureza dualista manifestava-se nos textos e tradições do Antigo Egito, conforme mostram as descobertas arqueológicas. Mesmo os textos mais antigos do Antigo Reinado, conhecidos como “Textos das Pirâmides 1652”, expressam a natureza dualista: “ e cuspiste como Shu e cuspiste como Tefnut.”
Outra forma de expressar a intenção da natureza dualista está presente no texto do Antigo Egito conhecido como “Papiro de Bremner-Rhind”: “Fui anterior aos Dois Anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os Dois Anteriores que criei, visto que meu nome é anterior ao deles, porque criei-os antes dos Dois Anteriores.”
Neheb Kau – que significa o provedor das formas/atributos – era o nome dado à serpente que representa a primordial no Antigo Egito, Neheb Kau é retratado como uma serpente de duas cabeças, indicando a natureza dualista espiral do Universo.
O faraó egípcio sempre era chamado de “Senhor das Duas Terras”. Isso pode ser tanto por causa do Alto e Baixo Egito, quanto por causa da crença dos antigos egípcios em que um gêmeo idêntico de cada um vive também em outro lugar, e ambos passam por experiências semelhantes, até que se reúnem no momento da morte. Os Enumeradores Egípcios Baladi, em suas lamentações, depois da morte de uma pessoa, descrevem como o falecido é preparado para unir-se ao seu sósia (*do sexo oposto), como se fosse uma cerimônia de casamento.
O ciclo perpétuo da existência – o de vida e de morte – é simbolizado por Ra (Re) e Ausar (Osíris). Ra é o neter vivo que desce à morte para tornar-se Ausar (Osíris) – o neter dos mortos. Ausar ascende e volta à vida como Ra. No Mundo dos Mortos, as almas de Ausar e Ra encontram-se, e unem-se para formar uma entidade, descrita eloquentemente no Papiro de Ani: “Sou suas Duas Almas em Seus Gêmeos”
Os eternos opostos, Set (Seth) e Heru (Hórus), têm papeis semelhantes nas representações de ritos simbólicos relacionados à cerimonia da “União das Duas Terras”, retratados nos relevos das pedras em Lisht, perto de Men-Nefer (Mênfis). O simbolismo é poderoso, pois os dois opostos são o Um em um estado polarizado, no qual Set personifica o desejo não desenvolvido e Heru, o desejo em desenvolvimento.
Tanto Heru (Hórus) quanto Tehuti (Toth) são mostrados em diversas ilustrações nos templos do Antigo Egito realizando a simbólica “União das Duas Terras”. Heru personifica a consciência, a mente, o intelecto e é identificado com o coração, Tehuti personifica a manifestação e a entrega e é identificado com a língua. Pensamos com o coração e agimos com a língua. Essas exigências complementares foram descritas na Estela de Shabaka (716-701 a.C): “O Coração pensa em que desejas e a Língua realiza o que desejas.”
Um dos títulos do rei egípcio era “Senhor da Diadema do Abutre e da Serpente”. O diadema é o símbolo terreno do homem divino, o rei, e é formado pela serpente (símbolo da função intelectual divina) e o abutre (símbolo da função reconciliatória). A serpente representa o intelecto, a facilidade, por meio da qual o homem divide o todo em partes constitutivas, como a serpente que engole a presa inteira, e faz a digestão ao dividi-la em partes digeríveis. O homem divino consegue distinguir e reconciliar. Já que essas duas forças dualistas residem no cérebro dele, o formato do corpo da serpente (no diadema) segue as suturas fisiológicas do cérebro, onde essas faculdades especificamente humanas se encontram. Esta função dualista do cérebro é vivida em ambos os lados. A parte do diadema que fica no meio da testa representa o terceiro olho, com todas as suas faculdades intelectuais.

3 = A Triangulação da Criação - O papel metafísico do Três era reconhecido no Antigo Egito, pois cada unidade é uma força tripla e tem a natureza dupla. Isto era eloquentemente ilustrado em seus textos e tradições, onde o neter (deus) autoconcebido, Atum, cuspiu Shu e Tefnut, colocou seus braços ao redor deles e seu ka os penetrou, para tornar-se Um novamente. É o Três que é Dois que é Um. Esta ação deu origem à Primeira Trindade, a primeira fundação, o que está claro no Papiro Bremner-Rhind: “Depois de me tornar um neter (deus), havia (então) três neteru (deuses) além de mim (isto é, Atum, Shu e Tefnut)”.
Nos textos do Antigo Egito, Shu e Tefnut são descritos como os ancestrais de todos os neteru (deuses/deusas) que conceberam todos os seres do Universo. Esse triângulo formado por Atum-Shu-Tefnut possibilitou um relacionamento contínuo entre o Criador e tudo o que foi subsequentemente criado. O conceito de trindade no Antigo Egito também é encontrado nos seguintes exemplos:
A estrofe 300 do Papiro de Lenden menciona a unidade em um Ser dos três princípios, Amen, Ra e Ptah, dizendo: “Todos os neteru são três: Amen, Ra e Ptah.... seu nome secreto é Amen. Ra pertence a ele como seu rosto e Ptah é seu corpo.”
Um exemplo claro de uma Santíssima Trindade.
Outros exemplos comuns das tríades no Antigo Egito incluem:
Amen – Mut – Khonsu
Ausar (Osíris) – Auset (Ísis) – Heru (Hórus)
Ptah – Sekhmet – Nefertum
Ptah – Sokar – Ausar (Osíris)
O santuário triplo é a atração principal na maioria dos templos egípcios, para guardar o poder triplo (três neteru) de cada templo.
Cada pequena localidade do Antigo Egito tinha sua própria tríade de neteru, isto é, uma fundação identificável. Estas tríades locais não entravam em conflito entre si – eram as fundações metafísicas de cada localidade.
Para os antigos egípcios, as Tríades/Trios/Trindades/Triângulos são uma e a mesma. Não havia diferenças funcionais entre triângulos geométricos, tríades musicais u entre as muitas trindades do Antigo Egito. O exemplo mais claro foi explicado por Plutarco com relação ao triângulo 3:4:5, na Moralia, vol. V: “Os egípcios têm em grande honra o mais bonito dos triângulos, já que admiram a natureza do Universo mais próxima a ele...”
Em outras palavras, as diferentes formas dos triângulos representam as diferentes naturezas do Universo.

4 = A Estabilidade do Quatro - Quatro é o número que simboliza a solidez e a estabilidade. O significado do número 4 é mostrado nos seguintes exemplos:
Os textos egípcios afirmam que o caos anterior à Criação possuía características que se identificam com quatro pares de forças/poderes primordiais. Cada par representa os gêmeos primitivos de gênero dualistas – o aspecto masculino/feminino. Os quatro pares equivalem às quatro forças do Universo (a força fraca, a força forte, a gravidade e o eletromagnetismo).
Os antigos egípcios possuíam quatro centros de ensino cosmológico principais: Onnu (Heliópolis), Men-Nefer (Mênfis), Ta-Apet (Tebas) e Khmunu (Hermópolis). Cada centro revelava uma das principais fases ou aspectos da gênese.
Os quatro pares anteriores à Criação são um tema constante nestes quatro centros.
Atualmente o Egito possui quatro Modos de Ensino Sufi que foram criados no século XI EC, para manter as tradições do Antigo Egito sob a lei islâmica.
Os egípcios utilizavam os quatro fenômenos simples (fogo, ar, terra e água) para descrever os papéis funcionais dos quatro elementos necessários à matéria. A água é a soma – o princípio que compõe o fogo, a terra e o ar. A água também é uma subtância acima das outras.
Estes conceitos foram expressos nos textos do Antigo Egito como Nu/Nun, a água (líquido) primitiva que contém todos os elementos do Universo. Em Moralia, vol. V, Plutarco confirmou: “Pois a natureza da água, sendo a fonte e origem de todas as coisas, criou, a partir de si mesma, três substâncias materiais primevos: terra, ar e fogo.”
A estrofe 40 do Papiro Leiden introduziu a “Criação” falando sobre o Artesão Divino do Universo, simbolizando Ptah, O Manifestador das Formas.
O pilar Tet (Djed), símbolo da criação, é composto por quatro elementos.
Outros exemplos incluem: os quatro filhos do neter (deus) Geb (a terra), os quatro pontos cardeais, as quatro regiões do céu, os quatro pilares do céu (apoio material do reino do espírito), os quatro filhos de Herus, os quatro vasos canopos, nos quais os quatro órgãos eram depositados após a morte.

5 = A Quinta Estrela – O significado e a função do número cinco no Antigo Egito é indicado pela forma na qual era escrito, como dois sobre três, ou como a estrela de cinco pontas. Em outras palavras, o número cinco é o resultado da relação entre o número 2 e o número 3. O Dois simboliza o poder da multiciplicidade, o feminino, o receptor, mutável, enquanto que o Três simboliza o masculino. Esta era a “música das esferas”, as harmonias universais representadas entre os dois símbolos primitivos universais masculino e feminino, Ausar (Osíris) e Auset (ísis), cujo casamento sagrado gerou o filho, Heru (Hórus). Em Moralia, vol. V, Plutarco confirmou este conhecimento egípcio: Três (Osíris) é o primeiro número ímpar perfeito; quatro é um quadrado, cujo lado é o número par dois (ísis), porém, de certa forma, o cinco (Hórus) é como seu pai e de outra forma, sua mãe, pois é feito de dois e três. E panta (tudo) é derivado de pente (cinco) e falam em contar numerando de cinco em cinco.”
O cinco incorpora os princípios da polaridade (II) e da reconciliação (III). Todos os fenômenos, sem exceção, são polares por natureza, triplo por princípio. Portanto o cinco é a chave para a compreensão do Universo manifesto, segundo Plutarco sobre o pensamento egípcio:
“E panta (tudo) é derivado de penta (cinco).”
As estrofes 50 e 500 do Papiro Leiden começam com a palavra dua, que significa, ao mesmo tempo, “cinco” e “adorar”, e são formadas por cânticos de adoração exaltando as maravilhas da Criação.
No Antigo Egito, o símbolo da estrela era desenhado com cinco pontas e representava tanto o destino quanto o número cinco. As estrelas de cinco pontas são os lares das almas que se foram bem-sucedidas, como mencionado nos “Textos Funerários de Unas (conhecidos como textos das Pirâmides), linha 904: “seja uma alma como uma estrela viva...”
Heru (Hórus) é a personificação de objetivo de todos os ensinamentos iniciais e, portanto, está associado ao número cinco, pois é o quinto, depois de Ausar, Auset, Set e Nebt-Het. Heru também é o número cinco no triângulo retângulo 3:4:5, como confirmado por Plutarco.

6 = O Sexto Cúbico – A estrofe 6 do Papiro Leiden é a primeira que permaneceu intacta da série de unidades dos números 1-9. Devido às seis direções, seis é o número do espaço, volume e tempo por excelência e, sendo assim, essa estrofe fala de todas as regiões sob o domínio de Amen-Ra. Seis é o número cósmico do mundo material e, por isso, os egípcios o escolheram para simbolizar tanto o tempo quanto o espaço. O tempo e o espaço são dois lados da mesma moeda, que é perfeitamente representada na ciência da astronomia e em sua aplicação – a astrologia. Atualmente, os cientistas, concordam que há uma conexão próxima entre tempo e espaço – tão próxima que a existência de um sem o outro é impossível.
Tempo – Para o Antigo Egito todas as coisas relacionadas à contagem de tempo eram e são baseadas no número seis, ou seus múltiplos. O dia completo era/é formado por 24 (6x4) horas, sendo 12 (2x6) horas diurnas e 12 (2x6) horas noturnas. A hora era/é formada por 60 (6x10) minutos, e o minuto é formado por 60 (6x10) segundos. O mês tem 30 (6x5) dias. O ano tem 12 (2x6) meses. O Grande Ano Zodiacal contem 12 Eras Zodiacais (signos).
Espaço (volume) – para defini-lo são necessárias seis direções: acima e abaixo, anterior e posterior e esquerda e direita. O cubo, a figura perfeita de seis lados, era usado no Egito para simbolizar o espaço (volume).
Os egípcios eram muito conscientes da estrutura, em forma de caixa, que é o modelo da terra ou do mundo material. O formato das esculturas chamadas de estátuas de cubo prevalece desde o Médio Reinado (2040-1783 a.C), onde o ser integrava-se à forma cúbica da pedra. Nestas estátuas cúbicas há uma forte sensação de que o ser emerge da prisão do cubo e seu significado simbólico é que o princípio espiritual emerge do mundo material. A pessoa terrena é inequivocadamente posicionada na existência material.
A pessoa divina é retratada sentada em um cubo, ou seja, mente sobre matéria.
Outras tradições, como a Platônica ou a Pitagórica, adotaram o mesmo conceito da representação cúbica egípcia do mundo material.
Portanto, o simbolismo de “ampliar os horizontes” ou “ver além daquilo que lhe é apresentado” (nas performances teatrais) é, originalmente egípcia.

7 = O Sete Cíclico – O significado e a função do número7 no Antigo Egito são demonstrados através do modo pelo qual o número era escrito. O 7 significava a união entre espírito (Três) e matéria (Quatro). Umas das formas que tradicionalmente expressam o significado do 7 é a pirâmide, que combina a base quadrada, simbolizando os quatro elementos, e os lados triangulares, que simbolizam os três tipos do espírito.
No processo de Criação, Ausar (Osíris) é o sétimo: Nun, Atum, Shu, Tefnut, Geb, Nut e Ausar. Ausar é o primeiro a nascer da união entre céu (Nut) e terra (Geb), isto é, da união entre espírito (Nut) e matéria (Geb). Por esta razão, Ausar está associado ao número 7 e seus múltiplos. Sete é o número do processo, do crescimento e dos aspectos cíclicos básicos do Universo. Sete elementos, normalmente, formam um conjunto completo – os sete dias da semana, as sete cores do espectro, as sete notas da escala musical, etc. As células do corpo humano são totalmente renovadas a cada sete anos.
A íntima relação entre Ausar e o 7 é refletida em alguns exemplos do templo de Ausar em Abtu (Abidos):
É o único templo com sete capelas. Existem sete formas espirituais de Ausar. Existem sete barcos de Ausar. 42 (7x6) é o número de assessores/jurados no Dia do Juízo, que é presidido por Ausar.
42 (7x6) é o número de passos necessários para se entrar no templo.
O pilar de Tet (Djed), que é o símbolo sagrado de Ausar, tem 7 degraus, o que lembra a doutrina dos chakras do sistema de yoga kundalini da Índia. Os chakras são pontos centrais da estrutura psicofísica do homem que correspondem aos 7 pontos constituintes, junto com a ligação que os une, a chamada espinha humana.
Os 7 centros de Tet representam os 7 degraus metafóricos da escada que leva da matéria ao espírito. Já que o homem é um microcosmo do padrão cósmico, Tet representa um microcosmo da cosmologia universal.
É difícil separar o número 7 e Ausar, e o 7 marca o fim de um ciclo.

8 = A Oitava – O 7 marca o fim de um ciclo e o oito, o início de um novo ciclo – uma oitava.
Os antigos egípcios e os Baladi acreditam que o Universo é composto por nove mundos (sete céus e duas terras/solos). Nossa existência terrena ocorre no oitavo mundo (a primeira terra/solo).
No número 8, encontramos o ser humano sendo criado à imagem de Deus, o Primeiro Princípio. Nossa existência terrena no oitavo mundo é uma réplica, e não uma duplicação – uma oitava. A oitava é o estado futuro do passado. A continuidade da criação é uma série de réplicas – oitavas.
No Egito, o conhecido texto “Sarcofago de Petamon” (Museu do Cairo, item 1160) afirma: “Sou o Um que se transforma em Dois, que se transforma em Quatro, que se transforma em Oito, e então sou o Um novamente.”
Esta nova unidade (Um novamente) não é idêntica, mas análoga à primeira unidade (Sou o Um). A antiga unidade não existe mais, e uma nova unidade ocupa seu lugar: “O Rei está morto, vida longa ao Rei.” É uma renovação da auto-réplica. Para provar o princípio da auto-réplica, são necessários 8 termos.
Musicalmente, o tema de renovação de 8 termos corresponde à oitava, pois atravessa os 8 intervalos da escala (as 8 teclas brancas do teclado). Por exemplo, uma oitava pode ser dois Dós sucessivos em uma escala musical, Oito é o número de Tehuti e, Khmunu (Hermópolis), Tehuti (Hérmes para os gregos e Mercúrio para os romanos) é chamado de “Senhor da Cidade do Oito”. Tehuti dá ao homem acesso aos mistérios do mundo, que eram simbolizados pelo número 8.  A manifestação da Criação surgiu através da palavra (ondas sonoras) de Ra por Tehuti.
A estrofe 80 do Papiro de Leiden retrata a criação de acordo com o que é contado em Khmunu (Hermópolis), mencionando a Octóade – o Oito Primordial – que era formado pela primeira metamorfose de Amen-Ra, o misterioso, o escondido, que era conhecido em Men-Nefer (Mênfis) como Ta-Tenen e em Ta-Apet (Tebas) como Ka-Mut-f, mas que permanecia sendo o Um.
Portanto, a manifestação da Criação em oito termos está presente nos quatro centros cosmológicos do Antigo Egito.
Em Men-Nefer (Mênfis), Ptah, em suas 8 formas, criou o Universo.
Em Onnum *Heliópolis), Atum criou os 8 seres divinos.
Em Khmunu (Hermópolis), 9 neteru primitivos – a Octóade – criaram o Universo. Eram a personificação das águas primitivos.
Em Ta-Apet (Tebas), Amun/Aman/Amen depois de criar a si mesmo em segredo, criou a Octóade.
A manifestação da Criação através de 8 termos também reflete-se no processo místico de enquadrar o círculo.

9 = A Grande Enéade, os Nove Círculos – A propriadamente, a nona estrofe do papiro de Leiden do Antigo Egito fala sobre a Grande Enéade – as nove primeiras entidades que surgiram a partir de Nun.
O primeiro na Grande Enéade é Atum, que surgiu a partir de Nun – o oceano cósmico. Atum cuspiu os gêmeos Shu e Tefnut, que deram à luz Nut e Geb, cuja união produziu Ausar (Osíris), Auset (ísis), set (Seth) e Nebt-Het (Néftis).
Os nove aspectos da Grande Enéade emanam, e estão incunscritos, no Absoluto. Não são uma sequência, mas uma unidade – interpenetrando, interagindo e encadeada. São a origem de toda a criação, simbolizada por Heru (Hórius), que, de acordo com a estrofe 50 do Papiro de Leiden, é: “o resultado da unidade-vezes-nove dos neteru.”
Já que o ser humano é uma réplica do Universo, uma criança humana normalmente é concebida, formada, e nasce  em nove meses. O número 9 marca o fim da gestação e o fim de cada série de números.
Heru (Hórus) também é associado ao número 5. Cinco é o número dos sólidos cósmicos (poliedros): tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro e icosaedro, que são formados em 9 círculos concêntricos, em que cada sólido toca na esfera que circunscreve o sólido seguinte. Estes nove círculos representam os nove – a unidade da Grande Enéade, a origem de toda a criação representada por estes sólidos cósmicos.
Na “Litania de Ra”, Ra é descrito como “Aquele com o Gato e O Grande Gato”. Os nove mundos do Universo manifestam-se no gato, pois o mesmo termo em egípcio antigo, b.st, representa tanto o gato como a Grande Enéade (que significa a unidade-vezes-nove). Esta relação acabou sendo transportada para a cultura Ocidental, na qual se diz que o “gato tem nove vidas”. Os antigos egípcios e os Baladi adoram o Gato e o que ele representa.

(continua)

Nenhum comentário:

Postar um comentário