Os egípcios viam o Universo como um dualismo entre Maat -
Verdade e Ordem – e a desordem. Amen-Renef convocou o Cosmo a partir do caos não-diferenciado
ao distinguir ambos, dando voz ao ideal da Verdade. Maat, é normalmente
retratado no formato duplo. O princípio dualista no estado da criação foi
expresso pelo par Shu e Tefnut. O par formado por marido e mulher é o modo
egípcio característico de expressar a dualidade e a polaridade. Esta natureza
dualista manifestava-se nos textos e tradições do Antigo Egito, conforme
mostram as descobertas arqueológicas. Mesmo os textos mais antigos do Antigo
Reinado, conhecidos como Textos das Pirâmides, expressam a natureza dualista: “...
e cuspiste como Shu e cuspiste como Tefnut”. Esta é uma analogia poderosa
porque usamos o termo “cuspido e escarrado” para dizer que algo é exatamente
igual a seu original. Outra forma de expressar a intenção da natureza dualista
está presente no texto do Antigo Egito conhecido como Papiro de Bremner-Rhind: “Fui
anterior aos Dois Anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os Dois
Anteriores que criei, visto que meu nome é anterior ao deles, porque criei-os
antes dos Dois Anteriores...”
Neheb Kau – que significa “o provedor das formas/atributos”,
era o nome dado à serpente que representa a primordial no Antigo Egito, Neheb
Kau é retratado como uma serpente de duas cabeças, indicando a natureza
dualista espiral do Universo.
O faraó egípcio sempre era chamado de “Senhor das Duas
Terras”. Os acadêmicos ocidentais afirmam que as Duas Terras eram o Alto e o
Baixo Egito. Não existe nenhuma referência que confirme essa afirmação, ou que
ao menos defina esta fronteira entre Alto Egito e Baixo Egito nos textos do
Antigo Egito. Por todos os templos do Antigo Egito, é possível encontrar
numerosas representações simbólicas relacionadas com a cerimônia de União das
Duas Terras, na qual são mostrados dois Neteru amarrando o papiro e flores de
lótus. Nenhuma das plantas é nativa de uma área específica do Egito. A
representação mais comum mostra os Neteru gêmeos, Hapi (uma imagem espelhada de
cada um deles), ambos como unissex com um único seio. O termo “Duas Terras” é
muito familiar aos egípcios Baladi, que referem-se a ele em sua vida diária. Eles
acreditam fortemente que existem Duas Terras – uma é aquela em que vivemos e a
outra é onde vivem nossos gêmeos idênticos (do sexo oposto). Ambos sujeitam-se
às mesmas experiências desde a data de nascimento até a data da morte. Você e
seu gêmeo “siamês”, que “aparentemente” separam-se no nascimento, serão
reunidos novamente no momento da morte. Os Enumeradores Egípcios Baladi, em
suas lamentações, depois da morte de uma pessoa, descrevem como o falecido é
preparado para unir-se a seu sósia (do sexo oposto), como se fosse uma
cerimônia de casamento. Isto é remanescente das muitas ilustrações simbólicas
da amarração entre as Duas Terras. Casar é atar os laços do matrimônio. Em
textos tão antigos quanto os Textos de Unas (Os Chamados “Textos das Pirâmides”),
descobrimos que o faraó Unas (2356-2323 a.C) une-se/ junta-se a Auset
imediatamente após deixar o mundo terreno. Isto baseia-se na premissa de que já
que todos os homens são Ausar em sua forma “morta”, todos se unem a seu sósia
(Auset, no caso dos homens) no momento de partir do mundo terreno.
O ciclo perpétuo da existência – o de vida e morte – é simbolizado
por Ra (Re) e Ausar (Osíris). Ra é o Neter Vivo que desce à morte para
tornar-se Ausar – o Neter dos mortos. Ausar ascende e volta à vida como Ra. A
criação é contínua: é um fluxo de vida que caminha em direção à morte, e Ausar
representa o processo do renascimento. Assim, os termos da vida e da morte
significa a ressurreição a uma nova vida. A pessoa morta, na morte,
identifica-se com Ausar, mas ressuscitará e será identificada com Ra. O ciclo
perpétuo de Ausar e Ra domina os textos do Antigo Egito, como:
No “Livro para Sair à Luz”, tanto Ausar quanto Ra vivem,
morrem e renascem. No Mundo dos Mortos, as almas de Ausar e Ra encontram-se, e
unem-se para formar uma entidade, descrita eloquentemente: “Sou suas Duas Almas
em Seus Gêmeos”. No capítulo 17 do “Livro para Sair à Luz”, o morto,
identificado com Ausar, diz: “Sou o ontem, conheço o amanhã.” E o comentário
egípcio sobre essa passagem explica: “O que é isto? – Ausar é ontem, Ra é
amanhã?”
Na tumba da rainha Neferti (mulher de Ramsés II) há uma
famosa representação do Neter solar (Deus) dos mortos, como um corpo mumificado
com uma cabeça de carneiro, acompanhada de uma inscrição, à direita e à
esquerda: “Este é Ra que descansará em Ausar. Este é Ausar que descansará em
Ra.”
A “Litania de Ra” é basicamente uma ampliação detalhada de
uma curta passagem do Capítulo 17 do “Livro para Sair à Luz”, descrevendo a fusão
de Ausar e Ra em uma Alma-Gêmea.
Os eternos opostos, Set (Seth) e Heru (Hórus), têm papeis
semelhantes nas representações de ritos simbólicos relacionados à cerimônia da “União
das Duas Terras”, retratados nos relevos das pedras em Lisht, perto de
Men-Nefer (Mênfis). O simbolismo é poderoso, pois os dois opostos são o Um em
um estado polarizado, no qual Set personifica o desejo não desenvolvido e Heru,
o desejo em desenvolvimento.
Tanto Heru quanto Tehuti (Toth) são mostrados em diversas
ilustrações nos templos do Antigo Egito realizando a simbólica União das Duas
Terras. Heru personifica a consciência, a mente, o intelecto e é identificado
com o coração. Tehuti personifica a manifestação e a entrega e é identificado
com a língua. Pensamos com o coração e agimos com a língua. Essas exigências
complementares foram descritas na Estela de Shabaka (716-701 a.C): “O Coração
pensa em que desejas e a Língua realiza o que desejas.”
Um dos títulos do rei egípcio era “Senhor da Diadema do
Abutre e da Serpente”. O diadema é o
símbolo terreno do homem divino, o rei, e é formado pela serpente (símbolo da
função intelectual divina) e o abutre (símbolo da função reconciliatória). A
serpente representa o intelecto, a facilidade, por meio da qual o homem divide
o todo em partes constitutivas, como a serpente que engole a presa inteira, e
faz a digestão ao dividi-la em partes digeríveis. Um homem divino deve
conseguir distinguir e reconciliar. Já que essas forças dualistas residem no
cérebro dele, o formato do corpo da serpente (no diadema) segue as suturas
fisiológicas do cérebro, onde essas faculdades especificamente humanas se
encontram. Esta função dualista do cérebro é vivida em ambos os lados. A parte
do diadema que fica no meio da testa representa o terceiro olho, com todas as
suas faculdades intelectuais.
SIGNIFICADO DOS NÚMEROS NO EGITO ANTIGO:
1 = Para os egípcios, Um não é um número, mas a essência do
princípio fundamental do número, e todos os outros números são feitos a partir
dele. Plutarco observou que Um não é um número ímpar quando escreveu que três é
o primeiro número ímpar perfeito. O Um representa a unidade: o Absoluto como
energia não polarizada. O Um não é ímpar nem par, mas ambos, pois se somado a
um número ímpar, transforma-se em par, e vice-versa. Por isso ele combina os
opostos, par e ímpar, e todos os outros opostos do Universo. A unidade é uma
consciência perfeita, eterna e não-diferenciada.
2 = A Natureza Dualística – Para os antigos egípcios, o estado
da pré-criação é formado por quatro pares de gêmeos primitivos de gênero
dualista.
Os egípcios viam o Universo como um dualismo entre Maat-
Verdade e Ordem – e a desordem, Amen-Renef convocou o Cosmo a partir do caos
não-diferenciado ao distinguir ambos, dando voz ao ideal da Verdade. Maat, como
visto aqui, é normalmente retratado no formato duplo – Maat.
O princípio dualista no estado da criação foi expresso pelo
par Shu e Tefnut. O par formado por marido e mulher é o modo egípcio
característico de expressar a dualidade e a polaridade. Esta natureza dualista manifestava-se
nos textos e tradições do Antigo Egito, conforme mostram as descobertas
arqueológicas. Mesmo os textos mais antigos do Antigo Reinado, conhecidos como “Textos
das Pirâmides 1652”, expressam a natureza dualista: “ e cuspiste como Shu e
cuspiste como Tefnut.”
Outra forma de expressar a intenção da natureza dualista
está presente no texto do Antigo Egito conhecido como “Papiro de Bremner-Rhind”:
“Fui anterior aos Dois Anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os
Dois Anteriores que criei, visto que meu nome é anterior ao deles, porque
criei-os antes dos Dois Anteriores.”
Neheb Kau – que significa o provedor das formas/atributos –
era o nome dado à serpente que representa a primordial no Antigo Egito, Neheb
Kau é retratado como uma serpente de duas cabeças, indicando a natureza
dualista espiral do Universo.
O faraó egípcio sempre era chamado de “Senhor das Duas
Terras”. Isso pode ser tanto por causa do Alto e Baixo Egito, quanto por causa
da crença dos antigos egípcios em que um gêmeo idêntico de cada um vive também
em outro lugar, e ambos passam por experiências semelhantes, até que se reúnem no
momento da morte. Os Enumeradores Egípcios Baladi, em suas lamentações, depois
da morte de uma pessoa, descrevem como o falecido é preparado para unir-se ao
seu sósia (*do sexo oposto), como se fosse uma cerimônia de casamento.
O ciclo perpétuo da existência – o de vida e de morte – é simbolizado
por Ra (Re) e Ausar (Osíris). Ra é o neter vivo que desce à morte para
tornar-se Ausar (Osíris) – o neter dos mortos. Ausar ascende e volta à vida
como Ra. No Mundo dos Mortos, as almas de Ausar e Ra encontram-se, e unem-se
para formar uma entidade, descrita eloquentemente no Papiro de Ani: “Sou suas
Duas Almas em Seus Gêmeos”
Os eternos opostos, Set (Seth) e Heru (Hórus), têm papeis
semelhantes nas representações de ritos simbólicos relacionados à cerimonia da “União
das Duas Terras”, retratados nos relevos das pedras em Lisht, perto de
Men-Nefer (Mênfis). O simbolismo é poderoso, pois os dois opostos são o Um em
um estado polarizado, no qual Set personifica o desejo não desenvolvido e Heru,
o desejo em desenvolvimento.
Tanto Heru (Hórus) quanto Tehuti (Toth) são mostrados em
diversas ilustrações nos templos do Antigo Egito realizando a simbólica “União
das Duas Terras”. Heru personifica a consciência, a mente, o intelecto e é
identificado com o coração, Tehuti personifica a manifestação e a entrega e é
identificado com a língua. Pensamos com o coração e agimos com a língua. Essas
exigências complementares foram descritas na Estela de Shabaka (716-701 a.C): “O
Coração pensa em que desejas e a Língua realiza o que desejas.”
Um dos títulos do rei egípcio era “Senhor da Diadema do
Abutre e da Serpente”. O diadema é o símbolo terreno do homem divino, o rei, e
é formado pela serpente (símbolo da função intelectual divina) e o abutre
(símbolo da função reconciliatória). A serpente representa o intelecto, a
facilidade, por meio da qual o homem divide o todo em partes constitutivas,
como a serpente que engole a presa inteira, e faz a digestão ao dividi-la em
partes digeríveis. O homem divino consegue distinguir e reconciliar. Já que
essas duas forças dualistas residem no cérebro dele, o formato do corpo da
serpente (no diadema) segue as suturas fisiológicas do cérebro, onde essas
faculdades especificamente humanas se encontram. Esta função dualista do
cérebro é vivida em ambos os lados. A parte do diadema que fica no meio da
testa representa o terceiro olho, com todas as suas faculdades intelectuais.
3 = A Triangulação da Criação - O papel metafísico do Três
era reconhecido no Antigo Egito, pois cada unidade é uma força tripla e tem a
natureza dupla. Isto era eloquentemente ilustrado em seus textos e tradições,
onde o neter (deus) autoconcebido, Atum, cuspiu Shu e Tefnut, colocou seus
braços ao redor deles e seu ka os penetrou, para tornar-se Um novamente. É o
Três que é Dois que é Um. Esta ação deu origem à Primeira Trindade, a primeira
fundação, o que está claro no Papiro Bremner-Rhind: “Depois de me tornar um
neter (deus), havia (então) três neteru (deuses) além de mim (isto é, Atum, Shu
e Tefnut)”.
Nos textos do Antigo Egito, Shu e Tefnut são descritos como
os ancestrais de todos os neteru (deuses/deusas) que conceberam todos os seres
do Universo. Esse triângulo formado por Atum-Shu-Tefnut possibilitou um
relacionamento contínuo entre o Criador e tudo o que foi subsequentemente
criado. O conceito de trindade no Antigo Egito também é encontrado nos
seguintes exemplos:
A estrofe 300 do Papiro de Lenden menciona a unidade em um
Ser dos três princípios, Amen, Ra e Ptah, dizendo: “Todos os neteru são três:
Amen, Ra e Ptah.... seu nome secreto é Amen. Ra pertence a ele como seu rosto e
Ptah é seu corpo.”
Um exemplo claro de uma Santíssima Trindade.
Outros exemplos comuns das tríades no Antigo Egito incluem:
Amen – Mut – Khonsu
Ausar (Osíris) – Auset (Ísis) – Heru (Hórus)
Ptah – Sekhmet – Nefertum
Ptah – Sokar – Ausar (Osíris)
O santuário triplo é a atração principal na maioria dos
templos egípcios, para guardar o poder triplo (três neteru) de cada templo.
Cada pequena localidade do Antigo Egito tinha sua própria
tríade de neteru, isto é, uma fundação identificável. Estas tríades locais não
entravam em conflito entre si – eram as fundações metafísicas de cada
localidade.
Para os antigos egípcios, as
Tríades/Trios/Trindades/Triângulos são uma e a mesma. Não havia diferenças
funcionais entre triângulos geométricos, tríades musicais u entre as muitas
trindades do Antigo Egito. O exemplo mais claro foi explicado por Plutarco com
relação ao triângulo 3:4:5, na Moralia, vol. V: “Os egípcios têm em grande
honra o mais bonito dos triângulos, já que admiram a natureza do Universo mais
próxima a ele...”
Em outras palavras, as diferentes formas dos triângulos
representam as diferentes naturezas do Universo.
4 = A Estabilidade do Quatro - Quatro é o número que
simboliza a solidez e a estabilidade. O significado do número 4 é mostrado nos
seguintes exemplos:
Os textos egípcios afirmam que o caos anterior à Criação
possuía características que se identificam com quatro pares de forças/poderes
primordiais. Cada par representa os gêmeos primitivos de gênero dualistas – o
aspecto masculino/feminino. Os quatro pares equivalem às quatro forças do
Universo (a força fraca, a força forte, a gravidade e o eletromagnetismo).
Os antigos egípcios possuíam quatro centros de ensino
cosmológico principais: Onnu (Heliópolis), Men-Nefer (Mênfis), Ta-Apet (Tebas)
e Khmunu (Hermópolis). Cada centro revelava uma das principais fases ou
aspectos da gênese.
Os quatro pares anteriores à Criação são um tema constante
nestes quatro centros.
Atualmente o Egito possui quatro Modos de Ensino Sufi que
foram criados no século XI EC, para manter as tradições do Antigo Egito sob a
lei islâmica.
Os egípcios utilizavam os quatro fenômenos simples (fogo,
ar, terra e água) para descrever os papéis funcionais dos quatro elementos
necessários à matéria. A água é a soma – o princípio que compõe o fogo, a terra
e o ar. A água também é uma subtância acima das outras.
Estes conceitos foram expressos nos textos do Antigo Egito
como Nu/Nun, a água (líquido) primitiva que contém todos os elementos do
Universo. Em Moralia, vol. V, Plutarco confirmou: “Pois a natureza da água,
sendo a fonte e origem de todas as coisas, criou, a partir de si mesma, três
substâncias materiais primevos: terra, ar e fogo.”
A estrofe 40 do Papiro Leiden introduziu a “Criação” falando
sobre o Artesão Divino do Universo, simbolizando Ptah, O Manifestador das
Formas.
O pilar Tet (Djed), símbolo da criação, é composto por
quatro elementos.
Outros exemplos incluem: os quatro filhos do neter (deus)
Geb (a terra), os quatro pontos cardeais, as quatro regiões do céu, os quatro
pilares do céu (apoio material do reino do espírito), os quatro filhos de
Herus, os quatro vasos canopos, nos quais os quatro órgãos eram depositados
após a morte.
5 = A Quinta Estrela – O significado e a função do número
cinco no Antigo Egito é indicado pela forma na qual era escrito, como dois
sobre três, ou como a estrela de cinco pontas. Em outras palavras, o número
cinco é o resultado da relação entre o número 2 e o número 3. O Dois simboliza
o poder da multiciplicidade, o feminino, o receptor, mutável, enquanto que o
Três simboliza o masculino. Esta era a “música das esferas”, as harmonias
universais representadas entre os dois símbolos primitivos universais masculino
e feminino, Ausar (Osíris) e Auset (ísis), cujo casamento sagrado gerou o filho,
Heru (Hórus). Em Moralia, vol. V, Plutarco confirmou este conhecimento egípcio:
Três (Osíris) é o primeiro número ímpar perfeito; quatro é um quadrado, cujo
lado é o número par dois (ísis), porém, de certa forma, o cinco (Hórus) é como
seu pai e de outra forma, sua mãe, pois é feito de dois e três. E panta (tudo)
é derivado de pente (cinco) e falam em contar numerando de cinco em cinco.”
O cinco incorpora os princípios da polaridade (II) e da
reconciliação (III). Todos os fenômenos, sem exceção, são polares por natureza,
triplo por princípio. Portanto o cinco é a chave para a compreensão do Universo
manifesto, segundo Plutarco sobre o pensamento egípcio:
“E panta (tudo) é derivado de penta (cinco).”
As estrofes 50 e 500 do Papiro Leiden começam com a palavra
dua, que significa, ao mesmo tempo, “cinco” e “adorar”, e são formadas por
cânticos de adoração exaltando as maravilhas da Criação.
No Antigo Egito, o símbolo da estrela era desenhado com
cinco pontas e representava tanto o destino quanto o número cinco. As estrelas
de cinco pontas são os lares das almas que se foram bem-sucedidas, como
mencionado nos “Textos Funerários de Unas (conhecidos como textos das
Pirâmides), linha 904: “seja uma alma como uma estrela viva...”
Heru (Hórus) é a personificação de objetivo de todos os
ensinamentos iniciais e, portanto, está associado ao número cinco, pois é o
quinto, depois de Ausar, Auset, Set e Nebt-Het. Heru também é o número cinco no
triângulo retângulo 3:4:5, como confirmado por Plutarco.
6 = O Sexto Cúbico – A estrofe 6 do Papiro Leiden é a
primeira que permaneceu intacta da série de unidades dos números 1-9. Devido às
seis direções, seis é o número do espaço, volume e tempo por excelência e,
sendo assim, essa estrofe fala de todas as regiões sob o domínio de Amen-Ra.
Seis é o número cósmico do mundo material e, por isso, os egípcios o escolheram
para simbolizar tanto o tempo quanto o espaço. O tempo e o espaço são dois
lados da mesma moeda, que é perfeitamente representada na ciência da astronomia
e em sua aplicação – a astrologia. Atualmente, os cientistas, concordam que há
uma conexão próxima entre tempo e espaço – tão próxima que a existência de um
sem o outro é impossível.
Tempo – Para o Antigo Egito todas as coisas relacionadas à
contagem de tempo eram e são baseadas no número seis, ou seus múltiplos. O dia
completo era/é formado por 24 (6x4) horas, sendo 12 (2x6) horas diurnas e 12
(2x6) horas noturnas. A hora era/é formada por 60 (6x10) minutos, e o minuto é
formado por 60 (6x10) segundos. O mês tem 30 (6x5) dias. O ano tem 12 (2x6)
meses. O Grande Ano Zodiacal contem 12 Eras Zodiacais (signos).
Espaço (volume) – para defini-lo são necessárias seis
direções: acima e abaixo, anterior e posterior e esquerda e direita. O cubo, a
figura perfeita de seis lados, era usado no Egito para simbolizar o espaço
(volume).
Os egípcios eram muito conscientes da estrutura, em forma de
caixa, que é o modelo da terra ou do mundo material. O formato das esculturas
chamadas de estátuas de cubo prevalece desde o Médio Reinado (2040-1783 a.C),
onde o ser integrava-se à forma cúbica da pedra. Nestas estátuas cúbicas há uma
forte sensação de que o ser emerge da prisão do cubo e seu significado
simbólico é que o princípio espiritual emerge do mundo material. A pessoa
terrena é inequivocadamente posicionada na existência material.
A pessoa divina é retratada sentada em um cubo, ou seja,
mente sobre matéria.
Outras tradições, como a Platônica ou a Pitagórica, adotaram
o mesmo conceito da representação cúbica egípcia do mundo material.
Portanto, o simbolismo de “ampliar os horizontes” ou “ver
além daquilo que lhe é apresentado” (nas performances teatrais) é,
originalmente egípcia.
7 = O Sete Cíclico – O significado e a função do número7 no
Antigo Egito são demonstrados através do modo pelo qual o número era escrito. O
7 significava a união entre espírito (Três) e matéria (Quatro). Umas das formas
que tradicionalmente expressam o significado do 7 é a pirâmide, que combina a
base quadrada, simbolizando os quatro elementos, e os lados triangulares, que
simbolizam os três tipos do espírito.
No processo de Criação, Ausar (Osíris) é o sétimo: Nun,
Atum, Shu, Tefnut, Geb, Nut e Ausar. Ausar é o primeiro a nascer da união entre
céu (Nut) e terra (Geb), isto é, da união entre espírito (Nut) e matéria (Geb).
Por esta razão, Ausar está associado ao número 7 e seus múltiplos. Sete é o número
do processo, do crescimento e dos aspectos cíclicos básicos do Universo. Sete
elementos, normalmente, formam um conjunto completo – os sete dias da semana,
as sete cores do espectro, as sete notas da escala musical, etc. As células do
corpo humano são totalmente renovadas a cada sete anos.
A íntima relação entre Ausar e o 7 é refletida em alguns
exemplos do templo de Ausar em Abtu (Abidos):
É o único templo com sete capelas. Existem sete formas
espirituais de Ausar. Existem sete barcos de Ausar. 42 (7x6) é o número de
assessores/jurados no Dia do Juízo, que é presidido por Ausar.
42 (7x6) é o número de passos necessários para se entrar no
templo.
O pilar de Tet (Djed), que é o símbolo sagrado de Ausar, tem
7 degraus, o que lembra a doutrina dos chakras do sistema de yoga kundalini da Índia.
Os chakras são pontos centrais da estrutura psicofísica do homem que correspondem
aos 7 pontos constituintes, junto com a ligação que os une, a chamada espinha
humana.
Os 7 centros de Tet representam os 7 degraus metafóricos da
escada que leva da matéria ao espírito. Já que o homem é um microcosmo do
padrão cósmico, Tet representa um microcosmo da cosmologia universal.
É difícil separar o número 7 e Ausar, e o 7 marca o fim de
um ciclo.
8 = A Oitava – O 7 marca o fim de um ciclo e o oito, o
início de um novo ciclo – uma oitava.
Os antigos egípcios e os Baladi acreditam que o Universo é
composto por nove mundos (sete céus e duas terras/solos). Nossa existência
terrena ocorre no oitavo mundo (a primeira terra/solo).
No número 8, encontramos o ser humano sendo criado à imagem
de Deus, o Primeiro Princípio. Nossa existência terrena no oitavo mundo é uma
réplica, e não uma duplicação – uma oitava. A oitava é o estado futuro do
passado. A continuidade da criação é uma série de réplicas – oitavas.
No Egito, o conhecido texto “Sarcofago de Petamon” (Museu do
Cairo, item 1160) afirma: “Sou o Um que se transforma em Dois, que se
transforma em Quatro, que se transforma em Oito, e então sou o Um novamente.”
Esta nova unidade (Um novamente) não é idêntica, mas análoga
à primeira unidade (Sou o Um). A antiga unidade não existe mais, e uma nova
unidade ocupa seu lugar: “O Rei está morto, vida longa ao Rei.” É uma renovação
da auto-réplica. Para provar o princípio da auto-réplica, são necessários 8
termos.
Musicalmente, o tema de renovação de 8 termos corresponde à
oitava, pois atravessa os 8 intervalos da escala (as 8 teclas brancas do
teclado). Por exemplo, uma oitava pode ser dois Dós sucessivos em uma escala
musical, Oito é o número de Tehuti e, Khmunu (Hermópolis), Tehuti (Hérmes para
os gregos e Mercúrio para os romanos) é chamado de “Senhor da Cidade do Oito”.
Tehuti dá ao homem acesso aos mistérios do mundo, que eram simbolizados pelo
número 8. A manifestação da Criação
surgiu através da palavra (ondas sonoras) de Ra por Tehuti.
A estrofe 80 do Papiro de Leiden retrata a criação de acordo
com o que é contado em Khmunu (Hermópolis), mencionando a Octóade – o Oito
Primordial – que era formado pela primeira metamorfose de Amen-Ra, o
misterioso, o escondido, que era conhecido em Men-Nefer (Mênfis) como Ta-Tenen
e em Ta-Apet (Tebas) como Ka-Mut-f, mas que permanecia sendo o Um.
Portanto, a manifestação da Criação em oito termos está
presente nos quatro centros cosmológicos do Antigo Egito.
Em Men-Nefer (Mênfis), Ptah, em suas 8 formas, criou o
Universo.
Em Onnum *Heliópolis), Atum criou os 8 seres divinos.
Em Khmunu (Hermópolis), 9 neteru primitivos – a Octóade –
criaram o Universo. Eram a personificação das águas primitivos.
Em Ta-Apet (Tebas), Amun/Aman/Amen depois de criar a si
mesmo em segredo, criou a Octóade.
A manifestação da Criação através de 8 termos também
reflete-se no processo místico de enquadrar o círculo.
9 = A Grande Enéade, os Nove Círculos – A propriadamente, a
nona estrofe do papiro de Leiden do Antigo Egito fala sobre a Grande Enéade –
as nove primeiras entidades que surgiram a partir de Nun.
O primeiro na Grande Enéade é Atum, que surgiu a partir de
Nun – o oceano cósmico. Atum cuspiu os gêmeos Shu e Tefnut, que deram à luz Nut
e Geb, cuja união produziu Ausar (Osíris), Auset (ísis), set (Seth) e Nebt-Het
(Néftis).
Os nove aspectos da Grande Enéade emanam, e estão
incunscritos, no Absoluto. Não são uma sequência, mas uma unidade –
interpenetrando, interagindo e encadeada. São a origem de toda a criação,
simbolizada por Heru (Hórius), que, de acordo com a estrofe 50 do Papiro de
Leiden, é: “o resultado da unidade-vezes-nove dos neteru.”
Já que o ser humano é uma réplica do Universo, uma criança
humana normalmente é concebida, formada, e nasce em nove meses. O número 9 marca o fim da
gestação e o fim de cada série de números.
Heru (Hórus) também é associado ao número 5. Cinco é o
número dos sólidos cósmicos (poliedros): tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro
e icosaedro, que são formados em 9 círculos concêntricos, em que cada sólido
toca na esfera que circunscreve o sólido seguinte. Estes nove círculos
representam os nove – a unidade da Grande Enéade, a origem de toda a criação
representada por estes sólidos cósmicos.
Na “Litania de Ra”, Ra é descrito como “Aquele
com o Gato e O Grande Gato”. Os nove mundos do Universo manifestam-se no gato,
pois o mesmo termo em egípcio antigo, b.st, representa tanto o gato como a
Grande Enéade (que significa a unidade-vezes-nove). Esta relação acabou sendo
transportada para a cultura Ocidental, na qual se diz que o “gato tem nove
vidas”. Os antigos egípcios e os Baladi adoram o Gato e o que ele representa.