Do Livro:
FENG SHUI – O PODER DE ATRAIR A PROSPERIDADE , De: Silvana Helena Occhialini ,
Editora: ROCA
Desenvolvido há mais de 4000 anos, na China, o Feng Shui é
um conjunto de teorias e práticas destinadas à composição de ambientes saudáveis
e harmônicos. Por meio de técnicas complexas, identifica os padrões de vibração
energética em uma determinada área e estabelece arranjos que garantam o
bem-estar e o equilíbrio mental e espiritual de seus ocupantes. Os termos Feng (vento)
e Shui (água) têm origem na gênese dessa corrente de pensamento, quando seu
principal pilar era a observação criteriosa das forças da natureza.
Os primeiros mestres eram também especialistas em astronomia,
geografia, meteorologia, geologia e física. Estudavam especialmente os
fenômenos derivados do geomagnetismo. Esse amplo conhecimento era aplicado,
sobretudo, aos projetos arquitetônicos e paisagísticos. Sabiam que edificações
harmonizadas com o ambiente circundante eram fundamentais para uma ida feliz,
com saúde, prosperidade e bons relacionamentos. De fato, estamos mais
integrados ao mundo físico do que imaginamos. Energias se trançam e se
perpassam o tempo todo. Montanhas, rios, árvores, construções, objetos e
pessoas interferem diretamente em nossos padrões vibratórios. O Feng Shui procura
compreender essas interações, reajustá-las e, então, transformar positivamente
a vida das pessoas do ponto de vista interior e exterior. Muitas vezes, essa
reorganização da vida nos espaços parte de pressupostos bastante simples,
associados ao bom senso; em outras ocasiões, exige técnicas mais complexas.
Tudo depende do ambiente e das pessoas que nele atuam.
É importante mencionar, entretanto, que o Feng Shui não é
uma religião. Trata-se de uma arte que permite a qualquer pessoa,
independentemente de sua crença, relacionar-se da maneira mais saudável
possível com seus espaços. O sucesso, a saúde e a alegria são dádivas que
resultam de uma comunicação adequada entre o Chi (energia vital) do lugar e o
Chi do indivíduo. Isso está relacionado com a fé, sim mas não com aquela das
doutrinas religiosas. Trata-se da disposição pessoal de buscar por uma vida
melhor.
O Feng Shui faz parte das oito ramificações da medicina
tradicional chinesa, e foi originalmente chamado de Kan Yu, que significa céu e
terra.
As Oito Ramificações da medicina chinesa: Auto-aprimoramento
e meditação; Moimentos Chi Gong e Tai Chi Chuan; Alimentação; Trabalho corporal
e massagem; Cosmologia e filosofia; Medicina das ervas; Acupuntura; Feng Shui.
O Feng Shui não tem como objetivo prioritariamente estético;
não se trata, necessariamente, de “deixar as coisas bonitinhas e organizadas”,
mas de estabelecer harmonia e equilíbrio nos espaços físicos. Quando isso
ocorre, os ocupantes ganham sempre em qualidade de vida. Atraem bons novos
amigos, estabelecem negócios lucrativos e ganham paz de espírito.
O Feng Shui está ligado a outros conhecimentos da cultura
oriental. Tem suas bases filosóficas no Tao e no I Ching e trabalha com o fluxo
invisível das energias e com o equilíbrio dos cinco elementos (madeira; fogo;
terra; metal; água). Utiliza os mesmos princípios da acupuntura, por isso
também é chamado de acupuntura dos espaços.
Várias são as linhas do Feng Shui. As escolas mais
representativas são a Tradicional; a da Bússola; a da Forma; a indiana, Vastru
Shastra; e a do Budismo Tântrico Tibetano do Chapéu Negro.
O consultor entende a energia dos espaços por meio da
leitura dos símbolos, os quais decodificam para o que para nós é invisível.
Essas técnicas permitem que realizemos intervenções em qualquer tipo de espaço,
corrigindo disposições e recriando padrões vibratórios.
(continua...)
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Do Livro:
HISTÓRIAS CH´AN
É o Vento ou a Bandeira que se Move:
Após herdar o manto e a tigela, o Mestre Ch´an Hui-nêng
escondeu-se entre um bando de caçadores por cerca de dez anos. Quando o tempo
estava maduro, ele começou a ensinar o Dharma.
Um dia, Hui-nêng chegou ao Templo Fa-hsing e viu dois monges
discutindo calorosamente em frente a uma bandeira. Hui-nêng aproximou-se deles,
ouvindo seus argumentos. Um dos monges disse: “Se não há vento, como pode a
bandeira se mover? Portanto, digo, é o vento que se move”. O outro retrucou: “Se
não há bandeira, como pode você saber que é o vento que se move? Assim eu digo
que é a bandeira que está se movendo.”
Cada um insistia que seu próprio ponto de vista fosse o
correto. Hui-nêng interrompeu-os e disse: “Por favor, não há necessidade de
discutir. Eu gostaria de esclarecer o assunto para vocês. Não é nem o vento nem
a bandeira que se move. São suas próprias mentes que estão se movendo.”
--
Não Aceitando Responsabilidade:
Tarde da noite, o Mestre Ch´an Li-tsung parou em frente ao
dormitório dos monges e gritou: “Ladrão! Ladrão!”
Todos despertaram por causa do barulho. Instantaneamente, um
monge saiu correndo do dormitório. O Mestre Ch´an Li-tsung agarrou-o e
exclamou: “Apanhei-o! Eu agarrei o ladrão!”
O monge protestou: “Mestre, o senhor agarrou a pessoa
errada! Eu não sou um ladrão!”
Li-tsung não o soltou e gritou: “Sim, você é! Por que você
não admite?”
O monge estava tão amedrontado, que não sabia o que fazer. O
Mestre Li-tsung recitou um verso:
“Trinta anos próximo do Lago Hsi-tzu
As duas refeições aumentaram nossas forças.
Você escalou a montanha por nada!
Posso perguntar, você entendeu ou não?”
--
O Mestre se Parece com um Burro?:
Quando o Mestre Ch´na Kuang-yung foi visitar pela primeira
vez o Mestre Ch´na Yang-shan, este perguntou: “Qual é o propósito de sua
visita?” Kuang-yung respondeu: “Eu vim para prestar meus respeitos ao Mestre”.
Então Yang-shan perguntou: “Você viu o Mestre?”
Kuang-yung replicou: “Sim, eu o vi”.
“O Mestre se parece com um burro ou com um cavalo?”
Kuang-yung respondeu: “Eu acho que o Mestre não se parece
nem com o Buda!”
Yang-shan insistiu: “Se o Mestre não se parece com o Buda,
então com que ele se parece?”
Kuang-yung respondeu: “Se ele se parece com alguma coisa,
então ele não seria diferente de um burro ou de um cavalo”.
Surpreso, Yang-shan declarou: “Deveríamos esquecer a
diferença entre um Buda e uma pessoa comum e superar todas as paixões. Então a
nossa verdadeira natureza brilharia. Em vinte anos, ninguém será capaz de
ultrapassá-lo. Cuide-se!”
Mais tarde, O Mestre Yang-Shan contou a todos: “Kuang-yung é
um Buda vivo.”
--
Uma Pérola Envolta em Trapos:
Um dia o Primeiro Ministro P´ei-hsiu foi para o Templo Ta-an
e perguntou aos monges: “Os dez grandes discípulos de Buda foram todos
excepcionais em diferentes áreas. Em qual área Rahula se sobressaía?
Todos pensaram que está questão fosse fácil, assim todos
responderam: “Ele foi excepcional em práticas esotéricas”.
P´ei-hsiu não ficou satisfeito com esta resposta,
perguntando então: “Existe aqui algum Mestre Ch´an presente?”
Naquele momento o Mestre Ch´an Lung-ya estava trabalhando na
horta, então os monges convidaram-no a se juntar a eles. P´ei-hsiu repetiu a pergunta:
“Em que área Rahula se sobressaía?”
Sem qualquer hesitação o Mestre Lung-ya respondeu: “não sei!”
P´hei-hsiu ficou satisfeito, prostrando-se imediatamente
diante de Lung-ya, louvando-o, exclamou: “Uma pérola envolta em trapos!”
--
Um Monge Chamado “Gota-D´água”:
Um dia, o Mestre Ch´an I-shan estava tomando banho. Como a
água estivesse muito quente, ele pediu a um de seus discípulos que trouxesse um
balde de água fria. O discípulo trouxe a água misturando-a à quente. Depois de
temperá-la, ainda sobrou um pouco no balde, a qual ele jogou fora. O Mestre não
ficou muito contente com isso e disse: “Por que você é tão desperdiçador? Tudo
neste mundo é útil. As coisas diferem somente em como são usadas, até mesmo uma
gota de água, por exemplo. Se você usá-la para flores e árvores, então, não
somente as flores e as árvores ficarão felizes, mas ela mesma não perderá seu
valor. Uma simples gota d´água é muito valiosa.
Você não deve desperdiça-la.”
Após ouvir o Mestre, o discípulo trocou seu nome para “Gota-D´água”.
Mais tarde, quando Gota-D´água começou a ensinar o budismo,
as pessoas perguntavam-lhe: “Qual é a coisa mais virtuosa no mundo?” “Gota
d´água”, respondia ele. “O espaço vazio pode conter todas as coisas. E o que
pode conter o espaço vazio?”
“Gota d´água!”
O Mestre Gota-d´água já se havia harmonizado com a gota
d´água. O universo inteiro era sua mente. Desta forma, uma gota de água pode
conter o ilimitado tempo e espaço.
--
Meditando Sobre Urina
Fétida:
O Mestre Ch´an Tsúng-yüeh foi visitar o Mestre Ch´an Shou-chih.
Após terem conversado um pouco, o Mestre Shou-chih começou a criticar
Ts´ung-yüeh: “Apesar de você ser o Monge Chefe de Tao-wu Shan, você fala como
um bêbado!”
Ts´ung-yüeh enrubescendo com o embaraço, replicou: “Por
favor, seja compassivo e ensine-me!”
O Mestre Shou-chih perguntou-lhe: “Você já estudou com o
Mestre Ch´an Fa-ch´ang?”
“Eu li e decorei seus ensinamentos, por isso não fiui
estudar pessoalmente com ele”.
O Mestre Shou-chih perguntou novamente: “E com o Mestre Ch´an
K´e-wen, você foi estudar?”
Desdenhosamente, Ts´ung-yüeh replicou: “K´e-wen? Ele é um
louco! Ele arrasta um trapo que cheira a urina fétida. Ele não é um Mestre Ch´an!”
O Mestre Shou-chih disse solenemente: “O Ch´an está
justamente aí! Vá e medite sobre urina fétida!”
Ts´ung-yüeh aceitou o conselho do Mestre Shou-chih e foi
estudar com o Mestre K´e-wen. Ele finalmente alcançou a realização e retornou
para agradecer o Mestre Shou-chih.
O Mestre Shou-chih perguntou-lhe: “O que você aprendeu com o
MestreK´e-wen?”
Ts´ung-yüeh respondeu respeitosamente: “Se não fosse seu
conselho, minha vida teria sido desperdiçada. Por isso, eu voltei para lhe agradecer!”
O Mestre Shou-chih disse: “Agradecer-me pelo que? Você
deveria agradecer à urina fétida!”
--
Por Favor, Tome
Cuidado:
Um dia, quando o Mestre Ch´an Kuei-tzung, subitamente
decidiu partir e foi despedir-se do Mestre.
Kuei-tzung disse: “Para onde você vai?”
Ling-hsün respondeu: “Voltar para as montanhas.”
“Voce estudou aqui por treze anos. Agora que está nos
deixando, eu contarei a você a essência do Dharma. Depois que você tiver feito
as malas, venha me ver novamente”
Ling-hsün seguiu as instruções do Mestre deixando suas malas
do lado de fora da porta quando foi vê-lo. O Mestre Kuei-tzung acenou para ele:
“Venha cá!”
Ling-hsün atendeu ao chamado.
O Mestre disse gentilmente: “O tempo está frio. Por favor
cuide-se durante a viagem.”
Após ouvir isto, Ling-hsün iluminou-se.
--
Biscoito de Açúcar:
Um monge foi estudar com o Mestre Ch´an Tao-ming. O Mestre
perguntou ao monge: “Que espécie de ensinamentos budistas você tem lido?”
O monge replicou: “Eu tenho lido o ensinamento Yogacara”.
O Mestre perguntou: “Você pode fazer uma palestra sobre este
assunto?”
O monge declarou: “Eu não me atrevo”.
O Mestre Tao-ming apanhou um biscoito de açúcar, quebrou-o
em dois, e perguntou: “Os três mundos não são nada mais que a manifestação da
mente; os dez mil dharmas surgem da consciência. O que você diz sobre isto?”
O monge pasmou-se. Tao-ming persistiu: “Isto deveria ou não
ser chamado um biscoito de açúcar?”
O monge estava agora transpirando e respondeu nervosamente: “Deveria
ser chamado um biscoito de açúcar”.
O Mestre então perguntou a um noviço que estava perto: “Um
biscoito de açúcar foi quebrado em dois pedaços – o que você tem a dizer sobre
isso?”
O noviço respondeu sem hesitação: “Os dois pedaços residem
na mente.”
O Mestre Tao-ming continuou: “Como você chama isso?”
O noviço replicou: “Um biscoito de açúcar”.
O Mestre Tao-ming riu cordialmente e disse: “Você também
pode fazer palestras sobre os ensinamentos Yogacara!”
--
Onde está o Buda
agora?:
Certa vez, o Imperador Shun-tzung perguntou ao Mestre Ch´an
Ju-man: “De onde veio o Buda? Para onde ele foi? Se dissermos que o Buda mora
neste mundo eternamente, então onde está o Buda agora?”
O Mestre Ju-man respondeu: “O Buda veio do eterno e retorna
para o eterno. Sua verdadeira natureza é uma com o espaço-vazio. Ele habita num
lugar onde existe a não-mente. O ciente funde-se ao não-ciente. Ele veio e
partiu para o bem de todos os seres. O mar puro da verdadeira natureza é o seu
corpo profundo que permanece eternamente. Isto deveria ser contemplado pelo
sábio, cuidadosamente e não permitir o surgimento de qualquer dúvida!”
O Imperador Shun-tzung não estava convencido e disse: “O
Buda nasceu num palácio e morreu entre duas árvores “sala”. Ele ensinou por
quarenta e nove anos e disse que não expôs uma palavra do Dharma. As montanhas,
os rios e oceanos, o sol e a lua, o céu e a terra – tudo cessará de existir
quando o tempo vier. Quem disse que não há nascimento nem morte? O sábio
deveria ser capaz de captar claramente um entendimento disto.”
Então o Mestre Ju-man explicou: A essência do Buda é o não
ser, e somente quem se ilude fará distinções. Sua verdadeira natureza é uma com
o espaço vazio e não experimentará nem nascimento e nem morte. Quando as
condições certas estiverem presentes, o Buda nascerá. Quando as condições certas
deixarem de existir, o Buda morrerá. Ele ensinou os seres em todos os lugares,
da mesma forma que a lua é refletida em toda água. Ele não é nem permanente nem
impermanente: ele não tem origem nem extinção. Ele não nasceu, nem nunca
morreu. Quando alguém vê do lugar da não-mente, então não há Dharma a ser
considerado.”
Satisfeito com a resposta, o Imperador Shun-tzung demonstrou
mais respeito pelo Mestre.
--
Compaixão:
Três irmãos, embora não fossem monges, eram budistas muito
devotos. Juntos estavam viajando para visitar diferentes mestres Ch´an. Um dia,
eles ficaram com uma família de sete crianças cujo pai tinha acabado de
falecer. No dia seguinte, quando os três irmãos estavam para partir, o mais
moço disse para os outros dois: “Prossigam com suas viagens. Eu decidi ficar”.
Os dois irmãos mais velhos não ficaram contentes com a
decisão do irmão mais jovem e partiram irritados. Não seria muito fácil para a
viúva educar as sete crianças, assim a decisão do irmão mais novo era de muita
ajuda. Mais tarde, a viúva quis casar-se com ele, mas ele disse: “Seu marido
morreu a pouco tempo. Não seria apropriado se nos casássemos tão cedo. Você deveria
permanecer de luto por três anos antes de discutirmos nosso casamento”. Três
anos mais tarde, a viúva propôs-lhe casamento outra vez. Ele replicou: “Se eu
me casar com você agora, eu estaria desrespeitando seu marido. Por três anos,
deixe-me ficar de luto por ele”
Após outros três anos, a viúva propôs-lhe novamente. Ele
replicou: ”Em consideração à nossa felicidade futura, fiquemos de luto por seu
marido por mais três anos, antes de nos casarmos”.
Nove anos após a morte do marido, as crianças já tinham
crescido. O irmão mais jovem sentiu que sua missão espiritual estava cumprida,
e deixou a viúva para continuar sua busca espiritual.
--
Hui-k´o Pacificando
sua Mente:
Shen-kuang Hui-k´o viajou milhares de milhas para o Templo
Shao-lin em Sung Shan, onde ele foi reverenciar Bodhidharma, esperando ouvir
seus ensinamentos e tornar-se seu discípulo. Como Bodhidharma estivesse
meditando voltado para a parede, ele não prestou atenção a Hui-k´o, que
permaneceu imóvel fora da porta. Estava nevando terrivelmente, e depois de um
longo tempo, a neve chegara aos joelhos de Hui-k´o. Impressionado pela
sinceridade de Hui-k´o, Bodhidharma inqueriu: “Você ficou na neve por um longo
tempo. O que você quer?”
Hui k´o replicou: “Eu gostaria apenas de pedir ao Mestre
para abrir o Portão da Verdade e assim beneficiar a todos os seres”.
“O maravilhoso caminho dos Budas não p ode ser alcançado nem
mesmo através de eras de grande esforço, nem mesmo praticando o impossível e
tolerando o intolerável. Com sua mente impertinente, você está apenas gastando
seu tempo em querer atingir o verdadeiro ensinamento.”
Após ouvir esse ensinamento, Hui-k´o cortou seu braço.
O Bodhidharma disse: “Os Budas esquecem seus próprios corpos
por causa do Dharma. Agora que você cortou seu braço, o que você está
procurando?”.
“Minha mente não está pacificada, por favor ajude-me a
pacificá-la!”
“Traga-me sua mente! Eu vou pacificá-la para você!
Aturdido, Hui-k´o exclamou: “Eu não posso encontrar minha
mente!”
O Bodhidharma sorriu e disse:
“Eu já pacifiquei sua mente”.
Nesse instante, Hui-k´o tornou-se iluminado.
--
Vinte por Cento de
Desconto:
Um filho foi ao Mestre Ch´an Fo-kuang para que ele
executasse cânticos por seu falecido pai. Como o filho estivesse preocupado que
a cerimônia pudesse ser muito cara, ele repetidamente perguntava o preço. O
Mestre não estava contente com a sovinice do filho e replicou: “Custará dez
onças de prata para cantar o Sutra Amitabha”.
O filho exclamou: “Dez onças de prata! Isto é muito caro! E
se me desse um desconto de vinte por cento? Oito onças, pode ser?”
O Mestre concordou. Quando o cântico estava terminando, o
Mestre murmurou: “Budas e Bodhisattvas das dez mil direções, por favor
transfiram todos os méritos deste cântico para o falecido para que ele possa ir
para a Terra Pura do Oriente”.
O filho protestou: “Mestre, eu só tenho ouvido que as
pessoas vão para a Terra Pura do Ocidente, mas eu nunca ouvi que elas fossem
para a Terra Pura do Oriente”.
O Mestre disse: “Custa dez onças de prata para transferir
seu pai para a Terra Pura do Ocidente. Você insistiu em ter vinte por cento de
desconto, assim, seu pai só pode ir para a Terra Pura do Oriente”.
O filho replicou: “Neste caso, eu lhe darei mais duas onças.
Por favor, transfira meu pai para a Terra Pura do Ocidente”.
Subitamente, o pai falou de seu caixão: “Seu avarento!
Apenas porque queria economizar duas onças de prata, você me fez ir de lá para
cá, do Oriente para o Ocidente. Você não sabe como isto é cansativo?”.
--
Lágrimas de um Mestre
Ch´an:
Um dia, o Mestre Ch´an Kung-yeh viajava por uma estrada e
encontrou alguns bandidos que queriam roubá-lo. Lágrimas rolaram dos olhos do
Mestre. Os bandidos começaram a rir e exclamaram: "Que covarde!”
Então o Mestre Kung-yeh disse: "Não pensem que estou chorando
por sentir medo de vocês. Eu não temo nem mesmo o nascimento ou a morte. Eu
tenho pena de vocês jovens. Vocês são fortes e saudáveis, contudo, em vez de
fazer coisas benéficas para os outros, vocês prejudicam as pessoas,
roubando-as. É claro que o que vocês estão fazendo não é aceitável e não pode
ser tolerado pela sociedade. E o pior é que vocês irão todos para o inferno e
sofrerão grande dor. Estou tão constrangido que não posso evitar de derramar
lágrimas por vocês.”
Os bandidos ficaram comovidos e decidiram abandonar o
caminho do mal.
--
I-Hsiu Coloca seu
Sutra para Tomar Sol:
Um dia, o Mestre Ch´an I-hsiu, que estava vivendo em Pi-rui
Shan, viu uma vasta multidão de seguidores budistas aglomerados na montanha
porque os monges do templo estavam colocando seus sutras para tomar sol. Havia uma superstição de que, se o vento
soprasse sobre os sutras levaria os problemas embora e transmitiria sabedoria.
Assim sendo, muitas pessoas correram para Pi-rui Shan em busca destes
benefícios. Após ouvir isto, o Mestre I-hsiu disse: “Neste caso eu também vou
colocar meu sutra ao sol!” Ele tirou suas roupas e deitou-se ao sol. Alguns
seguidores que viram I-hsiu, ficaram horrorizados com o seu comportamento. Mais tarde, quando os monges do templo
tomaram conhecimento do incidente disseram a I-hsiu que ele não deveria ter
sido indecoroso. I-hsiu então explicou sua atitude dizendo: “Os sutras que
vocês estão colocando ao sol são mortos, estão bichados, ao passo que o que eu
estou colocando está vivo; ele pode ensinar o Dharma, trabalhar e comer”. Uma
pessoa sábia deveria compreender que espécie de sutra é mais valioso!”
--
Um Verdadeiro
Assistente:
Um dia, o Mestre Ch´an Shih-t´i viu seu assistente indo para
a sala de jantar, levando uma tigela. Ele perguntou: “Para onde você está indo?”
O assistente respondeu: “Para a sala de jantar!”
O Mestre Shih-t´i censurou-o dizendo: “Eu sei que você está
indo para a sala de jantar”.
“Se o senhor sabia, então por que me perguntou?”
Shih-t´i replicou: “Eu estou perguntando sobre a sua
obrigação”.
O assistente respondeu: “Se o Mestre pergunta sobre minha
obrigação, então eu realmente estou indo para a sala de jantar”.
Shih-t´i disse aprovando: “Você é verdadeiramente meu
assistente!”
--
Olhando Para Você com
Olhos Piscantes:
O Mestre Ch´an Yang-shan estava querendo testar o
entendimento do Mestre Ch´an Chih-hsien sobre o Ch´an. Portanto, ele lhe disse:
“Irmão no Dharma, o que você tem ganho com a meditação ultimamente?” Chih-hsien
respondeu: “No ano passado, eu era pobre mas não era realmente pobre. Este ano,
sou pobre e realmente pobre. Ano passado, eu era pobre, mas ainda tinha algum
lugar para ficar. Este ano, eu sou tão pobre que não tenho nem mesmo onde ficar”.
Yang-shan respondeu: irmão no Dharma, eu admito que você já
tenha penetrado o Ch´a n do Tathagata, mas você ainda não entrou na porta Ch´an dos
Patriarcas.”
Em resposta, Chih-hsien recitou um verso:
“Eu recebo um ensinamento,
Olhando para você com olhos piscantes.
Se você não entende,
Não se considere um estudante do Caminho.”
Yang-shan estava muito contente com o progresso de
Chih-hsien e foi relatar o incidente ao seu mestre Ch´an Ruei-shan. Yang-shan
disse: “Que maravilha! O irmão no Dharma Chih-hsien já entrou no Ch´an dos
Patriarcas”.
--
De Quem é a Culpa?:
Um budista leigo estava andando pela margem do rio quando viu
um barqueiro empurrando uma barca em direção ao rio, para que ele pudesse
atravessar alguns passageiros. Aconteceu de um Mestre Ch´an passar por perto. O
budista leigo aproximou-se do Mestre e perguntou: “Mestre, aquele barqueiro
matou diversos caranguejos e camarões pequenos enquanto estava empurrando sua
barca para o rio. A culpa é dos passageiros ou é do barqueiro?”
O Mestre retorquiu sem hesitar: “A culpa não é nem dos
passageiros nem do barqueiro!”
O budista leigo não entendeu, por isso perguntou novamente: “
Se a culpa não é de nenhum deles, então de quem é?”
O Mestre replicou incisivamente: “A culpa é sua!”
--
O Mercador de Óleo:
Um dia, quando o Mestre Ch´an Chao-chou estava a caminho do
Distrito T´ung-cheng, ele encontrou o Mestre Ch´an Ta-t´ung de T´ou-tzü Shan e
perguntou: “É você que é mestre de T´ou-tzü Shan?”
Ta-t´ung acenando com sua mão apregoava: “Sal, chá, e óleo.
Por favor comprem!”
Chao-chou ignorando-o, rapidamente continuou seu caminho
para o templo. O Mestre Ta-t´ung seguiu atrás e chegou ao templo com uma
garrafa de óleo na mão. Chao-chou disse a ele desdenhosamente: “Eu tenho ouvido
falar do nome do grande Mestre Ta-t´ung de T´ou-tzü Shan por um longo tempo.
Contudo, eu somente vejo um mercador de óleo”. Ta-t´ung contestou: “Eu também
tenho ouvido falar que Chao-chou é um mestre Ch´an, mas de fato ele não difere
em nada de uma pessoa comum. Você somente vê o mercador de óleo e não vê o verdadeiro
T´ou-tzu.”
Chao-chou perguntou: “Por que você diz que eu sou uma pessoa
comum? O que é T´ou-tzü?”.
O Mestre Ta-t´ung levantou a garrafa de óleo e gritou: “óleo!
óleo!”
--
Eu não sou Buda:
Um erudito foi viver em um templo. Julgando-se brilhante,
frequentemente debatia com o Mestre Ch´an Chao-chou. Um dia, ele perguntou ao
Mestre: “O Buda era muito compassivo. Quando ele estava ajudando os seres sencientes,
ele sempre tentava atender aos seus desejos. Qualquer coisa que desejassem,
Buda tentaria satisfazê-los. É correto?”
O Mestre Chao-chou exclamou: “Sim!”
O erudito continuou: “Eu desejo muitíssimo ter a bengala que
está em sua mão, mas não sei se meu desejo poderá ser atendido”.
O Mestre Chao-chou recusou-lhe dizendo: “Um cavalheiro não
toma pela força o que ele quer. Você entende?”
O erudito contestou: “Eu não sou cavalheiro”.
“Nem eu sou Buda!” gritou Chao-chou.
Em outra ocasião, quando o erudito estava sentado em
meditação, Chao-chou passou por perto. O erudito olhou para o Mestre mas não
lhe deu atenção. Chao-chou e repreendeu dizendo: “Jovem, por que você não se
levanta quando vê alguém mais velho?”
Ele replicou: “Sentado é o mesmo que estar em pé!”
O Mestre Chao-chou esbofeteou-o. Enfurecido, o jovem erudito
exigiu uma explicação. O Mestre Chao-chou disse gentilmente: “Esbofeteá-lo é o
mesmo que não esbofeteá-lo”.
--
Eu Também Tenho uma
Língua:
Quando o Mestre Ch´an Kuang-hui Yuan-lien começou a estudar
o Ch´an, ele foi ai Mestre Ch´an Chen-chueh. Durante o dia ele trabalhava na
cozinha, e à noite ele recitava sutras. Um dia, o Mestre Chen-chueh
perguntou-lhe: “Que sutra você está cantando agora?”
Yuan-lien respondeu: “O Sutra Vimalakirti”.
Chen-chueh perguntou: “O Sutra está aqui. Onde está
Vimalakirti?”
Yuan-Lien não sabia como responder, assim ele perguntou ao
Mestre Chen-chueh: “Onde está vimalakirti?”
Chen-chueh exclamou: “Se eu sei ou não, não posso lhe dizer!”
Yuan-lien sentiu-se tão envergonhado que deixou seu Mestre e
foi aprender com mais de cinquenta outros mestres Ch´an. Ainda assim, ele não
conseguiu alcançar a realização. Um dia, ele foi visitar Hsing-nien e
perguntou: “Eu estou indo para a montanha do tesouro. O que eu deveria fazer se
eu voltasse com as mãos vazias?”
O Mestre Hsing-nien declarou: “Cave o tesouro que está
dentro de você!”
Yuan-lien alcançou a realização instantaneamente e disse: “Eu
não tenho dúvidas sobre as línguas dos mestres Ch´an”.
Hsing-nien perguntou: “Por que?”
Yuan-lien respondeu: “Eu também tenho uma língua”.
Hsing-nien estava exultante e disse: “Você já realizou a
essência do Ch´an”.
--
Pensando em Não
Pensar:
Um dia, enquanto o Mestre Ch´an Wei-yen meditava, um monge
que passava por perto olhou para ele e perguntou: “O senhor está sentado aqui
imóvel como uma rocha. Em que o senhor está pensando?”
O Mestre respondeu: “Eu estou pensando em não pensar”.
O monge continuou: “Como o senhor faz isto?”
Wei-yen respondeu: “Não pensando”
--
O Dharma não é Dual:
Um erudito Confucionista chamado Han Yu enfureceu o
imperador por ter escrito uma censura, admoestando-o a não receber relíquias do
Buda. Portanto, ele foi exilado para Chao-chou.
Enquanto estava lá, Han Yu foi visitar o Mestre Ch´an Pao-tung
e perguntou: “Mestre, quantos anos o senhor tem?”
O Mestre levantou seu rosário e perguntou: “Você sabe?”
Han Yu respondeu: “Não, eu não sei”.
Pao-tung acrescentou: “Dia e noite, 108”.
Han Yu não queria que notassem que ele não havia entendido,
assim ele foi embora.
No dia seguinte, Han Yu retornou. Encontrando o monge chefe
do templo, ele contou-lhe a conversa que ele tivera com o Mestre Pao-tung e
perguntou-lhe o que aquilo queria dizer.
Após ouvir o relato, o monge chefe tamborilou nos seus
próprios dentes três vezes. Han Yu ficou ainda mais confuso. Ele procurou o
Mestre Pao-tung e perguntou-lhe outra vez: “Mestre, quantos anos o senhor tem?”.
O Mestre Pao-tung também tamborilou em seus dentes três
vezes.
Subitamente, Han Yu pareceu ter entendido e disse: “Ah! O
Dharma não é dual”.
O Mestre Pao-tung perguntou: “Por que?”.
Han Yu respondeu: “O monge chefe deu a mesma resposta que o
senhor”.
O Mestre Pao-tung resmungou para si mesmo e disse: “O ensino
do Budismo e do Confucionismo não é dual. Você e eu somos o mesmo!”
Han Yu finalmente entendeu e mais tarde tornou-se um
budista.
--
Vendo e não Vendo:
Após ouvir os pontos de vista do Mestre Ch´an Shou-hsun, o
Mestre Ch´an Fo-chien disse: “É uma pena que uma pérola tão brilhante tenha
sido apanhada por este maluco”.
Ele continuou citando o poema do Mestre Ch´an Ling-yun: “‘Sempre
que vejo um pessegueiro em flor, não tenho dúvidas’. Por que Ling-yun não tinha
dúvidas?”
Shou-hsun respondeu imediatamente: “Não diga que ele não
tenha dúvidas; mesmo hoje, não conseguimos achar uma dúvida em parte alguma”.
Fo-chien perguntou, “Hsüan-sha disse: ‘realmente esta nobre
verdade é muito verdadeira, mas eu não posso compreende-la totalmente!’’ O que
era que ele não podia entender totalmente?”
Polidamente Shou-hsun respondeu: “nós podemos ver que o
Mestre Ch´an Hsüan-sha tinha ótimas intenções". ”Ele continuou recitando o
seguinte verso:
“Olhando para o céu o dia todo sem levantar a cabeça,
Erguendo os olhos somente quando o pessegueiro floresce;
Mesmo se houver uma rede que cubra o céu,
Quando você atravessar o portão hermeticamente fechado,
Você se sentirá completamente livre.”
O Mestre Fo-chien sentiu que o Mestre Shou-hsun estava
iluminado, mas o Mestre Yuan-wu não pensava da mesma forma, e queria saber
melhor quem era o Mestre Shou-hsun, por isso viajou com ele. Quando eles
estavam às margens de um lago, o Mestre Yuan-wu empurrou-o dentro d´água e
perguntou: “Antes que Niu-tou Fa-jung encontrasse o Quarto Patriarca, como é
que ele era?”
Shou-hsun respondeu: “Quando o lago é profundo, os peixes se
juntam”.
Yuan-wu continuou: “O que acontece depois que eles se
encontram?”
Shou-hsun respondeu: ”As árvores altas aparam o vento”.
“O que acontece quando ambos se encontram sem se encontrar?”
Shou-hsun respondeu: “O pé estendido está sobre o pé
recolhido”.
O Mestre Yuan-wu estava muito impressionado pelas respostas
de Shou-hsun e ficou convencido de que Shou-hsun estava verdadeiramente
iluminado.
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